O Grande Prêmio da Inglaterra foi, com sobras, a melhor corrida do ano até aqui. Depois de errar no sábado, Lewis Hamilton fez uma corrida perfeita e venceu com absoluta autoridade, com mais de um minuto de vantagem para o segundo colocado Nick Heidfeld. Aproveitando-se do festival de bobagens e saídas de pistas, Rubens Barrichello usou a experiência para conseguir um impressionante terceiro lugar. Já Felipe Massa teve um dia para esquecer: rodou pelo menos cinco vezes e terminou em último.
A chuva teve papel de protagonista. As condições da pista mudaram inúmeras vezes, complicando a vida de pilotos e equipes. Pela manhã, um forte temporal molhou todo o circuito e forçou a escolha dos pneus intermediários para a largada. Logo na saída, Hamilton surpreendeu ao pular de quarto para segundo, para delírio dos torcedores em Silverstone. O pole Heikki Kovalainen manteve a ponta, enquanto vários incidentes foram acontecendo pelo pelotão.
Primeiro foi Mark Webber. Vice-líder no grid, o australiano jogou o excelente resultado da classificação fora ao rodar na reta Hangar. Na seqüência, Felipe Massa deu início à sua longa e inacreditável série de erros. O brasileiro perdeu o carro na curva Abbey e caiu para o final do pelotão, de onde não mais sairia. Segundos depois, Sebastian Vettel tentou uma manobra otimista sobre David Coulthard e os dois foram parar na caixa de brita. Abandono imediato para a dupla.
Na ponta, Kovalainen não resistiu muito tempo aos ataques de Hamilton. Logo na quarta volta, o inglês colocou por dentro na curva Stowe e tomou a liderança. Com Massa atrasado, Kimi Raikkonen era a esperança da Ferrari, em terceiro. Nick Heidfeld mantinha-se em quarto com a BMW, enquanto a dupla da Renault vinha atrás, com Fernando Alonso à frente de Nelsinho Piquet. Por sua vez, Rubens Barrichello já ganhava posições e aparecia em décimo.
As condições eram delicadas e nem todos conseguiam se manter na pista. Adrian Sutil rodou e imediatamente foi forçado a abandonar. Logo depois, Kovalainen deu um giro de 360º e perdeu a segunda posição para Raikkonen. Nessa altura, a principal atração da prova era Webber, que vinha passando todo mundo no pelotão de trás. A recuperação do australiano, porém, chegou ao fim quando ele precisou fazer sua primeira parada, na volta 19.
O momento decisivo na disputa pela vitória aconteceu em seguida. Andando juntos em primeiro e segundo, Hamilton e Raikkonen foram aos boxes ao mesmo tempo. A chuva era fraca, mas a previsão era de um temporal a qualquer momento. Hamilton colocou pneus intermediários novos, uma opção indicada para um pista mais molhada. Já Raikkonen permaneceu com os mesmos compostos por escolha da Ferrari e sofreu as conseqüências.
Em questão de segundos, o céu desabou sobre Silverstone. De repente, a corrida se transformou numa loteria e praticamente ninguém escapou de dar uma passeada pela grama. Depois de fazer seu pit stop, Heidfeld ultrapassou Timo Glock e Fernando Alonso na mesma manobra, aproveitando os novos pneus intermediários. Quem havia optado por continuar com os mesmos compostos - casos de Raikkonen e Alonso - ficou em sérias dificuldades.
Hamilton disparou na ponta, e Raikkonen virou presa fácil para Kovalainen e Heidfeld. Pela segunda vez consecutiva, o alemão conseguiu passar dois adversários numa mesma e espetacular manobra, subindo para a vice-liderança. Kovalainen manteve-se em terceiro, com o cambaleante Raikkonen em quarto. O finlandês ainda perderia outras duas posições, para Piquet e Kubica, antes de retornar aos boxes para corrigir o erro da Ferrari.
A chuva atingiu seu ponto mais crítico entre as voltas 35 e 45. Nesse intervalo, Massa saiu da pista ao menos três vezes, mas teve sorte de continuar na pista. Assim como o brasileiro, Kovalainen e Glock também passearem pela grama em mais de uma oportunidade. Por outro lado, Fisichella, Button, Piquet e Kubica levaram azar: todos perderam ficaram presos na caixa de brita, sendo forçados a desistir da prova.
O abandono foi especialmente cruel para Piquet, que fazia ótima prova. Em certo momento da prova, chegou a ocupar a quarta posição e teria uma boa chance de terminar no podium. Já Kubica jogou fora a chance de sair de Silverstone líder do campeonato. Melhor para Hamilton, que abria uma distância quilométrica na ponta enquanto via seus principais adversários ficando pelo caminho.
Depois da última rodada de paradas, Hamilton e Heidfeld apareciam tranqüilos em primeiro e segundo. Mas o piloto mais rápido da pista era Rubens Barrichello, em atuação de gala com a Honda. Quando a chuva apertou, Rubinho foi ao box para colocar pneus de chuva forte e deu o chamado "pulo do gato". De oitavo subiu para terceiro, embora tivesse perdido tempo por causa de um defeito na mangueira de combustível.
O problema obrigou Rubinho a fazer uma parada a mais do que o planejado. Mesmo assim, ele ainda teve forças para superar o trio Alonso-Raikkonen-Kovalainen, que travava uma acirrada disputa pelo quatro lugar. Nas últimas voltas, Alonso perdeu rendimento e foi batido pelos dois adversários, para vibração do público em Silverstone. A comemoração ficou completa quando Hamilton recebeu a bandeirada, com mais de um minuto de vantagem para Heidfeld.
"Foi a vitória mais gratificante da minha carreira", disse o inglês na entrevista coletiva após a corrida. Atrás de Heidfeld, Rubinho dedicou o terceiro lugar ao filho Eduardo, que havia "previsto" o podium um dia antes. "Ele meu ligou do Brasil dizendo para não ficar triste com o 16º lugar no grid. Falou que ia rezar para Papai do Céu trazer a chuva e que eu terminaria entre os três primeiros", contou Rubinho.
Raikkonen ainda salvou um quarto, seguido de Kovalainen e Alonso. Trulli passou Nakajima na última volta para ganhar o sétimo lugar. Ainda assim, o japonês somou um ponto e empatou no campeonato com seu companheiro Rosberg, que finalizou em nono. Por fim, Webber, Bourdais, Glock e Massa fecharam a ordem, com o brasileiro em último dos 13 que receberam a bandeirada. A seguir, a classificação completa do G.P. da Inglaterra e as tabelas dos campeonatos de pilotos e construtores:
1. Lewis Hamilton/Inglaterra/McLaren, 60 voltas em 1h39:09.440s
2. Nick Heidfeld/Alemanha/BMW, a 1:08.500s
3. Rubens Barrichello/Brasil/Honda, a 1:22.200s
4. Kimi Raikkonen/Finlândia/Ferrari, a 1 volta
5. Heikki Kovalainen/Finlândia/McLaren, a 1 volta
6. Fernando Alonso/Espanha/Renault, a 1 volta
7. Kazuki Nakajima/Japão/Williams, a 1 volta
8. Jarno Trulli/Itália/Toyota, a 1 volta
9. Nico Rosberg/Alemanha/Williams, a 1 volta
10. Mark Webber/Austrália/Red Bull, a 1 volta
11. Sebastien Bourdais/França/Toro Rosso, a 1 volta
12. Timo Glock/Alemanha/Toyota, a 1 volta
13. Felipe Massa/Brasil/Ferrari, a 2 voltas
Não classificados:
Robert Kubica/Polônia/BMW, Saída de pista na volta 39
Jenson Button/Inglaterra/Honda, Saída de pista na volta 38
Nelsinho Piquet/Brasil/Renault, Saída de pista na volta 35
Giancarlo Fisichella/Itália/Force India, Saída de pista na volta 26
Adrian Sutil/Alemanha/Force India, Saída de pista na volta 10
Sebastian Vettel/Alemanha/Toro Rosso, Saída de pista na volta 1
David Coulthard/Escócia/Red Bull, Saída de pista na volta 1
Volta mais rápida: Kimi Raikkonen, 1:32.150s na volta 18
Mundial de Pilotos: 1. HAMILTON, MASSA E RAIKKONEN, 48 pts; 4. Kubica, 46 pts; 5. Heidfeld, 36 pts; 6. Kovalainen, 24 pts; 7. Trulli, 20 pts; 8. Webber, 18 pts; 9. Alonso, 13 pts; 10. Barrichello, 11 pts; 11. Rosberg e Nakajima, 8 pts; 13. Coulthard, 6 pts; 14. Glock e Vettel, 5 pts; 16. Button, 3 pts; 17. Bourdais e Piquet, 2 pts; 19. Fisichella, Sato, Davidson e Sutil, 0 pts
Mundial de Construtores: 1. FERRARI, 96 pts; 2. BMW, 82 pts; 3. McLaren, 72 pts; 4. Toyota, 25 pts; 5. Red Bull, 24 pts; 6. Williams, 16 pts; 7. Renault, 15 pts; 8. Honda, 14 pts; 9. Toro Rosso, 7 pts; 10. Force India e Super Aguri, 0 pts
Logo mais, o Blog volta com a seção Análise do Grande Prêmio, repercutindo as atuações de pilotos e equipes no Grande Prêmio da Inglaterra. Até mais!
Crédito das fotos: www.gpupdate.net e www.motorsport.com