terça-feira, 2 de outubro de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: Os Dez Erros Mais Constrangedores da História - Número 1

É chegado o grande dia. Após quatro semanas de contagem, finalmente termina o suspense. Muitos internautas tentaram adivinhar o número 1 da lista, mas nenhum acertou. De qualquer forma, tenho certeza que todos vocês vão concordar comigo. Ninguém mais merece tanto o topo da lista do que...:

PRIMEIRO COLOCADO - Eliseo Salazar no Grande Prêmio da Alemanha de 1982
O erro: Tirou o líder da corrida com uma manobra estúpida e apanhou diante de milhões de espectadores

Eliseo Salazar. O que esse nome lembra a você? Pois é, nenhum piloto, na história da Fórmula 1, teve sua carreira tão associada a um único momento, uma singular e inacreditável bobagem que continua sendo lembrada com diversão por qualquer fã da velocidade.

Se não bastasse tirar o líder da corrida com uma barbeiragem estúpida, o retardatário Salazar ainda ficaria marcado pelas cenas posteriores ao acidente. Irado com o fim de sua corrida, Nelson Piquet partiu para cima do chileno. E o que aconteceu, naqueles dois ou três segundos a seguir, não envergonharia nenhum lenda do boxe brasileiro.

A trajetória de Eliseo Salazar na Fórmula 1 começa em 1981, quando o chileno - após cumprir parte de seu aprendizado como piloto na Fórmula 3 Inglesa - é contratado pela equipe March. Nas seis primeiras corridas do campeonato, ele falha a classificação em cinco delas.

Sua estréia, de fato, vem no Grande Prêmio de San Marino, o único em que consegue classificação com o péssimo modelo da March. Em Imola, Salazar larga da 23ª posição, entre 24 carros, e faz uma prova no mais absoluto ostracismo quando... comete um erro e roda, abandonando na volta 38.

Esse era só o início. Ao longo da sua carreira, mesmo no período em que correu nos ovais americanos, Salazar nunca conseguiria se livrar da rotina de acidentes e saídas de pista. Na Fórmula 1, por exemplo, praticamente um terço dos G.Ps. de Salazar terminariam dessa forma. Uma estatística bastante ingrata.

Na segunda metade de 1981, Salazar corre pela equipe Ensign, tão pequena quanto a March mas de nível um pouquinho melhor. Em nove provas, o chileno consegue largar em oito, uma melhora significativa em seu desempenho. Falha em garantir um lugar para a corrida apenas no G.P. da Grã-Bretanha, em Silverstone.

O melhor momento do ano vem em Zandvoort, no G.P. da Holanda. Salazar sai de 24º e último e se contenta em levar o carro até o fim. Ajudado pelo enorme número de abandonos - apenas oito pilotos completaram aquela corrida - o chileno chega em sexto e marca um heróico pontinho. De repente, sua reputação melhora um pouco.

Não há outros resultados de relevo em 1981, mas a temporada seguinte prometia muito mais. Salazar se engaja na ATS, também do fundo do pelotão, mas já com cinco anos de experiência na Fórmula 1. Seu companheiro de equipe seria o lendário Manfred Winkelhock, pai de Markus, aquele que você viu liderando o G.P. da Europa com uma Spyker, há alguns meses atrás.

Salazar começa bem a temporada e já marca um nono lugar na sua estréia com o novo time, na África do Sul. O chileno quebra em Jacarepaguá e bate em Long Beach, antes de conseguir um sensacional quinto lugar em Imola, no G.P. de San Marino. Tudo bem que naquela corrida largaram apenas 14 carros e apenas cinco chegaram ao fim, com Salazar em último. Mesmo assim, eram dois valiosos pontos.

A partir daí, porém, todas as esperanças de uma boa temporada com a ATS vão sendo perdidas. Nas próximas sete corridas, Salazar abandona em cinco, chega ao fim de apenas uma corrida e volta a não se classificar para o G.P. da Grã-Bretanha, dessa vez, em Brands Hatch. Estranho, para alguém que havia sido formado na Fórmula 3 Inglesa...

Foi com esse espírito que o chileno chegou para a disputa da 12ª etapa da temporada de 1982, em Hockenheim, na Alemanha. No grid, Salazar era o 22º e antepenúltimo. Lá na frente, na quarta posição, estava Nelson Piquet.

O brasileiro, àquela altura já campeão mundial, precisava de um bom resultado na Alemanha, casa da BMW. A montadora havia assinado com a Brabham, equipe de Piquet, um vantajoso contrato de fornecimento de motores. Correndo na frente dos executivos da empresa, ele precisava mostrar serviço.

E havia outros motivos também. Piquet estava numa péssima temporada, tendo marcado apenas 17 pontos até ali. O título, porém, ainda era uma esperança, ainda mais depois que o líder do campeonato, Didier Pironi, sofreu um grave acidente nos treinos de sexta em Hockenheim. Até o fim do ano, o francês não correria mais.

Tendo tudo isso na cabeça, Piquet ainda possuía uma última motivação: inaugurar as paradas de pit stop, que a Brabham havia treinado exaustivamente para reintroduzir em Grandes Prêmios. Naquele G.P. da Alemanha, o brasileiro, pela primeira vez, largou leve para fazer uma parada durante a corrida.

O plano de Piquet, até a metade da prova, era perfeito. O brasileiro pulou para segundo na largada e passou para a liderança na segunda volta, quando superou a Renault de Rene Arnoux. Uma vez na ponta, o piloto da Brabham foi embora. Tudo parecia estar dando certo. Aí apareceu Salazar.

Na 19ª volta, quando se preparava para negociar a entrada da chicane Ostkurve, Piquet encontrou o chileno pela frente. Aparentemente sem querer causar problemas, Salazar abre e deixa o brasileiro passar. Pelo menos, foi isso o que todos pensaram.

Então, num momento de desligamento mental ou pura falta de habilidade, o chileno erra o cálculo e freia com se estivesse numa volta de classificação. Piquet, que já devia ter esquecido da presença de Salazar, mal começa a fazer a curva quando é acertado pelo retardatário.

Até hoje, não dá para entender o que passou pela cabeça do chileno naquele momento. Certo, mesmo, é que a sua bobagem tirou o líder da corrida, na frente dos executivos da fábrica que fornecia os motores e justamente no dia em que Piquet estava para estrear a revolucionária tática dos pit stops.

A reação do brasileiro é compreensível. Assim que seu carro pára ao lado da pista, Piquet já mostra sua raiva, saindo do carro com gestos não muito educados. Salazar faz o mesmo, sem-graça demais para pedir desculpas.

O brasileiro não se dá por satisfeito. Vai para cima do retardatário e coloca o dedo na cara do pobre Salazar. Aí, antes que o chileno pudesse esboçar qualquer reação, Piquet mete um murro na cabeça de Salazar.

Não fica só por isso não. Piquet ainda dá um direto de direita e um cruzado de esquerda, além de tentar um desajeitado chute, antes de ficar satisfeito. Salazar, resignado, nem reage. Ainda bem. Naquele dia, se partisse para a briga, apanharia feio de Piquet...

Ainda há outros fatos sobre aquele dia, bem menos pouco conhecidos. Em seu livro Eu me lembro muito bem, Piquet diz que, um tempo depois, a BMW descobriu que o motor estava para explodir. Salazar, então, salvou a marca de um constrangimento logo em sua corrida em casa, à frente de todos os patrocinadores!

Uma outra curiosidade é que, após a corrida, Piquet tentou voltar ao boxes numa van de apoio. Quando entrou, descobriu que Salazar já estava lá dentro. Sem a menor cerimônia, o brasileiro expulsou o chileno e também o motorista da van! Voltou sozinho, deixando os outros dois à pé...

Para Salazar, restou a eterna humilhação dos socos e chutes de Piquet. O chileno ainda duraria até o fim de 1983 na Fórmula 1, antes de ser obrigado a migrar para o automobilismo americano, onde alcançou relativo sucesso. De qualquer forma, ele nunca conseguiria se livrar da memória daquela bobagem bisonha, que ficaria, para sempre, marcada na sua imagem.

Por ter tirado o líder numa corrida tão importante para este, por ter cometido uma barbeiragem tão ridícula, causada por um erro de cálculo primário, e por ter apanhado ao vivo diante de milhões de espectadores, ficando para sempre associado a esse episódio, Eliseo Salazar leva o primeiro lugar na lista dos Dez Erros Mais Constrangedores da História.

A seguir, o vídeo da pataquada:



E aí, gostaram da lista? Amanhã, a seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta com uma retrospectiva das besteiras que não entraram na ranking. Depois, a partir de quinta, começamos a contagem dos Dez Acidentes Mais Espetaculares da História. Ao longo do dia de hoje, o Blog retorna comentando as principais notícias do mundo da velocidade. Até mais!

Crédito das fotos:
Erro I a VII - www.youtube.com

16 comentários:

Anônimo disse...

cara, perfeito! Eu tinha me esqueçido dessa. Não tinha outra melhor mesmo, graaaande Salazar!!!

Abs,

Maurício

Anônimo disse...

fechou com chave de ouro a lista rsrsrs. O que esse imbecil desse chileno, ou colombiano como o Murray Walker chama ele, queria não dá para saber mesmo. Seu eu fosse o Piquet fazia igualzinho! Agora, imagina se fosse o Coelho do Atlético rsrsrsrsrs!

Anônimo disse...

Vou abrir uma comu no orkut: EU TENHO PENA DO SALAZAR hueeehuehuehueu!

Net Esportes disse...

íncrivel !!!!!

Anônimo disse...

Quando assisti ao vídeo achei exagerado estar no 1º lugar, mas após ler a resenha (muito bem desenvolvida) e rever o vídeo, mudei de opinião e merece sim estar no topo das ‘pataquadas’.
Eu me lembro que assistindo as corridas de F1 eu chamava o Eliseo de “sai azar”!

Abraços

Vinicius Grissi disse...

Só tenho uma coisa a dizer: SENSACIONAL! Escolha fantástica e realmente inesquecível.

Marcio Kohara disse...

hehehe... Grande Salazar... =OP

Só fiquei decepcionado com a ausência na lista da batida entre Senna e uma das atuais estrelas do Rally XCountry atual, o Jean Louis Schlesser, no GP da Itália de 1988...

Mas a lista é boa.

Abraço,
Kohara

Unknown disse...

hahahahaa

mto boa Gustavo...

ainda saiu barato para o Salazar.

Anônimo disse...

Nova Seção começando na 5ª: Dez Acidentes Mais Espetaculares da História.

Seria uma coisa assim parecida com Spa 1998, Gustavo??

Anônimo disse...

Gustavo,
Muito bom mesmo, parabens!
Esta é a imagem mais antiga q me lembro de ter visto ao vivo da F1. Pq foi o 1º GP q me lembro de ter assistido.
Achei pior q o erro do chileno a reação do Piquet de dar socos nele sem espera-lo tirar o capacete. Ri demais! E talvez por isso acho que passei a acompanhar a F1 pois tinha uns 8 anos e achei aquilo uma comedia. Alias bem tipico do Piquet pq seu temperamento o fazia ter reações como esta.
Vi uma entrevista dele q disse ter colocado laxante no suco do Mansell em 87, antes de um treino classificatorio de sabado qdo o ingles tinha feito o melhor tempo na sexta. O q acabou favorecendo o brasileiro fazer a pole. Este era o Piquet. Veremos se o filho tb herdou esta personalidade.

Anônimo disse...

ótima escolha, acho também que não há nenhuma outra melhor. Salazar ficou conhecido por esta patacada, e o Piquet foi lembrado também pelos socos que deu. Justa escolha, espero pela próxima lista

Valeu!

Anônimo disse...

exelente! Não me lembrava dessa, por isso não chutei o Salazar em primeiro. Mas foi simplismente SENSACIONAL!!

Nos acidentes acho que dá Spa/1998 na cabeça, hein?

Felipe Maciel disse...

Como nao pensei nisso antes? heheheh
bem que você avisou que fariamos essa pergunta.

vlw

Abs

Anônimo disse...

Surpreendeu. Eu achei que o Mansell ia estar nestya posição por ter aprontado alguma.

Anônimo disse...

Kraka, mto bem lembrado! Eu sempre fiquei na duvida se o Piquet naum errou na negociação da ultrapassagem, mas pelo q vc falou, parece q foi o barbeiro do Salazar msm...
O melhor de tudo eh quand o Salazar jah tah sem capacete e o Piquet vai andando pro lado oposto do chileno, aih ele olha pra trás e olha faz um gesto de "PQP, naum acredito q esse viado me tirou da corrida!"...é Piquet...
Ateh!

OBS: Msm assim acho q a do Prost rodando foi pior, rs

Speeder76 disse...

Excelente escolha. E um final surpreendente! Mas acho que essa manobra merece de caras, uma classificação nos 10 primeiroa de qualquer lista de erros de palmatória...