sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Atalhos nos circuitos, a nova ideia maluca de Bernie Ecclestone

No ano passado, o todo-poderoso Bernie Ecclestone lançou a ideia de coroar o campeão através do polêmico "sistema de medalhas" - no qual o primeiro colocado do campeonato seria definido pelo maior número de vitórias, independente de quantos pontos fossem marcados.

O projeto quase vingou. Quase.

Chegou a ser aprovado por gente graúda da FIA, mas esbarrou no próprio estatuto da entidade, que vetou o modelo de Ecclestone porque as equipes também precisariam ser a favor da mudança.

Por ironia, o inglês Jenson Button venceu seis das primeiras sete corridas do campeonato e disparou rumo ao título.

Pelo sistema de Ecclestone, teria sido coroado já no GP de Cingapura, com quatro provas de antecipação. Mas, como valia o modelo de pontos, a disputa se prolongou ainda por mais duas etapas e só se definiu na penúltima corrida do ano, no Brasil.

O "sistema de medalhas" ganhou a simpatia de bastante gente antes do início da temporada passada, mas foi enterrado e agora não passa de uma notinha de rodapé na história da Fórmula 1.

Agora, em 2010, o projeto de Ecclestone é outro. E ainda mais mirabolante.

Aos jornalistas em Madonna di Campiglio, onde a Ferrari realiza sua festa de início de temporada, Ecclestone afirmou que pretende introduzir "atalhos" nas pistas.

Cada piloto teria direito a utilizar o atalho até cinco vezes por corrida, criando uma nova forma de ultrapassagem e uma nova variável para as provas.

A ideia é tão absurda que parece brincadeira. Talvez até seja - quem conhece a personalidade de Ecclestone sabe que o chefão adora manipular seus "amigos" da imprensa para conseguir mais manchete para a Fórmula 1 nos jornais.

Se foi esse o objetivo de Ecclestone, deu certo de novo. Porque o projeto dos atalhos repercutiu de forma razoável - e foi levado a sério por bastante gente.

Sendo realista, porém, parece óbvio que a ideia nunca vai ser implantada de verdade.

Primeiro porque nem todos os circuitos estão adaptados para receber atalhos. Onde ficaria o corta-caminho em Mônaco, por exemplo? Simplesmente não há espaço.

Mas o argumento principal para vetar a ideia dos atalhos tem a ver mesmo com aquela velha discussão entre esporte e espetáculo.

É claro que interessa a todo mundo que as corridas de Fórmula 1 sejam mais agitadas e emocionantes. Só que tudo tem limite.

Daqui a pouco, Ecclestone vai sugerir que o safety car entre na pista cada vez que o primeiro colocado abra mais do que dez segundos de vantagem.

Ou que o líder do campeonato seja obrigado a correr com mais quilos de combustível - uma regra estúpida e que já foi adotada no Mundial de Turismo, organizado pela FIA.

Seria mais fácil logo jogar pregos na pista para atrapalhar os carros mais rápidos Quem sabe contratar um roteirista de Hollywood para comandar o show e garantir que tudo saia como combinado.

A Fórmula 1 é uma competição, e não um circo.

Melhor uma corrida chata de verdade do que uma emocionante de mentirinha - uma frase que li em algum lugar e que resume bem o sentimento dos fãs da Fórmula 1 nesse momento.

Para Ecclestone, só importa tornar o produto dele mais interessante.

Tudo bem. Existem milhares de formas para atrair um público maior para a Fórmula 1.

Mas manipular o resultado das corridas com regras estranhas e ridículas é algo que nunca vai dar certo.

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Fernando Alonso é um sujeito muito realista.

Daqueles que, quando não tem o carro mais rápido, jamais promete lutar por vitórias ou brigar pelo campeonato.

Em seu último período pela Renault, Alonso sempre deixou muito claro que não tinha muita possibilidade de conquistar seu tricampeonato.

Agora, de mudança para a Ferrari, o espanhol mantém a cautela excessiva - o que não é lá um sinal muito bom para os torcedores da escuderia.

Nesta semana, Alonso declarou que não espera conquistar uma vitória em suas primeiras corridas pela Ferrari. Segundo ele, porque vai precisar de um "tempo de adaptação".

Estranho. Quando foi para a McLaren, Alonso venceu logo em sua segunda corrida, o GP da Malásia de 2007.

Será que não daria para repetir o rápido sucesso com a Ferrari?

Talvez a cautela de Alonso se explique pelas dúvidas que cercam o novo modelo da escuderia italiana.

Assim como no ano passado, a tendência é que a Ferrari comece o ano em desvantagem.

Não seria um prejuízo tão grande quanto o de 2009. Mais uma vez, porém, a equipe de Maranello não terá o carro mais rápido nas primeiras corridas da temporada.

No momento, a Ferrari tem duas grandes preocupações.

A primeira tem a ver com as dúvidas sobre a eficiência aerodinâmica do novo modelo. Em 2010, a Ferrari deve optar por copiar o desenho de carro utilizado com sucesso pela Red Bull no ano passado.

Mesmo assim, ninguém sabe muito bem se a estratégia vai dar certo.

Além disso, por ter abandonado tão cedo o desenvolvimento do carro de 2009, a Ferrari perdeu uma oportunidade de testar no modelo do ano passado novidades que poderiam ser aproveitadas agora.

A McLaren, por exemplo, usou a tática contrária e continuou investindo no carro de 2009 até o fim do campeonato.

E, embora a pré-temporada nem tenha começado ainda, os comentários nos bastidores põem o time prateado alguns degraus acima da Ferrari.

Se não bastasse a preocupação no aspecto aerodinâmico, a equipe de Massa e Alonso ainda tem outra dor de cabeça: o consumo de combustível de seu motor.

Junto com a Shell, a Ferrari luta para tornar seu propulsor mais eficiente e gastar o mínimo de gasolina possível nas corridas deste ano.

Em 2010, quem tiver o motor menos "beberrão" vai levar uma baita vantagem. Com o fim dos reabastecimentos, todos os carros vão começar a corrida com o tanque totalmente cheio e quem tiver os motores mais eficientes vai poder largar mais leve, com menos combustível.

A questão do consumo de gasolina é um problema que a Ferrari ainda pode solucionar, mas que continua gerando apreensão nos lados de Maranello.

Alonso, gato escaldado que é, não faz nenhuma promessa.

O espanhol sabe que a mudança para Maranello aumentou consideravelmente suas chances de se tornar campeão.

Mas que até mesmo uma equipe como a Ferrari pode errar a mão em seu projeto e ficar distante da disputa pelas primeiras posições.

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Michael Schumacher terminou seus treinos com um carro da GP2 com dores no pescoço.

Nada que gere muita preocupação. O alemão percorreu mais de 1.000 km com tranquilidade e poderia ter andado ainda mais se as condições climáticas tivessem sido mais favoráveis.

No cronômetro, Schumacher ficou a quatro décimos do recorde do circuito de Jerez, estabelecido pelo japonês Kamui Kobayashi em 2008.

Parece muito, mas não é.

O japonês cravou seu recorde num teste coletivo em que corria junto com vários adversários. Os treinos da GP2, vale ressaltar, geralmente reúnem até 26 pilotos na pista ao mesmo tempo.

Quanto mais carros treinam, mais emborrachado fica o circuito e mais rápido ficam os carros.

Em seu teste privado, Schumacher enfrentou chuva e pista suja quase o tempo inteiro. E, mesmo assim, só não bateu o recorde do circuito por quatro décimos.

Por mais que o carro da GP2 tenha evoluído de 2008 até aqui, o desempenho do alemão foi impressionante.

Chefe da equipe Supernova - que cedeu seu carro para Schumacher treinar - o inglês David Sears declarou que esperava ver o alemão ficar a um segundo do recorde de Jerez.

Pois o alemão foi lá e superou essa expectativa em seis décimos.

De fato, Schumacher não esqueceu como se fazem as coisas.

Em 2010, se a Mercedes produzir um carro capaz de vencer o campeonato, o heptacampeão já começa o ano com uma ótima chance de se tornar octa.

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Bruno Senna e Lucas di Grassi estreiam na Fórmula 1 em 2010.

O próximo brasileiro na fila parece ser o baiano Luiz Razia, que já assinou como piloto de testes da Virgin e tem chances razoáveis de ganhar uma oportunidade em 2011.

Mas, depois de Razia, quem é a próxima promessa brasileira?

Também na GP2, Diego Nunes vem ganhando experiência e pode despontar num futuro próximo.

Mas o novato brasuca que mais gera expectativa é o jovem Luiz Felipe Nasr, de apenas 17 anos.

Campeão da Fórmula BMW Europeia em 2009 com absoluta facilidade, Nasr já garantiu seu lugar na Fórmula 3 Inglesa deste ano com a Raikkonen Robertson Racing.

Como o próprio nome já entrega, a equipe é resultado de uma sociedade que tem como um de seus membros o finlandês Kimi Raikkonen. Pela escuderia, Bruno Senna disputou duas temporadas de sucesso na Fórmula 3 Inglesa antes de passar à GP2.

Mesmo com tão pouca experiência, Nasr já começa o campeonato com boas chances de lutar por vitórias e, quem sabe, até pelo título.

Olho nele. Se mantiver sua trajetória de sucesso, uma oportunidade na Fórmula 1 vai aparecer num futuro talvez não tão distante assim.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Um recomeço para Nelsinho Piquet

A carreira de Nelsinho Piquet acabou.

E agora está começando de novo.

Tudo aquilo que o piloto brasileiro conquistou antes de sua chegada à Fórmula 1 já não tem tanto valor assim.

Seus títulos, suas vitórias e seu prestígio foram fortemente afetados pelo escândalo de Cingapura, que provavelmente fechou as portas da Fórmula 1 para ele de forma definitiva.

Mas nunca é tarde para recomeçar.

Juntando os cacos, Nelsinho percebeu que não teria chances no automobilismo europeu e vai em busca de uma nova fase em sua vida.

A partir do ano que vem, ele vai correr nos Estados Unidos, provavelmente numa das categorias de acesso da Nascar.

Para alguém que sonhava ser campeão na Fórmula 1, é um tombo e tanto. Mas é aquilo que apareceu, e Nelsinho precisou aceitar.

Durante algum tempo, ele vai ficar longe dos holofotes, longe da imprensa e do ambiente conturbado que o cercou após a revelação do escândalo.

Pode não parecer, mas é exatamente disso que ele precisa no momento.

Não será nada fácil ser bem-sucedido na Nascar. Nelsinho vai precisar ter paciência para superar com calma os problemas de adaptação ao carro de turismo e aos ovais.

Mas, se confirmar o potencial que mostrou nas categorias de base - antes da passagem infeliz pela Renault na Fórmula 1 - Nelsinho tem condições de fazer sucesso nos Estados Unidos.

Nesse momento, o primeiro objetivo do brasileiro é salvar sua carreira. Conquistar um espaço e garantir que haja um lugar onde ele possa correr.

Depois, com o tempo, talvez Nelsinho consiga se livrar do estigma de ter sido o protagonista de uma das páginas mais tristes da história do esporte a motor.

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O boato do dia afirma que Bruno Senna vai deixar a Campos antes mesmo do início do campeonato e assinar com a Toro Rosso para a temporada de 2010.

Em dificuldades financeiras, a escuderia espanhola não seria capaz nem de alinhar no grid e o brasileiro conseguiria um acordo com a Toro através da influência do amigo Gerhard Berger, ex-diretor da equipe italiana.

Bobagem, pura bobagem.

Para começar, Berger já deixou a Toro Rosso e não tem nenhum poder de decisão na equipe.

Além disso, a escuderia italiana já está comprometida com o espanhol Jaime Alguersuari - embora, por algum estranho motivo, resista a confirmar a presença do espanhol no grid de 2010.

A escolha de Senna já foi feita. É a Campos, e ponto final.

Ele mesmo já se manifestou horas após o aparecimento do boato para confirmar que vai correr pela equipe espanhola na próxima temporada.

Os problemas financeiros da Campos são reais e assustam mesmo.

Só resta a Bruno torcer para que a equipe consiga superá-los.

Porque mudar para outra escuderia, nessa altura, já não dá mais.

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Contrariando a notícia que foi divulgada nos últimos dias, a Ferrari anunciou que será Felipe Massa - e não Fernando Alonso - o responsável pelo primeiro teste do modelo de 2010.

O novo carro, já batizado de 281, será lançado no próximo dia 28 de janeiro. Como de costume, a apresentação vai ser realizada na sede da Ferrari, em Maranello.

Aqueles que acreditam que a equipe italiana vai favorecer Alonso na disputa com Massa já perderam um bom argumento.

O primeiro teste de um novo carro não representa nenhuma vantagem prática para o piloto que treinar antes.

Mesmo assim, já havia quem dissesse que Alonso largaria na frente por andar primeiro com o modelo 281. E que Massa não teria forças para lutar contra a concorrência desigual dentro da própria equipe.

Pois é, mas o planejamento da Ferrari mudou. Agora, Massa vai realizar o primeiro teste e, na sequência, Alonso assume no segundo e no terceiro dia de treinos.

No fim das contas, porém, os dois devem permanecer praticamente o mesmo tempo na pista com o novo carro.

A era Schumacher marcou a Ferrari como uma equipe que privilegia o primeiro piloto, mas a postura da escuderia de Maranello parece ter mudado nos últimos anos.

Entre Massa e Raikkonen, a disputa sempre foi livre. Com Massa e Alonso, vai continuar assim.

A menos, é claro, que um dos dois se destaque a ponto de merecer a maior parte da atenção da equipe.

Mas esse ainda não é o caso.

No início do ano, ao menos, Massa e Alonso começam com oportunidades idênticas.

Vai ficar na frente aquele que for mais rápido. Simples assim.

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Falando em Ferrari, a escuderia italiana também aproveitou para confirmar que Valentino Rossi vai voltar a andar com um modelo de Fórmula 1 da equipe.

Será o F-2007, e o teste acontecerá no dia 20 de janeiro, em Barcelona.

Para Rossi, o teste é uma recompensa pelo título da MotoGP no ano passado - o sétimo da sua coleção na categoria.

E uma oportunidade para apagar a péssima impressão deixada na última vez que andou com uma Ferrari, quando mal manteve o carro na pista e foi muito mais lento que os titulares da equipe.

Uma mudança para a Fórmula 1, nessa altura, já é uma possibilidade praticamente descartada.

Mesmo assim, acompanhar uma figura como Rossi correndo com um F-1 é sempre interessante.

Vai que Valentino pega a mão do carro dessa vez... será que os dirigentes da Ferrari não ficariam com um pequenina pulga atrás da orelha?

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A agonia da Campos

Comandar uma equipe de Fórmula 1 não é uma tarefa nada fácil, e Adrian Campos está chegando a essa conclusão antes mesmo de colocar seu primeiro carro na pista.

A escuderia espanhola, pela qual Bruno Senna deveria fazer sua estreia na Fórmula 1 nesta temporada, já corre um risco considerável de não disputar o próximo campeonato.

O motivo não poderia ser outro: falta dinheiro.

Quando contratou Senna, Campos tinha dois motivos para apostar no brasileiro.

Para começar, o sobrinho de Ayrton completara duas boas temporadas na GP2 e despontava como um dos grandes talentos do automobilismo de base europeu, já fazendo por merecer uma chance na Fórmula 1.

Mas é claro que havia outra razão muito forte para assinar com Senna.

O sobrenome.

Com a presença do herdeiro de Ayrton Senna em sua equipe, Campos esperava atrair uma quantidade razoável de investidores para garantir a participação de seu time na Fórmula 1.

Não foi o que aconteceu.

Senna trouxe consigo alguns patrocinadores pessoais - em especial, a Embratel - mas não foi capaz de gerar mais capital para a Campos.

As negociações da escuderia espanhola com empresas como a Petrobras aparentemente fracassaram e o time se viu no pior cenário possível.

Agora, a cerca de dois meses do início da temporada, não tem dinheiro para pagar a construtora Dallara, responsável pelo projeto do modelo que disputaria o campeonato deste ano.

Ainda é cedo para decretar o fim precoce da Campos, mas não há dúvidas de que a equipe está encontrando problemas graves para fechar o orçamento antes mesmo da temporada começar.

E a salvação, qual será?

Um piloto pagante, talvez. O venezuelano Pastor Maldonado e o russo Vitaly Petrov eram os favoritos à vaga de companheiro de Senna justamente porque carregam fortes patrocinadores.

Nenhum dos dois, porém, conseguiu reunir até agora o montante suficiente para comprar seu lugar na Campos.

O lugar da equipe na Fórmula 1 não está garantido. E a escuderia pode até perder sua vaga para a Stefan GP - uma obscura organização liderada por um sérvio que comprou o espólio da Toyota e ainda tem esperanças de disputar o campeonato deste ano.

Seja qual for o destino da Campos, o futuro da escuderia não parece muito promissor.

Em meio a tudo isso, surge a notícia de que o japonês Kazuki Nakajima pode ser o salvador da escuderia, trazendo fundos suficientes para garantir a participação do time em 2010.

Não se trata de algo improvável.

Nakajima é protegido da Panasonic e deve ter recebido algum tipo de compensação financeira da Toyota depois que a montadora decidiu deixar as pistas.

É claro que não é um piloto especial, mas isso é o que menos importa no momento.

Por mais que nunca tenha feito nada na Fórmula 1, Nakajima teria assegurado seu lugar na Campos se os patrocinadores ajudarem.

Para a equipe, o importante agora é conseguir entrar na pista.

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É engraçado como o mundo da Fórmula 1 dá voltas em tão pouco tempo.

Em outubro, em meio aos rumores de que abandonaria a categoria no fim do ano, a Toyota perdeu o alemão Timo Glock após um grave acidente nos treinos para o GP do Japão.

Glock bateu forte, machucou a perna e ficou afastado até o encerramento da temporada. E tudo aconteceu justamente no fim de semana em que a Toyota corria em casa.

Naquela altura, o campeonato de Kazuki Nakajima já era um desastre. Não havia muitas dúvidas de que o japonês não continuaria na Williams em 2010.

O automobilismo da terra do Sol Nascente passava por uma forte crise. Depois de ficar sem a Honda, o Japão também perderia Nakajima e a Toyota.

Ficaria totalmente sem representantes na Fórmula 1 pela primeira vez desde meados dos anos 80, quando um outro Nakajima - o pai, Satoru - foi escolhido como companheiro de Ayrton Senna na Lotus.

Então, quando não parecia haver muita esperança, um certo Kamui Kobayashi arrebatou corações nas últimas duas corridas do ano e garantiu com todos os méritos um lugar na Fórmula 1 em 2010.

A Toyota confirmou sua ameaça e deixou a categoria, mas Kobayashi ganhou sua recompensa ao assinar um contrato com a Sauber.

O futuro do Japão na Fórmula 1 estava garantido.

E, após quase ser deixado de lado, o país está razoavelmente perto de ter três representantes no campeonato de 2010.

Kazuki Nakajima, como já mencionado, pinta como o salvador da Campos.

E o carismático Takuma Sato, depois de um ano nas sombras, desponta como o favorito à segunda vaga na Renault.

Aqueles que gostam do estilo "kamikaze" de pilotagem nipônico já podem comemorar.

Kobayashi, Nakajima e Sato têm boas chances de correrem juntos em 2010. Um já está garantido.

Os outros dois parecem perto de chegar lá.

E nesse ritmo as vagas do grid para 2010 já estão quase todas preenchidas.

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Com Nakajima na Campos e Sato na Renault, sobram apenas quatro lugares no grid.

Na Toro Rosso, é quase certo que Jaime Alguersuari vai manter seu cockpit.

O nome do espanhol já consta até no site da própria equipe. Que, por algum motivo, reluta em soltar uma confirmação oficial.

Esse tipo de suspense inexplicável faz mesmo o estilo da Toro Rosso. Em anos anteriores, quem pesquisar vai recordar que a escuderia quase sempre foi a última a escolher seus pilotos para a temporada.

Vitantonio Liuzzi, Scott Speed e Sebastien Bourdais, por exemplo, são três nomes que sofreram bastante antes de finalmente conseguirem garantir sua vaga na Toro.

Já a Sauber não faz muita questão de esconder que o parceiro de Kamui Kobayashi deve mesmo ser o experiente Pedro de la Rosa.

Citado como o escolhido da escuderia suíça por uma série de veículos de imprensa de credibilidade, o espanhol ganharia sua primeira chance de titular desde que foi dispensado da Jaguar no fim de 2002.

Depois disso, chegou a fazer nove corridas pela McLaren, sempre como substituto de Juan Pablo Montoya. Não foi brilhante, mas sua combatividade deixou uma boa impressão.

De la Rosa é um piloto de apelo na Espanha e que carrega consigo um grande conhecimento acumulado em quase uma década como piloto de testes da McLaren.

Difícil afirmar se isso poderia se traduzir em velocidade na pista - provavelmente não - mas sua experiência pode realmente ajudar a Sauber a evoluir mais rápido.

Na briga com Kobayashi, seria uma presa fácil. Melhor para o japonês, que teria uma ótima chance de se firmar de vez na Fórmula 1.

Por fim, a USF1 continua com seu mistério, mas não consegue esconder totalmente o jogo.

Uma vaga está quase definida e deve ser do argentino José Maria Lopez.

Apesar de ter tido uma carreira apagada na Europa, Lopez bateu recordes no competitivo automobilismo de seu país e certamente tem capacidade para correr junto com os melhores na Fórmula 1.

Não é um nome que empolgue muito, mas Lopez está longe de ser ruim.

A outra vaga da USF1, por enquanto, é uma incógnita.

Há quem aposte que a equipe vai escolher um novato americano pouco conhecido - pode ser Alexander Rossi, Jonathan Summerton ou Graham Rahal, apenas para citar três nomes que já foram especulados.

Outros especulam que a USF1 vai contratar um veterano ainda ligado à Fórmula 1 para liderar a equipe. O austríaco Alexander Wurz seria o favorito, nesse caso.

Mas há ainda uma terceira e pouco comentada possibilidade.

É nela que o Blog aposta. E é para isso que torce.

Jacques Villeneuve.

Sim, o campeão de 1997 já está longe da Fórmula 1 há quase quatro anos e mal competiu nas últimas temporadas.

Mas, ao que parece, iniciou um rígido treinamento físico para voltar à forma e está bem confiante em retornar à Fórmula 1 em 2010.

Para a USF1, seria uma escolha certeira.

Villeneuve é muito rápido quando está motivado. E teve seus melhores anos na Fórmula 1 quando a categoria corria com pneus slicks - na época da introdução dos compostos sulcados, inclusive, o canadense foi o mais feroz crítico da mudança.

Além disso, em tempos de retorno de Schumacher, por que não promover a voltar de um outro campeão mundial?

A USF1 promete contratar um piloto de impacto.

E Villeneuve certamente se enquadra nesse perfil.

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Na dança das cadeiras da Fórmula 1, alguns pilotos vão ficar de pé quando a música parar de tocar.

Romain Grosjean, por exemplo, comprometeu seriamente sua carreira após sua péssima passagem pela Renault e vai ter que começar tudo de novo, talvez retornando à GP2.

Nelsinho Piquet caiu em desgraça e parece em dificuldades para arrumar emprego até mesmo nos Estados Unidos, onde o escândalo de Cingapura não repercutiu tanto.

Os veteranos Giancarlo Fisichella e Alexander Wurz não devem conseguir vaga de titular, mas têm boa chance de continuar perto da Fórmula 1 como piloto de testes ou reservas de luxo de alguma equipe.

Quem se deu mal mesmo neste período de pós-temporada foi o subestimado Nick Heidfeld, cuja carreira na Fórmula 1 parece perigosamente perto do fim.

Rápido e consistente, Heidfeld não é daqueles que dá espetáculo e conquista uma série de fãs, mas é sempre um nome confiável para levar o carro ao fim das corridas e marcar o máximo possível de pontos.

Estranho que ele não tenha sido escolhido para a vaga na Sauber - onde já correu entre 2001 e 2003 - ou mesmo para uma equipe estreante como a Virgin ou a Lotus.

Mesmo após superar em pontos o badalado Robert Kubica duas vezes em três temporadas, Heidfeld está perto do ponto final.

Seria uma grande injustiça.

Por mais que nunca tenha feito nada de espetacular na Fórmula 1, Heidfeld é um piloto que ainda tem o que render na categoria.