quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: Os Dez Erros Mais Constrangedores da História - Número 3

Continuamos, hoje, nossa saga pelas maiores bobagens já vistas na Fórmula 1. Assim como ontem, o protagonista é um dos principais nomes da história do automobilismo. Até eles cometem erros inacreditáveis. Sem mais delongas, vamos em frente:

TERCEIRO COLOCADO - Ayrton Senna no Grande Prêmio de Mônaco de 1988
O erro: Bateu sozinho quando liderava com mais de um minuto de vantagem

Para uma enorme legião de fãs, Ayrton Senna da Silva é, simplesmente, o melhor piloto de todos os tempos. Eles podem até estar exagerando. Mas o talento, a garra e o carismo do brasileiro são, de fato, inegáveis.

Ao longo de sua carreira na Fórmula 1, Senna conquistou 41 vitória e conseguiu nada menos do que 65 poles, além de três títulos. Números sensacionais para quem competiu na categoria por um período de apenas dez anos. Apesar disso, ele não escapou de erro que ficou marcado como um dos maiores vexames da história.

Em 1988, Ron Dennis formou um verdadeiro dream team na McLaren. Tinha o melhor carro do pelotão - o MP4/4 - projetado por Gordon Murray e Steve Nichols. O motor Honda também era considerado o mais forte e confiável da Fórmula 1.

Por fim, a dupla titular da equipe era formada pelos dois melhores pilotos do mundo: Alain Prost e Ayrton Senna. O francês já tinha um bi-campeonato no currículo, enquanto o brasileiro - embora ainda não tivesse disputado um título até o fim - já possuía um prestígio bastante elevado.

As vitórias na temporada de 1988 foi quase um monopólio de Senna e Prost. Eles ganhariam 15 das 16 etapas do ano, dominando amplamente a maioria das corridas. O brasileiro foi campeão com todos os méritos, mas ficou com uma pequenina macha por conta de um único erro, estúpido e inacreditável, que ele cometeu no G.P. de Mônaco.

Nas duas primeiras provas do ano - Brasil e San Marino - os pilotos da McLaren haviam dividido as vitórias. Prost triunfou em Jacarepaguá, na terra do rival Senna, que devolveu com uma performance arrasadora em Imola. A terceira corrida do campeonato era nas ruas de Monte Carlo.

Antes de fazer uma bobagem inacreditável no domingo, Senna brindou os fãs do automobilismo com uma das atuações mais impressionantes da história na classificação de sábado. Como se não tivesse limites, o brasileiro foi superando suas marcas, batendo sucessivos recordes de volta.

Senna não teve adversários, a não ser ele mesmo. No fim da sessão, seu tempo era incríveis 1.4 segundos mais rápido do que o de Prost. O terceiro colocado no grid, Gerhard Berger, estava a 2.6s do brasileiro.

Mais do que nunca, Senna era o grande favorito para a vitória na corrida. Prost já havia vencido em Mônaco três vezes, mas o brasileiro parecia domar as ruas do Principado como nenhum outro piloto. Restaria ao francês esperar pelos acontecimentos. Quem sabe não acontece alguma surpresa?

A corrida começou mal para Prost. Na largada, ele perdeu a segunda posição para Berger, com uma Ferrari bem mais lenta do que a McLaren do francês. Não demorou muito e Senna disparou com facilidade. Sua liderança era absolutamente tranqüila.

Atrás do brasileiro, Prost chegou a colocar seu carro de lado algumas vezes, mas não conseguia superar Berger. O francês passou mais da metada da corrida preso atrás do austríaco, até realizar a ultrapassagem na volta 54.

Nesse ponto, Senna já tinha uma vantagem superior a um minuto. Durante algum tempo, os dois pilotos da McLaren aceleraram, trocando melhores voltas. Sem querer correr riscos, Ron Dennis, o chefe da equipe, mandou os dois tirarem o pé para garantir a dobradinha.

Certamente, Dennis não fazia idéia do efeito que sua ordem produziria em Senna. Acostumado sempre a andar no limite, o brasileiro perdeu a concentração. Foi aí que ele cometeu, provavelmente, o maior erro de sua carreira.

Na volta 67, faltando apenas 11 para a bandeirada, Senna bate sozinho na Portier. Sozinho. Não havia absolutamente nenhum carro em volta. A equipe McLaren parece não acreditar. Será que tinha quebrado alguma coisa?

Nada disso. Senna, simplesmente, cometeu um erro. Transtornado com a bobagem, ele deixa o carro e vai direto para o seu hotel, sem dar satisfações a ninguém. Só no dia seguinte, a McLaren teria a confirmação de que, realmente, não havia nada de errado com o carro.

O que aconteceu? Até hoje, ninguém sabe realmente. Uma das explicações mais interessantes que eu já encontrei está no livro Fórmula 1 - Pela Glório e Pela Pátria, de Eduardo Correa. Tomo a liberdade de transcrever apenas um trecho:

Senna estava levando a McLaren com toda a tranqüilidade para a vitória, deixando Prost e todos os outros pilotos muito atrás. Era tão... fácil! Um passeio à beira-mar. (...) Realmente, parecia tão fácil para Senna - e tão difícil para os outros - que ele se sentiu tentando a sonhar dentro do carro:

Vou ganhar todas as corridas, fazer todas as poles, quebrar todos os recordes, ganhar mais dinheiro do que qualquer outro piloto e... bum! Deu-se o encontro inexorável com o guard rail, impassível a devaneios dessa natureza.

Será que foi isso? Talvez. Mas nunca saberemos. O erro deixou Senna com a imagem um pouco arranhada, mas ele se recuperaria ao longo dos anos. Ao contrário do que parecia na época, a besteira não ficou marcada.

Representou, apenas, uma pequena mancha na história do brasileiro. Algo que nem suas outras seis vitórias em Mônaco conseguiram apagar. De qualquer forma, serviu para mostrar que até Senna era humano. Um dos maiores gênios da história do esporte também não fugiu de uma bobagem tão estúpida como aquela de Monte Carlo, em 1988.

Por ter desperdiçado uma vantagem superior a um minuto de forma tão desastrosa, por ter cometido um erro de novato na pista que ele parecia dominar, e por ter colocado essa desnecessária mancha no seu impressionante currículo, Ayrton Senna leva o terceiro lugar na lista dos Dez Erros Mais Constrangedores da História.

A seguir, o vídeo da pataquada:



A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta amanhã, com o número 2 da nossa lista. E hoje, ao longo do dia, o Blog volta comentando as principais notícias do mundo do automobilismo. Até mais!

Crédito das fotos:
Número Três - www.forum.kooora.com
Senna e Sua McLaren I - www.mecanicaonline.com.br
Senna e Sua McLaren II - www.members.home.nl
Primeira Volta - www.f1-facts.com
Senna e Sua McLaren III - www.funof1.com.ar
Erro I e II - www.youtube.com

15 comentários:

Anônimo disse...

sou fã do Senna mas essa não podia falta. Realmente, até nosso grande ídolo fez uma bobagem tão imbecil como essa. Mas ele tem crédito, né?

Gustavo, parabéns pela sua partipação no podcast da Globo. Fiquei sem entrar aqui uns dois dias mas vi lá no blog do Rafael Lopes que fora convidado. Mandou bem!

Abs,

Maurício - RJ

Anônimo disse...

Tenho também esse livro do Eduardo Correia e penso exatamente igual a ele. Ainda bem que o Senna não repetiu esse tipo de erro nunca mais...

Gostei de sua participação no Por Dentro dos Boxes, ficou muito massa!

Unknown disse...

Se o No. 3 é esse do Senna que eu pensava que fosse o primeiro... to imaginando os outros 2.

Net Esportes disse...

isso porque o Senna era o "Rei de Mônaco".... mais aquela vitória certa que tiraram dele.... era pra ele ser mais que "Rei" ... !!

Anônimo disse...

Gustavo,

Valeu demais esta ai!
Não pódia mesmo faltar, apesar de ser um fã de carteirinha do Senna nunca esqueci esta pataquada dele q quase lhe custou o titulo de 88.
Lembro-me q a corrida naquele dia tinha ate perdido a emoção feito as de hj e so esperava ouvir o tema da vitoria qdo de repente uma imagem recuperada aparece o Senna descendo do carro... inacreditável!
Tanto q o propio Senna outras vezes a caminho de casa evitava passar por aquela curva do cassino... sabe-se la pq? Talvez tivesse ai a resposta pelo motivo da desconcentração.

Anônimo disse...

Gustavo,
Lembrei-me q este não foi o unico vascilo do Senna em 88. Teve tb outro no Gp da Italia...
A corrida estava definida com a folgada e monótona liderança de Ayrton Senna quando, na 49ª volta, a duas da final, ele bateu ao tentar ultrapassar o retardatário Jo Schlesser. Foi uma manobra precipitada, no meio da curva, fora do estilo de Senna.

Mais uma vez quase comprometeu seu titulo e se não fosse estes vascilos o GP do Japão nao teria sido tao emocionante.
Abraços

Jean

Vinicius Grissi disse...

Ótima lembrança. Até os gênios erram!!!!

Ancioso pelos próximos dois...

Blog F1 Grand Prix disse...

Jean,

Esse erro do Senna em Monza foi bem mais polêmico. Até hoje, há os que dizem que a culpa foi toda de Schlesser. Outros garantem que Senna foi otimista demais em sua tentiva de ultrapassagem. De qualquer forma, acho que os dois erraram...

Grande abraço!

Anônimo disse...

Neste vídeo do GP de Mônaco 88, além de algumas situações relatadas pelo Gustavo, ainda se pode ver alguns outros momentos e relembrar antigos pilotos se esbarrando nas ruelas do principado.

http://www.youtube.com/watch?v=y6d9cXdBu-g&mode=related&search=

Curioso é que em nenhum vídeo encontra-se a batida do Senna

Abraços

Blog F1 Grand Prix disse...

Guilherme,

Obrigado pela dica! Quem quiser assistir ao resumo da corrida não precisa mais procurar o vídeo.

Grande abraço!

Anônimo disse...

Putz, nem o Senna ficou de fora ? Se teve essa com certeza vai ter a de Monza tambpém não é ???

Anônimo disse...

Ufa, ainda bem q esse erro naum foi o primeiro (sim, sou viuva de Senna)! Li no livro do Lemyr Martins q o Senna ficou um tempão sentado em frente de frente pra porta do seu apartamento em Monaco pq a empregada dele naum abriu a porta quando a campainha foi tocada, isso tudo pq ela pensou q fosse outra pessoa, jah q o proprio Senna disse q naum era pra abrir pra ninguem pq ele tinha a chave.

Ei, acho q vou matar o primeiro lugar dessa lista! Naum seria Prost rodando na volta de apresentação em 91!?!?!

Blog F1 Grand Prix disse...

Leandro,

A rodada do Prost está na lista. Será o número 1 ou 2??

Também conheço essa história da empregada. Só não coloquei no relato de hoje porque o texto ficou muito grande.

Coitado do Senna. Aquele dia, realmente, não era o dele...

Grande abraço!

Anônimo disse...

Não vi o Senna correr, ele morreu quando minha mãe estava grávida. Por isso não tenho tanta saudade dele mas sei como ele foi importante. Esse foi praticamente um dos poucos erros ruins que ele cometeu. Até os maiores fazem isso!

Valeu!

Anônimo disse...

Diz-se que o Senna avistou um cara lindo naquela curva e acabou rodando ao mandar beijinhos para ele...