Antes tarde do que nunca para comentar o pacote de medidas elaborado por FIA e Fota para reduzir custos e "reconstruir" a Fórmula 1.
É bastante coisa, então vamos por partes.
Para começar, os motores.
A partir de 2010, serão padronizados entre as equipes independentes. E, já no ano que vem, terão vida útil prolongada e mil giros a menos para evitar gastos para as escuderias.
De fato, mudanças que vão proporcionar uma bela economia.
É de se lamentar, porém, a perda de relevância dos motores num carro de Fórmula 1.
São todos iguais e inquebráveis. Até o barulho é rigorosamente o mesmo.
Enzo Ferrari dizia que considerava o motor mais importante do que o próprio carro. Pelo visto, os dirigentes da Fórmula 1 não compartilham da mesma opinião.
Mas criticar é muito fácil.
Se a F-1 precisava economizar, é no motor que se fazem os cortes mais imediatos.
As medidas realmente não agradam, mas foram necessárias.
Agora, será que vai fazer diferença?
Ainda é cedo para saber. Em termos de motor, as equipes sempre acham um "jeitinho" de mudar uma coisa aqui, outra ali...
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Luca Badoer, Pedro de la Rosa, Marc Gene e companhia que se preparem.
Os treinos coletivos dos intervalos das corridas foram totalmente proibidos.
Acabaram os testes, acabaram os pilotos de testes.
Se é para cortar gastos, proibir os treinos coletivos era uma das soluções mais óbvias.
Apesar disso, a medida é para ser lamentada.
Primeiro porque esvazia o noticiário da F-1, especialmente nos períodos de férias.
E segundo porque reduz ainda mais o universo de pilotos que faz parte da categoria.
Tanto o veterano que ainda se agarra à F-1 quanto o novato que tenta fazer sua estréia perdem a única vitrine para mostrar serviço.
A partir de agora, testes só nas sextas-feiras de GP.
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Para 2010, dá-lhe padronização.
Os sistemas de rádio e telemetria serão iguais.
Os sistemas de rádio e telemetria serão iguais.
Informações de pneus e combustíveis passam a ser compartilhados.
Até o ''Kers'', que mal estreou, pode ser idêntico para todo mundo.
A Fórmula 1 vai ficando mais parecida com a GP2, mas ainda está muito acima da categoria-escola.
Por mais que vários elementos estejam padronizados, a F-1 ainda é o berço da tecnologia no esporte a motor.
Os dirigentes sabem disso, e já indicaram que vão tentar preservar a vocação que a F-1 tem para ser um desafio tecnológico.
Tomara.
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Os reabastecimentos serão proibidos em 2010.
Mas os pit stops, na teoria, continuam liberados.
Ou seja: quem quiser trocar pneus, ainda pode.
Voltamos a meados da década de 8o.
Uma época em que, como dizia Nelson Piquet, o piloto fazia sua estratégia durante a corrida, e não antes dela.
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Você prefere o sistema de "medalhas" ou o atual sistema de pontuação?
O modelo de classificação baseado em "nocautes" ou aquele que vigorava até o ano de 2002?
Corridas mais curtas, com 75 minutos, ou mais longas, chegando aos 90 atuais?
Pois bem: a FIA quer saber.
Através de uma "pesquisa de mercado", a entidade vai determinar quais propostas levam a melhor.
O Blog vota no atual sistema de pontuação, na classificação em "nocautes" e nas corridas de 90 minutos.
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No fim das contas, a Fórmula 1 está próxima de superar mais uma de suas crises cíclicas.
Dessa vez, detonada por fatores externos, mas originada no modelo insustentável que a própria categoria criou.
Há quem duvide do próprio futuro da F-1.
Se mais uma ou duas equipes seguirem o exemplo da Honda, sabe-se lá o que pode ocorrer.
Mas isso muito dificilmente vai acontecer.
O pacote de medidas chega como remédio para as equipes que pensavam em deixar a F-1.
Ao menos por enquanto, a categoria está a salvo.
A Fórmula 1 sobreviveu, mais uma vez.