terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: As Dez Corridas Mais Caóticas da História - Número 1

Finalmente, após três semanas de contagem, chegamos ao fim da primeira lista do ano da seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix. Hora de conhecer a grande campeã do ranking das corridas mais confusas da história. Essa, tenho certeza, ainda deve estar fresquinha na memória de muitos de vocês. Sem mais delongas, vamos em frente:

2. Canadá/1973
PRIMEIRA COLOCADA - Grande Prêmio do Brasil de 2003

A Fórmula 1 já teve várias corridas ditas "confusas" em sua história, mas nenhuma chega remotamente perto do caos em que se transformou o G.P. Brasil de 2003. Para começar, essa corrida teve um acontecimento único: a mudança do vencedor após a prova, por conta de um erro do pessoal de cronometragem. Mas isso foi apenas uma das singuralidades daquele domingo.

O G.P. Brasil de 2003 estabeleceu o recorde de entradas do safety car - quatro - e terminou sob bandeira vermelha, por conta de um acidente que praticamente fechou a pista. No total, oito pilotos abandonaram em virtude de rodadas ou batidas. A prova não teve não teve uma largada convencional por causa da chuva, e terminou com uma das maiores zebras da Fórmula 1 moderna. Isso sem esquecer, é claro, as várias trocas de liderança, e o ridículo problema que tirou da prova o piloto local.

Quando a Fórmula 1 chegou a Interlagos, ela ainda estava se adaptando às novas regras da temporada de 2003. A partir daquele ano, a classificação passou a ser em apenas uma volta rápida, e os pneus precisavam ser escolhidos antes de cada fim de semana de G.P. Em Interlagos, a previsão era de pista molhada, mas as fornecedoras de pneus optaram por não trazer os compostos para chuva forte. Um grave engano, como se veria mais tarde.

Tricampeão entre 2000 e 2002, Michael Schumacher havia começado o ano em dificuldades. A reção era esperada para Interlagos, mas o alemão decepcionou na classificação, não passando de sétimo. Na pole, estava justamente seu companheiro na Ferrari, Rubens Barrichello. Correndo na pista onde praticamente aprendera a pilotar, Rubinho precisava de um ótimo resultado para recuperar a confiança da torcida, abalada após o episódio do G.P. da Áustria de 2002.

Faltando algumas horas para a largada, uma chuva torrencial desaba sobre Interlagos. Quem está na reta dos boxes simplesmente não enxerga o outro lado do circuito. A neblina é total, e as condições são absolutamente incompatíveis para a realização de um G.P. Felizmente, porém, a chuva diminui de intensidade a trinta minutos da largada. Mesmo assim, a Descida do Lago e a Curva do Sul estão quase alagadas. Rios percorrem a pista, mas não há muito o que fazer.

Sensatamente, a direção de prova adia a largada por quinze minutos. As condições não melhoram muito, e a saída precisa ser feita atrás do safety car. Após várias voltas com o carro de segurança na pista, a corrida é enfim liberada. A euforia inicial da torcida logo se torna decepção, quando Rubinho começa a perder posições rapidamente. Prejudicado pelo mau aquecimento de seus pneus, ele cai para sexto nas primeiras voltas, enquanto as McLaren tomam a ponta.

Kimi Raikkonen lidera, com David Coulthard logo atrás. O escocês chega a perder a posição para Juan Pablo Montoya, mas se recupera em seguida. Ao mesmo tempo, Michael Schumacher sobe para quarto, e passa a atacar os líderes. Lá atrás, Justin Wilson roda e abandona na Curva do Sul, tornando-se a primeira vítima do dia. Mais grave, porém, seria o acidente entre Olivier Panis e Ralph Firman, duas voltas depois.

O inglês tem um problema de suspensão e acerta o francês em cheio, obrigando a entrada do safety car. Coulthard, Schumacher, Rubinho, Montoya e vários outros fazem suas paradas. Alguns, como Jenson Button, Giancarlo Fisichella e Jos Verstappen, colocam gasolina até a boca do tanque, esperando que ela dure até o fim da prova. Será que a estratégia arriscada daria certo?

Na ponta está Raikkonen, mas o finlandês não fez seu pit stop ainda. Seu problema, porém, não é nada comparado ao de Montoya. O colombiano roda e bate na Curva do Sul, sendo obrigado a se retirar da corrida. Antonio Pizzonia é outro a se acidentar no mesmo local e no mesmo momento. Mais surpreendente aconteceria na volta 26, quando Schumacher acerta o muro da Curva do Sul. Por muito pouco, o alemão não se choca com o trator que entrara na pista para recolher os carros de Montoya e Pizzonia.

O safety car faz sua terceira visita à pista, saindo após três voltas. Já na relargada, Verstappen aquaplana na Curva do Sol e também bate. Caso chegasse até o fim, o holandês poderia ter conquistado um resultado histórico para a Minardi. Outro que tem muito a lamentar é Button, que se torna o sexto piloto a bater na Curva do Sol, na volta 32. É a quarta intervenção do safety car, que fica no circuito por mais algumas voltas.

Com tanta confusão, poucos reparam que Rubinho está lentamente se recuperando na prova. Ele passa à vice-liderança quando Raikkonen vai aos boxes, ficando apenas atrás de Coulhard. Depois que a corrida recomeça, Rubinho parte para cima do escocês, realizando a manobra no 43º giro. Durante duas voltas, Rubinho vive seu momento de glória, antes de ter uma inacreditável pane seca. Culpa de um problema no mapeamento do combustível, que a Ferrari já conhecia desde o início da corrida.

Sabendo que o cálculo da gasolina precisaria ser manual, a Ferrari passa a controlar o carro de Rubinho pelo de Schumacher. Quando o alemão abandona, porém, perde-se a referência. Para seu desespero, Rubinho pára na pista e não tem outra alternativa senão desistir. Coulthard recupera a ponta, mas precisa fazer seu pit stop logo depois. Com isso, é Raikkonen quem passa para primeiro, com o surpreendente Fisichella em segundo.

Fazendo a corrida de sua vida, o italiano supera Raikkonen no fim da volta 53. Dois giros depois, Mark Webber bate forte na Curva do Café, espalhando detritos pela pista. Fisichella e Raikkonen conseguem desviar, mas Fernando Alonso acerta um pneu da Jaguar de Webber, atingindo a barreira de proteção com grande velocidade. Era a gota d'água para a direção de prova: antes de mais acidentes, a corrida é interrompida.
Fisichella, que vinha em primeiro, parece ser o vencedor. O regulamento, porém, estabelece que a ordem final deve ser aquele de duas voltas antes da interrupção. A cronometragem oficial não percebe que Fisichella já havia aberto a volta 56, e declara o resultado como aquele da volta 53, quando Raikkonen ainda era o líder. Dessa forma, o finlandês é proclamado vencedor.

Antes do podium, algumas cenas cômicas: Fisichella comemora a vitória de forma enlouquecida, enquanto seu carro tem um superaquecimento de motor e simplesmente pega fogo no parque fechado. É só aí que vem a notícia de que Raikkonen venceu, para decepção de Fisichella. Para finalizar, o podium fica desfalcado do terceiro colocado, Alonso, que havia sido levado para o hospital.

A indefinição sobre o resultado do G.P. Brasil ainda duraria mais duas semanas. Somente após a apresentação de novas imagens do fim da corrida, os fiscais se convencem do erro e declaram Fisichella vencedor. Antes do G.P. de San Marino, uma bizarra cerimônia de troca de troféus é encenada na pista, e "Fisico" finalmente ganha seu merecido reconhecimento. Era o ato final daquele estranho, emocionante e memorável G.P. Brasil de 2003.

Pela sucessão de acidentes na Curva do Sol, pelo recorde de entradas do safety car, pelas várias mudanças de liderança, pelo ridículo problema de Barrichello, pela surpreendente vitória de Fisichella e pelas pataquadas da cronometragem após a corrida, o Grande Prêmio do Brasil de 2003 leva o primeiro lugar na lista das Dez Corridas Mais Caóticas da História.

A seguir, um vídeo com o resumo do fim de semana do G.P. Brasil de 2003:



A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta amanhã, com a primeira parte das "menções honrosas" da lista das Dez Corridas Mais Caóticas da História. E hoje, até o fim do dia, comentários sobre as principais notícias do mundo da velocidade. Nos vemos por aí!

Crédito das fotos:
Segunda, Quinta e Décima fotos do post - http://www.f1-facts.com/

7 comentários:

Anônimo disse...

Sinceramente, naum esperava essa corrida em primeiro lugar, parabens ao Brasil, rs
Nessa epoca eu odiava Michael Schumacher e comemorei mto a saida dele, mas dpois fiquei quieto com o abandono do Rubinho; tb fiquei triste pelo Fisichella, nunca me esqueço da kra de decepção dele no podio por terem tirado a vitoria dele, isso deve ter sido uma das coisas mais bizarras da F-1.
To curioso pra ver as mençoes honrosas amanha! Ateh!

Net Esportes disse...

ah sim, nas "menções honrosas" deve ter um outro GP Brasil, um que o Senna venceu !!!!!

Agora, o Fisichella até que mereceu ganhar (no caso de não ganhar o Raikkonen) se eu não me engano caso fosse o Raikkonen vencedor seria um tanto de número de voltas a menos que lhe daria metade dos pontos, então em segundo lugar ele ganharia mais pontos do que vencendo (algo assim).

Quanto ao Rubinho, nem tem muito o que dizer, lamentável

Gustavo, veja no final do parágrafo 6, ta meio confuso

abraço

Blog Velocidade F1 disse...

Que azar deu o Rubinho nessa carrida.

E que confusão a FIA fez igual ao numero 2 da lista,o GP do canada de 1973

kimi_cris disse...

Foi um excelente G.P. acho que o primeiro lugar é justo!

Grande Abraço!

Kimi_Cris

Anônimo disse...

Cara, eu lembro certinho da narração do Galvão nessa corrida. O Barrichello faz a pole no sábado, a arquibancada vai abaixo, aí no domingo ele lidera, cai de posição, a chuva volta e ele lidera de nvo, ocm folga. Uma corridaça.. aí do nada a câmera pega o Barrichello lento encostando o carro e o Galvão: "Amigo, eu em tantos anos de experiência em Fórmula 1 nunca sentí uma decepção/tristeza tão grande".

Eu como fan do Barrichello me deu vontade de chorar quando ví aquilo. O que fizeram com ele foi absurdo. Lembro de ouvir perfeitamente pela tv os caras filmando os dirigentes da Ferrari, e dando pra ouvir perfeitamente no fundo o coro da torcida de "Filhos da P**A! Filhos da P**A!"

Eu tenho essa corrida aqui no pc. No blog do Mark Webber tem essa corrida pra baixar, na íntegra.

Meu amigo foi nessa corrida, e disseram que quando viram o Schumacher a pé depois dele passar reto na curva do sol o autódromo veio abaixo, de tanto que zuaram ele.

Alguém mais foi?

Anônimo disse...

Pensei que viesse por aí uma corrida 'das antigas' com alguma situação bizarra.
Acabou que foi a mais recente de todas e realmente uma corrida das mais conturbadas.

Vale lembrar:
A bela 'pole' do Rubinho.
A pancada do Alonso.
O imã invisível da Curva do Sol.
A insperada vitória do Físico.

Melhor esquecer:
As caras de decepção do Rubinho e do Físico.

Muito boa Seção!!!

Abraços!!!

Blog F1 Grand Prix disse...

Amigos, obrigado pelos elogios, pelas críticas e pelas correções! Perdoem-em por não comentar cada uma delas individualmente, mas vou precisar utilizar uma conexão por telefone a partir de amanhã. Por isso, estou correndo para deixar as coisas adiantadas...

Grande abraço a todos!

Gustavo Coelho