sábado, 25 de julho de 2009

Susto para Massa, pole para Alonso e vantagem para a Red Bull

Este sábado foi bastante confuso em Hungaroring. E surpreendente também. Fernando Alonso, quem diria, superou os favoritos e conquistou a pole para o GP da Hungria.

A façanha do espanhol, porém, ficou em segundo plano diante do acidente que poderia ter tirado a vida de Felipe Massa.

O brasileiro foi atingido em plena reta por um pequeno pedaço de suspensão -uma pena de apenas 12 centímetros de tamanho e pesando não mais do que 800 gramas.

O piloto da Ferrari desmaiou, passou reto e bateu na barreira de proteção já numa velocidade não tão baixa assim. Levado ao hospital de helicóptero, foi submetido a cirurgia para remover fragmentos de osso e, ao que parece, está bem.

Teve muito azar de ser atingido por um minúsculo objeto no meio da pista, justamente num momento de aceleração do carro.

Mas teve muita sorte também. Se a peça tivesse batido na viseira, que tem resistência menor do que o resto do capacete, sabe-se lá o que poderia ter acontecido.

Massa vai perder o GP da Hungria e talvez desfalque a Ferrari por uma ou duas corridas, já que a recuperação pode levar até seis semanas, segundo a equipe.

Menos mal que o brasileiro não disputa o título neste ano e, portanto, não tem tanto a perder assim.

Enquanto Massa era levado ao hospital, o treino prosseguia sem que ninguém prestasse muita atenção. Nos segundos finais, uma pena no sistema de cronometragem deixou tudo ainda mais confuso.

De alguma forma, Alonso encaixou uma volta perfeita e assegurou a pole. A dupla da Red Bull vem logo a seguir, com Vettel à frente de Webber.

Button, o líder do campeonato, ficou somente em oitavo. E Rubinho não passou de 13º.

Alonso é o mais leve de todo o pelotão e muito dificilmente terá uma chance de vencer. Com as Brawns no meio do grid, a Red Bull já tem a vitória garantida?

Ainda não. Porque ninguém deve esquecer a McLaren.

Hamilton é o quarto no grid e também teria muitos problemas para acompanhar o ritmo de Vettel e Webber.

Mas o campeão tem o KERS e não seria surpresa nenhuma se ultrapassasse os dois carros da Red Bull na largada. Com um carro mais pesado, numa pista onde é complicado passar, poderia segurar quem estiver atrás e proporcionar uma chance para Button.

Este é um cenário não tanto provável, mas perfeitamente possível.

De qualquer maneira, o sábado mostrou que a Red Bull está realmente com a vantagem.

E que Vettel, estando com uma volta de gasolina a mais do que Webber, é a aposta mais segura para um triunfo em Hungaroring.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Palpitão do Grande Prêmio da Hungria

Durante três semanas, a Fórmula 1 curtiu as tradicionais "férias de verão" na Europa, mas agora equipes e pilotos voltam ao batente para o GP da Hungria.

A partir desta sexta, a categoria reencontra um autódromo que é mais conhecido como um "circuito de rua sem as casas". Hungaroring, realmente, tem um traçado extremamente travado e que não permite muitas oportunidades de ultrapassagem.

A corrida deste fim de semena tem tudo para ser, mais uma vez, um duelo particular entre Brawn GP e Red Bull, as duas protagonistas da temporada.

Nos últimos dois "rounds", a equipe das bebidas energéticas levou a melhor. No acumulado do ano, porém, a Brawn mantém uma vantagem confortável.

Na Hungria, a temperatura ambiente é um fator de muita relevância. O provável é que o fim de semana seja bem quente, o que é um ponto a favor da Brawn.

A própria natureza do circuito, formado apenas de curvas de baixa e média velocidade, é outro motivo para deixar a equipe de Button e Rubinho confiante.

Se Brawn e Red Bull tivessem carros num estágio de desenvolvimento semelhante, a aposta natural seria na líder do campeonato.

Mas, pelo que se observou nas últimas corridas, a vantagem da Red Bull não é tão pequena assim.

Mesmo sendo Hungaroring uma pista que teoricamente favorece a Brawn, a aposta do Blog neste fim de semana vai para Sebastian Vettel.

O alemão, derrotado pelo companheiro Mark Webber quando correu em casa, perdeu um pouco de seu status de "gênio prematuro" com o crescimento do australiano.

Na Hungria, Vettel precisa mostrar que é, de fato, o piloto que melhor pode liderar a Red Bull. Aquele que pode, quem sabe, trazer um título para a equipe.

É nele que jogo minhas fichas para a vitória neste fim de semana.

O Blog não aposta em Button, mas não despreza o inglês como fortíssimo candidato ao triunfo em Hungaroring.

Há duas corridas fora do pódio, Button dificilmente vai ficar longe das primeiras posições dessa vez.

Não acho que vai vencer, mas vai estar ali, embolado entre os líderes.

Na Hungria, vale observar com atenção o desempenho da McLaren e, em especial, de Lewis Hamilton.

O campeão andou bem na Alemanha e teria chance até de fazer um pódio, não fosse o erro na largada.

Em Hungaroring, uma pista que minimiza as deficiências da McLaren, Hamilton pode realmente fazer bonito. Não seria surpresa vê-lo batalhando por um pódio e mesmo por uma vitória.

Aí está a aposta para o pódio no domingo: Vettel-Button-Hamilton. O resto você confere logo abaixo:

Vitória: Sebastian Vettel
Pole Position: Sebastian Vettel
Melhor Volta: Lewis Hamilton
Grid aleatório (11º lugar): Nelsinho Piquet
Tempo da pole: 1:19.150
Primeiro abandono: Jaime Alguersuari
Zona de pontuação:
1. Sebastian Vettel
2. Jenson Button
3. Lewis Hamilton
4. Rubens Barrichello
5. Felipe Massa
6. Kimi Raikkonen
7. Nelsinho Piquet
8. Timo Glock

Sétimo lugar para Nelsinho? Sim, ele pode conquistar um resultado assim. E precisa, precisa muito de alguns pontos para aliviar a pressão na Renault...

Oitavo para Glock? Sim, o alemão fez pódio em Hungaroring no ano passado. Parece caso de piloto que simplesmente "casa" com a pista. Dessa vez, a liderança da Toyota está com ele.

Primeiro abandono para Alguersuari? Sim, o espanhol não tem experiência suficiente. Não quero azarar, mas é provável que nem passe da primeira volta...

Os primeiros treinos acontecem às 5h e 9h desta sexta, horário de Brasília.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A tragédia de Henry Surtees

O domingo foi um dia triste para o automobilismo.

No tradicional circuito de Brands Hatch, a Fórmula 2 realizava a quarta rodada dupla da temporada 2009, a primeira desde que a categoria foi relançada.

Na primeira corrida, no sábado, um jovem piloto de 18 anos conquistou seu primeiro pódio no ano, afastando uma sequência de maus resultados.

Apesar disso, ele não vinha bem na prova do domingo. Ocupava uma das últimas posições quando uma acidente acontece logo à sua frente.

Jack Clark batera na barreira de proteção e uma das rodas de seu carro se soltou. A peça pulou para o meio da pista exatamente no momento em que o resto do pelotão passava em alta velocidade.

A roda atingiu a cabeça de Henry Surtees. Em cheio, sem qualquer possibilidade de reação para o jovem britânico.

Surtees imediatamente desmaiou. O carro, desgovernado, saiu da pista e bateu no muro em velocidade baixa. Mas não foi o choque com a barreira de proteção que matou o novato de 18 anos.

Levado ao hospital, Surtees não resistiu. O choque em cheio com a roda solta do carro de Clark não deu chances ao azarado piloto.

E assim, numa dessas fatalidades do automobilismo, Henry Surtees morreu.

Mortes no esporte a motor acontecem com trágica regularidade, mas nunca deixam de chocar. Ainda mais no caso do jovem Surtees, filho do lendário John Surtees.

A história da família é irônica, no mínimo.

John, o pai, correu numa época em que o automobilismo era um esporte de alto risco. Antes de se aventurar na Fórmula 1, já se tornara tricampeão no Mundial de Motovelocidade, que também era uma categoria muito perigosa naquele período.

Em 1964, John venceu o campeonato da Fórmula 1 pela Ferrari e escreveu seu nome como um dos maiores. Mais tarde, se tornou piloto da Honda e conseguiu a façanha de ganhar uma corrida - o GP da Itália de 1967 - com o notável carrinho japonês.

No ano seguinte, John se recusou a correr o GP da França com o carro novo da Honda porque o considerava muito perigoso. Um veterano de 42 anos chamado Jo Schlesser foi chamado a pilotar o novo modelo.

Na segunda volta, uma quebra arremessou Schlesser para fora da pista. O carro pegou fogo e ele morreu na hora.

John Surtees continuou na prova, impassível, e terminou em segundo. Se tivesse pilotado o carro que a equipe queria, provavelmente seu destino teria sido outro.

Anos depois, John criou sua própria equipe, fracassou com ela, mas ainda se manteve ativo durante um bom período.

Jamais, em qualquer momento de sua longa carreira, sofreu um acidente realmente grave. Apenas um susto aqui e ali, mas o anjo da guarda de John sempre trabalhou muito bem.

Aposentado, John se afastou do esporte. E só voltou a frequentar as corridas quando o filho temporão, Henry, começou a carreira.

Nascido quando o pai já tinha 57 anos de idade, Henry pilotou karts com competência e avançou pelas categorias de base até chegar à Fórmula 2, neste ano.

Correndo pela tradicional equipe Carlin, teve um difícil começo de temporada, mas vinha se recuperando. Chegou à pista de Brands Hatch confiante e logo no sábado foi o terceiro, conquistando o terceiro lugar.

Então, no domingo, foi ao encontro do destino.

É irônico que o pai tenha sobrevivido por tanto tempo numa época tão perigosa, enquanto o filho foi vítima de um acidente fatal logo na largada de sua carreira, numa fase em que os autódromos são incomparavelmente mais seguros.

Mas foi isso o que aconteceu.

Para o velho John, que tantas vezes perdeu amigos no seu período de piloto, ver o próprio filho morrer nas pistas deve ter sido o mais duro de todos os golpes.

Qualquer um que entra nesse esporte, porém, sabe que os riscos estão sempre ali, por mais que se tente evitá-los.

Henry Surtees morreu e agora já não há mais nada a fazer.

Como escreveu o jornalista Fábio Seixas: que o jovem Henry vença outras corridas, onde estiver. E que fique em paz.