quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: Os Dez Acidentes Mais Espetaculares da História - Número 7

Continuamos, hoje, nossa saga através das maiores pancadas da história da Fórmula 1. O protagonista desta quarta é um piloto que, sem dúvida nenhuma, merece lugar cativo na lista. Sem mais delongas, vamos em frente:

SÉTIMO COLOCADO - Andrea de Cesaris no Grande Prêmio da Áustria de 1985

Se existe alguém que não poderia faltar na lista dos maiores acidentes, esse alguém é Andrea de Cesaris. Nenhum outro piloto, ao longo de sua trajetória na Fórmula 1, ficou tão marcado por envolver-se em tantas batidas quanto de Cesaris. Não era apenas questão de estar no lugar errado na hora errada.

De Cesaris tinha uma capacidade quase natural de provocar acidentes. Sua lista pessoal é extensa e variada. Em 15 anos de Fórmula 1 - um período bastante respeitável, diga-se de passagem - o italiano provocou reações em cadeia, tirou companheiros de equipe da pista nos piores momentos possíveis e destruiu mais carros do que qualquer um pode imaginar.

Um acidente, em especial, chama atenção na lista de "Andrea de Crasheris", como ele foi apelidado pela mídia britânica logo no início de sua carreira. Uma verdadeira obra-prima, que se destaca em meio a todas as outras pancadas da conta do italiano. E olha que isso não é muito fácil não.

Andrea de Cesaris começou sua trajetória na Fórmula 1 no fim de 1980, na Alfa Romeo. A oportunidade veio como substituição ao compatriota Vittorio Brambilla, outro piloto dos mais folclóricos que já passaram pela categoria. De Cesaris quebrou na estréia, no G.P. do Canadá, e bateu na segunda volta na etapa dos Estados Unidos. Seria algum presságio?

Para surpresa de muitos, o italiano engajou-se na McLaren para a disputa da temporada seguinte. O motivo: o favorecimento dos cigarros Marlboro, que fez pressão para colocar de Cesaris na tradicional equipe inglesa. Seu primeiro ano completo na Fórmula 1, sob todos os aspectos, seria um desastre.

Outras treze temporadas não foram suficientes para apagar a péssima impressão que de Cesaris deixou logo de cara. Em 15 corridas pela McLaren, o italiano conseguiu a proeza de empenar 16 chassis. Isso sem contar os seis acidentes em corrida e a façanha do Grande Prêmio da Holanda, quando ele não largou por já ter destruído todos os carros disponíveis.

Fora das pistas, de Cesaris ficou conhecido pelos seus tiques nervosos. Bastava observar o italiano durante um tempo. Não dava outra: ele logo começava a piscar os olhos rapidamente, de forma nervosa e repetitiva, além de mexer o pescoço de um lado para o outro, como se estivesse tendo espasmos musculares.

Após a horrorosa temporada de 1981, de Cesaris transferiu-se para a Alfa Romeo, equipe onde permaneceu nos dois anos seguintes, conseguindo até alguns resultados de relevância. Em 1983, ele conseguiu uma dupla de segundos lugares, na Alemanha e na África do Sul. Seriam as melhores colocações de toda a sua carreira.

O ano de 1984 trouxe uma nova mudança de ares para de Cesaris. Dessa vez, ele foi para a Ligier. Na decadente equipe francesa, o italiano não conseguiu mais do que três pontos, mas manteve a vaga para a temporada seguinte. Em 1985, de Cesaris não teria nenhum grande resultado. Mas ganharia a atenção de todos com o acidente que ele sofreu no G.P. da Áustria.

Quando chegou ao veloz circuito de Österreichring - o de maior velocidade média do calendário da Fórmula 1 - de Cesaris estava devendo. O italiano tinha apenas três pontos, contra dez de seu veterano companheiro de equipe, Jacques Laffite. Mesmo precisando mostrar serviço, de Cesaris não passou de 19º no grid. Na corrida, as coisas não melhorariam muito.

Na 13ª volta, quando ele se aproximava da Texaco Schikane, tudo deu errado de forma muito rápida. De Cesaris seguia a Renault de Derek Warwick, quando sua traseira resolveu escapar. O italiano tentou consertar mas errou na dose, lançando seu carro em direção à grama. A partir daí, de Cesaris virou passageiro de uma dos acidente mais incríveis da história.

Havia chovido pela manhã e, por isso, a escapatória ainda estava molhada e com um pouco de lama. De Cesaris bate no barranco localizado no ponto mais inconveniente possível. Sua Ligier dá dois pulinhos e, finalmente, decola. No total, o italiano dá três capotagens plasticamente belíssimas. Depois, como por milagre, seu carro pára na posição normal.

Sem maiores problemas, De Cesaris sai andando. Mas fica bastante assustado. As imagens a seguir são até engraçadas: o italiano observa seu carro destruído, passa a mão na cabeça várias vezes e age como se tivesse sido socorrido por um milagre sobrenatural. De fato, seu anjo da guarda já estava bastante treinado.

De Cesaris não durou muito na Ligier. Demitido na corrida seguinte, parecia estar fadado a encerrar sua carreira. Nada disso. Até 1994, o italiano ainda correria por mais oito equipes, totalizando onze ao longo de sua carreira. Um recorde. Nem Riccardo Patrese, que participou de 256 G.Ps., chegou perto da marca do italiano.

Por que de Cesaris ficou tanto tempo na Fórmula 1? Certamente, o patrocínio da Marlboro não explica tudo. Na realidade, o italiano também tinha suas virtudes. De tempos em tempos, era capaz de performances magníficas e arrebatadoras, com carros de segunda categoria. Realmente, de Cesaris entrou para o folclore da Fórmula 1 por causa de seus inúmeros acidentes. Mas ele não era só isso.

Por causa da belíssima plástica do acidente - três capotagens quase perfeitas que terminaram com o carro em pé - e por ter representado a maior pancada da vida do piloto que por mais vezes envolveu-se em batidas, a capotagem de Andrea de Cesaris no Grande Prêmio da Áustria de 1985 leva o sétimo lugar na lista dos Dez Acidentes Mais Espetaculares da História.

A seguir, um curto vídeo com a proeza do italiano:



Edit: O internauta Guilherme manda o vídeo com o resumo daquele G.P. da Áustria de 1985. Alain Prost venceu, com Ayrton Senna em segundo. A narração é em português:



A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta amanhã, com o número seis da lista dos Dez Acidentes Mais Espetaculares da História. E hoje, ao longo do dia, comentários sobre as principais notícias do mundo da velocidade. Até mais!

Crédito das fotos:
Número Sete - http://www.onflex.org/
Andrea de Cesaris - http://www.iatrou.com/
Andrea de Cesaris no carro - http://www.viewimages.com/
Acidente I a V - http://www.youtube.com/

8 comentários:

Anônimo disse...

NOssa essa é clássica!! Não podia faltar o De Cesaris mesmo. Essa história que ele não correu na Holanda em 1981 porque não tinha carro é verdade mesmo?? Não sabia! De Cesaris continua me surpreendendo a cada dia que passa ehuehueheu

Anônimo disse...

muito massa o texto, só corrige ali que o acidente do christian não foi em 1993, e sim em 1992!

Anônimo disse...

ops erro meu o do christian foi em 1993 sim, me confundi!

Blog F1 Grand Prix disse...

Alex,

Sim, essa história é verdadeira! Li em algum livro da minha coleção, tenho certeza absoluta.

Grande abraço!

Gustavo

Anônimo disse...

De Cesaris... sempre ele!!! O ‘pesadelo’ dos chefes de equipe!

Resumo da prova:
Duas largadas, vários abandonos, a capotagem do De Cesaris, é claro, e no final apenas 6 carros cruzam na bandeirada final. Senna largando em 14º subiu ao podium, pra variar, em 2º.
Naquela época os mecânicos da McLaren já ficavam angustiados com o duelo dentro da própria equipe (Prost x Lauda)

http://www.youtube.com/watch?v=jJewLsQLitw

E falando em Niki Lauda, teria vaga para ele nos acidentes espetaculares?

Forte Abraço!

Anônimo disse...

Esse kra é o mito! Eu queria ter visto Gilles Villeneuve, Ronnie Peterson e Nigel Mansell correrem (Senna eu vi na temporada 93), mas tb queria ter visto "de Crasheris" só pra ver as trapalhada dele! Muito bom!
Ateh!

Blog F1 Grand Prix disse...

Guilherme,

Obrigado pelo vídeo! Vou colocar no post também.

Sobre Lauda, o acidente dele em 1976 foi espetacular sim, mas não vou colocar porque o austríaco sofreu graves ferimentos...

Mais uma vez, vou precisar atrasar o post comparando 1986 e 2007. Nos próximos dias, assim que tiver um dia sem muitas notícias, eu coloco no ar!

Grande abraço!

Gustavo

Anônimo disse...

O Senna narrando o acidente foi muito joia. Naquele ano cada piloto fazia o comentário de uma corrida para o vídeo oficial.