quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Briatore é absolvido, mas ainda tem longo caminho a percorrer

Philippe Ouakrat.

Você conhece? Eu também não. Até essa semana.

Ouakrat não é famoso, mas certamente é muito bom no que faz. Porque foi ele o advogado que conseguiu a absolvição de Flavio Briatore na Justiça Francesa - o que, em tese, abre caminho para o dirigente italiano voltar à Fórmula 1 e ao esporte a motor.

Por melhor que seja Ouakrat, porém, não há nada que ele possa fazer para limpar a mancha que ficou na imagem de Briatore.

O prestígio do ex-chefão da Renault continua abalado. No ambiente da Fórmula 1, restam pouquíssimos círculos onde Briatore ainda seria bem-vindo.

E a decisão da Justiça Francesa, na prática, não o livrou da possibilidade de receber uma pesada punição.

A corte de Paris não considerou Briatore inocente. Apenas julgou que a FIA não tinha jurisprudência para punir o dirigente.

Briatore, portanto, ainda não conseguiu provar sua inocência. Neste ano, pode até voltar a frequentar o paddock da Fórmula 1, mas será no máximo como convidado VIP de algum amigo importante.

Nas equipes da categoria, ele não parece ter espaço.

Se quiser recuperar o poder que tinha antes, talvez precise comprar sua própria escuderia ou assumir o cargo de chefão em alguma das novatas do grid. Nada disso parece muito provável num futuro próximo.

Por enquanto, aqueles que comemoraram a saída de Briatore ainda não têm muito a temer. Durante algum tempo, o italiano vai permanecer afastado da Fórmula 1.

Mas é bom não subestimar a força de Briatore, um homem que já conseguiu dar a volta por cima em mais de uma oportunidade.

A Fórmula 1 parecia ter se livrado dele. Ainda não.

É complicado imaginar Briatore de volta e tão poderoso quanto já foi.

Mas talvez o italiano consiga reconquistar um espaço na Fórmula 1 apenas para incomodar e atrapalhar seus inúmeros desafetos.

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Fernando Alonso será o primeiro a pilotar o novo carro da Ferrari quando o modelo de 2010 for lançado no mês que vem, durante os testes coletivos de pré-temporada.

Mesmo sendo novato na equipe, o espanhol foi escolhido em detrimento de Felipe Massa, que já correu quatro temporadas pela escuderia do cavalinho rampante.

Alonso está sendo favorecido? Na prática, não muito.

O significado de ser o primeiro a pilotar o novo carro é meramente simbólico.

Se a Ferrari promete dar aos dois pilotos o mesmo tempo de teste com o modelo de 2010, então não faz a menor diferença quem será o primeiro a sentar no bólido.

No fim das contas, cada um terá o mesmo período para se adaptar ao novo carro.

Nos últimos anos, inclusive, ser o primeiro a testar o modelo recém-lançado da Ferrari não tem dado muita sorte.

Em 2007, foi Massa quem andou antes - Raikkonen, na época, ainda estava impedido por causa do contrato com a McLaren. No fim do ano, o título foi para o finlandês.

Na temporada seguinte, Raikkonen teve a honra de testar primeiro. E Massa o superou no campeonato, perdendo o título apenas na última corrida.

No ano passado, Massa fez a estreia do modelo de 2009. Até vinha superando Raikkonen no campeonato, mas sofreu o grave acidente no GP da Hungria que o afastou até o encerramento da temporada.

Dessa vez, Alonso vai pilotar primeiro. Mas Massa não tem lá muito a temer.

A equipe conhece bem sua capacidade e vai dar chances iguais a ele.

Para superar Alonso, a receita de Massa é bem simples: basta ser mais rápido.

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A edição 2010 do Rally Dakar já conta a morte de uma espectadora e uma série de acidentes graves o suficiente para mandar pilotos e co-pilotos ao hospital de helicóptero.

Todo ano é a mesma coisa. Há quem não entenda porque uma competição tão perigosa e selvagem continua a ser realizada.

De fato, o número de vítimas permanece bastante alto apesar de todos os esforços para aumentar a segurança.

Mas é impossível garantir a tranquilidade de todos. Cada um que entra no Dakar sabe os riscos que está correndo e precisa estar preparado para aceitar as possíveis consequências.

Lamentável mesmo é quando uma pessoa de fora da competição acaba vitimada - como a espectadora argentina que morreu atropelada no primeiro dia de competição.

Mesmo nesse caso, porém, não há muito o que se possa fazer. Cada estágio do Dakar tem de 200 a 600 km de extensão. É simplesmente inviável supervisionar o trecho inteiro.

A espectadora que morreu estava num espaço fora dos limites de segurança estabelecidos pela organização. Talvez não fizesse ideia dos riscos que corria. Infelizmente, também não teve muita sorte.

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Sim, o Blog continua em ritmo lento, mas logo pega no tranco.

A esperada temporada de 2010 está para começar e será impossível ficar muito tempo longe do teclado.