Fechamos as edições da semana de Os 10+ do Blog F1 Grand Prix com uma batida que, com certeza, ainda está fresquinha na memória de vocês. Essa tem lugar cativo em qualquer lista dos maiores acidentes. Sem perder mais tempo, vamos em frentre:
10. Martin Brundle - Austrália/1996
7.Andrea de Cesaris - Áustria/1985
SEXTO COLOCADO - Luciano Burti no Grande Prêmio da Alemanha de 2001
Se Luciano Burti estivesse participando dos X Games, sua pancada em Hockenheim, em 2001, ganharia uma nota máxima. Em termos de air, sua execução foi praticamente perfeita. Raras vezes, na história da Fórmula 1, um carro voou tão alto quanto a Prost do brasileiro na largada daquele G.P. da Alemanha.
Por uma dessas injustiças do esporte, Burti vai ficar para sempre associado aos dois graves acidentes que sofreu na Fórmula 1 (o outro, em Spa-Francochamps, terminou por decretar o fim de sua trajetória na categoria). Mas o brasileiro merecia muito mais. Dono de técnica refinada, Burti simplesmente não deu sorte em seu curto período na Fórmula 1.
A carreira internacional do paulistano começou em 1998, quando ele conseguiu uma vaga na Fórmula 3 Inglesa. Tendo dado o primeiro passo - considerado por muitos o mais difícil - Burti parecia encaminhado para uma história de sucesso. Nem sempre, porém, as coisas saem exatamente como planejado.
Até ali, tudo corria bem para Burti. Contratado pela Stewart Racing, ele criou um bela relação de amizade com o tri-campeão Jackie e o filho deste, Paul, que comandavam a equipe. A escuderia, aliás, também estava presente na Fórmula 1. Era óbvio que Burti estava fadado a ganhar uma chance mais cedo ou mais tarde.
Em 1999, o piloto paulistano acabou perdendo o título para o inglês Mark Hynes, que viria a se tornar um obscuro competidor da Porsche Supercup. Ironicamente, quem conseguiu vaga na Fórmula 1 depois daquele ano foi o terceiro colocado no certame, uma jovem promessa chamada Jenson Button.
Burti precisou se contentar com o cargo de piloto de testes da Stewart. De repente, porém, a situação mudou drasticamente. No fim de 1999, a Ford - através de sua marca Jaguar - comprou a equipe, mudando a filosofia de trabalho de forma imediata. Burti foi mantido, mas estava claro que não fazia parte dos planos do time novato a longo prazo.
Ao longo de 2000, Burti cumpriu seu trabalho como piloto de testes. E, em A1-Ring, no Grande Prêmio da Áustria, ele ganharia sua primeira chance na Fórmula 1. O titular da Jaguar, Eddie Irvine, ficou fora por causa de uma lesão no abdômen e Burti foi a escolha óbvia para substituí-lo. Sofrendo com problemas de câmbio, o piloto brasileiro fez uma estréia razoável para as circunstâncias.
Ele largou em 21º, entre 22 pilotos, e terminou na 11ª posição, de 12 que chegaram ao fim. Apesar do desempenho discreto, Burti foi efetivado como titular da Jaguar em 2001, depois que o outro piloto da equipe - Johnny Herbert - aposentou-se no fim da temporada. Fora das pistas, porém, a situação do brasileiro era bem difícil.
Protegido dos dirigentes da Jaguar, o espanhol Pedro de la Rosa foi contratado como piloto de testes com a promessa de que seria titular em 2002. Como o acordo de Eddie Irvine com a equipe era mais longo, ficou claro que iria sobrar para Burti. Consciente disso, o brasileiro iniciou a temporada de 2001 sabendo que precisaria arrumar outro cockpit para o ano seguinte.
O campeonato começou bem para Burti, quando ele foi oitavo no G.P. da Austrália. Depois disso, ele ainda conseguiria um décimo na Malásia e um 11º em San Marino, antes de deixar a Jaguar, após apenas quatro corridas. O brasileiro recebeu um convite da Prost, que havia demitido o lento Gaston Mazzacane, e não titubeou.
Logo em sua estréia pela equipe francesa, Burti surpreendeu ao superar seu experiente companheiro, Jean Alesi, nos treinos de classificação. Na corrida, o veterano recuperou o comando, em parte porque Burti sofreu um forte desgaste físico. A Prost, por incrível que pareça, não tinha direção hidráulica...
Não demorou muito, porém, para que Burti encontrasse seu ritmo na equipe francesa. No Canadá - corrida em que Alesi foi um excelente quinto - o brasileiro igualou seu melhor resultado, ao terminar em oitavo. Infelizmente, naquela época, essa posição ainda não contava pontos para o campeonato.
Seguiram-se três G.Ps. sem muito destaque, até que a Fórmula 1 chegou à Alemanha. Na terra de Michael Schumacher, foi realizada a 12ª etapa da temporada, pela última vez no anel completo de Hockenheim. A partir de 2002, a fantástica pista de alta velocidade seria mutilada em prol das novas recomendações de segurança.
Burti era o 16º no grid, duas posições atrás de Alesi. Nada indicava que, naquele dia, o brasileiro ficaria conhecido no mundo inteiro. Mas um acidente espetacular, logo nos primeiros metros da corrida, marcaria a sua trajetória para sempre. Uma batida que, tão cedo, não será facilmente esquecida.
Correndo em casa e perto de seu tetra-campeonato, Michael Schumacher largava de quarto. Na saída, o alemão teve algum tipo de problema hidráulico, e seu carro ficou preso em primeira marcha. Todo o pelotão conseguiu evitar a lenta Ferrari do alemão. Quer dizer, quase todo. Vindo lá de trás, Burti não viu o carrinho vermelho e encheu a traseira de Schumacher.
O que acontece a seguir é memorável. Burti decolou, atingindo uma altura impressionante. Seu carro ficou quase em vertical e estava pronto para cair de cabeça para baixo quando a pobre Arrows de Enrique Bernoldi foi acertada pela Prost voadora. Com a nova batida, Burti caiu em pé, deslizando pela pista elegantemente até parar na caixa de brita.
O inocente Bernoldi, por sua vez, levou como souvenir um dos pneus de Burti, que ficou preso na sua traseira. Schumacher também ficou com sua Ferrari completamente avariada, e sem a mímima condição de prosseguir na corrida. Numa decisão estranha, porém, a direção de prova mostrou a bandeira vermelha, quando a escolha mais provável seria a entrada do safety car.
A corrida foi interrompida e, pelos próximos minutos, a emissora responsável pela transmissão das imagens não se cansou de repetir a decolagem de Burti. Pela primeira vez desde que havia chegado à Fórmula 1, o piloto brasileiro passou a ser o centro das atenções. Infelizmente, por causa de um acidente.
Na nova largada, Burti evitou problemas, mas saiu da pista na 23ª volta, abandonando a corrida. Na prova seguinte, em Hungaroring, ele também não recebeu a bandeira quadriculada. Então, no G.P. da Bélgica, em Spa-Francochamps, um acidente com o ex-companheiro Eddie Irvine levou todos a esperarem o pior.
Burti bateu em altíssima velocidade na perigosa curva Blanchimont. Ele perdeu os sentidos imediatamente, e seu estado parecia ser bastante preocupante. Levado ao hospital, o brasileiro consegue escapar sem seqüelas, mas sua carreira na Fórmula 1 estava encerrada. A falência da Prost, no fim do ano, também não ajudou e Burti acabou sem vaga para 2002.
Ele ainda conseguiria um lugar como piloto de testes da Ferrari, ganhando um vasto conhecimento técnico que ele coloca em prática atualmente nas transmissões da Rede Globo. A trajetória de Burti na Fórmula 1 terminou, mas o piloto brasileiro não passou batido pela categoria. Seus resultados foram escassos, é verdade. Porém, acidentes como aquele na Alemanha, em 2001, ficaram na memória.
Pelo vôo absolutamente sensacional e inacreditável, digno de uma nota 10 em competições de manobras radicais, por ter roubado a cena naquela corrida de Hockenheim e por ter marcado a carreira de Luciano Burti, o acidente do piloto brasileiro no G.P. da Alemanha de 2001 leva o sexto lugar na lista dos Dez Acidentes Mais Espetaculares da História.
A seguir, o vídeo da pancada:
A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta na terça que vem, com o número cinco da nossa lista. E hoje, ao longo do dia, comentários sobre as principais notícias do mundo da velocidade. Até mais!
Crédito das fotos:
Número Seis - http://www.sepad.ee/
Luciano Burti - http://www.vw.com.br/
Luciano Burti dentro do carro - http://www.atlasf1.autosport.com/
Acidente I a V - http://www.youtube.com/
6 comentários:
esta não podia faltar mesmo. Foi a primeira das batidas da lista que eu assisti. Fiquei com medo, pois o Burti foi muito alto. Ainda bem que não aconteceu nada porque ele podia ter se machucado.
e dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe Buuuurti!! Que pancão esse aí! Ta muito massa a lista embora eu já tenha certeza de quem voce vai escolher para primeiro rs
Acho que você tá puxando um pouco o saco do Burti, Gustavo ahaha
Coitado do Luciano, gosto dele mas a carreira deele se resumiu a esses dois acidentes e esse da alemanha foi com certeza o pior..
Abs,
Mauricio
Esse não é o único pancão dele que merece entrar na lista, talvez tenha outro, mas como a palavra é "espetacular" pode ser que não entre porque aquele em Spa foi violento mas sem essa firula aérea.
Eu acho q o de Spa foi mais violento, esse foi mais bonito quanto a plástica. Bom, importante eh q ele ficou marcado na F-1 por isso...
O Burti já passou por poucas e boas na F1 tambem....
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