terça-feira, 23 de outubro de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: Os Dez Acidentes Mais Espetaculares da História - Número Dois

Nesta semana, chega ao fim a lista dos Dez Acidentes Mais Espetaculares da História. Em destaque, hoje, uma batida que ficou na história da Fórmula 1 por ter tirado da corrida nada menos do que um terço do pelotão. Uma "carambola" - como dizem nossos amigos portugueses - com lugar cativo nos rankings dos maiores acidentes. Sem perder mais tempo, vamos em frente:

SEGUNDO COLOCADO - Acidente Múltiplo no Grande Prêmio da Inglaterra de 1973

A temporada de 1973 ficou marcada por uma série de motivos diferentes. Na luta pelo título, Jackie Stewart levou a melhor e conquistou seu tri-campeonato, no ano em que se retirava das pistas. O escocês derrotou os dois pilotos da Lotus - Emerson Fittipaldi e Ronnie Peterson - que perderam pontos ao lutar um contra o outro (alguém já viu esse filme?).

Como era bastante comum naquela época, a temporada também teve as suas tragédias. No G.P. da Holanda, o novato Roger Williamson morreu sufocado nas chamas de seu March, depois que ninguém conseguiu retirá-lo a tempo de seu carro capotado. As cenas do acidentes, que incluem a inútil tentativa de salvamento por parte de outro piloto que parou para ajudar, David Purley, são chocantes.

Abalada pela morte prematura de Williamson, a Fórmula 1 ainda sofreria outro duro golpe no G.P. dos Estados Unidos, em Watkins Glen. Quarto colocado no campeonato, o carismático e promissor François Cevert faleceu após bater num dos treinos para a corrida. O acidente antecipou a aposentadoria de Jackie Stewart, seu companheiro de equipe, que não quis largar para a prova.

Além de tudo isso, porém, houve um outro acontecimento que entrou para a história da categoria: a incrível "carambola" na segunda volta do Grande Prêmio da Inglaterra, disputado em Silverstone. Foi uma batida de dinâmica nunca antes vista, que tirou da corrida nove dos 27 carros que tomaram parte na largada.

Quando a Fórmula 1 chegou à Inglaterra para a nono GrandePrêmio de 1973, a batalha pelo título ainda estava aberta. Jackie Stewart liderava a tabela de classificação com 42 pontos, apenas um a mais do que Emerson Fittipaldi. François Cevert, que aparecia com 31, também tinha boas chances.

No grid de largada para aquela corrida de Silverstone, Ronnie Peterson era o pole position. A seu lado, na primeira fila, estava a dupla da McLaren: Dennis Hulme e Peter Revson (futuro vencedor da prova). Em seguida, vinham os dois protagonistas do campeonato, Jackie Stewart e Emerson Fittipaldi. Enquanto isso, a sexta posição era do novato Jody Scheckter.

Piloto de grande potencial, o sul-africano fazia apenas sua terceira corrida na Fórmula 1, mas já deixara a sua marca. Algumas semanas antes, no G.P. da França, Scheckter havia liderado a maior parte da prova, antes de abandonar. Em Silverstone, ele estava decidido a compensar a má sorte da etapa francesa.

Na largada, Jackie Stewart deu um ótimo pulo e passou de quarto para segundo, atrás apenas de Ronnie Peterson. Ao mesmo tempo, Emerson Fittipaldi perdia algumas posições, em virtude de seu tradicional inicío conservador. Jody Scheckter, por sua vez, saiu bem e passou para quinto, superando o brasileiro da Lotus.

Um pouco depois, na Curva Becketts, Stewart colocou por dentro e tomou a liderança de Peterson. Não demorou muito e o escocês começou a abrir vantagem. Infelizmente, não adiantaria muito. No momento em que os carros chegaram à Woodcote, uma rápida direita que precede a linha de chegada, tudo deu errado para Scheckter.

Por algum motivo, o sul-africano pisa na grama e roda. Mais tarde, ele admitiria o "erro". Fora de controle, a McLaren de Scheckter desliza pelo meio da pista, enquanto todo o pelotão vem rugindo atrás dele. Ele atinge o muro interno da reta e fica parado na pior posição possível. Os carros que vêm atrás não conseguem desviar.

As imagens ao vivo não dão a exata dimensão do que aconteceu nos próximos segundos. Um piloto evita por centímetros o carro de Scheckter, levando apenas a asa traseira do sul-africano. Vários dos que aparecem logo a seguir não têm a mesma sorte, entre eles o brasileiro José Carlos Pace.

No total, nove carros batem ao mesmo tempo. A cena é inédita e inacreditável, sendo impossível descrevê-la por completo. De todos os envolvidos, apenas Andrea de Adamich sai machucado, com as pernas quebradas. O G.P. de Silverstone, aliás, seria o último da carreira do italiano.

Os primeiros colocados continuam a corrida normalmente, sem saber o que estava se passando. Apenas quando chegam para completar a segunda volta, Jackie Stewart e Ronnie Peterson são avisados do que aconteceu por uma multidão de fiscais com bandeiras amarelas. Apesar de estarem em alta velocidade, os líderes conseguem parar seus carros imediatamente, evitando uma nova pancada.

Alguns pilotos - como Emerson e Wilson Fittipaldi - fugiram do acidente pela grama molhada de Silverstone. A maioria, porém, não teve para onde ir. Além de Scheckter, Pace e de Adamich, Roger Williamson, Jochen Mass, Mike Hailwood, George Follmer, Jean-Pierre Beltoise e Jackie Oliver também abandonam. A equipe Surtees, que alinhou com três carros, está fora da prova na segunda volta.

Por ter sido o pioneiro na série de grandes "carambolas" da história da Fórmula 1 e, simplesmente, por ter tirado nove carros da pista na mesma batida, o acidente múltiplo do Grande Prêmio da Inglaterra de 1973 leva o segundo lugar na lista dos Dez Acidentes Mais Espetaculares da História.

A seguir, o vídeo da pancada. As imagens mostram a primeira volta inteira, com o acidente acontecendo na marca de 2:10:



A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta amanhã, com o grande campeão na lista dos Dez Acidentes Mais Espetaculares da História. Em instantes, o Blog volta com o segundo post especial da série "bastidores de Interlagos". E, até o fim do dia, o comentário sobre as principais notícias do mundo da velocidade. Até já!

Crédito das fotos:

10 comentários:

Anônimo disse...

pelo vídeo não parece nada de mais mas pela descrisão a gente percebe que foi realmente uma pancada forte. Ô Scheckter meu filho, o que que vc fez?????

Anônimo disse...

agora ficou fácil: aquela da Bélgica em primero hein hein??

Blog F1 Grand Prix disse...

Bruno,

Melhor esperar para ver. Será?

Grande abraço!

Gustavo

Anônimo disse...

que pancadão!! Não podia faltar mesmo...

Anônimo disse...

A minha aposta para o 1º lugar:

2ª largada (de 3) para o GP da Austria de 1987. A da Bélgica só bate esta por causa das imagens de tv, a da Austria foi mais espectacular mas menos "coberta".

Anônimo disse...

Esse parece até ataque terrorista!!!
Ótimo e bem antigo.

Para não ter chance de errar o 1º:

Webber e Alonso, no Brasil.
Barrichello, em 94.
Spa, 98.
Ou algum outro que tenha envolvido o Berger.

Se for outro, tá de parabéns!!!

Abraços!!!

Anônimo disse...

Q q eu vou dizer lá em ksa, hein sr. Scheckter!
Destacar a já má sorte de Williamson e principalmente da equipe Surtees.

Anônimo disse...

Caro Gustavo,

Eu me lembro perfeitamente deste acidente, já que as transmissões de Fórmula 1 começaram no Brasil nesta época, logo depois do Emerson ter sido campeão, quase sem mídia, com apoio apenas do rádio, com cobertura do Janos Lengel na Rádio Globo, e de resumos no Repórter Esso (obviamente patrocinado pela Esso) da Tv Tupi e do Jornal Nacional (patrocinado pelo finado Banco Nacional, daí o nome e não o que muitos pensam, de ser um jornal de alcance nacional) da Tv Globo.

Meus parabéns pela excelente qualidade do seu blog.

Se pudesse apostar, diria que o primeiro acidente da lista é o que aconteceu também na Inglaterra, não me lembro o ano, em que, por causa da chuva e neblina, quase todos os carros bateram ao final da corrida, e, se não me falha a memória, foi a melhor colocação do Wilsinho Fittipaldi.

Um forte abraço,
Luiz Roberto Vasconcellos

Blog F1 Grand Prix disse...

Luiz Roberto,

Valeu mesmo pelos elogios! O acidente que você citou aconteceu no G.P. da Inglaterra de 1975. Na verdade, foram várias batidas que ocorreram quase ao mesmo tempo em virtude da forte chuva que caía sobre Silverstone. Para quem assistia à prova, foi realmente espetacular!

Fiz a minha pesquisa é aí está: a melhor colocação de Wilson Fittipaldi não foi exatamente nesta corrida, mas no G.P. da Alemanha de 1973, quando ele foi quinto.

Muito obrigado pela sua mensagem, espere até amanhã para ver se acertou o seu palpite!

Grande abraço!

Gustavo Coelho

Felipe Maciel disse...

Acho que o Bruno matou, deve ser Spa, nunca se sabe, mas estranharia que Spa estivesse fora da lista. Há boas chances...

Abs