terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: As Dez Corridas Mais Caóticas da História - Número 4

Continuamos, hoje, a primeira lista do ano da seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix. Dessa vez, o assunto são corridas animadas, confusas e emocionantes, que certamente ficaram marcadas na memória dos fãs da velocidade. Sem perder mais tempo, vamos em frente:

10. Europa/1999
9. Mônaco/1982
8. Mônaco/1984
7. Inglaterra/1975
6. Europa/1993
5. Austrália/1991
QUARTA COLOCADA - Grande Prêmio de Mônaco de 1996

O G.P. de Mônaco de 1996 já mereceria lugar nesta lista por conta de um recorde insólito: a corrida que terminou com o menor número de pilotos em toda a história da Fórmula 1. Afinal, somente três "sobreviventes" receberam a bandeirada final, enquanto outros dezenove ficaram pelo caminho. Mas aquela prova não ficaria lembrada apenas por causa disso.

Disputo em condições chuvosas e traiçoeiras, o G.P. terminou com uma das maiores zebras da Fórmula 1 moderna. No meio das várias confusão, um discreto Olivier Panis foi subindo posições, até chegar ao terceiro lugar com cerca de trinta voltas para o fim. Já seria um resultado espetacular para o simpático francês. A sorte, porém, estava realmente do seu lado...

A prova de Mônaco era a sexta etapa do campeonato de 1996, que vinha sendo amplamente dominado por Damon Hill. Após dois vices consecutivos, o inglês estava determinado a conquistar seu primeiro título. Seu início foi arrasador: nas cinco primeiras corridas, quatro vitórias e um quarto lugar, que já lhe davam uma vantagem confortável na liderança do campeonato.

O grande rival de Hill, Michael Schumacher, havia se mudado para a Ferrari, e ainda passava por uma fase de adaptação. Naquele ponto, o alemão contava apenas 16 pontos, contra 43 do inglês. Entre eles, o canadense Jacques Villeneuve - inexperiente companheiro de Hill - aparecia na vice liderança do campeonato, com 22 pontos. Por causa disso tudo, Hill chegou como grande favorito em Mônaco, onde seu pai, Graham, vencera cinco vezes na década de 60.

No treino de classificação, a primeira surpresa: com uma volta irresistível, Schumacher crava a pole, meio segundo mais rápido do que o surpreendido Hill. As Benetton de Jean Alesi e Gerhard Berger vêm logo a seguir, com Villeneuve num distante décimo. O azarão Panis aparece ainda mais atrás, somente em 14º. Em condições normais, o francês dificilmente marcaria pontos...

Chove antes da largada, e quase todos os pilotos resolvem começar a prova com pneus para pista molhada. Quase todos. Saindo de 12º, Jos Verstappen resolve arriscar e coloca slicks. Grave erro. Logo na primeira curva, o holandês bate e abandona, tornando-se a vítima inicial das ruas do Principado. Em seguida, o segundo abandono é bem mais impactante. Após perder a liderança para Hill, Schumacher se precipita e erra na curva antes do túnel.

O alemão sobe na zebra, perde o controle de sua Ferrari e atinge o guard rail. Incrível: Schumi estava fora. Antes do fim da primeira volta, outros três pilotos - Rubens Barrichello, Giancarlo Fisichella e Pedro Lamy - também batem e são obrigados a desistir. Eles se juntam a Andrea Montermini, que havia destruído seu carro no warm up e nem participara da largada.

Na ponta, Hill não demora para abrir uma ótima vantagem para Alesi. Ao mesmo tempo, vários pilotos vão tendo problemas: Ukyo Katayama, Ricardo Rosset e Pedro Paulo Diniz batem antes da quinta volta, e Berger abandona no nono giro com problemas de câmbio. Com os dois líderes disparados, o único piloto da Ferrari ainda na prova, Eddie Irvine, se estabelece em terceiro com um ritmo lento, formando um trenzinho de nove carros.

Panis é o penúltimo dessa fila, em 10º. Ele precisava tomar a iniciativa. A chuva havia parado, e a pista secava lentamente. Sem pensar duas vezes, a Ligier chama Panis para uma troca arriscada para slicks. A estratégia revela-se certeira. Ao voltar, o francês é imediatamente cinco segundos mais rápido do que o líder Hill. Não demora e todos os outros pilotos resolvem visitar os boxes também.

No meio da agitação, a McLaren chama Mika Hakkinen antes de David Coulthard para a troca, num erro que custaria a vitória. Quando a rodada de paradas termina, Hill e Alesi continuam bem na frente, com Irvine em terceiro e Panis já em quarto. Um lembrete das difíceis condições da pista é dado por Martin Brundle, que roda e abandona na volta 30. Restam agora onze pilotos na corrida.

Inspirado, Panis vai para cima de Irvine e tenta uma manobra agressiva no grampo Loews. Os dois se tocam, e o irlandês termina no muro. Para sorte de Irvine, o trecho a seguir é em descida. Assim, ajudado pelos comissários, ele consegue ligar o motor de sua Ferrari de novo. Agora, porém, Irvine está no fim do pelotão. E Panis já ocupa o terceiro lugar. Algumas voltas depois, o francês ganharia mais uma posição.

Tranqüilo na ponta, Hill abandona na volta 40, vítima de uma raríssima quebra de motor na sua Williams. Alesi assume a liderança e fica por aí durante um bom tempo, até ter problemas de suspensão no 60º giro. O francês é obrigado a desistir, deixando a liderança para seu compatriota Panis. Pela primeira vez em quinze anos, a Ligier parecia perto da vitória. Mas nada está garantido, ainda.

Em segundo, Coulthard começa e reduzir a diferença para Panis. Se tivesse feito sua parada antes, o escocês provavelmente teria ganhado. Mais atrás, os abandonos continuam: Luca Badoer fecha Villeneuve quando o canadense chega para colocar uma volta, e os dois abandonam. Minutos depois, Irvine roda e fica parado em lugar perigoso da pista. Mika Salo e Mika Hakkinen não conseguem desviar e batem no irlandês. Os três também se retiram.

E aí, perdeu a conta? Calma: ainda há quatro pilotos na prova. Panis lidera, com Coulthard cada vez mais perto. Em terceiro e quarto, a dupla da Sauber - Johnny Herbert e Heinz-Harald Frentzen - quer apenas chegar ao final. Assim, todas as atenções são voltadas para os dois líderes. Correndo com um capacete emprestado de Schumacher - o seu, por algum motivo, não estava disponível - Coulthard vai se aproximando de Panis.

A diferença entre a dupla cai para um segundo a sete voltas do fim. Mas o limite de duas horas havia chegado, e isso salva Panis. No finzinho, Coulthard desiste da luta e tira o pé, deixando Panis livre para vencer. A corrida termina na 75ª volta, três antes do previsto. Atrás de Panis e Coulthard, Herbert finaliza em terceiro. Eles são os únicos a completar a prova, já que Frentzen vai para os boxes na penúltima volta e também não chega a receber a bandeirada...

Apesar de não completaram a corrida, Salo e Hakkinen são classificados em quinto e sexto, recebendo alguns pontinhos de consolação. A festa é toda da Ligier, que não vencia desde 1981, quando Jacques Laffite foi o primeiro no G.P. do Canadá daquele ano. Para Panis, seria seu primeiro e único triunfo. Até 2005, seu último ano como titular na Fórmula 1, o francês jamais teria o mesmo sucesso. Naquele G.P. de Mônaco, porém, Panis teve seu dia de glória.

Pela sucessão inacreditável de surpresas e acidentes, por ter sido a corrida com menos carros chegando ao final da história e pela extraordinária e magnífica vitória do azarão Olivier Panis, o Grande Prêmio de Mônaco de 1996 leva o quarto lugar na lista das Dez Corridas Mais Caóticas da História.

A seguir, um vídeo com o resumo da prova:



A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta amanhã, com o número três da lista das Dez Corridas Mais Caóticas da História. E hoje, até o fim do dia, comentários sobre as principais notícias do mundo da velocidade. Nos vemos por aí!

Crédito das fotos:
Número Quatro - http://www.onflex.org/
Largada, sexta foto do post e disputa entre Panis e Irvine - http://www.f1-facts.com/

7 comentários:

Gui Vieira disse...

Guga, relato muito bom de uma corrida que eu vi ao vivo quando ainda era pequeno! Nunca tinha entendido realmente como o Panis conseguiu chegar em primeiro, agora já sei que foi sorte mas também com muita competência!

Uma dúvida: passei umas duas vezes aqui no blog ás 12:30-13 +-, e o post ainda não estava no ar. Só vi agora - 13:40. O horário do post está 11:50, será algum problema meu?

Abraços!

Blog F1 Grand Prix disse...

Gui,

Eu explico: é que o Blogger estabelece como horário de postagem o momento em que eu começo a escrever o post. Às vezes me lembro de mudar, mas em muitas ocasiões esqueço, e fica o horário errado. Acho que este post foi ao ar por volta de 13:30hs. Já troquei, ok?

Grande abraço!

Gustavo Coelho

Net Esportes disse...

De forma inevitável e até mesmo meio que involuntária (aconteceu naturalmente) eu parei de acompanhar a F-1 em 1994-1995-1996 .... o motivo foi a morte do Senna .......... voltei a ver apenas em meados de 1997

Essa corrida deve ter sido muito legal de ver, corrida em Mônaco tem que ser assim mesmo !!!!! he he he !!!!!!!

Anônimo disse...

Naum preciso nem comentar q essa corrida foi extremamente bizarra, ela naum teve tantas ultrapassagens como Monaco 84, mas os abandonos vao acontecendo de forma inacreditavel; Panis realmente aproveitou todas as brechas e Irvine e Jacques Villeneuve tiveram atuaçoes pifias (inclusive, Irvine foi pressionado por um bom tempo pela Sauber de Frentzen e dpois fez besteira na frente de Salo e Hakkinen, primeira vez q vi o Hakkinen ficar realmente irritado).
E alguem iluminado do Youtube colocou a corrida completa dividida em 12 partes da Eurosport, comentarios de John Watson, mto bom pra quem tem net discada como eu e quer ter a corrida toda no pc, rs
Ateh!

kimi_cris disse...

Excelente post e excelente video.

Grande Abraço!
Kimi_Cris

Anônimo disse...

magnifica vitória eu gostava do panis eu naum vi esta corrida eu só nasci em novembro daquele ano

lindo carro

nunca notaram que sempre o ultimo carro das equipes eles capricham na pintura?
a prost a brabham a lotus a ligier a pacific a jordan a minardi a tyrrell são severos exemplos disso

abraços


cassio

Anônimo disse...

Talvez um dos piores anos da F1 em termos de (má) qualidade de pilotos, tirando o Schumacher.

Irvine, Hill, Rosset, Verstapen, Villeneuve, Montermini (esse então eu nunca tinha ouvido falar), Katayama... Meu Deus do Céu... me fez lembrar o Piquet no final da carreira falando desanimado... "você olha pro seu lado e está o De Cesaris"!!!

Não por acaso a vitória tenha caído no colo do pobre Panis.

Muito bem lembrado essa Gustavo!

Abraços!!!