terça-feira, 25 de setembro de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: Os Dez Erros Mais Constrangedores da História - Número Quatro

Já estamos quase lá. Ao longo dessa semana, vamos contar os números 4, 3 e 2 na lista dos Dez Erros Mais Contrangedores da História. Bobagens inacreditáveis, que até grandes campeões são capazes de fazer. Como, aliás, é o caso de hoje. Sem mais delongas, vamos continuar:

(Atendendo a um pedido do internauta Jean, a partir de hoje o Blog F1 Grand Prix deixa os links para os posts anteriores da seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix. Por questões de direito de imagem, retiro todas as fotos quando elas passam para o arquivo. Os textos e os vídeos, porém, seguem inalterados).

QUARTO COLOCADO - Jack Brabham no Grande Prêmio de Mônaco de 1970
O erro: Perdeu a vitória ao errar a freiada para a última curva da última volta

Em qualquer lista dos maiores da história do automobilismo, Jack Brabham precisa estar presente. Afinal, seus resultados ao longo da carreira - embora nem sempre destacados - foram superiores aos de muitos pilotos celebrados pelo público e pelos especialistas. Vejamos alguns exemplos.

Brabham venceu 14 vezes na Fórmula 1, mais do que Alberto Ascari, Mario Andretti e Gilles Villeneuve. Fez 13 poles, ganhando de Jochen Rindt, John Surtees e Nino Farina. Conquistou três títulos, batendo Jim Clark, Nigel Mansell e Stirling Moss.

Para completar, o australino é, até hoje, o único piloto que conseguiu levar um troféu de campeão com um carro construído por ele mesmo. A lista do que falharam é extensa: Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi, Graham Hill, Alain Prost e John Surtees são apenas alguns dos que vêm à mente.

Apesar desse currículo espetular, Brabham não fugiu de um erro, um único errinho, que representa uma minúscula mancha na sua história. A bobagem não afetou sua história, mas ficou marcada como uma das maiores besteiras já vistas na Fórmula 1.

Para piorar, o australiano já era um veterano quando fez a trapalhada. Foi em 1970, altura na qual Brabham já havia vencido seus três títulos e transformado sua equipe numa das mais fortes do pelotão. O cenário: Mônaco, a pista que não perdoa erros.

Antes da temporada começar, Brabham estava certo de sua aposentadoria. Para sua surpresa, porém, não encontrou nenhum piloto bom o suficiente que estivesse interessado na vaga aberta no seu time. Como não queria competir com um carro a menos, o australiano tomou a decisão óbvia.

"Nesse caso, vou eu mesmo", deve ter pensado Brabham. E foi exatemente isso que ele fez. Ao lado do alemão Rolf Stommelen - seu subordinado mas também companheiro de equipe - o australiano tomou parte na primeira corrida do ano, na África do Sul.

Contrariando todas as expectativas, o tri-campeão venceu, naquele que seria seu último triunfo na Fórmula 1. Brabham teve uma performance perfeita, daquelas que só grandes campeões são capazes de proporcionar. No resto do ano, entretanto, o australiano não teria outras comemorações.

Ele saiu da pole position mas quebrou na prova seguinte, na Espanha. Então, a Fórmula 1 chegou a Mônaco, para a disputa do terceiro Grande Prêmio da temporada. No treino de classificação, o escocês Jackie Stewart, correndo com um chassis da March, cravou o melhor tempo.

O neo-zelandês Chris Amon, também com um March, completava a primeira fila, seguido de Denny Hulme, da McLaren, e de Brabham, o quarto. Algumas posições atrás, em oitavo, aparecia o futuro ganhador daquela corrida, Jochen Rindt, com sua Lotus. Na largada, Stewart assumiu a liderança com Amon e Brabham logo a seguir.

Enquanto isso, Rindt era o sétimo, preso na traseira da Matra de Henri Pescarolo. Lá na frente, Brabham supera Amon na volta 22, quando o neo-zelandês começou a ter problemas de freios. Não demorou muito e o australiano assumiu a ponta, quanto Stewart sofreu uma quebra cinco giros depois.

A partir daí, a corrida parecia tranqüila para Brabham. O tri-campeão tinha um ritmo seguro e uma distância confortável, que lhe permitia até poupar o carro. Na segunda metade da prova, porém, o ritmo do G.P. se tornaria frenético e as últimas voltas seriam das mais emocionantes da história.

Rindt havia finalmente encontrado sua forma. Além de passar Pescarolo e Hulme, contou com os abandonos de Amon, Jacky Ickx e Jean-Pierre Beltoise para alcançar a segunda posição. Faltavam agora pouco menos de 20 voltas para a bandeirada e a vantagem de Brabham ficava em torno de 15 segundos.

Foi aí que as coisas começaram a dar errado para o australiano. Como ele mesmo descreveu mais tarde, "nunca encontrei tantos retardatários em toda a minha vida quanto naquelas cinco voltas finais". De fato, a sorte não ajudou Brabham. Mas ele também teve uma grande parcela de culpa no que aconteceu nos últimos metros da prova.

Na volta 77, de 80, o tri-campeão encontra Jo Siffert sem gasolina a sua frente. Precisa desviar para não bater e perde cinco segundos. A diferença para Rindt cai para 2.4s ao fim do 78º giro, e se anula quando os dois abrem a última volta.

A contornar a curva da Tabacaria - a penúltima no antigo traçado de Mônaco - Brabham sente Rindt sair com mais velocidade. Pelo retrovisor, a Lotus do austríaco vai aumentando de tamanho. Para piorar, o australiano encontra na sua frente o retardatário Piers Courage, com o sofrível carro da equipe de Tomoso, à época dirigida por um certo Frank Williams.

O australiano não sabe o que faz. Após um instante de hesitação, escolhe passar Courage por dentro na fechada curva do Gasômetro, a última de Mônaco. Brabham não poderia ter feito pior escolha. No momento em que abre para realizar a manobra, o australiano perde completamente o ponto de freiada para o grampo.

Ele ainda tenta consertar mas a sorte, uma vez mais, não está lá. Brabham passa sobre uma mancha de óleo e perde o controle. Por mais que tente, não consegue fazer a curva. Seus freios travam, soltando uma leve fumaça enquanto o carro do australiano se dirige, inexoravelmente, para a barreira de proteção.

Sem cometer o mesmo erro, Rindt passa e vence, surpreendendo o fiscal responsável por dar a bandeirada final. Este, que esperava o carro de Brabham, fica perdido e deixa de sinalizar o fim da corrida. Como se vê, Pelé não foi o primeiro a conseguir essa proeza...

Enquanto Rindt comemorava, Brabham ainda tenta voltar à corrida. Finalmente, consegue religar o motor e completa a prova em segundo. Nenhuma consolação para quem esteve tão perto, tão perto de uma vitória.

Ao fim de 1970, Brabham abandonaria as pistas de vez. Ficou lembrado, para sempre, como um dos grandes nomes da história do esporte. O erro em Mônaco, apesar de constrangedor, não marcou sua carreira nem um pouco. Ainda bem. O tri-campeão merece ser recordado pelos seus inúmeros feitos. A bobagem, vamos admitir, foi inacreditável. Mas, na história de "Old Jack", fica em segundo plano.

Por ter perdido a corrida após abrir uma confortável distância na liderança, por ceder à pressão de Rindt apesar de toda a sua experiência e, pura e simplesmente, por ter perdido a corrida ao errar na última curva, da última volta, Jack Brabham leva o quarto lugar na lista do Dez Erros Mais Constrangedores da História da Fórmula 1.

A seguir, o vídeo da pataquada:



A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta amanhã, com o número 3 de nossa lista. E hoje, ao longo do dia, comentários sobre as principais notícias do mundo da velocidade. Até mais!

(O Blog F1 Grand Prix participou, na última segunda, do podcast "Por dentro dos boxes" do Globoesporte.com. A partir das 9 horas de hoje, a gravação vai estar disponível no ótimo espaço do Rafael Lopes e também na página inicial de "esporte a motor" do portal. Se você não está cansado dos meus pitacos aqui no Blog, não deixe de baixar!)

Crédito das fotos:
Número Quatro - http://www.dkimages.com/
Jack Brabham (rindo) - http://www.grandprix.com/
Jack Brabham com o carro de número cinco - http://www.gptotal.com.br/
Erro I e Erro II - http://www.youtube.com/

9 comentários:

Anônimo disse...

essa realmente foi horrível! Tudo bem que o Brabham merece seu lugar na História mas tambem vai ser lembrado por esse erro. PEla tv não dá para ver direito como foi mas pela descrição percebe-se que realmente foi feia a bobagem.

Valeu!

Anônimo disse...

Fico até chateado de ver um dos meus ídolas nessa lista mas ele tinha que estar, eu sei. O Jack Brabham tem outro valor imensurável para a Fórmula-1 pois foi ele que começou a andar com carros de motor traseiro. Isso também foi histórico!

Anônimo disse...

coisa feia, black jack! Ainda bem que voce tem muito crédito tambem!! rsrsrs

Não faço a menor idéia do primeiro. quero só esperar para ver...

Unknown disse...

se o 4. é o Brabham, imagina quem serão os 3 primeiros...

Mancada total!

Anônimo disse...

Gustavo,

Gostaria de pedi-lo q coloque o ranking como link para cada descrição detalhada a qual refere-se. Pois não pude ler alguns no dia q postou e assim fica mais facil ve-los posteriormente. Bastando apenas clicar sobre o link desejado.

Obrigado e mais uma vez parabens pelo otimo trabalho e conteudo deste blog.

Anônimo disse...

Essa eu não sabia !!! Sir jack Brabham teve seu dia de " Montoya". Não esperava isso dele. Gostei muito dessa. Surpreendente.

Net Esportes disse...

Nossa !!! isso é pior que acabar o combustível na última curva.....

que época essa hein, eu nem tinha nascido.... o mais impressionante que eu vi ali - um fotógrafo do lado da pista, tipo na calçada ...... muito loko.

Blog F1 Grand Prix disse...

Jean,

No momento, estou em aula na minha universidade. Assim que chegar em casa, à noite, eu faço isso que você pediu.

Grande abraço!

Anônimo disse...

Q vergonha hein...
Mas o pior de tudo é que faltam só 3 e ainda naum vi Senna 88 e Mansell 91, justos os q naum queria ver em 1º...