sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Jean Todt é o novo presidente da FIA

A FIA elegou nesta sexta-feira seu novo presidente.

Sai Max Mosley, entra Jean Todt.

O dirigente francês derrotou com sobras o adversário Ari Vatanen, ex-campeão mundial de rally, e foi eleito com o apoio de mais de 70% dos delegados da entidade.

Todt venceu, o que já era esperado. Mas a folgada vantagem sobre Vatanen, que teve só 25% dos votos, foi até um pouco surpreendente.

O ex-chefão da Ferrari começa seu mandato à frente da FIA com bastante moral. Não será fácil se equilibrar em meio à interminável disputa de poder dentro da entidade.

Ao menos, porém, o início da caminhada de Todt na presidência da FIA promete ser bem mais tranquila do que a gestão de Max Mosley.

Por enquanto, o francês tem o respaldo da maioria absoluta dos delegados. E até das próprias equipes da Fórmula 1 - que, unidas na Fota, divulgaram uma nota respeitosa e educada parabenizando Todt pela vitória na eleição.

Evidente que a Fota preferia ver Vatanen na presidência da FIA. Mas, entre Todt e Mosley, é óbvio que as equipe escolheriam o francês.

Mudanças à vista na entidade? Sim e não.

Todt promete ser um presidente mais, digamos, democrático do que Mosley. Um homem disposto a ouvir mais opiniões antes de tomar uma decisão, por assim dizer.

Mas é ingênuo pensar que a postura histórica da FIA vai mudar só porque o francês chegou ao poder.

A FIA é - e vai continuar a ser - uma autocracia, nada mais do que um clube formado por federações que defendem apenas seus próprios interesses.

Ainda é difícil imaginar, no futuro próximo, uma entidade que funcione pura e somente para o esporte a motor.

Os acordos escusos e as trocas mútuas de acusação devem continuar a fazer parte da rotina da FIA. A briga pelo poder, as disputas políticas, nada disso vai mudar muito com a chegada de Todt.

Apesar disso, a vitória do francês na eleição desta sexta-feira traz um pouco de esperança, como sempre.

Que o esporte prevaleça sobre a política quando regras e contratos forem discutidos. É isso o que todos os fãs do automobilismo desejam ver com Todt.

domingo, 18 de outubro de 2009

Análise do Grande Prêmio - Brasil/Interlagos (18/10/2009)

Análise dos pilotos:

Mark Webber. Fez uma prova sem erros e obteve a vitória como recompensa. Nota 10
Robert Kubica. Parece que o acerto com o Renault trouxe sua motivação de volta. Nota 9
Lewis Hamilton. Saiu de 17º para terceiro. Tática certeira, performance fantástica. Nota 9
Sebastian Vettel. Lutou muito, mas também viu as esperanças de título sumirem. Nota 7
Jenson Button. Corajoso e batalhador, provou em Interlagos que mereceu o título. Nota 9
Kimi Raikkonen. Poderia até ter vencido se não fosse o choque com Webber no início. Nota 7
Sebastien Buemi. Ótima classificação e ritmo consistente durante toda a corrida. Nota 8
Rubens Barrichello. Pole espetacular, corrida de pouca sorte, sonho adiado de novo... Nota 8
Heikki Kovalainen. Rodou na largada e não conseguiu se recuperar. Nota 4
Kamui Kobayashi. Grande surpresa da prova, foi muito agressivo e ganhou vários fãs. Nota 9
Giancarlo Fisichella. Muito apagado, andou sempre entre os últimos. Nota 3
Vitantonio Liuzzi. Batido com facilidade por Sutil, também fez uma corrida obscura. Nota 4
Romain Grosjean. Uma chicane ambulante. Ultrapassado facilmente por todo mundo. Nota 2
Jaime Alguersuari. Até que se classificou bem, mas terminou lá atrás de novo. Nota 4
Kazuki Nakajima. Vinha fazendo uma de suas melhores provas até bater feio. Nota 4
Nico Rosberg. Certamente terminaria no pódio se não tivesse quebrado. Nota 7
Nick Heidfeld. Outro que não teve sorte. Estava se recuperando bem, mas quebrou. Nota 5
Adrian Sutil. Um excelente terceiro lugar no grid desperdiçado logo na largada. Nota 6
Jarno Trulli. Não teve culpa na batida com Sutil. Mas a reação irada foi um papelão. Nota 2
Fernando Alonso. Vítima da confusão inicial, perdeu uma boa chance de pontuar. Nota 5

Análise das equipes:

Brawn GP. Campeão mundial de pilotos e construtores. Com todos os méritos. *****
Red Bull. Se não fosse o azar de Vettel no sábado, a dobradinha seria fácil. ****
McLaren. Passou a Ferrari entre os construtores e está um ponto à frente da rival. ****
Ferrari. Fisichella continua perdido e Raikkonen voltou a ter má sorte. ***
Toyota. Perdeu Trulli no início e escolheu muito mau a estratégia de Kobayashi. **
Williams. Pela primeira vez no ano, nenhum dos carros completou a prova. **
BMW. Está se despedindo da Fórmula 1 com dignidade. ****
Renault. Superada pela BMW, está só em oitavo entre os construtores. *
Force India. Tem um carro rápido, mas perde muitas oportunidades de pontuar. **
Toro Rosso. Voltou aos pontos pela primeira vez em dez corridas. ***

Análise da corrida:

Que diferença faz um circuito de verdade como Interlagos! A corrida deste domingo foi agitada, com diversas ultrapassagens e alguns acidentes. Na segunda metade da prova a ordem se acalmou e as mudanças foram poucas. Mesmo assim, o GP do Brasil foi um dos melhores do ano.
Nível da corrida: Muito boa

Análise do campeonato:

A briga pelo título deste ano não foi tão dramática quanto em 2007 (Raikkonen x Hamilton x Alonso) ou 2008 (Hamilton x Massa). Apesar disso, o campeonato se manteve indefinido até a penúltima corrida. Sim, poderia ter sido melhor, mas a disputa entre Button, Rubinho e os pilotos da Red Bull teve boas doses de emoção.
Nível do campeonato: Bom

Balanço dos palpites:

Vitória: Rubens Barrichello. A vitória foi de Mark Webber
Pole Position: Mark Webber. O pole position foi Rubens Barrichello
Melhor Volta: Lewis Hamilton. A melhor volta foi de Mark Webber
Grid aleatório (17º lugar): Romain Grosjean. O 17º no grid foi Lewis Hamilton
Tempo da pole: 1:13.350. O tempo da pole foi 1:19.576
Primeiro abandono: Romain Grosjean. Os primeiros a abandonar foram Fernando Alonso, Adrian Sutil e Jarno Trulli
Zona de pontuação:
1. Rubens Barrichello (Mark Webber)
2. Sebastian Vettel (Robert Kubica)
3. Mark Webber (Lewis Hamilton)
4. Nico Rosberg (Sebastian Vettel)
5. Jenson Button (PALPITE CORRETO)
6. Kimi Raikkonen (PALPITE CORRETO)
7. Fernando Alonso (Sebastien Buemi)
8. Adrian Sutil (Rubens Barrichello)
Placar da temporada:
Austrália - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Rubens Barrichello (segundo)
Malásia - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Jenson Button (PRIMEIRO)
China - Vencedor: Sebastian Vettel. Palpite: Rubens Barrichello (quarto)
Bahrein - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Jenson Button (PRIMEIRO)
Espanha - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Sebastian Vettel (quarto)
Mônaco - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Mark Webber (quinto)
Turquia - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Jenson Button (PRIMEIRO)
Inglaterra - Vencedor: Sebastian Vettel. Palpite: Jenson Button (sexto)
Alemanha - Vencedor: Mark Webber. Palpite: Rubens Barrichello (sexto)
Hungria - Vencedor: Lewis Hamilton. Palpite: Sebastian Vettel (abandono)
Europa - Vencedor: Rubens Barrichello. Palpite: Sebastian Vettel (abandono)
Bélgica - Vencedor: Kimi Raikkonen. Palpite: Kimi Raikkonen (PRIMEIRO)
Itália - Vencedor: Rubens Barrichello. Palpite: Lewis Hamilton (abandono)
Cingapura - Vencedor: Lewis Hamilton. Palpite: Rubens Barrichello (sexto)
Japão - Vencedor: Sebastian Vettel. Palpite: Sebastian Vettel (PRIMEIRO)
Brasil - Vencedor: Mark Webber. Palpite: Rubens Barrichello (oitavo)

Foram dois acertos na mosca: o quinto lugar do campeão Button e o sexto de Raikkonen. Bom para o bolão. Apesar disso, o Blog não foi lá tão bem nos palpites. Primeiro, porque joguei minhas fichas na superioridade da Brawn frente à Red Bull. E, além disso, também apostei que a decisão ficaria para Abu Dhabi...
Nível dos palpites: Regular
Placar da temporada: Cinco acertos em 16 possíveis

Por hoje, é só. Até a próxima!

Jenson Button, campeão mundial de Fórmula 1

E não deu para Rubens Barrichello.

Rubinho lutou bastante e tentou ao máximo compensar as deficiências do carro, mas não foi o suficiente.

O título ficou para Button, digno campeão da Fórmula 1 em 2009. O inglês mereceu vencer o campeonato deste ano.

Embora tenha feito várias corridas apagadas após sua sequência de vitórias no início da temporada, Button foi o piloto mais regular e também o mais inteligente.

E compensou a fase ruim da segunda metade do ano com uma pilotagem espetacular em Interlagos.

Na prova deste domingo, Button fez uma corrida com cara de campeão. Com sorte e estrela de campeão. Foi só o quinto, é verdade, mas ele não precisava de mais do que isso.

Largando de 14º, o inglês evitou problemas nas primeiras voltas e soube tirar proveito do azar dos demais para escalar o pelotão.

Mas o progresso de Button não pode ser atribuído apenas à falta de sorte alheia.

O novo campeão também teve que trabalhar bastante.

E, sempre que precisou, mostrou personalidade e coragem para ganhar várias posições na pista, no braço.

Enquanto isso, Rubinho teve uma corrida de pouca sorte. Não havia mesmo muito a fazer para mudar o resultado final do campeonato.

O brasileiro se encaminhava para um tranquilo terceiro quando começou a perder rendimento no segundo "stint", de forma semelhante ao que ocorreu nas duas corridas anteriores - Cingapura e Japão.

Na briga por um lugar no pódio, foi ultrapassado por Hamilton e, na disputa com o piloto da McLaren, parece ter furado o pneu por causa de um leve toque na asa dianteira do inglês.

Estava selada a sorte de Rubinho, que precisou ir ao box pela terceira vez e caiu para oitavo. Nessa altura, o título já estava nas mãos de Button mesmo.

Lá na frente, Webber conquistou uma merecida vitória e Kubica faturou um ótimo segundo lugar - uma recompensa para o polonês após a frustrante temporada da BMW.

Sobrou para Hamilton o terceiro posto, resultado espetacular para quem largou de 17º no grid.

Outro que também evoluiu bastante foi Vettel, que pulou de 15º para quarto. O jovem alemão não desistiu nunca do sonho do título e conseguiu um resultado que o coloca à frente de Rubinho na briga pelo vice.

Atrás de Button, o quinto, completaram a zona de pontuação Raikkonen, Buemi e Barrichello. O finlandês e o suíço fizeram o bastante. Com o carro que têm, não poderiam ir mais à frente.

Kovalainen terminou em nono, em mais um corrida obscura. Já o estreante Kobayashi surpreendeu muitos, foi sempre combativo e merecia algo bem melhor do que o décimo.

Sem dúvida, o japonês da Toyota foi a grande surpresa da prova, embora seu resultado final não dê a dimensão da ótima corrida que fez.

Fisichella e Liuzzi foram coadjuvantes de luxo, assim como Grosjean - uma chicane ambulante - e Alguersuari, cuja tática confusa da Toro Rosso o derrubou para a última posição.

Abandonaram Heidfeld e Rosberg por problemas mecânicos. Os dois deveriam pontuar, mas faltou sorte.

Nakajima bateu ao tentar uma afobada ultrapassagem sobre Kobayashi. Na disputa dos japoneses, o novato começa a ganhar a preferência na Toyota.

Já Trulli, Alonso e Sutil foram vítimas de um típico acidente de primeira volta. O espanhol, sem culpa, foi acertado pelo carro desgovernado do alemão, que havia se tocado com o italiano momentos antes.

Batida de corrida, sem vilões. Mas Trulli - um veterano perto do desemprego, irado com mais uma boa prova desperdiçada - partiu para cima de Sutil e acusou o piloto da Force India de ser desleal.

Um papelão. Sutil, ao menos, teve calma para não retribuir o dedo na cara do italiano. Fosse um piloto mais esquentado, a zona de escape do Laranjinha teria virado um ringue de box.

Daqui a duas corridas, a Fórmula 1 estreia em Abu Dhabi. Será uma corrida amistosa, sem nenhuma grande decisão.

Mais uma vez, o circuito de Interlagos provou sua vocação para decidir títulos. Desde 2004, quando a prova foi realocada para o fim da temporada, a pista coroou cinco campeões em seis edições do GP Brasil - Alonso (duas vezes), Raikkonen, Hamilton e Button.

Neste e no ano passado, um brasileiro levou a pior na disputa com um inglês.

Resta torcer para que a história não se repita pela terceira vez em 2010.

O grid promete ser recheado de brasucas - Massa e Rubinho já estão garantidos; Senna está bem perto, enquanto Di Grassi e Nelsinho ainda têm esperanças.

Será que o jejum de títulos tupiniquins cai no ano que vem? É esperar para ver.

Em 2009, já não dá mais.

A taça é de Button. Salve o novo campeão.