quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: Os Dez Maiores Duelos da História - Número 4

Continuamos, hoje, a contagem regressiva da lista dos Dez Maiores Duelos da História. Até a metade da semana que vem, o ranking estará completo. Já estamos quase lá. Sem perder mais tempo, vamos em frente:

10. Senna x Alesi - Estados Unidos/1990
9. Piquet x Mansell - Austrália/1990
8. Schumacher x Hill - Bélgica/1997
7. Alonso x Massa - Europa/2007
6. Senna x Mansell - Mônaco/1992
5. de Angelis x Rosberg - Áustria/1982
QUATRO COLOCADO - Fernando Alonso x Michael Schumacher no Grande Prêmio de San Marino de 2005

Quando a temporada de 2005 estava para começar, a pergunta na cabeça de todas as mentes da Fórmula 1 era a mesma: "Quem poderá deter Michael Schumacher?". Afinal de contas, o alemão havia ganha seu quinto título consecutivo no ano anterior, com enorme facilidade. Nada indicava que seu domínio teria fim.

Mas a história seria outra. Prejudicada por uma mudança na regra que obrigava os pilotos a utilizarem apenas um jogo de pneus por corrida, a Ferrari e o alemão iriam sofrer ao longo do campeonato. A fabricante dos compostos da equipe vermelha, a Bridgestone, era simplesmente inferior à rival Michelin.

Pela primeira vez em vários anos, os rivais de Schumacher tinham uma chance. Quem iria aproveitá-la? Seria a fortíssima dupla da McLaren-Mercedes, formada por Kimi Raikkonen e Juan Pablo Montoya? Talvez a renovada Toyota, com Ralf Schumacher e Jarno Trulli? A Williams-BMW de Mark Webber e Nick Heidfeld? Ou quem sabe a BAR-Honda de Jenson Button?

Nenhuma delas. Depois de uma temporada mediana em 2004, a Renault e o espanhol Fernando Alonso partiriam com tudo para a conquista dos campeonatos de pilotos e construtores do ano seguinte. O caminho até o título não seria fácil, é verdade, mas o desempenho inicial nas primeiras corridas do calendário faria toda a diferença.

Na prova de abertura, na Austrália, a Renault venceu. Mas com italiano Giancarlo Fisichella, recém-contratado para o lugar de Jarno Trulli. Fernando Alonso havia feito uma corrida até melhor que a do companheiro, largando da parte final do grid. O espanhol foi terceiro.

Nas corridas que se seguiram, Alonso iria disparar. Conquistou triunfos fáceis na Malásia e no Bahrein. Em San Marino, ganharia seu terceiro Grande Prêmio consecutivo. Nessa corrida em questão, porém, a vitória foi diferente. Foi nessa prova que o espanhol mostrou ser um piloto especial.

Desde 1981, o Grande Prêmio de San Marino era disputado em Imola, uma pista que, na verdade, fica na Itália. Sendo assim, era território da Ferrari. Quando chegou para a edição 2005 da prova, o máximo que Michael Schumacher havia conseguido fora um sétimo lugar na corrida do Bahrein. Apenas dois pontos, contra 26 de Alonso.

Nada disso, entretanto, diminuiu o entusiasmo dos tiffosi. No dia da corrida, o autódromo de Imola (à direita) estava lotado. A temperatura ambiente era baixa e, pela primeira vez no ano, a Bridgestone conseguiu não só igualar como superar o desempenho da Michelin.

Era a chance que Schumacher estava esperando. Mas o alemão cometeu um erro na classificação, não passando de 13º lugar no grid. Em Imola, largar de trás era fatal para quem tinha pretensão de vitória. Será que o heptacampeão ainda teria uma chance?

Lá na frente, Kimi Raikkonen era o pole, com Fernando Alonso em segundo. Na seqüência, apareciam Jenson Button e Mark Webber. Na largada, a maioria dos pilotos manteve suas posições. Schumacher, por exemplo, continuou em 13º.

O alemão estava bastante pesado, e não tinha condições de realizar ultrapassagens. Ganhou uma posição quando o líder Kimi Raikkonen quebrou, outra quando Rubens Barrichello teve problemas elétricos e mais uma no momento em que Giancarlo Fisichella bateu sozinho.

A esperança de Schumacher era ultrapassar o maior número possível de carros na primeira rodada da pit stops. E foi exatamente isso o que aconteceu. O alemão permaneceu na pista até a volta 27, sendo o último piloto na pista a fazer sua primeira parada. Antes disso, como de costume, realizou uma penca de voltas super-rápidas.

A estratégia deu certo. Quando saiu do boxe, ele era o terceiro. Agora, Schumacher tinha apenas Jenson Button e Fernando Alonso na sua frente. A distância era razoável, mas o alemão não iria desistir. Colou no inglês da BAR e esperou por uma oportunidade. Ela veio na volta 47.

Na saída da curva Acque Minerale, Button encontrou retardatários pela frente e teve um momento de hesitação. Schumacher não desperdiçou a chance. Colocou por dentro e, de forma decidida, realizou a manobra na Variante Alta.

Os tiffosi iam à loucura. Com pista livre, o alemão voou nas voltas seguintes. Alonso, que já havia feito seu último pit stop, estava pesado. Schumacher aproveitou esse momento e cravou a volta mais rápida da corrida, logo antes de realizar sua parada.

O alemão visitou os boxes na volta 49. Alonso recuperou a liderança, mas sua vantagem não era confortável. Schumacher retornou três segundos atrás do espanhol. Em apenas um giro, porém, essa diferença já caiu para 1.3s. Começava o duelo.

A Ferrari de Schumacher rendia muito mais, principalmente por causa do ótimo desempenho dos pneus Bridgestone em baixas temperaturas. Se estivessem em qualquer outra pista do calendário - excluindo Mônaco e, talvez, Hungaroring - o alemão teria realizado a ultrapassagem sobre o espanhol sem dificuldade.

Mas estávamos em Imola. E, por maior que fosse o apoio das arquibancadas, que vibravam por Schumacher a cada passagem dos líderes, Alonso conseguia segurar a ponta. A pilotagem do espanhol era uma aula.

Havia retardatários à frente. E Alonso, sabendo disso, diminuiu o ritmo para não cometer o mesmo erro de Button, mais cedo na corrida. O espanhol foi realmente genial. Não só resistia à pressão de Schumacher, como controlava o ritmo da dupla.

O alemão estava desesperado. Em mais de um oportunidade, colocou o carro de lado antes da curva Tosa, a mais lenta de Imola. Alonso, de alguma forma, conseguia se manter frio. O espanhol mudava a trajetória em diferentes trechos da pista, sem deixar espaço para Schumacher.

Foram 12 ou 13 voltas sublimes. Uma verdadeira aula de pilotagem por parte do espanhol, e uma prova de persistência do alemão. Finalmente, os dois abriram a última volta. Colados, outra vez mais.

Na curva Tosa, como de costume, Schumacher tira de lado e ameaça. Alonso mantém sua linha e fecha o alemão, sem ceder. A disputa continua ao longo da volta. Em nenhum momento, o espanhol tem um instante de refresco.

Chegam à última chicane. Alonso contorna, seguro, enquanto Schumacher escorre, balança e trava as rodas, ainda sem aceitar a derrota. Mas já é tarde demais para o alemão. Ele perde a disputa por apenas 0.215s, a menor diferença em uma chegada da história de Imola.

Infelizmente para Schumacher, o ótimo rendimento da Ferrari na pista italiana foi uma exceção. Até o final de 2005, ele só venceria uma corrida. Mesmo assim, seria no patético G.P. dos Estados Unidos, quando apenas seis carros largaram para a prova. De qualquer forma, o alemão terminou o ano em terceiro lugar.

Fernando Alonso, por outro lado, sagrou-se o primeiro espanhol campeão mundial da história, batendo Kimi Raikkonen numa bela disputa ao longo do ano. Os dois não tiveram, porém, nenhum grande duelo direto em corridas. A grande prova de Alonso foi contra Schumacher, naquele emocionante Grande Prêmio de San Marino.

Pela garra, persistência, recuperação e velocidade impressionante do alemão, por causa da técnica, da frieza e do brilhantismo do espanhol em sua defesa de posição e pela importância da disputa, que simbolizou quase que uma passagem de bastão entre os dominadores da Fórmula 1, Fernando Alonso e Michael Schumacher levam o quarto lugar na lista dos Dez Maiores Duelos da História.

A seguir, o vídeo da último volta, narrado em espanhol:



A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta amanhã, com o número 3 da nossa lista. Ao longo do dia de hoje, o Blog retorna comentando as notícias mais recentes do mundo da velocidade. Nos vemos por aí!

Crédito das fotos:

6 comentários:

Anônimo disse...

cara, ótima escolha! Essa eu vi ao vivo pelo menos, é que algumas que voce colocou eram mais antigas e tal. Mas essa não eu vi foi só a dois anos para trás,né? Sensacional o Alonso, correu como um veterano enquanto o Schumacher não conseguiu passar de jeito nenhum. Vou esperar o resto da contagem depois dessa só deve vir sinistra!

Anônimo disse...

alonso deixou o shumaquinho no chinelo...

Fabio disse...

Torci demais p/ o Alemão... lembro de ficar de pé em frente a TV na última chicane.

Essa eu só tava esperando pra ver em que posição ia ficar. O 4º lugar só faz eu me sentir ainda mais privilegiado por poder ter acompanhado esse duelo na F1. Esse foi o 3º duelo que lembro dos que estão na lista. Muito legal!

Felipe Maciel disse...

Foi uma briga incrível, e o melhor de tudo é que no ano seguinte o Schumacher teve a oportunidade de revidar na mesma moeda, segurando o Alonso na mesma pista e vencendo sob pressão do mesmo jeito. Será que essa também tá na lista???

Fabio disse...

Bem lembrado, Felipe. Uma correção, foi o 4º duelo que presenciei... nada mal, han?!

Gustavo, legal você já ter corrido com o Nicolas e com o Fernando. Isso foi no RKC? Pena o Nicolas ter tido o azar de perder motor, deve ser muito frustrante ir até SP pra pegar um motor furado desses. Já o Fernando fez bonito.
O pessoal deve correr a 7ª etapa do Serrano ou a 7ª do Open Carioca, vamos ver como vão se sair!

O Olin Galli dá uma matéria só pra ele. O garoto é bom.

Abraço.

Anônimo disse...

Eu lembro desta corrida. Foi um final de semana empolgande. Marcou a disparada da Renault rumo ao título.