10. Alonso sobre Schumacher - Hungria/2006
9. Villeneuve sobre Schumacher - Portugal/1996
8. Mansell sobre Piquet - Inglaterra/1987
7. Schumacher sobre Raikkonen - Brasil/2006
6. Montoya sobre Schumacher - Brasil/2001
5. Villeneuve sobre Jones - Holanda/1979
4. Raikkonen sobre Fisichella - Japão/2005
TERCEIRA COLOCADA - Ayrton Senna sobre Niki Lauda - G.P. de Mônaco de 1984
Imagine a seguinte situação:
Você é mais um fenônemo das fórmulas de base do automobilismo mundial. Flerta com várias equipes grandes da Fórmula 1, mas acaba estreando por um time pequeno, como a maioria dos outros pilotos.
Então, nas suas cinco primeiras corridas na categoria, você termina duas vezes entre os seis primeiros, conquistando dois pontos com um carro absolutamente atrasado. Pior do que isso: ainda era o modelo do ano passado de uma equipe pobre e modesta. Aí, a temporada chega ao seu sexto Grande Prêmio.
Lá, após uma recuperação sensacional, você ultrapassa, com aquela carroça de final de pelotão, um piloto com o carro dominador do campeonato. Mais até: um bicampeão mundial, e o futuro vencedor daquela própria temporada. Ah, e a manobra será em Mônaco. Na chuva. E por fora.
Naquele dia, a Fórmula 1 era apresentada a Ayrton Senna da Silva. Piloto absolutamente fenomenal, ele fazia seu primeiro ano na categoria pela Toleman, uma modesta equipe inglesa que registrava uma pequena evolução após suas primeiras temporadas.
Porém, não era, de forma alguma, o carro ideal para qualquer jovem que sonhava conquistar resultados espetaculares logo de cara. Mas Ayrton Senna era diferente dos outros. E, no G.P. de Mônaco de 1984, ele mostrou, pela primeira vez, o que era capaz de realizar.
Senna classificou-se em décimo-terceiro no grid. Uma ótima posição, dada as limitações da Toleman. Sua equipe havia estreado o carro de 1984 apenas na corrida anterior, em Dijon-Prenois, na França. Antes disso, entretanto, Ayrton já conseguira dois sextos lugares, na África do Sul e na Bélgica, usando o obsoleto modelo de 1983.
Na largada, um acidente já tirava as duas Renault de Patrick Tambay e Derek Warwick. No fim da primeira volta, Senna já era nono. E foi ganhando mais posições. Ultrapassando figurões como o campeão de 1982, Keke Rosberg, e o piloto número um da Ferrari, Rene Arnoux.
Além disso, ele Ayrton ainda recebia ajuda de outros que faziam o favor de se auto-eliminar. Michele Alboreto, que era o quinto, rodou sozinho e perdeu uma volta. E o leão Nigel Mansell, naquela época um obscuro piloto pagante na Lotus, bateu sozinho na curva do Casino quando liderava uma corrida pela primeira vez.
De repente, Senna se via em terceiro. Na sua frente, apenas as duas McLaren. Alain Prost estava longe, mas Niki Lauda vinha tendo grandes dificuldades na chuva. Ninguém poderia esperar que um piloto da Toleman fosse desafiar a dobradinha da equipe de Ron Dennis. Mas Ayrton tinha outros planos.
Chegando na reta de largada de Mônaco - que não é propriamente, uma reta - Senna está colado no austríaco. Provavelmente, o brasileiro não via absolutamente nada na sua frente. Teria de ter muita coragem e ousadia para tentar ultrapassar Lauda.
Surpreendentemente, Ayrton abre para a linha de fora. Tem, agora, um mínimo de visão. Tendo saído mais rápido da curva final do circuito, e tirando tudo do motor Hart muito mais fraco que o TAG Porsche do austríaco, Senna emparelha com Lauda enquanto os dois abrem a próxima volta.
Os dois se aproximam da fechada e traiçoeira curva Saint-Devóte. Ayrton continua firme e freia praticamente dentro da curva, enquanto Niki já havia tirado o pé muito antes. "Esse brasileiro é louco", deve ter pensado Lauda.
Mas, como o escriba do Blog gosta de dizer, a diferença entre a loucura e a genialidade não é o sucesso? E nós sabemos muito bem quais foram os resultados de Senna ao longo de sua carreira. Tudo, podemos dizer, começou a se desenhar naquele aguaceiro de Mônaco.
A corrida no Principado foi encerrada antes do final, uma decisão polêmica e discutível tomada pelo rainmaster das décadas de 60 e 70, Jacky Ickx. O belga era o diretor daquela prova e, assim, deu a vitória a Alain Prost, que vinha perdendo terreno para Senna volta após volta.
Naquele dia, o francês deve ter se sentido aliviado. Mas o mundo é irônico. Com a interrupção, os pilotos receberam metade dos pontos. Prost, portanto, fez 4.5, ao invés dos 9 da vitória. Se, porém, a corrida tivesse continuado e Ayrton vencido com Alain em segundo, o piloto da McLaren teria marcado 6 pontos. Com isso, no final do ano, teria sido o campeão.
Mas não há como garantir o que teria acontecido se a corrida tivesse continuado. Dizem que Senna tinha problemas de suspensão e provavelmente não chegaria ao final. Além dele, um outro jovem piloto, Stefan Bellof, também promovia uma performance espetacular.
De forma semelhante a Ayrton, o alemão era terceiro, tendo saído da rabeira do pelotão com um outro carro modesto, o Tyrrell. Poderia ter sido ele o vencedor? Não há como saber. A única garantia é que, naquele dia, em Mônaco, o mundo conheceu um dos pilotos mais fantásticos de todos os tempos.
Pela coragem, ousadia e extrema dificuldade da manobra, pelo desempenho magnífico durante toda a corrida e por ter representado o início real de uma das carreiras mais marcantes da história do automobilismo, Ayrton Senna leva o terceiro lugar na lista das Dez Maiores Manobras de Ultrapassagem de Todos os Tempos.
A seguir, o vídeo da manobra, com narração emocionante de Galvão Bueno:
Amanhã, o Blog continua com a seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix e apresenta o número dois na nossa lista. Ainda hoje, volto com comentários e análises sobre o que de melhor acontecer no mundo do automobilismo. Nos vemos por aí!
7 comentários:
Sensacional! Não lembrava da manobra, cheguei a me arrepir aqui. Agora quero ver quais vão ser as duas primeiras rsrs
Senna faz muita falta...
Excelente escolha, Blog!
Estou realmente animado para ver quais vão ser as próximas agora.
Muito legal as fotos também, parabéns!
mas o piquet era melhor ve aquela ultrapassagem na hungria de 86
e galvao é chato e n~çao emocionante
cassio
Feliz escolha, Gustavo. Lembro que logo depois dessa ultrapassagem espetacuar, quando Senna se aproximava de Prost, Jack Ickx acenou a bandeira que interrompeu a prova. Prost estacionou de imediato enquanto Senna passou voando. Ele seria líder se tivesse mais duas voltas. Foi o próprio francês que agitara o braço na volta anterior pedindo que Ickx parasse a corrida. Bem feito, pois perdeu o título mundial ali. E lembro que a Toleman do brasileiro não tinha problema algum e ele venceria sim, como ganhou depois quase todas as provas que correu debaixo de chuva. Mas o que se viu foi um frustrado Senna de cara amarrada na hora da premiação. Depois o fenomenal Ayrton ganhou seis vezes em Mônaco. Poderiam ter sido oito não fosse a 'manobra' desse dia, e se Senna não tivesse perdido a concentração e batido sozinho quando liderava a prova com 30 segundos de vantagem sobre o mesmo Prost, em 1988. Uma pena. Parabéns pelo oportuno resgate, Gustavo.
Gustavo? Bom saber, já era hora de a gente descobrir.
Realmente o Senna por si só era incrível, em Mônaco então...
Boa!
Agora eu acho que já sei as outras duas.
Emanuel, o Senna já tinha batido, torcendo um braço de direcção. Ele não teria visto o fim, caso a corrida tivesse continuado...
Quem ficou mesmo a perder foi o Prost, marcando só a metade dos pontos por causa da interrupção prematura da prova, pontos que lhe fizeram falta no fim da temporada…
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