Com a disputa de hoje, já completamos a primeira metade da lista dos Dez Maiores Duelos da História. Se o que já veio foi espetacular, imagine o que ainda temos pela frente! Sem perder mais tempo, vamos continuar:
10. Senna x Alesi - Estados Unidos/1990
9. Piquet x Mansell - Austrália/1990
8. Schumacher x Hill - Bélgica/1995
7. Alonso x Massa - Europa/2007
SEXTO COLOCADO - Ayrton Senna x Nigel Mansell no G.P. de Mônaco de 1992
Ayrton Senna e Nigel Mansell foram dois dos maiores nomes da história da Fórmula 1. Contemporâneos, travaram disputas memoráveis, como não podia deixar de ser. Duelaram por vitórias e também pelo título, na temporada de 1991.
O primeiro grande confronto entre os dois ocorreu no Grande Prêmio da Espanha de 1986. Antes disso, Senna e Mansell até já haviam se encontrado na pista. Em Jerez de la Frontera, porém, a batalha foi épica.
Senna liderava a poucas voltas do final, com uma vantagem relativamente confortável para Mansell. O inglês, entretanto, parecia estar possuído. Quebrando sucessivos recorde de volta, ele alcançou o brasileiro na última curva.
Com pneus novos, o carro de Mansell rendia muito mais. Senna, que não havia feito troca, precisava segurar-se. E conseguiu. Os dois cruzaram, emparelhados, a linha de chegada. O brasileiro venceu por 0.014s, a terceira menor diferença da história.
No ano seguinte, em 1987, Senna e Mansell encontraram-se no G.P. da Bélgica, em Spa. Bateram e precisaram abandonar. Naquele dia, quase saíram na pancada. O inglês foi tirar satisfações nos boxes da Lotus do brasileiro, mas a dupla acabou sendo afastada pela turma do deixa-disso.
Não seria o único acidente entre os dois. Em 1989, Mansell já havia sido desqualificado por ter dado marcha à ré no box, quando alcançou Senna na disputa pelo segundo lugar. Tentou uma ultrapassagem otimista.
E o brasileiro, obedecendo aos seus instintos, fechou. Resultado: fim de prova para os dois - Senna ficava mais longe do título daquela temporada e Mansell levava uma suspensão de um G.P. para casa, após todas as confusões.
O ano de 1991 viu a primeira disputa direta entre Mansell e Senna pelo título. O brasileiro levou a melhor, ganhando seis corridas - contra quatro do rival - e batendo o inglês com uma vantagem de 23 pontos.
Na temporada seguinte, porém, Mansell seria imbatível. Venceu as cinco primeiras corridas do campeonato, mostrando que aquele ano, finalmente, seria o dele. Enquanto isso, Senna sofria com a falta de rendimento de sua McLaren, tendo conseguido apenas 8 pontos nesse mesmo período.
Foi nesse cenário, amplamente favorável ao inglês, que pilotos e equipes chegaram a Monte Carlo, para o G.P. de Mônaco, sexta etapa do campeonato de 1992. Nos treinos de classificação, sem maiores surpresas, Mansell cravou a pole, com oito décimos de vantagem para qualquer outro piloto.
O companheiro do inglês na Williams, Riccardo Patrese, era o segundo. E Senna vinha em terceiro. Mas, se quisesse vencer, o brasileiro precisaria contar com a sorte. Em condições normais, sua McLaren não era páreo para o carro de Mansell.
Na largada, o inglês liderou com tranqüilidade. Ao chegaram na Saint-Devóte, porém, Senna executou uma manobra arriscada para superar Patrese. Mas, já de início, ficou claro que o brasileiro precisaria fazer um esforço gigantesco para acompanhar o ritmo do primeiro colocado.
Ao longo de toda a corrida, o cenário foi esse. Mansell liderando, com Senna fazendo de tudo para não perder contato. Afinal de contas, qualquer coisa pode acontecer em Mônaco. O brasileiro precisava ficar perto para aproveitar alguma oportunidade.
Nada indicava que Mansell poderia perder a corrida. Mas na volta 70 - de 78 - tudo mudou. Repentinamente, o inglês foi para o boxe. Ele tinha uma suspeita de furo de pneu. O pit stop demorou mais do que o normal e, quando o piloto da Williams voltou, estava atrás de Senna.
Começava o duelo. As últimas seis ou sete voltas foram sublimes. Senna e Mansell faziam uma disputa nua e crua pela vitória. Nada mais importava. Nenhum dos dois tinha algo a perder: o campeonato - sejamos honestos - já era do inglês.
Tudo o que valia, então, era o triunfo em Mônaco. Senna já tinha quatro. Mansell tentava o primeiro, na pista em que havia liderado uma corrida pela primeira vez, em 1984. Não demorou para que o inglês colasse no seu rival.
"O carro dele era simplestemente largo demais para passar", disse Mansell após a corrida. É verdade. Mas, enquanto esteve na pista, o inglês não desistiu em nenhum momento. Alternava a trajetória em todas as curvas. Às vezes, até de forma desnecessária.
Senna se manteve tranqüilo. Seus pneus estavam desgastados, mas ele tinha como segurar o inglês. Não era fácil ultrapassar o brasileiro. Ainda mais, em Mônaco. Por mais que tentasse, Mansell não conseguiu repetir a manobra que havia feito para cima de Alain Prost, na corrida de 1991.
Os dois abrem a última volta juntos. Mansell escorrega de lado mas, como sempre, corrige no último momento possível. Senna pilota nas pequenas retas de Mônaco com o capacete de lado, tentando enxergar o inglês no retrovisor.
No hairpin Lowes, Mansell quase perde a frente do carro, fritando os pneus. No complexo da piscina, o inglês voa sobre as zebras, tentando de forma desesperada achar algum ponto para passar. Inutilmete.
Senna consegue manter a vantagem e vence com apenas dois décimos de diferença para Mansell. Um desempenho fantástico de ambos os pilotos. Num dos maiores duelos de todos os tempos.
Até o final de 1992, Mansell ainda venceria outros quatro Grandes Prêmios, conquistando um dos títulos mais fáceis da história. E Senna só ganharia mais duas corridas. Uma delas, na Hungria, justamente no dia em que o inglês sagrou-se campeão. De qualquer forma, o momento mais marcante do ano foi a disputa dos dois em Mônaco. Um duelo para sempre ser guardado.
Pela garra, valentia e recusa em aceitar a derrota do inglês, pela defesa de posição calma, magnífica e cirúrgica do brasileiro, e pelo espetáculo proporcionado nas últimas voltas do G.P. mais difícil do calendário da Fórmula 1, Ayrton Senna e Nigel Mansell levam o sexto lugar na lista dos Dez Maiores Duelos da História.
A seguir, as últimas três voltas da corrida, com narração de Cléber Machado:
A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta na semana que vem, a partir da próxima terça, com os números 5, 4 e 3 da nossa lista. Hoje, ao longo do dia, o Blog retorna comentando as principais notícias do mundo da velocidade. Até mais!
Crédito das fotos (na ordem em que aparecem):
www.sepad.ee - Número Seis
www.comparestoreprices.co.uk - Senna
www.news.bbc.co.uk - Mansell
www.comparestoreprices.co.uk - McLaren de Senna
www.leblogauto.com - Williams de Mansell
www.forocoches.com - Disputa
9 comentários:
ótima escolha, gustavo. Vc. tem se mostrado muito perspicaz na pesquisa. Nosso Ayrton foi um homem para nunca ser esquecido, esse momento foi mais um onde ele mostrou toda a sua genialidade. Poderia ser Mansell, Prost ou Shumacher, ninguém passava Ayrton naquele dia.
Um abraço
cléber todo empolgado na transmissão hihihi gostei
Aurélio,
Muito obrigado pelos elogios! E espere que ainda tem mais do Senna para aparecer!
Grande abraço!
Caçarola! se essa linda briga é sexto, imagine a primeira posição!
Me desculpem... acho que segurar alguem em MONACO não é nada demais.... o Bernoldi de Arrows segurou o David Coulthard por uma "trocentas voltas" e garanto que não esta relacionado.... acho que esta vocew deveria ter colocada nas "dez maiores chegadas de todos os tempos" e não nas melhores disputas......
1) era um Couthard, não um Mansell...
2) quantas foram as tentativas de ultrapassagem nesse episódio mensionado? 1? 2?
3) eram pilotos que buscavam o título?
Esse definitivammente está entre os maiores duelos da F1, talvez devesse estar até antes do 6º. Sensacional essas imagens!
Eu tenho esse vídeo no meu pc há um tempo já perdi a conta de quantas vezes assisti.
Abraço
Esse foi histórico ! Cheio de lances emocinantes. DEsde a para de Mansell no Box até a bandeirada. E o narrador disse bem : É difícil em Mõnaco, mais díficil é Ultrapassar Senna !!
Foi uma briga bonita, mas as vezes fico em duvida. Mtas vezes acho q o talento de Senna foi o q fez ele ganhar mas outras acho q o traçado foi mais determinante pra isso. Naum sei; vou levar mais um tempo pra tomar a decisão. Eu tb fiquei mto tempo pensando se o Senna era msm pra mim o melhor piloto de F-1 ou se deveria existir o melhor pra kd epoca especifica.
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