segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sobre os planos da Ferrari para 2010 e o escândalo da Renault

Esta semana promete ser agitada no noticiário da Fórmula 1 por dois motivos principais: a escolha dos pilotos da Ferrari para 2010 e o escândalo sobre a conduta da Renault no GP de Cingapura do ano passado.

Pela ordem, começamos falando do time de Maranello.

Que, no GP da Bélgica, percebeu que já não tem mais como continuar usando o "tampão" Luca Badoer.

Por mais que o veterano insista que vai correr melhor no GP da Itália porque conhece o circuito de Monza, não dá mais para acreditar que Badoer tem capacidade para alcançar os resultados que se esperam de um titular da Ferrari.

Em Spa-Francorchamps, o chefe da escuderia, Stefano Domenicali, indicou que a escolha do substituto de Felipe Massa em Monza tem a ver com os planos da equipe para 2010. Mas quem será o misterioso escolhido?

Tudo leva a crer que o sonho da Ferrari, ao menos, é Fernando Alonso. O problema é que esse é um sonho complicado.

Se optar por Alonso para o GP da Itália, a Ferrari deixaria claro que um dos atuais titulares - Raikkonen ou Massa - seria obrigado a sair da equipe no ano que vem.

O brasileiro tem a total confiança da escuderia, enquanto o finlandês é um campeão mundial com contrato válido para 2010. E que está em franca evolução, tendo acabado de conquistar uma grande vitória no GP da Bélgica.

Será que a Ferrari deixaria escancarada a demissão Raikkonen assim mesmo, logo depois do triunfo dele em Spa? Complicado, para dizer o mínimo.

Por tudo isso, é bom prestar atenção nas especulações sobre a possibilidade de a Ferrari correr com três carros em 2010 - uma hipótese que, por algum motivo, pouca gente tem levado a sério.

Pois este é, provavelmente, o plano A da Ferrari para 2010: alinhar Raikkonen, Massa e Alonso juntos, na mesma equipe.

Massa, o único garantido, terá (a) Raikkonen, (b) Alonso ou (c) Raikkonen e Alonso como companheiro(s) em 2010.

A Ferrari não considera outra opção além dessas três.

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E o escândalo da Renault, hein?

Todo mundo, nessa altura, anda com aquele ar de "eu já sabia". De fato, não houve quem não tenha levantado uma sobrancelha para o esquisito acidente de Nelsinho Piquet no GP de Cingapura do ano passado.

Naquela corrida, Nelsinho bateu quando apenas um piloto já havia parado no box - seu companheiro Fernando Alonso.

Com a entrada do safety car, o pelotão se aglutinou e visitou os boxes junto. Alonso, o único com gasolina no tanque, passou de último para primeiro. E venceu.

Na época, a batida de Nelsinho foi considerada apenas uma ironia do destino. Agora, ganha contornos bem mais sérios.

Se o brasileiro foi mesmo obrigado a causar o acidente para ajudar Alonso, a Fórmula 1 vai enfrentar mais um longo e doloroso processo de perda de credibilidade.

E que terá consequências sérias para figuras importantes da categoria, incluindo o próprio Nelsinho, o chefe da Renault Flavio Briatore e até o bicampeão Alonso.

Por enquanto, ainda é muito cedo para especular se o caso é verdade ou não. Mas o silêncio dos envolvidos indica que ainda há mais para ser revelado.

Se for verdade, o escândalo ajuda a entender porque Nelsinho demorou tanto tempo a ser demitido pela Renault. Provavelmente, Briatore tinha o rabo entre as pernas com o piloto brasileiro e pai tricampeão.

Demitido, Nelsinho provavelmente denunciou o caso, e isso explica por que o assunto só foi surgir agora, quase um ano após a corrida.

Briatore, é claro, deve ter mais a esconder. E deverá ser atacado com todas as forças pelos adversários - a começar pelo presidente da FIA, Max Mosley, que já derrubou Ron Dennis e está louco para se vingar de mais um desafeto.

Seja como for, a notícia que surgiu ontem na transmissão do GP da Bélgica parece ser apenas o primeiro capítulo de mais uma novela nos bastidores da Fórmula 1.

domingo, 30 de agosto de 2009

Análise do Grande Prêmio - Bélgica/Spa-Francorchamps (30/08/2009)

Leia também: Kimi quebra jejum de vitórias, mas o show foi de Fisichella

Análise dos pilotos:

Kimi Raikkonen. Uma vitória para dar dor de cabeça aos dirigentes da Ferrari. Nota 10
Giancarlo Fisichella. Não ganhou, mas roubou a cena. Uma atuação fantástica. Nota 10
Sebastian Vettel. Foi eficiente, sem ser bilhante. Fez seis pontos importantes. Nota 8
Robert Kubica. Corrida segura e consistente. Merecia o pódio. Nota 9
Nick Heidfeld. Quase no mesmo nível de Kubica. Nota 8
Heikki Kovalainen. Discreto, conseguiu outro resultado razoável. Nota 7
Rubens Barrichello. Enrolou-se na largada de novo. Lutou para salvar dois pontos. Nota 5
Nico Rosberg. Pontuou pela oitava prova consecutiva. É o piloto mais regular do ano. Nota 7
Mark Webber. Prejudicado pelo time, ficou em branco pela segunda prova seguida. Nota 4
Timo Glock. Rápido nos treinos, perdeu ritmo na corrida e foi ficando para trás. Nota 4
Adrian Sutil. Até que não esteve mal, mas foi totalmente ofuscado por Fisichella. Nota 5
Sebastien Buemi. Manteve um ritmo sólido, só que o carro é fraco demais. Nota 6
Kazuki Nakajima. Pouco combativo, só conseguiu ficar à frente de Badoer. Nota 2
Luca Badoer. Claramente um peixe fora d'água, ficou a 40 segundos do penúltimo. Nota 1
Fernando Alonso. Tinha chance de pódio se não tivesse quebrado. Nota 7
Jarno Trulli. Impressionante como sempre cai de rendimento nas corridas. Nota 3
Lewis Hamilton. Apagado no sábado, não teve sorte no domingo e saiu no início. Nota 4
Jenson Button. Está caindo de produção no pior momento possível do ano. Nota 3
Jaime Alguersuari. Vítima inocente da confusão na primeira volta. Nota 5
Romain Grosjean. Um fim de semana recheado de confusões. Nota 2

Análise das equipes:

Brawn. Faltou sorte e carro para os pilotos. **
Red Bull. Precisa dar um jeito nos problemas de motor. **
Ferrari. Todos sabiam que não ficaria o ano todo sem vencer. *****
McLaren. Permanece irregular. Dessa vez, esteve mal **
Toyota. Desperdiçou uma chance de ótimo resultado. *
Williams. Como sempre, dependeu de Rosberg. ***
Renault. Continua em insuperável má fase. **
BMW. Fez sua melhor corrida do ano. ****
Force India. Só uma palavra: espetacular. *****
Toro Rosso. Caiu de vez para a lanterna entre as equipes. *

Análise da corrida:

Não foi a prova espetacular que todos esperavam após o emocionante treino de classificação, mas também esteve longe de ser um GP monótono. No fim das contas, a corrida da Bélgica manteve o padrão do restante da temporada.
Nível da corrida: Regular

Análise do campeonato:

A vantagem de Button ainda é confortável, mas 16 pontos é uma distância que pode ser perfeitamente descontada em cinco corridas. Rubinho vem ali no segundo lugar, e a dupla Vettel-Webber também possui esperanças de título.
Nível do campeonato: Bom

Balanço dos palpites:

Vitória: Kimi Raikkonen. Na mosca!
Pole Position: Rubens Barrichello. O pole position foi Giancarlo Fisichella
Melhor Volta: Nico Rosberg. A melhor volta foi de Sebastian Vettel.
Grid aleatório (13º lugar): Timo Glock. O 12º no grid foi Fernando Alonso
Tempo da pole: 1:40.140. O tempo da pole foi 1:46.308
Primeiro abandono: Jarno Trulli. Os primeiros a abandonar foram Lewis Hamilton, Jenson Button, Romain Grosjean e Jaime Alguersuari
Zona de pontuação:
1. Kimi Raikkonen (PALPITE CORRETO)
2. Lewis Hamilton (Giancarlo Fisichella)
3. Rubens Barrichello (Sebastian Vettel)
4. Mark Webber (Robert Kubica)
5. Jenson Button (Nick Heidfeld)
6. Nico Rosberg (Heikki Kovalainen)
7. Heikki Kovalainen (Rubens Barrichello)
8. Romain Grosjean (Nico Rosberg)
Placar da temporada:
Austrália - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Rubens Barrichello (segundo)
Malásia - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Jenson Button (PRIMEIRO)
China - Vencedor: Sebastian Vettel. Palpite: Rubens Barrichello (quarto)
Bahrein - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Jenson Button (PRIMEIRO)
Espanha - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Sebastian Vettel (quarto)
Mônaco - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Mark Webber (quinto)
Turquia - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Jenson Button (PRIMEIRO)
Inglaterra - Vencedor: Sebastian Vettel. Palpite: Jenson Button (sexto)
Alemanha - Vencedor: Mark Webber. Palpite: Rubens Barrichello (sexto)
Hungria - Vencedor: Lewis Hamilton. Palpite: Sebastian Vettel (abandono)
Europa - Vencedor: Rubens Barrichello. Palpite: Sebastian Vettel (abandono)
Bélgica - Vencedor: Kimi Raikkonen. Palpite: Kimi Raikkonen (PRIMEIRO)

Numa corrida cheia de surpresas, seria difícil mesmo fazer alguma previsão correta. Mas o Blog acertou na mosca a principal delas: quem terminaria em primeiro lugar. A aposta certeira em Raikkonen para o triunfo já valeu por todo o palpitão.
Nível dos palpites: Muito bom
Placar da temporada: Quatro acertos em 12 possíveis

Por hoje, é só. Até a próxima!

Kimi quebra jejum de vitórias, mas o show foi de Fisichella

O palpite do Blog foi na mosca: deu Raikkonen no GP da Bélgica.

Único piloto do grid com vitória no circuito de Spa Francorchamps - Massa, que venceu em 2008, ficou fora da corrida deste ano - o "Homem de Gelo" manteve sua supremacia na pista mais fantástica do calendário da Fórmula 1.

Com uma largada agressiva, pulando de sexto para segundo, Raikkonen já se colocou em posição de sério candidato à vitória.

Ao mesmo tempo, um acidente múltiplo envolvendo os novatos Grosjean e Alguersuari, além dos medalhões Button e Hamilton, forçou a entrada do safety car na pista.

Três voltas depois, na saída do carro de segurança, Raikkonen aproveitou o "KERS" para fazer a manobra sobre o pole Fisichella e assumir a liderança. Para não perder mais.

Daí em diante, o finlandês da Ferrari apenas controlou a corrida, sempre com o surpreendente italiano da Force India em sua cola.

Mas não deu para Fisichella. Raikkonen venceu, quebrou um jejum de um ano e meio sem vitórias, e pôs um ponto de interrogação na cabeça dos dirigentes da Ferrari.

E agora, como ficam os boatos sobre Alonso na equipe italiana em 2010? Se Raikkonen for mesmo mandado embora, o valor da multa será um pouco mais caro...

O "Homem de Gelo" levou o triunfo, mas o grande heroi do domingo foi mesmo o veteraníssimo Fisichella.

O desempenho do italiano em Spa foi uma das melhores atuações individuais dos últimos anos. Levar a Force India ao segundo lugar, lutando de igual para igual com uma Ferrari pela vitória, foi realmente um resultado espetacular.

Pode até ter sido o canto do cisne da carreira de Fisichella, uma última grande performance antes da aposentadoria.

Mas e daí? Não houve quem não tenha se empolgado com a corrida de "Fisico" neste domingo. Está mesmo de parabéns o simpático italiano.

Atrás de Raikkonen e Fisichella, o terceiro lugar ficou com Vettel, que fez uma corrida eficiente para somar seis pontos muito importantes.

O alemão esteve longe de ser brilhante, mas saiu no lucro diante dos problemas que abateram os demais candidatos ao título.

A BMW, em sua melhor prova do ano, emplacou um quarto lugar com Kubica e um quinto com Heidfeld. Se tivesse andado assim deste o início da temporada, talvez o destino da equipe fosse outro...

Kovalainen, sem que quase ninguém notasse, terminou em sexto. Até que ficou de bom tamanho.

Já Barrichello teve um dia de altos e baixos, uma corrida bem confusa, bem como em outras vezes neste temporada.

Pela terceira vez - as outras foram na Austrália e na Turquia - o brasileiro ficou parado no grid. Uma vez, tudo bem. Duas, até vai. Quando acontece pela terceira, já dá para perceber que o problema não é só do carro.

E assim Rubinho, que ainda tem dificuldades para se entender com o sistema de largada da Brawn, caiu para último. Apesar disso, ainda salvou um sétimo lugar.

Olhando por esse ponto de vista, até que foi um bom resultado. Mas, se não tivesse ficado para trás no início, Rubinho poderia ter sido o terceiro ou quarto, no mínimo.

A última posição da zona de pontuação ficou com Rosberg, que conseguiu pontuar até numa pista onde a Williams não se adaptou bem. Palmas para o alemão, mais uma vez.

De Rosberg para trás, não houve quem impressionasse muito.

Webber se atrapalhou no pit lane, tomou um drive through e ficou sem pontuar pela segunda corrida seguida.

A Toyota, para variar, desperdiçou uma grande chance de resultado com erros de pilotos e estratégia equivocada.

Nakajima, como de costume, não fez nada.

Sutil e Buemi fizeram o de sempre e terminaram lá trás. E Badoer, coitado, andou claramente fora de ritmo e foi o lanterna, mais de 40 segundos atrás do penúltimo.

Os gabaritados Hamilton, Button e Alonso tiveram um dia para esquecer. Todos abandonaram, e por erros de outros.

Para o líder do campeonato, considerando as circunstância, poderia ter sido ainda pior. Sorte de Button que os adversários diretos também não conseguiram terminar muito bem.

Na tabela, o inglês tem 16 pontos de vantagem sobre Rubinho. Vettel e Webber, não muito atrás, também possuem esperança de título.

Está mais para Button, mas a briga continua aberta.

A próxima parada da Fórmula 1 é o GP da Itália, no dia 13 de setembro.

Uma corrida onde o motor Mercedes - de Brawn, McLaren e Force India - deve fazer toda a diferença.