quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: Os Dez Maiores Duelos da História - Número 1

Foram quatro semanas de contagem. Certamente, valeu a espera. Nessa quarta, é hora de conhecer o grande campeão da lista dos Dez Maiores Duelos da História. Uma disputa magnífica e que tem lugar guardado nos corações de todos os fãs da velocidade. Sem perder mais tempo, vamos lá:

10. Senna x Alesi - Mônaco/1990
9. Piquet x Mansell - Austrália/1990
8. Schumacher x Hill - Bélgica/1995
7. Alonso x Massa - Europa/2007
6. Senna x Mansell - Mônaco/1992
5. de Angelis x Rosberg - Áustria/1982
4. Alonso x Schumacher - San Marino/2005
3. Prost x Senna - Inglaterra/1993
2. Villeneuve x Schumacher - Europa/1997
PRIMEIRO COLOCADO - Gilles Villeneuve x Rene Arnoux no Grande Prêmio da França de 1979

Difícil adivinhar essa, hein? A Fórmula 1 já teve inúmeros duelos marcantes ao longo da sua trajetória. Mas nenhum, nenhum mesmo, chegou perto da batalha entre Gilles Villeneuve e Rene Arnoux no G.P. da França de 1979.

Foram apenas três voltas, que entraram para a antologia do esporte. A disputa valia pouco, é verdade: apenas um segundo lugar. Mas quem se importa com isso? Muitos pilotos, se estivessem batalhando pelo título, não teriam chegado aos limites de Villeneuve (à direita) e Arnoux.

1979. Um ano de transição na Fórmula 1. Estava terminando o reinado dos carros com efeito-solo, que haviam revolucionado a categoria no ano anterior. A Lotus, campeã de pilotos e construtores de 1978, já havia perdido a hegemonia.

As tendências eram muitas e as corridas imprevisíveis. No início do ano, a Ligier - com Jacques Laffite - venceu as duas primeiras provas do calendário. Será que a Fórmula 1 veria, finalmente, o primeiro piloto francês campeão mundial? E ainda mais com um carro de seu país?

Não, ainda não. Laffite cairia de rendimento, terminando apenas em quarto no campeonato. Nas provas seguintes às duas primeiras, a Ferrari tomou o comando. Gilles Villeneuve ganhou na África do Sul e em Long Beach. Em ambas as oportunidades, Jody Scheckter, seu companheiro de equipe, foi o segundo. Rene Arnoux (à esquerda), até ali, não havia marcados pontos ainda.

A Fórmula 1 seguiu com mais uma vitória da Ligier, na Espanha. Dessa vez, com Patrick Depailler. Então, depois disso, Jody Schecketer venceu duas consecutivas, na Bélgica e em Mônaco. Após sete etapas, o sul-africano tomava a ponta na tabela de pontos, com 30 pontos. Laffite tinha 24. Villeneuve, Depailler e Carlos Reutemann estavam empatados em 20.

Seguiu-se uma paralisação de cinco semanas até o Grande Prêmio da França, em decorrência do cancelamento do G.P. da Suécia. Nesse intervalo, as equipes aproveitaram para testar bastante - para os padrões da época, é claro. Um time, em especial, preparava várias novidades para a corrida no pequeno circuito de Dijon-Prenois.

A Renault. Na Fórmula 1 desde 1977, a montadora do losango ainda não havia conseguido nenhum resultado de destaque. Mas já estava mudando os rumos da categoria com o motor turbo.

Jean-Pierre Jabouille e Rene Arnoux eram os pilotos da equipe. Chegando quase à metade do campeonato, os dois ainda estavam zerados em pontos, prejudicados pela péssima fiabilidade dos carros do time. Os bons resultados, porém, eram apenas questão de tempo. Jabouille, inclusive, já havia até conseguido uma pole no G.P. da África do Sul.

Correndo em casa, a Renault precisava mostrar serviço. O circuito de Dijon-Prenois, sede do Grande Prêmio da França, foi um dos menores já utilizados pela Fórmula 1. Sua distância total era de apenas 3,8 quilômetros. Já naquela época, os carros não demoravam mais do que 1 minuto e 10 segundos, em média, para completar uma volta.

Na classificação, Jabouille surpreendeu e conseguiu a pole. Na apertada pista de Dijon (à esquerda), essa não era a expectativa dos especialistas da Fórmula 1. A Renault, porém, fez melhor ainda: Arnoux marcou o segundo melhor tempo e também largaria da primeira fila.

Gilles Villeneuve foi o mais rápido dos outros no grid. Ele era o terceiro, logo à frente de Nelson Piquet, Jody Scheckter e Niki Lauda. Emerson Fittipaldi, com o Copersucar, aparecia em 18º. O bi-campeão abandonaria a corrida a 27 voltas do fim com um problema de motor

Na largada, como de costume, Villeneuve deu um pulo sensacional e tomou a ponta. Apesar de perder a primeira posição, Jabouille não havia feito um saída ruim, conseguido manter-se em segundo, com Scheckter em terceiro.

Por outro lado, Arnoux largou muito mal e caiu para nono. A recuperação do piloto da Renault seria a principal animação da primeira metade da corrida. Seu carro era muito mais rápido na reta de Dijon-Prenois, e o francês não encontrava maiores dificuldades para realizar suas ultrapassagens.

Na volta 10, Arnoux já era o quarto. Cinco giros depois, ele superou Scheckter, passando para terceiro. Os dois pilotos da frente, porém, já estavam bastante distanciados. Villeneuve ainda era o líder, com Jabouille colado.

Era questão de tempo até acontecer a inversão. O canadense da Ferrari resistiu até a volta 47, quando o piloto da Renault realizou a ultrapassagem. De qualquer maneira, seis pontos não eram um mal negócio para Villeneuve no campeonato. Inclusive porque seus principais adversários - incluindo Scheckter - foram ficando para trás na corrida.

Mas o canadense iria sempre querer mais. Ele esperou uma quebra de Jabouille, que acabou não acontecendo. Não poderia se dar ao luxo, portanto, de perder outra posição - e dois valiosos pontos - para Arnoux, que vinha se aproximando.

O segundo piloto da Renault tinha problemas de motor, que falhava em alguns momentos. Isso não impedia, entretanto, que ele fosse bem mais rápido do que Villeneuve. A três voltas do final, Arnoux finalmente alcançou o canadense. Começava, aí, o maior duelo de todos os tempos.

Volta 78, de 80. Arnoux aproxima-se de Villeneuve e coloca por dentro no final da reta. Uma ultrapassagem convencional. O canadense retarda a freiada até o último momento, chegando a ficar lado a lado com o piloto da Renault. Mas este mantém-se firme e segura a posição. A torcida presente ao autódromo vai ao delírio.

Uma dobradinha de dois pilotos franceses, com um carro do país, no Grande Prêmio da França! Seria perfeito. Villeneuve, porém, tinha outras idéias. Quando os dois abriram a penúltima volta, parecia que Arnoux já havia conseguido uma distância confortável. Parecia. De repente, o motor Renault do francês falha e ele perde velocidade. É a oportunidade que Villeneuve esperava.

Arnoux dá uma olhada no retrovisor. Seu adversário, aparentemente, está longe. Se fosse qualquer outro piloto do mundo, o francês estaria tranqüilo. Mas trata-se de Villeneuve. A preocupação era justificada. No fim da reta, de repente, o canadense joga por dentro, travando todas as rodas e segurando o carro com uma habilidade impressionante.

Surpreendido, Arnoux abre e permite a ultrapassagem. A torcida não entende nada. Como assim, Villeneuve recuperou a posição? Calma, que ainda não acabou. Os dois estão absolutamente colados quando entram na última volta.

Villeneuve mantém sua linha ao longo da reta principal enquanto Arnoux abre para passar. Mas o francês hesita. Volta a ficar atrás da Ferrari, esperando o momento certo. Pouco antes da primeira curva do circuito, o piloto da Renault volta a colocar por dentro. Será que agora vai? Ainda não.

Travando a roda dianteira esquerda com tudo a que tem direito, Villeneuve leva seu carro ao limite extremo. Os dois fazem a longa primeira curva lado a lado. Chegam a se tocar, e Arnoux precisa ligeiramente sair da pista para concluir a manobra. Aproveitando a momentânea perda de velocidade do rival, Villeneuve volta a emparelhar com o piloto da Renault.

Os segundos a seguir são sublimes. Arnoux e Villeneuve tocam-se mais de uma vez, esbarrando os carros um no outro, até que o francês toma a dianteira da disputa. O duelo parecia definidio. Mas, por algum motivo, o Arnoux comete um erro imperdoável. Abre a trajetória na tangência da próxima curva, oferecendo um espaço mínimo para Villeneuve tentar recuperar a posição.

Sem pensar duas vezes, o canadense coloca por dentro e passa à frente. Até o final da volta, Arnoux continua imediatamente atrás da Ferrari, mas não vai ter mais oportunidades. Villeneuve vence o duelo e recebe a bandeirada com apenas três décimos de vantagem para o piloto da Renault.

O duelo absolutamente sensacional obscureceu um momento histórico para o esporte: a primeira vitória de um motor turbo na Fórmula 1, conseguida por Jabouille. Mas, sinceramente, a disputa entre Villeneuve e Arnoux foi mais importante. Marco nenhum significa tanto quanto a batalha franca, espetacular e até certo ponto irresponsável entre os dois.

Rene Arnoux venceria sete corridas na Fórmula 1, mas o ponto alto de sua carreira foi o duelo com Villeneuve, quando ainda era quase um novato. Por sua vez, o canadense continuaria emocionando multidões, com várias outras performances arrebatadoras. Sua trágica morte, na classificação do G.P. da Bélgica de 1982, foi uma perda tão grande quanto as de Jim Clark e Ayrton Senna, por exemplo.

Pela corrida de recuperação e pela coragem do francês, que enfretou um dos melhores pilotos do mundo de igual para igual mesmo sendo inexperiente, pela garra, valentia e habilidade sem limites do canadense e por terem dado um show que continua sendo objeto de culto de todos os fãs da velocidade até hoje, Gilles Villeneuve e Rene Arnoux levam o primeiro lugar na lista dos Dez Maiores Duelos da História.

A seguir, o vídeo da disputa. Vale a pena salvar o link nos favoritos:



Amanhã, a seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta repassando vários duelos dignos de nota, mas que não entraram na lista final. A partir da semana que vem, começamos um novo ranking: Os Dez Erros Mais Constrangedores. E hoje, ao longo do dia, o Blog retorna comentando as principais notícias do mundo do automobilismo. Até mais!

Crédito das fotos:
Número 1 - desenho próprio
Ferrari de Villeneuve - http://www.f1-facts.com/
Renault de Arnoux - http://www.formula1.com/

9 comentários:

Anônimo disse...

não podia ser outra! parabéns pela lista, peguei só da metade mas gostei muito. Vai ser divertido acompanhar agora os erros mais contrangedores.

Anônimo disse...

esse video JÁ estava nos meus favoritos euheuehuehueh

não podia faltar né?

ótima lista mas algo me diz que a próxima será melhor ainda

já estou esperando!

Anônimo disse...

Gustavo, como você disse, a morte de Gilles foi um grande peso para a Fórmula 1. Não sei se chega a ser que nem quando o Senna morreu mas também foi muito triste. Pelo menos ele já vai ser lembrado por todas essas coisas que fez.

UM abraço.

Blog F1 Grand Prix disse...

Psdriver e Alex,

Muito obrigado pelos elogios! Tenho certeza que vocês vão gostar da próxima lista também.

Grande abraço!

Anônimo disse...

muito boa lista. só penso que faltaram alguns lá das décadas de 60, 70, embora eu saiba que não dá para colcoar fácil porque quase não tem viídeo. Mas valeu já estou esperando a proxima vamos ver rsrsrs

Anônimo disse...

Acho mais piada ver esse video com o som original: comentários do Murray Walker ou comentários do David Hobbs :)

Felipe Maciel disse...

Não poderia dar em outra, assim como na lista das top-10 ultrapassagens, ficava fácil de advinhar a primeira independente de quem viesse antes.

Esse foi O duelo.

Boa lista, Gustavo
Abs

Anônimo disse...

Eu já tinha previsto q esse duelo iria ser o primeiro da lista, naum era mto dificil acertar, neh?
Mas é de tirar o folego essa briga, sensacional e muito bem descrita por vc.
Só quero ver quem vai estar nesses duelos q serão comentados amanhã.
Ateh!

Anônimo disse...

Nem precisa falar muito. Tinha que ser simplesmente ele : Gilles Villeneuve