A dolorosa multa de 50 milhões de dólares não foi o único prejuízo que a McLaren teve por envolver-se no fatídico caso de espionagem. Além de sofrer as conseqüências no bolso, o time prateado ainda vai ser obrigado a passar por um constrangimento e tanto: submeter seu modelo 2008 a uma inspeção rigorosa da FIA.
Em entrevista à rede BBC, o presidente da entidade, Max Mosley, defendeu a importância da vistoria no futuro carro da equipe inglesa. Nas suas próprias palavras: "Vamos fazer de tudo para ter certeza de que a McLaren não vai carregar idéias da Ferrari". À primeira vista, pode até parecer que Mosley está apenas defendendo a "justiça" no esporte. Mas será que essa é a única razão para a inspeção?
Aqui, o golpe é na moral da McLaren. Porque não existe, realmente, necessidade de fazer a tal "avaliação". O objetivo é essencialmente político: a FIA deseja dar uma demonstração de força, dando a entender que está observando qualquer tipo de ato suspeito na equipe inglesa. Claro que vai ser feita uma procura por elementos "copiados".
Mas a entidade não tem parâmetros para determinar se a McLaren, de fato, usou algum dado roubado da Ferrari. Primeiro: a própria equipe vermelha não cedeu suas informações mais sigilosas à FIA. Sendo assim, os inspetores não tiveram contato com todos os dados que poderiam ter sido aproveitadas pela McLaren. Como saber se o elemento é "copiado" se o "original" também não é conhecido?
Além disso, há outro problema: segundo Mosley, os avaliadores vão ser "especialistas externos". Ou seja, gente que não é do mundo da Fórmula 1, nem acompanha o ritmo de desenvolvimento frenético a que chegam os carros da categoria. Será que, não sendo do meio, essas pessoas vão ser capazes de identificar semelhanças entre McLaren e Ferrari? Parece difícil.
A princípio, eu seria favorável à vistoria. Considerando as circunstâncias, porém, sou contra. Porque os inspetores precisam ser especialistas na categoria. E todos os experts da tecnologia da Fórmula 1, hoje em dia, estão empregados em alguma equipe. Fazer uma avaliação imparcial do modelo 2008 da McLaren é, portanto, simplesmente inviável.
Por fim, existe um último motivo para não acreditar na ingenuidade da vistoria da FIA: Max Mosley admitiu que, mesmo se fossem achados elementos ilegais, a McLaren não vai seria impedida de correr o campeonato. No máximo, o time prateado ficaria impedido de competir entre os construtores, como neste ano.
Posso estar errado, mas essa "avaliação" está parecendo mais uma "encenação".
Crédito das fotos: http://www.f1newsblog.com/ e http://www.gpupdate.net/
7 comentários:
Muito bom seu texto, gustavo. Eu também nunca me convenci muito por Mad Max não!! Tudo bem que essa inspeção pareca ser boazinha e tal mas é obvio mesmo que tem coisa por tras. Duvido que eles achem coisas na Mclaren. Eles querem mesmo é humilhar!!
Não concordo. Quer dizer então que se a McLaren tiver algo errado no carro vai ficar por isso mesmo?
Enrique,
Acho que você não me entendeu. Sou contra a vistoria porque não vejo possibilidade da FIA encontrar algo errado no carro da McLaren. Por vários motivos: os inspetores não são especialistas, a Ferrari não cedeu seus próprios dados, etc, etc. Do jeito como está sendo feita, a inspeção já virou instrumento político e de demonstração de poder, apenas.
Grande abraço!
Gustavo Coelho
O Max espera o que? Achar peças com uma marquinha "genuine product of Maranello/Italy" no carro da Mclaren? Oras... Me poupe.
O Max quer aparecer. Que dêem um presunto (pode ser parma, "Made in Italy") para ele pendurar no pescoço.
[]´s
Kohara
Made in Italy aih em cima foi otimo, hahaha
Concordo com o Worstlap...
E como eles vao determinar isso???se é ou ñ copiado..??Enfim,é tanta coisa q cada vez mais essa história parece piada.Perde a credibilidade.
Abraços,
Blog Guard Rail
A FIA finge que investiga, a McLaren finge que o carro é limpo, a gente finge que acredita e vamos todos para a temporada de 2008, que é o que interessa.
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