Começamos hoje a mais nova contagem da seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix. Dessa vez, estão em pauta os Dez Maiores Duelos da História, disputas magníficas e emocionantes entre grandes gênios do automobilismo mundial. Antes de tudo, uma pequena explicação sobre os critérios. Dois pontos principais, mais precisamente.
Primeiro, vou precisar deixar de fora os duelos da época mais romântica da Fórmula 1, quando não havia registro em vídeo. Infelizmente, não há como julgar as disputas dessa época. E segundo: na lista, um piloto pode aparecer várias vezes, mas sempre com rivais diferentes. Para evitar repetição, uma dupla só pode aparecer junta, no máximo, uma única vez.
Dito isso, vamos começar:
No início do campeonato de 1990 da Fórmula 1, Ayrton Senna e Jean Alesi estavam em diferentes estágios de suas carreiras. O brasileiro já era reconhecido como o piloto mais rápido do grid, e suas seqüências de poles provavam isso.
Por sua vez, o francês havia acabado de estrear na categoria, em meados de 1989. De cara, provou ser muito rápido e promissor, além de dono de um estilo extremamente agressivo. Na época, era considerado, por muitos, um futuro campeão mundial.
O tempo tratou de enterrar a teoria de que Alesi poderia se tornar um dos grandes da Fórmula 1. Mesmo assim, o francês deixou sua marca. Conquistou fãs ao redor do mundo com seu estilo batalhador e corajoso. Principalmente na Itália, onde correu por vários anos defendendo a Ferrari.
Foi no Grande Prêmio dos Estados Unidos de 1990, disputado no insosso circuito de rua de Phoenix (à esquerda), que Jean Alesi apareceu pela primeira vez para o grande público. E justamente numa batalha contra Ayrton Senna. Que era, aliás, o ídolo pessoal do francês.
O primeiro fim de semana da temporada começara agitado. Na sexta, os pilotos que calçavam pneus Pirelli - incluindo Alesi - conseguiram resultados espetaculares. A expectativa geral, porém, era que o pelotão da Goodyear se recuperasse na sessão final de classificação, no sábado.
Mas choveu. E o grid foi definido com os tempos de sexta. Na pole estava o austríaco Gerhard Berger, o novo companheiro de Ayrton Senna na McLaren. Completando a primeira fila - quem diria! - vinha a Minardi de Pierluigi Martini, naquela que seria a melhor posição de largada da história da equipe italiana.
Em terceiro, outra zebra: Andrea de Cesaris, com uma Dallara. Logo atrás, finalmente, apareciam Jean Alesi e Ayrton Senna, com o francês à frente do brasileiro. Nelson Piquet fechava os seis primeiros no grid, em sua corrida de estréia pela Benetton.
Na largada, Alesi conseguiu um pulo sensacional, e era segundo antes da curva inicial - uma esquina com angulação de 90º. Aproveitando um momento de hesitação de Berger, o francês colocou por dentro e tomou a liderança.
Ao mesmo tempo, Senna fazia uma saída conservadora e ganhava apenas uma posição na primeira volta, superando Martini. Algumas voltas depois, passou de Cesaris, estabelecendo-se em terceiro.
Na ponta, Alesi andava forte e parecia ser capaz de manter-se na primeira colocação. Até quando, pelo menos, seus pneus Pirelli durassem. Senna diminuiu um pouco o ritmo, enquanto Berger tentava acompanhar o líder de perto.
Foi então que o austríaco cometeu um erro na nona volta, batendo de traseira num dos muros de Phoenix e precisando dirigir-se ao boxe. Ele ainda voltaria para a corrida, estabelecendo a volta mais rápida mas abandonando mais tarde em virtude de um problema de embreagem.
Senna não apertava, deixando Alesi apreciar o primeiro lugar. O brasileiro esperou até que os Pirelli da Tyrrell do francês ficassem desgastados. Finalmente, depois que a corrida já tinha 30 voltas completadas, Ayrton partiu para o ataque. Aí começou uma disputa espetacular.
Senna não teve problemas para encostar na Tyrrell de Alesi. Depois de passar um tempo estudando a trajetória do francês, Ayrton escolheu o final da reta principal para fazer sua manobra. Em Phoenix, era basicamente o único ponto de ultrapassagem possível.
Os dois abriram juntos a 34ª volta. Senna pegou o vácuo de Alesi e freou quase dentro da curva. Por causa do esforço e de uma ondulação na pista, a McLaren perde um pouco de equilíbrio e balança minimamente. Ayrton é obrigado a dar uma leve aliviada no acelerador, perdendo velocidade de saída.
É a chance que Alesi esperava. Assim como havia feito com Berger, na largada, o francês aproveita um momento de distração de Senna e coloca por dentro na curva seguinte, uma esquerda de 90º. Ayrton só percebe a aproximação da Tyrrell no último momento. Precisa abrir e permite a ultrapassagem.
Uma volta depois, Senna tentaria de novo. Alesi perde tempo ao ultrapassar o retardatário Gregor Foitek, e Ayrton não desperdiça a oportunidade. Coloca por dentro e, dessa vez, altera a trajetória na próxima curva para não tomar o troco novamente.
Alesi, sem desistir, faz de tudo para recuperar a liderança. Chega a ficar lado a lado com Senna algumas esquinas depois, mas o brasileiro da McLaren consegue se manter na frente. Quando os dois chegam no grampo de Phoenix - a curva mais fechada da pista - o francês tenta por dentro.
Toma uma vigorosa fechada de Senna e precisa freiar para não bater. Nesse instante, o brasileiro ganhava a batalha, finalmente. Até o fim da corrida, o piloto da McLaren abriria uma vantagem de 30 segundos. Com poucas voltas para a bandeirada, Ayrton diminui o ritmo e Alesi volta a se aproximar. A diferença entre os dois no final fica em oito segundos e meio.
Nos anos seguintes ao duelo de Phoenix, Senna ganharia mais algumas dezenas de corridas, venceria mais dois títulos e se consagraria como um dos maiores nomes da história do esporte, antes de encontrar a morte em Imola. Já Alesi sofreria anos numa Ferrari sempre em dificuldades. Encerraria a carreria com apenas uma vitória, no Canadá, em 1995.
Naquele G.P. dos Estados Unidos, porém, muitos chegaram a jurar que estavam ali o atual campeão e a futura estrela. Não era para ser. Mas, pelo menos, os dois deram um show que nenhum fã da Fórmula 1 vai esquecer tão cedo.
Por causa da disputa nua e crua pela vitória, pela raça, garra e ousadia do francês e pelo desempenho técnico e inteligente do brasileiro, Ayrton Senna e Jean Alesi levam o décimo lugar na lista dos Dez Maiores Duelos da História.
A seguir, o vídeo da disputa, narrado em emocionante japonês. Desculpem, não achei em outra língua:
Amanhã, a seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta com o número 9 da lista dos Dez Maiores Duelos da História. E hoje, ao longo do dia, o Blog retorna comentando as principais notícias do dia. Nos vemos por aí!
3 comentários:
belo texto. Alesi tentou de tudo mas com o senna não tinha jeito. Como ele faz falta, não?
Abs
boa escolha blog. Ainda era muito jovem nesse época, não vi ao vivo, mas sei como essa disputa foi emocionante.Começou bem a nova contagem.
Boa, Blog.
Mas se esta é a 10ª... essa lista promete.
Abs
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