sábado, 2 de maio de 2009

Max Mosley passou dos limites

O presidente da FIA, Max Mosley, é um homem de muitas ideias. A maioria delas, descartáveis.

Certa vez, no seu delírio mais famoso, Mosley sugeriu que os pilotos trocassem de equipe a cada corrida, para mostrar o valor em carros mais fracos.

"Quero ver Schumacher numa Minardi", deve ter pensando o brilhante dirigente.

Evidentemente, ninguém levou o projeto a sério.

Nos últimos tempos, entretanto, Mosley vem ganhando uma liberdade inédita e perigosa.

Com o surgimento da Associação das Equipes de Fórmula 1 (Fota), os dirigentes que comandavam a categoria perderam força e precisam se unir. Mosley e Bernie Ecclestone, que andavam meio afastados, voltaram a ser aliados.

E o presidente da FIA, apesar do polêmico escândalo sexual em que se viu envolvido no ano passado, ganhou força para impor suas ideias como jamais havia feito antes.

Depois de transformar o regulamento de 2008 para 2009, Mosley planeja mudar tudo de novo para 2010.

Das suas propostas, apenas duas - o aumento do número de equipes no Mundial e a proibição dos reabastecimentos - foram bem recebidas.

Por outro lado, ao impor um teto orçamentário de 40 milhões de libras, o inglês realmente conseguiu irritar a Fota.

A ideia de Mosley é criar dois regulamentos: um para as equipes que gastarem mais do que o teto orçamentário, e outro para os times que se adequarem ao limite de gastos.

Quem não passar do teto teria direito a benefícios como testes ao longo do ano e motores sem limite de giros.

Ou seja: seriam duas categorias dentro de uma só.

Se a FIA já se enrola toda para fazer apenas um regulamento, que dirá dois?

Sem nenhuma surpresa, a Fota reagiu rapidamente e pediu para ter voz nos debates sobre as regras do ano que vem.

A resposta de Mosley, neste sábado, foi aterrorizadora.

Ao jornal Financial Times, o manda-chuva reclamou da influência do presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, e soltou a pérola.

"A Fórmula 1 pode sobreviver sem a Ferrari", afirmou Mosley.

Uma declaração infeliz, para dizer o mínimo.

Não, a Fórmula 1 não sobrevive sem a Ferrari.

Porque, no momento em que a escuderia italiana deixar o Mundial, a Fórmula 1 vai se tornar um outro campeonato.

Perderá qualquer vínculo com o automobilismo dos anos românticos e vai dar as costas para o último resquício de tradição que ainda tinha.

Ignorar o que a Ferrari significa para a Fórmula 1 é um absurdo.

O homem que comanda a FIA deveria ter consciência do que o time de Maranello representa, mas não dá a mínima para a história da equipe.

Tudo porque a Ferrari é um obstáculo e não aceita a maneira como as transformações na Fórmula 1 vêm acontecendo.

Max Mosley está passando dos limites em sua cruzada para tornar a Fórmula 1 um "show".

O dirigente vai esquecendo os princípios do esporte e da livre competição.

Para ele, pouco importa se o vencedor é o melhor.

O que vale mesmo é o espetáculo.

E, nesse ritmo, a Fórmula 1 está cada dia mais se parecendo um autêntico circo.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Senna, 15 anos da tragédia de San Marino

Por problemas de conexão com a internet, o post que deveria ter sido publicado na noite desta quinta-feira não foi ao ar.

O Blog deixou passar algumas novidades importantes, como o novo teto orçamentário da FIA e a proibição dos reabastecimentos. Paciência, vamos em frente.

Nesta sexta-feira, dia 1º de maio, o assunto que domina as manchetes são os 15 anos da morte de Ayrton Senna da Silva.

Do acontecimento mais trágico da Fórmula 1 moderna.

Senna, que já era um ídolo, se tornou de vez um herói.

A estrela do tricampeão era tão grande que ele morreu no Dia do Trabalho. Ou seja: o dia da morte de Senna será sempre feriado.

Aqui no Brasil, segundo uma pesquisa realizada pelo Ibope, o piloto ainda é considerado o maior ídolo de adolescentes de 15 a 19 anos.

Meninos e meninas que não viram Senna correr, mas que têm consciência do que ele representou para o país. Sim, o tricampeão virou um fenômeno que ultrapassa gerações.

Inútil tentar discutir se ele foi o melhor piloto da história.

O "melhor", na verdade, não existe.

Não dá para comparar o automobilismo romântico dos anos 50 e 60 com a Fórmula 1 moderna que começou a aparecer a partir das conquistas do cerebral Niki Lauda, em meados dos anos 70.

Como já disse Jackie Stewart certa vez, não há o melhor piloto de todos os tempos - apenas os melhores de suas próprias épocas.

Fangio, Clark, o próprio Stewart, Lauda, Prost, Senna e Schumacher foram os melhores de seus tempos.

Mas e quem foi o "maior"?

Sim, existe uma diferença entre o "melhor" e o "maior".

Quando se discute quem foi o "maior" piloto da história, é preciso levar em conta o que ele significava não só dentro, como também fora das pistas.

E Senna, nesse quesito, não tem rivais.

Nenhum piloto teve o impacto de Senna.

Nenhum piloto conseguiu despertar sentimentos tão apaixonantes em tantas pessoas, gente que nem dava muita bola para esse negócio de Fórmula 1 e passou a acompanhar as corridas religiosamente para torcer pelo tricampeão.

Nenhum piloto morreu de forma tão trágica, tão chocante, tão exposta.

Ao encontrar o destino na curva Tamburello, morria o piloto Ayrton Senna, e nascia o mito.

Não, o tricampeão não foi o "melhor" da história - este cargo não tem dono, e jamais terá.

Mas, entre todos os pilotos, de todos os tempos, Senna foi certamente o "maior".

quarta-feira, 29 de abril de 2009

FIA decide não correr riscos e McLaren escapa de punição

É ingênuo pensar que a FIA faz seus julgamentos pensando apenas no que é certo ou errado.

Na maioria das vezes, o aspecto político é o que faz a diferença nas reuniões da entidade.

Nesta quarta-feira, por exemplo, a FIA ignorou a grande bobagem que a McLaren fez no GP da Austrália e decidiu não punir a equipe pelo "escândalo da mentira".

O time prateado só recebeu um aviso: da próxima vez que cometer deslize semelhante, será suspenso por três provas.

A FIA foi justa? Vejamos.

Uma equipe que mente deliberadamente para prejudicar uma adversária merece uma punição. Sim, merece uma punição - isso é indiscutível.

A McLaren deveria ter recebido algum tipo de pena. Deveria.

Mas não é assim que a coisa funciona.

Coloque-se no lugar de um dos delegados da FIA. Será que valia a pena punir a McLaren?

Deixando de lado a questão do "certo ou do errado", a quem interessa ver a equipe inglesa fora do campeonato por três corridas?

Talvez nem mesmo a Toyota, grande vítima no episódio, desejasse ver a McLaren receber punição tão dura.

Porque isso significaria esvaziar ainda mais a Fórmula 1, que conta apenas com 20 carros e teria seu grid reduzido a 18.

Além disso, os delegados da FIA certamente levaram em conta os interesses da Mercedes, principal parceira da McLaren.

Inocente em todo o escândalo, a fábrica alemã passa por crise econômica e, se visse a McLaren punida, poderia tomar a decisão de deixar a Fórmula 1.

A Mercedes, vale lembrar, também fornece motores para Brawn e Force India. Sua presença na Fórmula 1, ao menos no momento atual, é indispensável.

Por tudo isso, a FIA decidiu não correr riscos e tomou uma decisão importante para proteger a imagem do esporte num momento de tantas indefinições.

Assim como já havia acontecido em outros episódios semelhantes - e que também envolveram a McLaren - a entidade deu o assunto por encerrado.

É verdade que a equipe inglesa precisou agir com força nos bastidores e, no meio do turbilhão, acabou obrigada a abrir mão da presença de Ron Dennis como seu mais importante diretor.

Mas, no fim das contas, a McLaren saiu muito no lucro.

Se fosse outra equipe envolvida, sem uma parceria forte como a Mercedes e um piloto carismático como Lewis Hamilton, será que a atitude da FIA teria sido a mesma?

É claro que não.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Renault tem que fazer Nelsinho se sentir mais à vontade

Finalmente, o tricampeão Nelson Piquet entrou em cena para defender o filho Nelsinho.

Em entrevista à revista alemã Auto Motor und Sport, Nelsão afirmou que a Renault precisa apoiar Nelsinho e garantiu que o filho vai melhorar suas atuações a partir do próximo GP da Espanha.

Já estava na hora de o tricampeão aparecer na imprensa para pedir menos pressão sobre Nelsinho.

Pai e filho têm traços de personalidade bem semelhantes e Nelsão entende o que se passa com Nelsinho dentro da Renault.

Antes de chegar a Fórmula 1, o Piquet mais novo teve todo o apoio do pai durante seu estágio nas categorias de base.

Correndo sempre pela Piquet Sports, Nelsinho ganhou títulos dos certames sul-americano e inglês da Fórmula 3, e também arrebatou um vice-campeonato na GP2.

Então, quando chegou na Fórmula 1, percebeu que a vida não seria tão fácil.

O que acontece é que Nelsinho simplesmente não conseguiu conquistar seu espaço na Renault e não se sente à vontade na equipe.

Além disso, ele não se adaptou ao ambiente sempre vigiado da Fórmula 1 e enfrenta dificuldades para lidar com a constante "invasão" da imprensa.

Muito tímido, Nelsinho tem problemas para se impor e isso se reflete em suas performances na pista.

Um exemplo, dado pelo próprio pai Nelsão: durante os treinos livres, Nelsinho costuma andar quase sempre de tanque cheio, em circunstância de corrida.

Como experimenta pouco os ajustes para treino classificatório, o piloto da Renault comete erros em demasia ao partir para a definição do grid.

O defeito não é tão difícil assim de ser corrigido e poderia ser tema de discussão na Renault. Entretanto, Nelsinho não parece ter disposição para questionar a equipe, talvez por temer o surgimento de algum tipo de desconforto entre os membros do time.

Assim, Nelsinho não se impõe e permanece cometendo os mesmos erros.

Percebendo isso, Nelsão Piquet levou o problema à imprensa e, se conseguir uma mudança de postura da Renault, vai ajudar muito o filho.

A existência de um ambiente um pouco mais saudável na equipe vai certamente proporcionar uma melhora significativa nas performances do piloto.

Porque, desde que entrou na F-1, Nelsinho enfrenta suas maiores dificuldades dentro dos boxes e fora do carro.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Uma análise sobre o início da temporada de Rubens Barrichello

Faltando ainda 13 provas para o fim desta temporada, os 12 pontos de desvantagem que Rubens Barrichello tem para o companheiro de equipe Jenson Button são perfeitamente reversíveis.

Rubinho pode, sim, virar o jogo.

Mas precisa tirar da cabeça a eterna ideia de que todos estão contra ele.

Nesta segunda-feira, em mais uma declaração desnecessária, Barrichello tentou fugir das críticas geradas pela superioridade de Button e afirmou que só no Brasil não tem o talento reconhecido.

Talvez a reação tenha sido uma resposta à ação de hackers que invadiram seu site pessoal no último domingo e colocaram no ar uma imagem de tartaruga.

A revolta de Barrichello é compreensível, mas não se justifica.

À exceção das manifestações mais jocosas, como a invasão dos hackers, quase todas as críticas ao seu desempenho neste início de campeonato têm sido corretas e ponderadas.

Após quatro provas, já está claro que a hegemonia de Button dentro da Brawn não é apenas obra do acaso, de excesso de sorte para o inglês e de azar para Rubinho.

Barrichello foi surpreendido pelo ritmo fortíssimo do companheiro, e isso é um fato.

O panorama ainda pode ser revertido, mas Button já começa com grande vantagem. Se Rubinho quer se recuperar, precisa deixar para trás o complexo de perseguição.

Além disso, tem de superar a incapacidade de se adaptar a situações adversas - o que, excluindo a tendência de falar demais, é o seu maior defeito.

Em toda corrida ou treino classificatório, parece haver sempre um probleminha nos pneus, no acerto, nos freios, na embreagem ou na estratégia de Rubinho.

Por que essas coisas parecem só acontecer com ele?

É verdade que a grande maioria dos problemas não são culpa de Barrichello.

Mas um grande piloto tem de saber conviver com as adversidades.

Toda vez que as coisas não correm de maneira perfeita, Rubinho parece não conseguir dar o máximo de si mesmo.

Problemas acontecem com todos. O que diferencia cada piloto é a maneira como cada um lida com as dificuldades.

A cena em que gesticulou infantilmente para que Nelsinho abrisse passagem no meio do GP do Bahrein foi emblemática.

É claro que o piloto da Renault não precisava sair da frente.

Rubinho que arrumasse uma maneira de recuperar o tempo. De arranjar uma estratégia alternativa. De superar a adversidade.

Frustrado, Barrichello perdeu valiosas três voltas pedindo para que Piquet saísse da frente. Então, finalmente, conseguiu passá-lo porque tinha um carro realmente superior.

Se não tivesse se preocupado tanto com o teatro dos gestos, talvez a ultrapassagem tivesse sido feita antes.

Do mesmo modo, se Rubinho não se preocupasse tanto em expor e lamentar o que dá de errado, talvez os críticos dessem mais valor ao que ele faz de certo.

Barrichello tem grande talento, grande caráter e muita fé em sua própria capacidade.

Só ele acreditava, em meados do ano passado, que ainda teria chances de lutar pelo campeonato. A oportunidade veio, ao contrário do que todos esperavam.

Mas a temporada não começou bem, e logo vieram as críticas.

Se Barrichello é subestimado em seu próprio país, é tudo culpa de sua própria atitude.

Quando ele perceber e aceitar isso, aí sim, terá uma chance de provar a todos que é um grande campeão.

domingo, 26 de abril de 2009

Análise do Grande Prêmio - Bahrein/Sahkir (26/04/2009)

Leia também: No Bahrein, Button conquista vitória mais difícil do ano

Análise dos pilotos:

Jenson Button. Mais uma atuação impecável do líder da temporada. Nota 10
Sebastian Vettel. Batido por Button, precisou se contentar com o segundo posto. Nota 8
Jarno Trulli. Fez pole e melhor volta. Não fosse a largada ruim, poderia ter vencido. Nota 8
Lewis Hamilton. Levou o carro até o limite. Nota 8
Rubens Barrichello. Errou a estratégia e saiu com um resultado desanimador. Nota 5
Kimi Raikkonen. Evitou um vexame histórico para a Ferrari. Nota 8
Timo Glock. Dessa vez, não conseguiu acompanhar o ritmo de Trulli. Nota 7
Fernando Alonso. Suou muito para marcar um simples pontinho. Nota 8
Nico Rosberg. Teve uma prova discreta e ficou fora dos pontos. Nota 6
Nelsinho Piquet. Corrida combativa e consistente. Pena que vai tão mal nos treinos. Nota 7
Mark Webber. Fim de semana estragado pela péssima classificação. Nota 6
Heikki Kovalainen. Não foi nem sombra de Hamilton. Nota 4
Sebastien Bourdais. Ninguém percebeu, mas dessa vez superou Buemi. Nota 7
Felipe Massa. Levou azar ao perder o bico e ficou para trás. Nota 5
Giancarlo Fisichella. Fez prova razoável e chegou à frente de Sutil. Nota 6
Adrian Sutil. Um pouco pior do que Fisichella. Nota 5
Sebastien Buemi. Quase não apareceu nas câmeras de televisão. Nota 5
Robert Kubica. Vive a pior fase da carreira. Nota 4
Nick Heidfeld. Mesmo com Kubica desanimado, não consegue superá-lo. Nota 3
Kazuki Nakajima. Mais um fim de semana muito fraco para o japonês. Nota 2

Análise das equipes:

Brawn. Provou que é dura na queda. *****
Red Bull. Mostrou que o carro também é muito rápido no seco. ****
Toyota. Ainda não foi dessa vez, mas está chegando perto da vitória. ****
McLaren. Aos poucos, vai voltando ao grupo da frente. ****
Renault. Só pontua porque tem Alonso num dos carros. **
BMW. No Bahrein, desempenho patético e lamentável. *
Toro Rosso. Praticamente não foi notada. **
Williams. Da turma dos difusores, é a única que tem problemas para pontuar. **
Ferrari. Mesmo tendo pontuado, segue sem muitos motivos para comemorar. ***
Force India. Melhorou, mas ainda é a lanterna da Fórmula 1. **

Análise da corrida:

O primeiro GP "normal" da temporada foi bem mais ou menos. Pela primeira vez no ano, o piloto que largou na pole position não venceu. Apesar disso, as disputas de posição no grupo da frente foram bem raras.
Nível da corrida: Regular

Análise do campeonato:

Jenson Button abriu 12 pontos de vantagem e já se firma como o homem a ser batido no campeonato, mas a fase europeia do ano nem começou ainda. A temporada continua prometendo muitas emoções.
Nível do campeonato: Ótimo

Balanço dos palpites:

Vitória: Jenson Button. Na mosca!
Pole Position: Jenson Button. A pole foi de Jarno Trulli
Melhor volta: Sebastian Vettel. A melhor volta foi de Jarno Trulli.
Grid aleatório (5º lugar): Mark Webber. O quinto no grid foi Lewis Hamilton
Primeiro abandono: Kazuki Nakajima. Na mosca!
Tempo da pole: 1:32.400. O tempo da pole foi 1:33.431
Zona de pontuação:
1. Jenson Button (Jenson Button)
2. Sebastian Vettel (Sebastian Vettel)
3. Jarno Trulli (Jarno Trulli)
4. Rubens Barrichello (Lewis Hamilton)
5. Nico Rosberg (Rubens Barrichello)
6. Timo Glock (Kimi Raikkonen)
7. Mark Webber (Timo Glock)
8. Felipe Massa (Fernando Alonso)
Placar da temporada:
Austrália - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Rubens Barrichello (segundo)
Malásia - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Jenson Button (PRIMEIRO)
China - Vencedor: Sebastian Vettel. Palpite: Rubens Barrichello (quarto)
Bahrein - Vencedor: Jenson Button. Palpite: Jenson Button (PRIMEIRO)

Finalmente, um fim de semana excelente para a minha bola de cristal. Cravei o pódio certinho - o que, convenhamos, é quase uma façanha. Além disso, também acertei ao apontar Nakajima como o primeiro abandono e passei raspando nas posições de Rubinho e Glock.
Nível dos palpites: Ótimo
Placar da temporada: Dois acertos em quatro possíveis

Por hoje, é só. Até a próxima!

No Bahrein, Button conquista vitória mais difícil do ano

Quem acreditava que o quarto lugar de Jenson Button no grid havia tirado o inglês da disputa pela vitória no GP do Bahrein quebrou a cara.

Neste domingo, com uma atuação impecável, o piloto da Brawn venceu a prova no deserto de Sahkir e se estabeleceu como o homem a ser batido no campeonato deste ano.

O triunfo de Button foi o mais difícil dos três que ele já acumula em 2009.

Na largada, o inglês superou Sebastian Vettel e conseguiu deixar para trás o compatriota Lewis Hamilton - que, como era de se esperar, deu um salto no apagar das luzes vermelhas por contar com o "Kers".

Hamilton até chegou a passar Button, mas o piloto da Brawn recuperou a posição no fim da primeira volta, naquela que foi a manobra chave para a vitória.

Lá na frente, as duas Toyota não conseguiram abrir distância suficiente e, ao fim das primeiras paradas de pit stop, foram ultrapassadas por Button.

Daí até a bandeirada, foi apenas um passeio no deserto para o inglês, que agora já abre 12 pontos de vantagem no campeonato.

Na briga pelo segundo lugar, Vettel bateu Jarno Trulli e marcou oito pontos muito importantes.

O alemão da Red Bull era o favorito para a vitória, mas simplesmente não conseguiu acompanhar o ritmo de Button. Apesar disso, fez uma prova sem erros e obteve um resultado consistente.

Para Trulli, restou lamentar a oportunidade desperdiçada.

O italiano largou da pole, mas perdeu a ponta para o companheiro Timo Glock na largada. A má largada tirou as chances de vitória para Trulli, que perdeu muito tempo atrás do alemão.

Os dois pilotos da Toyota costumam andar num ritmo parecido. Mas, dessa vez, Trulli estava realmente muito mais rápido.

Não dá para culpar a equipe, que não poderia pedir para Glock deixar o companheiro passar. Mas a verdade é que, de fato, o alemão acabou com as esperanças de Trulli.

Em quarto, Lewis Hamilton mostrou que a McLaren já voltou ao grupo da frente.

Embora o time prateado ainda não tenha forças para vencer, já consegue brigar por pódios. No Bahrein, Hamilton quase chegou lá, mas o quarto ficou de bom tamanho.

Por outro lado, o quinto posto de Rubens Barrichello é um resultado para ser muito lamentado.

O brasileiro arriscou uma estranha estratégia de três paradas e ficou para trás. Perdeu bastante tempo no tráfego e vai sair do Bahrein praticamente como segundo piloto da equipe.

Rubinho reclamou de Nelsinho Piquet sem nenhuma razão, somou apenas quatro pontos e já está a 12 de Button. Uma fase inicial de campeonato realmente desanimadora para quem ainda sonha em ser campeão.

Na Ferrari, Kimi Raikkonen evitou o vexame histórico de ficar sem pontuar nas primeiras quatro corridas, mas a equipe também não tem muito o que comemorar.

O finlandês lutou para chegar em sexto, no limite do carro.

E Felipe Massa levou azar: na largada, não conseguiu evitar um toque com o próprio companheiro e precisou trocar o bico. Corrida estragada, apenas levou o carro até o fim e cruzou a linha de chegada em 14º.

Quase sem ser notado, Fernando Alonso lutou para obter um tímido oitavo lugar para a Renault, conquistando um pontinho muito suado.

Assim como no ano passado, o bicampeão vai precisar remar muito para retornar às primeiras posições.

Seu companheiro Nelsinho fez boa prova, combativa e consistente.

Terminou em décimo, a apenas 12 segundos de Alonso, e provou que tem ritmo de corrida competitivo. O problema são os treinos de sábado, onde Nelsinho continua a dar vexame.

Vexame, aliás, é uma palavra que classifica muito o desempenho da BMW no Bahrein.

Grande decepção do campeonato até aqui - mais ainda do que a Ferrari, porque não tem a desculpa de ter disputado o título do ano passado até o fim - a BMW teve uma performance horrível e lamentável no deserto de Sakhir.

Robert Kubica e Nick Heidfeld se arrastaram para terminar nas duas últimas posições. Os dois se enrolaram na largada, mas isso não justifica um resultado tão fraco.

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Daqui a duas semanas, o GP da Espanha abre a fase europeia do ano.

Todas as equipes vão trazer evoluções e a ordem das corridas pode, mais uma vez, levar uma sacudida.

Com três vitórias em quatro provas, Jenson Button já é o favorito destacado ao título.

A temporada, porém, está só começando.