terça-feira, 4 de setembro de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: Os Dez Maiores Duelos da História - Número 2

Já estamos quase lá. Após quatro semanas de contagem, chegamos ao momento decisivo da lista dos Dez Maiores Duelos da História. Até amanhã, o ranking vai estar completo. Hoje, é era de conhecer o número dois. Sem mais delongas, vamos continuar:

10. Senna x Alesi - Estados Unidos/1990
9. Piquet x Mansell - Austrália/1990
8. Schumacher x Hill - Bélgica/1995
7. Alonso x Massa - Europa/2007
6. Senna x Mansell - Mônaco/1992
5. de Angelis x Rosberg - Áustria/1982
4. Alonso x Schumacher - San Marino/2005
3. Senna x Prost - Inglaterra/1993
SEGUNDO COLOCADO - Jacques Villeneuve x Michael Schumacher no Grande Prêmio da Europa de 1997

Esse duelo foi diferente de todos os outros da lista. A duração da batalha direta entre os dois pilotos protagonistas, em si, foi bastante reduzida. Não mais do que alguns segundos. Que, entretanto, transformaram-se num dos momentos mais dramáticos da história do automobilismo.

A disputa foi puramente psicológica. Um duelo tenso que teve início na classificação de sábado e que prosseguiu durante toda a corrida. Até o desfecho ao mesmo tempo óbvio e completamente inesperado.

Desde o início da temporada, Jacques Villeneuve e Michael Schumacher eram apontados como os principais candidatos ao título. O canadense vinha de um vice-campeonato no ano anterior, em 1996, quando perdeu o campeonato na última corrida para seu companheiro de equipe, Damon Hill.

Era a sua temporada de estréia mas, mesmo assim, Villeneuve conseguiu alguns ótimos desempenhos, fechando o ano com quatro vitórias. Por sua vez, Schumacher havia cumprido o primeiro estágio no projeto de recuperação da Ferrari, que não levava o título desde 1979. Com três triunfos em 1996, mostrava que poderia lutar pelo campeonato no ano seguinte.

E foi exatamente isso que aconteceu. Aproveitando-se de alguns azares de Villeneuve - que deixou de pontuar por quebras ou acidentes na Austrália, San Marino, Mônaco e Canadá - Schumacher mantinha-se na disputa, mesmo não tendo o carro mais rápido. O canadense ganhava mais provas, mas pontuava em menos oportunidades.

Quando chegaram à antepenúltima etapa do campeonato, o título ainda estava completamente aberto. Schumacher tinha apenas um pontos de vantagem sobre Villeneuve. Mas, na pista de Nurburgring - à frente da torcida alemã - o canadense venceu enquanto o piloto da Ferrari abandonou por conta de um acidente na largada.

Um resultado fantástico para Villeneuve. Melhor, impossível. Agora, ele liderava a tabela de pontos com nove pontos de distância para Schumacher. Faltando duas corridas, era uma vantagem considerável. Porém, a disputa do título daquele ano provaria ser capaz de mais reviravoltas do que um filme de espionagem.

No G.P. seguinte, no Japão, Schumacher ganhou. E Villeneuve? Não passou de quinto, mas foi desclassificado por desobedecer bandeiras amarelas. Uma justificativa estranha, no mínimo. Fato é que a batalha voltava à situação anterior, com apenas uma corrida restando.

Schumacher tinha um único e solitário pontinho de vantagem para Villeneuve. Como tinha menos vitórias do que o canadense, porém, o piloto da Ferrari não podia terminar com o mesmo número de pontos do rival. Nesse caso, perderia o título nos critérios de desempate. O cenário, então, era óbvio: quem terminasse na frente levava o troféu.

A menos, é claro, que nenhum dos dois marcasse pontos. Nesse caso, o título iria para as mãos de Michael Schumacher. Será que o alemão seria capaz de provocar deliberadamente um acidente entre os dois? Será?

A Fórmula 1 chegava ao circuito espanhol de Jerez de la Frontera (à esquerda), para o G.P. final da temporada. Na classificação de sábado, o primeiro round da disputa. Villeneuve foi o primeiro a marcar uma volta rápida, logo em sua tentativa inicial: 1:21.072s. Guardem esse tempo. Minutos depois, era a vez de Schumacher.

O alemão não cometeu erros e, pelas parciais, estava praticamente empatado com seu rival. Praticamente não. Ele estava igual a Villeneuve. Por incrível que pareça, Schumacher completa a volta exatemente no mesmo milésimo do canadense: 1:21.072s. Improvável? Esperem que não acabou.

O companheiro de Villeneuve na Williams, Heinz-Harald Frentzen, também foi para sua tentativa, nos minutos finais. Adivinhem o tempo dele? Acertou quem disse 1:21.072s. A corrida final do campeonato, mesmo antes de seu início, já estava rendendo enormes emoções.

No grid, Villeneuve era o pole, por ter feito sua volta antes. Schumacher era o segundo, com Frenzen em terceiro, Damon Hill em quarto e as McLaren de David Coulthard e Mika Hakkinen em quinto e sexto, respectivamente. Na saída, o alemão da Ferrari deu o melhor pulo. Antes de chegarem à primeira curva, ele já liderava.

Villeneuve saiu mal e, tomando cuidado para evitar qualquer toque, deixou Frentzen passar à frente. As oito primeiras voltas da corrida não viram mudanças na ordem dos três primeiros. Então, Frentzen recebeu um comunicado do box, sendo obrigado a abrir para deixar seu companheiro passar.

Agora, os dois candidatos ao título estavam nas duas primeiras posições. Até a rodada inicial de paradas, Schumacher manteve uma pequena distância para Villeneuve, que girava em torno de três segundos. Era um duelo de gato e rato. Os dois se vigiavam, esperando por alguma iniciativa. Na volta 22, o alemão fez sua parada.

Um giro depois, o canadense imitou seu rival. Schumacher continuou à frente, mas sua vantagem havia diminuído um pouco. O alemão segurou Villeneuve até a segunda parada de ambos. O piloto da Ferrari foi ajudado por retardatários que, por algum motivo, atrapalhavam mais o canadense do que ele.

A volta 43 viu a segunda parada de Schumacher. Repetindo a estratégia anterior, Villeneuve visitou os pits um giro depois. Essa era a tática do canadense: ser a sombra de seu rival. Até ali, não funcionava muito bem. Mas tudo estava para mudar.

Todo o drama, a emoção e a tensão da rivalidade entre Schumacher e Villeneuve culminariam no duelo da volta 48. Foi tudo muito rápido. Mas inesquecível. A Fórmula 1 não alcançava esse nível de disputa desde os tempos de Senna e Prost, os arquiinimigos que chegaram a bater dois anos consecutivamente em decisões de título. Poderia a história se repetir?

Infelizmente, sim. Logo depois da segunda rodada de paradas, ficou claro que Villeneuve estava apenas poupando o carro. Com pneus novos e o equipamento inteiro, o canadense foi para cima de seu rival. Se Schumacher quisesse segurar o piloto da Williams, precisaria apelar.

Foram três voltas de aquecimento. O canadense estava colado em seu rival, mas não tentava uma manobra. Então, quando chegaram pela 48ª vez na curva Dry Sack, o canadense surpreendeu. Decidiu que aquela era a hora. E pegou Schumacher de surpresa.

Freiando quase dentro da curva, Villeneuve consegue manter seu carro estável e parece ter concluído a ultrapassagem. Schumacher, desesperado, não resiste ao seu instinto. Antes que possa pensar, o alemão joga seu carro sobre o do canadense, numa clara tentativa de encerrar a corrida da dupla ali.

Mas não era para ser. A Ferrari toca exatamente o espaço entre as duas rodas da Williams. Villeneuve sente a pancada mas não perde o controle do carro. Schumacher, por sua vez, sai ligeiramente da pista. Seu carro desacelera a atola na caixa de brita. Simplesmente, não há o que fazer. O alemão estava fora da prova.

O título, porém, ainda não havia sido decidido. Villeneuve precisava completar a prova. Sua Williams parecia inteira mas, na verdade, ficou praticamente inguiável depois do contato. O canadense luta para manter-se na pista, faltando ainda vinte voltas para o fim.

E consegue. Apenas na última volta, quando a fatura já estava garantida, Villeneuve deixa as McLaren de Mika Hakkinen e David Coulthard passarem. O finlandês vence sua primeira corrida, mas a festa é do canadense da Williams. Após 17 corridas de um dos campeonatos mais disputados da história, o título era dele.

Até o final da carreira, Villeneuve nunca voltaria a vencer um Grande Prêmio da Fórmula 1. Em contrapartida, Schumacher iria disparar para cinco títulos consecutivos, entre 2000 e 2004, batendo quase todos os recordes da categoria. Nada que o alemão tenha ganhado, porém, apagou a imagem deixada naquela corrida de Jerez.

Schumacher não é desonesto. Longe disso. Mas é daqueles pilotos cujo instinto é mais forte do que qualquer outra coisa. Na última corrida de 1997, ele não resistiu. Depois de esforçar-se tão arduamente ao longo da temporada, não poderia aceitar a derrota para Villeneuve passivamente. Fez o que tinha que fazer. Mesmo que isso tenha sido um dos maiores erros de sua vida.

Pelo talento do alemão - que, apesar de tudo, lutou com um carro inferior até o final - pela paciência, estratégica e oportunismo certeiro do canadense, e por todo o drama, toda a tensão e polêmica geradas por aquela que foi uma das disputas de título mais emocionantes da história, Jacques Villeneuve e Michael Schumacher levam o segundo lugar na lista dos Dez Maiores Duelos da História.

A seguir, o vídeo da disputa, contendo cenas de todo o fim de semana. A narração é em inglês:



Nessa quarta, a seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix retorna com o grande campeão da lista dos Dez Maiores Duelos da História. E hoje, ao longo do dia, o Blog volta comentando as principais notícias do mundo do automobilismo. Até mais!

Crédito das fotos:
Schumacher - http://www.cbc.ca/
Williams de Villeneuve - http://www.f1journal.com/
Jerez de la Frontera - http://www.statsf1.com/
Ferrari de Schumacher - http://www.130r.com/

10 comentários:

Anônimo disse...

essa foi surpresa pra mim mas não posso dizer que não é sensacional esse duelo. Lembro que fiquei grudado da televisão, a corrida inteira sem folego porque qualquer coisa podia acontecer a qualquer momento. Não deu outra. Como voce disse, o duelo foi curto mas inesquecível. Acho que já sei o vencedor de amanhã, mas valeu!

Anônimo disse...

gustavo, boa escolha. Shumacher, apesar de tudo o que ganhou, nunca vai se recuperar do que fez nesse dia. Por essa e outras que sinto falta do Ayrton Senna. O Senna nunca esconceu o que fez.

Um abraço.

Anônimo disse...

Grande escolha, blog. Parabéns pela forma como descreveu o duelo. Lembro dessa corrida como se fosse hoje.

Acho que já sei o primeiro lugar, mas tenho certeza que a descrição do duelo será de tirar o fôlego.

Abraços

Anônimo disse...

Gustavo,

É por esta e outras q nunca consegui admirar o alemão. O Senna tb fez isso dando o troco no Prost, mas reconheceu o erro. Já o alemão utilizou-se outras vezes destes golpes sujos. E por isso será conhecido eternamente como o Dick Vigarista da F1 !
Abraços...

Anônimo disse...

Pelo que sei, no finzinho da corrida, o Coulthard (que vinha em segundo) recebeu ordens para deixar o Hakkinen (terceiro) passar. Em seguida, Villeneuve (graças a um acordo feito entre Williams e McLaren) abriu para que Mika ganhasse. Coulthard aproveitou e tambem passou.

Anônimo disse...

Olha a lista de cima embaixo...veja como os nomes se repetem: Senna, Prost Schumacher...

Anônimo disse...

É, eu tb sempre ouvi essa história q o Anonimo disse. Bom, eu lembro dessa disputa, foi realmente mto bom vc ter lembrado disso (embora eu naum colocasse em 2º lugar).

Bom, acho q agora soh sobrou "o amarelinho x o vermelhinho" pra primeira posição, neh?

Anônimo disse...

ótima opção. Gilles x Rene em primero agora, né?

Blog F1 Grand Prix disse...

Leandro, psdriver e companhia,

Calma que amanhã vocês ficam sabendo hehehe

Realmente, não é difícil adivinhar o primeiro duelo. Mas vale sempre relembrá-lo, não é mesmo?

Grande abraço!

Anônimo disse...

schumacher nao é desonesto?
se ta de brincanagem neh..
pra min ele foi o piloto mais desonesto que eu ja vi correr..
Instintivos tdos eles sao.