terça-feira, 10 de julho de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: As Dez Maiores Manobras de Ultrapassagem de Todos os Tempos - Número Quatro

A contagem regressiva do Blog já está quase no seu final. Nos próximos três dias, os números 4, 3 e 2 da nossa lista. E, na semana que vem, o grande número 1, seguido de uma análise das manobras que não entraram e o pontapé inicial de um novo ranking. Vamos continuar:

10. Alonso sobre Schumacher - Hungria/2006
9. Villeneuve sobre Schumacher - Portugal/1996
8. Mansell sobre Piquet - Inglaterra/1987
7. Schumacher sobre Raikkonen - Brasil/2006
6. Montoya sobre Schumacher - Brasil/2001
5. Villeneuve sobre Jones - Holanda/1980
QUARTA COLOCADA - Kimi Raikkonen sobre Giancarlo Fisichella, G.P. do Japão de 2005

Não, não estou exagerando. Por ser outra manobra recente, pode parecer que fiquei com pregüiça ao fazer a minha pesquisa. E será que a ultrapassagem foi tão sensacional assim? Raikkonen tinha um carro reconhecidamente superior ao de Fisichella. E, com todo o respeito, não podemos considerar o italiano um grande personagem da história da Fórmula 1.

Mas a manobra de Kimi foi soberba. Mais do que isso. Realizada na última volta, praticamente na derradeira oportunidade que o finlandês tinha de tomar a ponta. E veio para coroar um exibição de gala, numa corrida em que o então piloto da McLaren venceu saindo do décimo-sétimo lugar no grid. Sim, isso ainda é possível na Fórmula 1.

Considerando que naquele dia nem chegou a chover - o único fator que poderia embaralhar as coisas - a performance de Kimi foi, realmente, espetacular. Ao chegar ao Japão, palco da penúltima etapa do mundial daquele ano, Raikkonen já havia perdido o título de pilotos.

Mesmo tempo um carro mais rápido do que a Renault de Fernando Alonso, o finlandês não conseguia converter sua superioridade em resultados. Sua McLaren não era nem um pouco confiável. Em mais de uma oportunidade, Kimi perdeu corridas em que ia na direção da vitória.

Em Suzuka, para piorar as coisas, choveu durante a classificação. E todos os pilotos que fizeram suas voltas no final do dia ficaram bastante prejudicados. Raikkonen, Montoya, Alonso e Schumacher teriam, todos, de largar da rabeira do pelotão. O alemão era o melhor deles, em 14º.

Aquele Grande Prêmio do Japão foi um dos mais especiais dos últimos tempos. Várias foram as disputas por posições, envolvendo pilotos de ponto que raramente duelam entre si. Michael Schumacher foi a maior vítima, tendo tomado vigoras ultrapassagens de Kimi Raikkonen e Fernando Alonso.

O espanhol, aliás, realizou duas manobras diferentes para cima do alemão. Em ambas, passou por fora na entrada da primeira curva de Suzuka, uma direita muito rápida em que os pilotos só começam a freiar quando já estão praticamente dentro dela.

Fazendo uma corrida sensacional, Kimi Raikkonen foi superando os adversários mais lentos pouco a pouco. Ganha cinco posições na primeira volta. De 12º a 7º, foram outros cinco carros superados até a rodada inicial de pit stops. Como foi um dos últimos a parar, o finlandês chega a ser segundo.

Quando volta, Kimi é quarto. Na liderança, estava o segundo piloto da Renault, Giancarlo Fisichella. Entre os dois, a B.A.R. de Jenson Button e a Williams de Mark Webber. Raikkonen não arrisca fazer ultrapassagens na pista, esperando a próxima rodada de paradas.

Kimi alcança o segundo lugar após o seu último pit stop. Faltavam apenas oito voltas para o final, e a vantagem de Fisichella era de quase sete segundos. A vitória parecia perdida para o piloto da McLaren.

Mas Raikkonen não desistiria tão fácil. Com uma seqüência de voltas excepcionalmente rápidas, aliadas ao apatismo de Fisichella, que era, em média, um segundo mais lento por giro, Kimi cola no italiano quando restavam apenas três para o final.

Os dois abrem, juntos, a penúltima volta. Kimi se aproxima de Fisichella e planeja a manobra. Abre por fora, mas ainda não é suficiente. O italiano não se intimida e contorna a curva inicial de Suzuka na frente. Raikkonen teria de esperar a próxima oportunidade.

Que seria, também, a última. Na chicane final do circuito, Fisichella comete um pequeno erro e abre demais a trajetória. Raikkonen percebe a chance e usa o traçado ideal para sair com mais velocidade na reta. A hora é agora.

Colados, os dois primeiros abrem o último giro. Giancarlo vai para o meio da pista e não resta outra escolha a não ser a linha de fora para Raikkonen. O piloto da McLaren pega o vácuo do italiano da Renault e vai em frente.

Percebendo a iminência da perda de posição, Fisichella tenta retornar ao traçado externo e, por muito pouco, não se toca com Kimi em velocidade máxima. O finlandês, porém, não hesita e se mantém firme, conseguindo chegar à primeira curva lado a lado com Giancarlo.

Agora, seria uma questão de coragem. Raikkonen tem apenas uma pequena vantagem para Fisichella. O normal seria o finlandês reduzir antes. Mas ele consegue retardar a pisada no pedal esquerdo até o último momento. Os dois freiam praticamente ao mesmo tempo. Kimi, já estando na frente, ganha de vez a posição.

A partir daí, foi uma última volta gloriosa para Raikkonen. Naquela que foi, com certeza, sua maior atuação na Fórmula 1 até hoje. É verdade que várias corridas já tiveram mudanças de comando no derradeiro giro.

Mas qual outra corrida, no passado recente da Fórmula 1, teve uma troca de posição entre os dois primeiros na última volta, motivada por um bela manobra de ultrapassagem por parte do segundo colocado e não por um problema mecânico do líder ou ordens de equipe?

Pela coragem, pelo perigo da manobra, e por ter dado aos fãs da Fórmula 1, naquele dia, uma demonstração de que o automobilismo ainda é um esporte capaz de proporcionar corridas até o fim indefinidas e performances de tirar o fôlego como a sua, Kimi Raikkonen leva o quarto lugar na lista das Dez Maiores Manobras de Ultrapassagem de Todos os Tempos.

Como sempre, o vídeo (divirtam-se com o "uaaaal!" típico dos narrados do Speed):



Amanhã continua a seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix com o terceiro colocado da nossa lista. Ao longo do dia, o Blog volta com comentários sobre as últimas notícias do mundo da velocidade. Até já!

9 comentários:

Anônimo disse...

ahh essa eu vi ao vivo. Valeu a pena acordar de madrugada para assistir aquela corrida do japão. Foi muito boa.

Anônimo disse...

Falta a do Piquet sobre o Senna, a do Hakkinen sobre o Schumacher, mas qual será a outra, blog?

Blog F1 Grand Prix disse...

Não vou estragar a surpresa, Marcos ehehheh

Felipe Maciel disse...

Um circuito como esse jamais poderia sair do calendário!

A ultrapassagem foi bonita sim, mas a diferença de rendimento dos carros foi o principal para a manobra. Particularmente não colocaria entre as top 5, talvez nem entre as top 10, mas cada um com seu critério de escolha, claro.

Assim como o Marcos, tô tentando advinhar qual seria outra...

Confraria 96 disse...

A ultrapassagem foi sim sensacional.
E a contagem, excelente!!!
Talvez eu diria, mas o Fisico?!?!

Não, seria denegrir uma "pilotagem" de verdade.

Para tacar lenha na fogueira, se fosse o Kubica, também não passaria ou o polonês não é, digamos, um "físico"???

Anônimo disse...

Caro Gustavo, a seqüência de ultrapassagens que Ayrton Senna fez, no GP da Europa de 1993, disputado em Donington Park, Inglaterra, quando largou em quarto, caiu para quinto, mas debaixo de chuva ultrapassou Schumacher, Wendlinger, Hill e Prost ainda na primeira volta, foi a atuação mais fantástica que vi de um piloto até hoje. Embora você não avalie o "conjunto da obra", o que Senna realizou aquele dia valeu uma placa no circuito em homenagem a 'primeira volta mais fantástica da história da F1'.

Blog F1 Grand Prix disse...

Emanuel,

De início, eu ia botar a seqüência de ultrapassagens do Senna em segundo e o duelo de Arnoux e Villeneuve em primeiro. Mas pensei que não ia ter graça dividir o título entre dois pilotos.

Então coloquei o Gilles em quinto com aquela ultrapassagem sobre o Jones. E ainda pode vir por aí uma do Senna, quem sabe?

Não vou estragar a surpresa ehehhe

Gustavo Castro disse...

Como tenho apenas 15 anos de idade, dentre eles, 8 de f1, pela ordem, direi as mais impressionantes que vi ao vivo ou na internet: Mika Hakkinen em Michael Schumacher( Spa 2000-Eau Rouge), Raikkonen sobre Fisichella(Suzuka 2005), Piquet sobre Senna em 86 na Hungria, Barrichello sobre Ralf e Michael Schumacher no gp da espanha de 2000, Michael Schumacher sobre Raikkonen no Gp Brasil de 2006.

Speeder76 disse...

Bela ultrapassagem, talvez a melhor da década (eu conto a partir de 2001..). De facto, o Fisico não seria difícil, mas o facto de ser na única oportunidade que ele teve, já de si é meritório. E já agora, já viste o video da ultrapagem comentado na TV finlandesa?

Continua, que agora agora quero ver os três primeiros...