terça-feira, 28 de agosto de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: Os Dez Maiores Duelos da História - Número 5

Chegamos à segunda metada da nossa lista e, a partir de agora, só temos disputas absolutamente magníficas pela frente. Ao longo dessa semana, conheceremos os números 5, 4 e 3 do ranking. Sem perder mais tempo, vamos continuar:

10. Senna x Alesi - Estados Unidos/1990
9. Piquet x Mansell - Austrália/1990
8. Schumacher x Hill - Bélgica/1995
7. Alonso x Massa - Europa/2007
6. Senna x Mansell - Mônaco/1992
QUINTO COLOCADO - Elio de Angelis x Keke Rosberg no Grande Prêmio da Áustria de 1982

Em meados de 1982, a Fórmula 1 precisava desesperadamente de boas notícias. O ano estava sendo desastroso para a categoria, embora o destindo do campeonato ainda estivesse totalmente indefinido. Duas fatalidades e um acidente sério o suficiente para encerrar a carreira do líder da temporada deixaram em pânico os dirigentes.

Se não bastasse isso, o ano ainda havia sido turbulento fora das pistas. Na África do Sul, etapa inicial da temporada, os pilotos fizeram um greve em protesto à adoção, pela FIA, da super-licença. A corrida quase foi cancelada, mas aconteceu normalmente.

Na prova seguinte, no Rio de Janeiro, os dois primeiros colocados, Nelson Piquet e Keke Rosberg, ficaram ameaçados de desclassificação por levarem em seus carros um compartimento chamado de "caixa preta". O acessório recebia uma quantidade de água que completava o peso mínimo obrigatório.

Durante a corrida, o compartimento se abria e eliminava o líquido, tornando o carro muito mais leve. A Ferrari, em protesto, usou um carro com dois aerofólios traseiros em Long Beach. Foi desclassificada, e Gilles Villeneuve perdeu os pontos do terceiro lugar.

Enzo Ferrari, então, ameaçou retirar sua equipe do campeonato caso os resultados do Grande Prêmio do Brasil fossem mantidos. Assim, Piquet e Rosberg foram desclassificaos, algo que foi visto como uma manobra política pelas equipes inglesas. Todas elas - com exceção da Tyrrell - boicotaram a etapa de San Marino, em Imola.

Na prova em questão, apenas catorze carros - o número mínimo - largaram. Gilles Villeneuve e Didier Pironi, os dois da Ferrari, tinham a vitória sob controle. Villeneuve, achando que teria preferência como primeiro piloto, deixou o francês passar à frente.

Nas últimas voltas, percebendo que Pironi não abriria mão do triunfo, Villeneuve tentou de todas as formas recuperar a liderança. Não conseguiu. Naquele dia, Villeneuve prometeu nunca mais trocar palavras com Pironi. E cumpriu a promessa.

Duas semanas depois, no circuito belga de Zolder, Gilles Villeneuve morria durante o treino classificatório para a corrida. A Fórmula 1 perdia um de seus pilotos mais amados. Mas não seria a única tragédia do campeonato.

Em Montreal, no G.P. do Canadá, o italiano Riccardo Paletti faleceu em decorrência de um acidente na largada. Dois meses depois, em Hockenheim, Alemanha, era a vez de Didier Pironi sofrer um pavoroso acidente. O piloto da Ferrari, que liderava a tabela de pontos, sobreviveu. Mas não voltaria a pilotar, nunca mais, um carro da Fórmula 1.

Foi nesse ambiente que a categoria chegou ao circuito austríaco de Österreichring (à direita), para a disputa do 12º Grande Prêmio do campeonato. Na tabela de classificação, Pironi somava 39 pontos. O francês, porém, não passaria mais disso até o final do ano.

Assim, o título ainda estava totalmente em aberto. John Watson tinha 30 pontos, sendo seguido de perto por Keke Rosberg (27), Alain Prost (25) e Niki Lauda (24). Outros sete pilotos tinham entre 10 e 20 pontos, ou seja, ainda estavam na briga.

No grid de largada, as Brabham dominaram. Riccardo Patrese era pole, com Nelson Piquet em segundo. A Renault de Alain Prost aparecia em terceiro. A única Ferrari na pista, de Patrick Tambay, vinha na quarta posição. O público austríaco torcia por ela e pelo piloto da casa, Niki Lauda, que largava de décimo.

Keke Rosberg e Elio de Angelis, os futuros protagonistas da corrida, eram sexto e sétimo, respectivamente. Ninguém poderia prever que a vitória ficaria entre eles. Antes de sua disputa, porém, muita coisa ainda ia acontecer.

Um acidente na largada tirava as duas Alfa Romeo de Andrea de Cesaris e Bruno Giacomelli, obrigando grande parte do grid a desviar para não bater. Lá na frente, os quatro primeiros mantiveram suas posições de largada. Logo depois, Nelson Piquet ultrapassou Riccardo Patrese para tomar a ponta.

Para desespero do público, a única Ferrari de Patrick Tambay teve um furo de pneu, que tirou o piloto francês da luta pela vitória. Também com problemas em seus compostos, Nelson Piquet foi ficando para trás, até abandonar a 23 voltas do final. Outros ponteiros foram saindo da disputa, progressivamente.

O abandono de Riccardo Patrese foi o mais espetacular. O italiano teve um vazamento de óleo, que provocou uma rodada. Sua Brabham subiu um monte do circuito de Österreichring, ficando presa numa posição inclinada e quase acertando uma torcedora que havia invadido a pista.

A corrida parecia estar definida, com Alain Prost liderando com tranqüilidade. A cinco voltas do final, porém, tudo mudou. O motor Renault do francês falhou, soltando chamas e provocando o imediato abandono de Prost.

De repente, Elio de Angelis encontrou-se na ponta, faltando pouco para a bandeirada. O italiano da Lotus fazia uma corrida discreta e eficiente, ficando longe dos problemas. Seu triunfo, porém, tinha uma ameaça: Keke Rosberg.

Nenhum dos dois já havia vencido na Fórmula 1. Rosberg, porém, estava disputando o campeonato. Com o fim da prova se aproximando, o "finlandês voador" foi com tudo para cima do líder. Começava o duelo.

Durantes as últimas quatro voltas, Rosberg foi tirando a diferença para de Angelis. O finlandês estava possuído, enquanto o italiano tinha problemas de equilíbrio com a sua Lotus. Não parecia que Rosberg conseguiria encostar até o final, mas ele chegou em seu rival.

A atmosfera no circuito era tensa. Apenas oito pilotos continuavam na prova, mas o público só tinha olhos para dois deles. No momento em que abriram, colados, a última volta da prova, a diferença entre os dois era de apenas 1,6 segundo.

Parecia ser o suficiente. Mas de Angelis cometeu um pequeno erro ao chegar na Glatz Kurve, permitindo a aproximação de Rosberg. Seria um final de arrepiar. Gingando pela pista, o finlandês tenta achar um ponto para realizar a manobra. Ele só teria uma oportunidade.

Na pequena reta que procede a Rindt Kurve - a última do circuito - Rosberg consegue chegar suficientemente perto. Mas de Angelis, percebendo a ameaça, desloca-se para o meio da pista, impedindo que o finlandês fique lado a lado com ele.

Rosberg não se dá por vencido. Balançando o carro, o finlandês decide esperar os últimos metros para uma tentativa desesperada. Sai mais rápido da curva, pega o vácuo de seu rival e bota por dentro enquanto eles já ultrapassam as marcações das últimas posições do grid.

Os dois cruzam a linha de chegada lado a lado. Por muito pouco, Rosberg não consegue a ultrapassagem Elio de Angelis vence sua primeira corrida na Fórmula 1 com uma distância ínfima, de apenas 0.125 segundo. Uma das menores da história.

Rosberg perdeu a batalha, mas ganharia a guerra. No fim do ano, ele sagrou-se campeão mundial de 1982 vencendo apenas uma corrida - o G.P. da Suíça, em Dijon - e batendo o britânico John Watson por apenas cinco pontos. De Angelis, por sua vez, fechou o campeonato em nono.

Durante os anos seguintes, Keke Rosberg conseguiria algumas vitórias, mas nunca voltaria a disputar o título até sua aposentadoria no final de 1986. Nesse mesmo ano, Elio de Angelis perderia a vida numa acidente na pista francesa de Paul Ricard, durante um teste particular. De qualquer forma, nenhum dos dois será esquecido após a maravilhosa disputa que travaram naquele dia, na Áustria.

Pela garra, persistência e agressividade do finlandês, pela frieza, eficiência e ótima defesa de posição do italiano, e por terem feito a Fórmula 1 respirar aliviada após viver alguns de seuas piores momentos de sua história, Elio de Angelis e Keke Rosberg levam o quinto lugar na lista dos Dez Maiores Duelos da História.

A seguir, o vídeo da última volta, narrado em inglês:



A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta amanhã, com o número quatro da lista dos Dez Maiores Duelos da História. Ao longo dessa terça, o Blog volta comentando as principais notícias do dia. Até mais!

Crédito das fotos:
Österreichring - http://www.statsf1.com/
De Angelis com a Lotus - http://www.f1-facts.com/
Rosberg com a Williams - http://www.f1-facts.com/
Fotos da chegada (ambas): http://www.f1-facts.com/

5 comentários:

Anônimo disse...

valeu, blog! gostei dessa, achei que só iamos ficar com os duelos mais recentes. excelente texto, não sei como vc arruma tempo para escrever tanto rsrsrs

Anônimo disse...

conhecia seu blog há pouco tempo e estou impressionado com seu trabalho. Ontem eu já elogiara voce mas preciso fazer isso de novo. parabéns pelo texto e pelo excelente conhecimento da história da Fòrmula-1. Continuarei prosseguindo o acompanhamento desta série, mas algo me diz que vai dar Arnoux x Villeneuve em primeiro lugar.

parabéns

Blog F1 Grand Prix disse...

Cacau,

Muito obrigado pelos elogios! Qualquer sugestão que você tenha, pode mandar para blogf1grandprix@hotmail.com

Marcos,

Hoje eu só tive uma aula na faculdade porque alguns de meus professores faltaram. Quando tenho tempo sobrando, o texto acaba ficando longo mesmo!

Grande abraço a todos!

Anônimo disse...

boa escolha, gustavo. Seus textos históricos são ótima diversão para quem gosta de automobilismo.

Anônimo disse...

Eu já tinha visto esse acidente do Patrese no Youtube, realmente é bizarro! E q final de corrida, mas sei lah, acho q Massa x Alonso foi melhor q essa.
Ateh!