quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: Os Dez Acidentes Mais Espetaculares da História - Número Quatro

Já estamos quase chegando lá. Nesta terça, a contagem dos Dez Acidentes Mais Espetaculares da História continua com uma pancada que, certamente, ainda está fresquinha na memória dos fãs da velocidade. Sem perder mais tempo, vamos em frente:

10.Martin Brundle - Austrália/1996
9. Christian Fittipaldi - Itália/1993
8. Derek Warwick - Itália/1990
7. Andrea de Cesaris - Áustria/1985
6. Luciano Burti - Alemanha/2001
5. Jos Verstappen, Eddie Irvine, Martin Brundle e Eric Bernard - Brasil/1994
QUARTO COLOCADO - Robert Kubica no Grande Prêmio do Canadá de 2007

Qual vai ser a principal lembrança da temporada que está para terminar? A luta encardida entre Lewis Hamilton, Fernando Alonso, Kimi Raikkonen e Felipe Massa pelo título? O caso de espionagem que agitou os bastidores da Fórmula 1? A péssima fase da Honda? O novato Markus Winkelhock liderando o G.P. da Europa com o pior carro do grid em sua primeira corrida?

Certo, mesmo, é que o campeonato de 2007 vai ficar marcado na história da Fórmula 1. Por tudo o que aconteceu dentro e fora das pistas, o ano foi memorável. No quesito acidentes, então, não será facilmente esquecido. É bem verdade que a atual temporada teve apenas uma pancada digna de nota. Mas ela compensou todo o resto do ano, que transcorreu de forma tranqüila.

Robert Kubica se tornou uma celebridade em seu país apenas por conseguir uma vaga na Fórmula 1. Afinal de contas, ele foi o primeiro polonês a pilotar um carro da categoria. Mais do que isso: logo em sua terceira corrida, Kubica já arrebatava um sensacional terceiro lugar, mostrando quão especial é o seu talento.

Saindo de uma nação sem a menor tradição no automobilismo, o polonês iniciou sua carreira nas categorias de base da Itália. Em 2001, aos 16 anos, estreou na Fórmula Renault italiana, correndo apenas metade do campeonato. No ano seguinte, foi vice-campeão, conquistando três poles e quatro vitórias.

Nessa mesma temporada - 2002 - Kubica foi convidado a participar da finalíssima da Fórmula Renault brasileira, que havia sido lançada naquele ano (e teve suas atividades encerradas em 2006). Correndo em Interlagos, numa pista onde nunca havia pisado antes, o polonês arrebentou a concorrência, vencendo com enorme facilidade.

Os pilotos brasileiros, humilhados por tamanha demonstração de superioridade de Kubica, argumentaram que o polonês usara um carro especialmente preparado. A acusação - diga-se de passagem - nunca foi comprovada. Após sua brilhante performance, Kubica voltou para a Europa, onde disputou a Fórmula 3 Européia pelos dois anos seguintes.

O polonês correu na categoria em 2003 e 2004, sem grande sucesso. Em 2005, porém, Kubica passou para a World Series by Renault, conquistando o título de forma surpreendente. Naquele momento, o próximo passo era, é claro, a Fórmula 1. Durante o ano de 2006, o polonês participou de vários fins de semana como piloto reserva da BMW.

Não demorou muito e a equipe alemã - percebendo o talento que tinha em mãos - demitiu Jacques Villeneuve para promover Kubica ao posto de titular. Logo na estréia, em meio à chuva de Hungaroring, o polonês conseguiu um ótimo sétimo lugar, apesar de sair da pista duas vezes. Mas a alegria não durou muito: horas depois da prova, Kubica foi desclassificado por estar abaixo do peso mínimo.

Duas provas depois, o polonês iria se recuperar de maneira consagradora, fechando em terceiro lugar no Grande Prêmio da Itália. Em Monza - pista que ele conhecia de seus tempos de Fórmula Renault - Kubica foi simplesmente magnífico, numa das mais incríveis atuações dos últimos anos. A temporada de 2006 terminou sem maiores novidades, mas o ano de 2007 parecia muito promissor.

E, de fato, a BMW deu um salto de performance excelente. Logo na pré-temporada, já ficou claro que a equipe alemã era a terceira força. À frente, inclusive, da campeã de 2005 e 2006, a Renault. Já no início do campeonato, Kubica e seu companheiro, Nick Heidfeld, emplacaram uma seqüência de ótimos resultados.

O começo de Kubica foi mais lento, prejudicado por problemas mecânicos em mais de uma oportunidade. Nos G.Ps. da Espanha e de Mônaco, porém, o polonês se recuperou, batendo Heidfeld em ambas as provas. Foi então que a Fórmula 1 cruzou o Atlântico para a disputa do G.P. do Canadá, em Montreal.

No grid, Heidfeld era um ótimo terceiro, enquanto Kubica não passava de oitavo. Na corrida, a sorte do polonês não mudaria muito. Atrapalhado por uma entrada de safety car logo antes de seu pit stop, Kubica caiu para as últimas posições. Naquele momento, ele partiu decicido a voltar ao pelotão de frente. Talvez, decidido demais.

A relargada ocorreu na volta 26. Os líderes já passavam pela reta dos boxes quando as câmeras focalizaram a BMW de Kubica, horrivelmente destruída. O polonês mexeu os braços e parecia estar bem, mas a preocupação era geral no paddock. Afinal de contas, aquela havia sido uma pancada das mais fortes já vistas na Fórmula 1.

Perseguindo Jarno Trulli, Kubica precipita-se ao tentar uma manobra no hairpin de Montreal. O polonês se aproxima demais do italiano e toca a traseira da Toyota, projetando-se para fora da pista, em alta velocidade e de forma imediata. A partir daí, Kubica vira passageiro do carro e protagonista de uma dos acidentes mais espetaculares da história.

Sem ter como controlar a BMW, o polonês passa por um pequeno salto na área de escape, que acaba com qualquer chance de evitar a barreira de proteção. Logo depois, Kubica bate na Toro Rosso de Scott Speed, que havia abandonado mais cedo. O choque com o muro é violento e até um pouco assustador.

A BMW sai rodando pela grama do circuito, com apenas uma roda ainda presa ao chassis. Quando volta para o asfalto, Kubica dá uma pequena quicada e completa um giro perfeito no ar, antes de deslizar em direção à proteção do outro lado da pista. A segunda batida já acontece em velocidade mais lenta, mas é suficiente para virar o carro de lado.

Kubica fica assim, tombado, até que as equipes médicas cheguem ao local do acidente. O polonês é levado ao hospital. Enquanto isso, as informações que circulam pelo paddock são as mais diversas. Alguns dizem que Kubica havia apenas machucado o braço. Outros garantem que o polonês havia quebrado as duas pernas.

No fim, o saldo foi ridículo, considerando a força da pancada: apenas um tornozelo torcido. De fato, Kubica teve muita sorte. Em outros tempos, não teria durado nem segundos. Ajudado pelos níveis de segurança da Fórmula 1, o polonês saiu andando do hospital apenas um dia após o Grande Prêmio do Canadá.

Mesmo assim, Kubica acabou de fora do G.P. dos Estados Unidos, disputado apenas uma semana depois. O polonês reclamou, mas precisou dar uma chance ao novato Sebastian Vettel, que faria sua estréia na Fórmula 1. Eventualmente, Kubica terminou se conformando. Perto do que poderia ter sofrido, perder apenas uma corrida não foi nada.

Pela violência impressionante da pancada, pelo estado de total destruição da BMW do polonês após a batida e por ter provado os altíssimos níveis de segurança da Fórmula 1 atual, o acidente de Robert Kubica no Grande Prêmio do Canadá de 2007 leva o quarto lugar na lista dos Dez Acidentes Mais Espetaculares da História.

A seguir, o vídeo da pancada:



Edit: O amigo Marcos, sempre muito presente nos comentários, manda um compacto do Grande Prêmio do Canadá de 2007, narrado por Galvão Bueno:



A seção Os 10+ do Blog F1 GrandPrix volta amanhã, com o número três da nossa lista. E hoje, ao longo do dia, o Blog retorna comentando as principais notícias do mundo da velocidade. Até mais!

Crédito das fotos:
Acidente III - http://www.polef1.com/

6 comentários:

Anônimo disse...

qual o melhor momento da temporada?? Winkelhock liderando em Nurbugring, é claro!!!!

Dá uma olhada no vídeo abaixo acho que dá para colocar no post:

http://www.youtube.com/watch?v=7qD5sX7aRGw

Blog F1 Grand Prix disse...

Marcos,

Valeu pela dica! Vou colocar no post sim.

Grande abraço!

Gustavo

Anônimo disse...

Como a única de todas até agora que apareceram que eu vi, também colocaria na lista. na hora fiquei um pouco assustado mas depois revi o acidenten várias vezes, uma prova que ele realmente foi muito forte e espetacular.

Valeu!

Felipe Maciel disse...

Foi o pancão do ano, esse não podia faltar, deu um susto na hora... E eu não tinha visto ele mexendo a mão, confesso que temi pelo pior.

Anônimo disse...

Parabéns pelo Blog Gustavo.
Acho muito bom resgatar histórias desse esporte maravilhoso.
Eu nem tinha reparado que o Kubica tinha batido em outro carro. Mas não foi o Liuzzi, pois ele vem atrás e fica com um pedaço da BMW presa debaixo do pneu. Será que não era o Speedy?
Parabéns e continue relembrando bons momento da F1

Blog F1 Grand Prix disse...

Fernando,

Conferi agora na Wikipedia: o Kubica bateu no carro do Speed mesmo, que havia quebrado algumas voltas antes. Obrigado pela correção e valeu mesmo pelos elogios!

Grande abraço!

Gustavo Coelho