Chegamos à segunda metada da nossa lista e, a partir de agora, só temos disputas absolutamente magníficas pela frente. Ao longo dessa semana, conheceremos os números 5, 4 e 3 do ranking. Sem perder mais tempo, vamos continuar:
10. Senna x Alesi - Estados Unidos/1990
9. Piquet x Mansell - Austrália/1990
8. Schumacher x Hill - Bélgica/1995
7. Alonso x Massa - Europa/2007
6. Senna x Mansell - Mônaco/1992
QUINTO COLOCADO - Elio de Angelis x Keke Rosberg no Grande Prêmio da Áustria de 1982
Em meados de 1982, a Fórmula 1 precisava desesperadamente de boas notícias. O ano estava sendo desastroso para a categoria, embora o destindo do campeonato ainda estivesse totalmente indefinido. Duas fatalidades e um acidente sério o suficiente para encerrar a carreira do líder da temporada deixaram em pânico os dirigentes.
Se não bastasse isso, o ano ainda havia sido turbulento fora das pistas. Na África do Sul, etapa inicial da temporada, os pilotos fizeram um greve em protesto à adoção, pela FIA, da super-licença. A corrida quase foi cancelada, mas aconteceu normalmente.
Na prova seguinte, no Rio de Janeiro, os dois primeiros colocados, Nelson Piquet e Keke Rosberg, ficaram ameaçados de desclassificação por levarem em seus carros um compartimento chamado de "caixa preta". O acessório recebia uma quantidade de água que completava o peso mínimo obrigatório.
Durante a corrida, o compartimento se abria e eliminava o líquido, tornando o carro muito mais leve. A Ferrari, em protesto, usou um carro com dois aerofólios traseiros em Long Beach. Foi desclassificada, e Gilles Villeneuve perdeu os pontos do terceiro lugar.
Enzo Ferrari, então, ameaçou retirar sua equipe do campeonato caso os resultados do Grande Prêmio do Brasil fossem mantidos. Assim, Piquet e Rosberg foram desclassificaos, algo que foi visto como uma manobra política pelas equipes inglesas. Todas elas - com exceção da Tyrrell - boicotaram a etapa de San Marino, em Imola.
Na prova em questão, apenas catorze carros - o número mínimo - largaram. Gilles Villeneuve e Didier Pironi, os dois da Ferrari, tinham a vitória sob controle. Villeneuve, achando que teria preferência como primeiro piloto, deixou o francês passar à frente.
Nas últimas voltas, percebendo que Pironi não abriria mão do triunfo, Villeneuve tentou de todas as formas recuperar a liderança. Não conseguiu. Naquele dia, Villeneuve prometeu nunca mais trocar palavras com Pironi. E cumpriu a promessa.
Duas semanas depois, no circuito belga de Zolder, Gilles Villeneuve morria durante o treino classificatório para a corrida. A Fórmula 1 perdia um de seus pilotos mais amados. Mas não seria a única tragédia do campeonato.
Em Montreal, no G.P. do Canadá, o italiano Riccardo Paletti faleceu em decorrência de um acidente na largada. Dois meses depois, em Hockenheim, Alemanha, era a vez de Didier Pironi sofrer um pavoroso acidente. O piloto da Ferrari, que liderava a tabela de pontos, sobreviveu. Mas não voltaria a pilotar, nunca mais, um carro da Fórmula 1.
Foi nesse ambiente que a categoria chegou ao circuito austríaco de Österreichring (à direita), para a disputa do 12º Grande Prêmio do campeonato. Na tabela de classificação, Pironi somava 39 pontos. O francês, porém, não passaria mais disso até o final do ano.
Assim, o título ainda estava totalmente em aberto. John Watson tinha 30 pontos, sendo seguido de perto por Keke Rosberg (27), Alain Prost (25) e Niki Lauda (24). Outros sete pilotos tinham entre 10 e 20 pontos, ou seja, ainda estavam na briga.
No grid de largada, as Brabham dominaram. Riccardo Patrese era pole, com Nelson Piquet em segundo. A Renault de Alain Prost aparecia em terceiro. A única Ferrari na pista, de Patrick Tambay, vinha na quarta posição. O público austríaco torcia por ela e pelo piloto da casa, Niki Lauda, que largava de décimo.
Keke Rosberg e Elio de Angelis, os futuros protagonistas da corrida, eram sexto e sétimo, respectivamente. Ninguém poderia prever que a vitória ficaria entre eles. Antes de sua disputa, porém, muita coisa ainda ia acontecer.
Um acidente na largada tirava as duas Alfa Romeo de Andrea de Cesaris e Bruno Giacomelli, obrigando grande parte do grid a desviar para não bater. Lá na frente, os quatro primeiros mantiveram suas posições de largada. Logo depois, Nelson Piquet ultrapassou Riccardo Patrese para tomar a ponta.
Para desespero do público, a única Ferrari de Patrick Tambay teve um furo de pneu, que tirou o piloto francês da luta pela vitória. Também com problemas em seus compostos, Nelson Piquet foi ficando para trás, até abandonar a 23 voltas do final. Outros ponteiros foram saindo da disputa, progressivamente.
O abandono de Riccardo Patrese foi o mais espetacular. O italiano teve um vazamento de óleo, que provocou uma rodada. Sua Brabham subiu um monte do circuito de Österreichring, ficando presa numa posição inclinada e quase acertando uma torcedora que havia invadido a pista.
A corrida parecia estar definida, com Alain Prost liderando com tranqüilidade. A cinco voltas do final, porém, tudo mudou. O motor Renault do francês falhou, soltando chamas e provocando o imediato abandono de Prost.
De repente, Elio de Angelis encontrou-se na ponta, faltando pouco para a bandeirada. O italiano da Lotus fazia uma corrida discreta e eficiente, ficando longe dos problemas. Seu triunfo, porém, tinha uma ameaça: Keke Rosberg.
Nenhum dos dois já havia vencido na Fórmula 1. Rosberg, porém, estava disputando o campeonato. Com o fim da prova se aproximando, o "finlandês voador" foi com tudo para cima do líder. Começava o duelo.
Durantes as últimas quatro voltas, Rosberg foi tirando a diferença para de Angelis. O finlandês estava possuído, enquanto o italiano tinha problemas de equilíbrio com a sua Lotus. Não parecia que Rosberg conseguiria encostar até o final, mas ele chegou em seu rival.
A atmosfera no circuito era tensa. Apenas oito pilotos continuavam na prova, mas o público só tinha olhos para dois deles. No momento em que abriram, colados, a última volta da prova, a diferença entre os dois era de apenas 1,6 segundo.
Parecia ser o suficiente. Mas de Angelis cometeu um pequeno erro ao chegar na Glatz Kurve, permitindo a aproximação de Rosberg. Seria um final de arrepiar. Gingando pela pista, o finlandês tenta achar um ponto para realizar a manobra. Ele só teria uma oportunidade.
Na pequena reta que procede a Rindt Kurve - a última do circuito - Rosberg consegue chegar suficientemente perto. Mas de Angelis, percebendo a ameaça, desloca-se para o meio da pista, impedindo que o finlandês fique lado a lado com ele.
Rosberg não se dá por vencido. Balançando o carro, o finlandês decide esperar os últimos metros para uma tentativa desesperada. Sai mais rápido da curva, pega o vácuo de seu rival e bota por dentro enquanto eles já ultrapassam as marcações das últimas posições do grid.
Os dois cruzam a linha de chegada lado a lado. Por muito pouco, Rosberg não consegue a ultrapassagem Elio de Angelis vence sua primeira corrida na Fórmula 1 com uma distância ínfima, de apenas 0.125 segundo. Uma das menores da história.
Rosberg perdeu a batalha, mas ganharia a guerra. No fim do ano, ele sagrou-se campeão mundial de 1982 vencendo apenas uma corrida - o G.P. da Suíça, em Dijon - e batendo o britânico John Watson por apenas cinco pontos. De Angelis, por sua vez, fechou o campeonato em nono.
Durante os anos seguintes, Keke Rosberg conseguiria algumas vitórias, mas nunca voltaria a disputar o título até sua aposentadoria no final de 1986. Nesse mesmo ano, Elio de Angelis perderia a vida numa acidente na pista francesa de Paul Ricard, durante um teste particular. De qualquer forma, nenhum dos dois será esquecido após a maravilhosa disputa que travaram naquele dia, na Áustria.
Pela garra, persistência e agressividade do finlandês, pela frieza, eficiência e ótima defesa de posição do italiano, e por terem feito a Fórmula 1 respirar aliviada após viver alguns de seuas piores momentos de sua história, Elio de Angelis e Keke Rosberg levam o quinto lugar na lista dos Dez Maiores Duelos da História.
A seguir, o vídeo da última volta, narrado em inglês:
A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta amanhã, com o número quatro da lista dos Dez Maiores Duelos da História. Ao longo dessa terça, o Blog volta comentando as principais notícias do dia. Até mais!
Crédito das fotos:
Número cinco - http://www.fivestyle.com/
Elio de Angelis - http://www.1tributes.free.fr/
Keke Rosberg - http://www.derapate.it/
Rosberg com a Williams - http://www.f1-facts.com/
Fotos da chegada (ambas): http://www.f1-facts.com/
5 comentários:
valeu, blog! gostei dessa, achei que só iamos ficar com os duelos mais recentes. excelente texto, não sei como vc arruma tempo para escrever tanto rsrsrs
conhecia seu blog há pouco tempo e estou impressionado com seu trabalho. Ontem eu já elogiara voce mas preciso fazer isso de novo. parabéns pelo texto e pelo excelente conhecimento da história da Fòrmula-1. Continuarei prosseguindo o acompanhamento desta série, mas algo me diz que vai dar Arnoux x Villeneuve em primeiro lugar.
parabéns
Cacau,
Muito obrigado pelos elogios! Qualquer sugestão que você tenha, pode mandar para blogf1grandprix@hotmail.com
Marcos,
Hoje eu só tive uma aula na faculdade porque alguns de meus professores faltaram. Quando tenho tempo sobrando, o texto acaba ficando longo mesmo!
Grande abraço a todos!
boa escolha, gustavo. Seus textos históricos são ótima diversão para quem gosta de automobilismo.
Eu já tinha visto esse acidente do Patrese no Youtube, realmente é bizarro! E q final de corrida, mas sei lah, acho q Massa x Alonso foi melhor q essa.
Ateh!
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