sexta-feira, 13 de julho de 2007

Uma cicatriz em Indianapolis

Quando Bernie Eccletone afirmou, pouco antes da realização da corrida deste ano de Indianapolis, que a Fórmula 1 não precisava de uma etapa nos Estados Unidos, muita gente interpretou como puro blefe.

Afinal de contas, o chefão da categoria top do automobilismo mundial não poderia estar falando sério. Ele não descartaria assim, tão facilmente, um dos mercados com maior potencial de consumo do mundo. O público americano não tinha como ser ignorado. Certo?

Muito pelo contrário. Ontem, o porta-voz do Indianapolis Motor Speedway anunciou a não renovação do contrato da pista com a Fórmula 1. O que impede, é claro, a realização de corridas no circuito a partir do ano que vem. Com isso, a categoria não deve passar pelos Estados Unidos em 2008.

Soluções alternativas até poderiam existir. Nenhum outro país do mundo dispõe de tantos autódromos de bom nível. Além disso, chegou-se a aventar a possibilidade da realização de corridas nas ruas de Las Vegas e Nova Iorque, por exemplo.

Nenhum dos projetos, porém, parece ter muita credibilidade. A falta de garantias financeiras, principalmente, pesa na decisão de Bernie Ecclestone de tirar os Estados Unidos do calendário da Fórmula 1 a partir de 2008. E, assim, Indianapolis perde sua etapa e fica com uma grande cicatriz no seu imenso complexo.

Com a saída da Fórmula 1, aquele circuito misto estilo Mickey Mouse perde um pouco de seu sentido. É verdade que a MotoGP correrá em Indy a partir do ano que vem. Mesmo assim, ela não se compara em importância à categoria top do automobilismo.

A pista construída especialmente, em 2000, para acomodar as enorme exigências da Fórmula 1, fica agora encravada no meio do Indianapolis Motor Speedway. Como um enorme monumento à ganância dos dirigentes da categoria.

Um péssimo negócio para a Fórmula 1 e, também, para o Indianapolis Motor Speedway. Pela importância que cada um possui, não poderiam, jamais, ficar separados.

Fica a esperança de que, no futuro, os dois possam voltar a se acertar. "A Fórmula 1 não entende os Estados Unidos", disse Tony George, proprietário de Indianapolis. Mas não é só isso.

Já faz muito tempo, os dirigentes da principal categoria do automobilismo mundial esqueceram do que é formado, verdadeiramente, o esporte. Quando Bernie Ecclestone prefere realizar uma corrida em Cingapura ao invés de Indianapolis, é sinal de que as coisas, definitivamente, não são mais como antes.

Uma pena.

5 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com você, Blog!

O pior é que para a gente daqui, do Brasil, essas corridas lá da Ásia vão ser todas de madruga.

Em Indianapolis, era de tarde. Muito melhor.

Fazer o que ne?

Anônimo disse...

eu gostava de indianapolis... é... a fórmula 1 já não é a mesmoa...

Anônimo disse...

Posso estar enganado, mas creio que o fiasco ocorrido no GP dos EUA de 2005, em que a maioria das equipes não correu por causa do risco de pneus de uma marca explodirem durante a prova, deve ter pesado na decisão dos norte-americanos. Na época foi um fiasco monumental, lembram? O português Tiago Vagaroso Monteiro, com uma Jordan subiu ao pódio, em terceiro, Narain Karthikeyan (esse nem eu lembrava) ficou em quarto, enquanto Christijan Albers e Patrick Friesacher (quem?) com duas Minardis ficaram em quinto e sexto. Ou melhor, em penúltimo e último pois foram apenas esses que largaram. Na época, faltou jogo de cintura para Bernie Ecclestone, tipo transferir a corrida para outra data, algo que demonstrasse respeito aos organizadores e a torcida, já que o problema era decorrência de pneus, ou seja, das equipes. Mas não. Mesmo totalmente esvaziada - nunca, em tempo algum ocorreu algo semelhante - o arrogante chefão tocou o circo em frente. O resultado se vê agora: a F1 escorraçada de Indianápolis, o templo sagrado do automobilismo. Se de fato esse foi a motivo da não renovação do contrato, só há um culpado, e ele tem nome e sobrenome: Bernie Ecclestone.

Blog F1 Grand Prix disse...

Emanuel,

Belo texto. Você falou tudo. Aquela corrida de 2005 manchou, para sempre, a imagem da Fórmula 1 frente ao público americano.

Mesmo assim, penso que a categoria ainda deveria lutar para se estabelecer nos Estados Unidos.E o templo de Indianapolis é o autódromo ideal.

Por sua importância e história, ele se combina com a Fórmula 1. Infelizmente, parece que isso não pesa mais para os dirigentes da categoria.

Felipe Maciel disse...

É a ordem natural das coisas...
Tudo tende a piorar.
Impressionante...

Mas a verdade é que o cara tá pensando em ganhar mais e mais grana, enquanto a tradição vai ficando de lado. A gente simplesmente nao pode fazer nada.