quinta-feira, 12 de julho de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: As Dez Maiores Manobras de Ultrapassagem de Todos os Tempos, Número Dois

Só falta um passo para que a lista esteja completa. Depois da apresentação do número dois, fica fácil adivinhar qual foi o grande campeão. Antes disso, porém, vamos conhecer a magnífica ultrapassagem que ganhou com o segundo posto do nosso ranking:

10. Alonso sobre Schumacher - Hungria/2006
9. Villeneuve sobre Schumacher - Portugal/1996
8. Mansell sobre Piquet - Inglaterra/1987
7. Schumacher sobre Raikkonen - Brasil/2007
6. Montoya sobre Schumacher - Brasil/2001
5. Villeneuve sobre Jones - Holanda/1979
4. Raikkonen sobre Fisichella - Japão/2005
3. Senna sobre Lauda - Mônaco/1984
SEGUNDA COLOCADA - Mika Hakkinen sobre Michael Schumacher - G.P. da Bélgica de 2000

O ano 2000 tinha começado de forma complicada para Mika Hakkinen. Bi-campeão mundial nas duas temporadas anteriores, o finlandês não havia pontuado nas duas primeiras corridas do campeonato, enquanto seu rival Michael Schumacher vencia ambas as etapas.

O primeiro triunfo de Mika só viria na quinta etapa, na Espanha. Não foi aí, porém, que sua reação iniciou-se. Após a nona etapa do ano, na França, Hakkinen ainda era terceiro no campeonato. Tinha só aquela vitória de Barcelona contra três de seu companheiro de equipe David Coulthard, por exemplo.

Será que Mika já não era mais o mesmo? A resposta ele daria mais tarde, começando na corrida da Áustria, a décima daquele ano 2000. A partir daí, Hakkinen conseguiria uma seqüência de três vitórias em quatro corridas. A última delas, em Spa-Francorchamps, na Bélgica.

Não foi, no final da temporada, suficiente para ganhar o título. Até porque Michael Schumacher reagiu de forma impressionante, vencendo todas as quatro derradeiras etapas do ano. Mas as atuações de Mika, principalmente naquele Grande Prêmio da Bélgica, foram inesquecíveis.

Chegando em Spa, Hakkinen tinha 64 pontos no campeonato. Já era líder, mas sua distância para Schumacher era de míseros dois pontos. David Coulthard, nessa altura, ainda se mantinha na briga pelo título, com 58.

Na classificação, Mika foi um segundo mais rápido do que qualquer um. Um desempenho impressionante. Ao lado dele, na primeira fila, a Jordan de Jarno Trulli, seguida da Williams do estreante Jenson Button. Schumacher era apenas o quarto e Coulthard, o quinto.

Antes da corrida, choveu. Afinal de contas, estamos falando de Spa-Francorshamps. Mas na hora da largada as nuvens já haviam ido embora. Mesmo assim, a saída foi feita atrás do safety car. Schumacher não perdeu tempo e partiu para cima de seus adversários.

No início da terceira volta, já era o segundo. E Coulthard também subia para terceiro, ajudado por um toque entre Trulli e Button, que tirou o italiano da corrida e atrasou o inglês. Nessa altura, a pista ainda estava molhada, mas secava rapidamente.

Hakkinen liderava com uma distância razoável para Schumacher. O alemão trocou para pneus de pista seca antes, o que encurtou a diferença entre os dois. Ao mesmo tempo, Coulthard demorava demais para fazer o mesmo e saía de vez da luta pela vitória. Ele seria apenas o quarto ao final da corrida, superado pela Williams de Ralf Schumacher.

Mika, por sua vez, não tinha tempo para refrescos. Michael não andava colado, mas um erro por parte do finlandês seria o suficiente para um inversão de posições. E foi isso que aconteceu. Pressionado pelo alemão, Hakkinen errou na curva Stavelot, no trecho final do circuito de Spa.

Ao tocar uma faixa branca pintada na pista, que ainda estava molhada, Mika perdeu o carro e rodou. Com habilidade incrível, porém, evitou um giro de 180 graus e manteve seu carro no sentido correto, continuando na corrida. Schumacher, porém, já era o novo líder.


A dupla fez sua última parada e o alemão continuava na frente. Agora, como manda o script da Fórmula 1, seria somente um passeio até a bandeirada. Mas Hakkinen tinha outras idéias. Contando com uma enorme velocidade final do motor Mercedes de sua McLaren, o finlandês alcançou Schumacher e planejou a manobra.

O ponto ideal era em Les Combes, ao final da longa reta que começava na curva mais perigosa e desafiadora da Fórmula 1, a Eau Rouge. Na primeira tentavia, Hakkinen tenta colocar por dentro ainda antes da zona de frenagem. Schumacher não se intimida e fecha o finlandês de forma até grosseira.

Irritado, Mika levanta o braço e ameaça uma reclamação. Logo em seguida, porém, Hakkinen concentra-se para tentar de novo. A seu favor, um número enorme de retardatários, que pareciam atrapalhar mais Schumacher do que o piloto da McLaren.

Uma volta depois, Mika foi para a manobra decisiva. Ao sair do grampo La Source, parecia longe do alemão. Mas sua velocidade através da Eau Rouge foi incrível. No meio da reta que leva a Les Combes, Hakkinen se aproximou de Schumacher. Dessa vez, porém, havia uma diferença em relação à volta anterior.

Havia um retardatário no meio da pista. Ricardo Zonta, da B.A.R., que simplesmente não tinha para onde ir. Tentando evitar problemas, o brasileiro se coloca exatamente no meio da pista, e tira o pé para deixar os líderes passarem. Por onde, era problema deles.

Schumacher, que também ocupava o meio da pista para bloquear Hakkinen, deve ter hesitado por um átimo de segundo. Então, seguindo a solução mais lógica, pega a linha de fora, ou seja, o traçado ideal para a curva que viria logo depois. Mika, porém, tentaria algo diferente.

Da câmera instalada na McLaren, dá para perceber o pouco tempo de reação que Hakkinen teve. O finlandês, provavelmente, apenas seguiu seu instinto e foi fundo. Por dentro, ultrapassou Zonta, quase colocando as rodas na grama, e emparelhou com Schumacher. Agora era só segurar o carro.

De forma magnífica, Mika consegue fazer a curva até com relativa tranquilidade. E Michael, que está por fora, não tem o que fazer a não ser aceitar a perda da posição, a poucas voltas do final. Até o fim da corrida, os dois ainda se mantiveram próximos, mas Hakkinen venceu com autoridade, após uma performance para nunca mais ser esquecida.

Ele não seria campeão no fim do ano, mas quem se importa? Pela agressividade, coragem e ousadia, por não se intimidar após ter cometido um erro em fase anterior da corrida e pelo enorme perigo e extrema dificuldade da manobra, Mika Hakkinen leva o segundo lugar na lista da Dez Maiores Ultrapassagens de Todos os Tempos.

A seguir, o vídeo da ultrapassagem, com a narração de Galvão Bueno. Notem como ele se atrapalha e elogia a "linda manobra do Schumacher":



O meu vídeo preferido, porém, é esse que vem agora, que mostra toda a saúde do motor Mercedes e dá noção da exata dificuldade de pilotar na magnífica pista de Spa-Francorchamps:



A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta na semana que vem, com o grande número 1 na lista das Dez Maiores Manobras de Ultrapassagem de Todos os Tempos. E, logo depois, teremos o pontapé inicial do próximo ranking. Mais tarde, o Blog volta com comentários sobre as notícias desta quinta e a Agenda do Fim de Semana, que virá um pouco adiantada dessa vez.

6 comentários:

Anônimo disse...

bela escolha. Mas agora fica fácil adivinhar qual ganhou...

Anônimo disse...

Blog, muito bem mais uma vez!

Essa manobra eu lembro de ter visto pela televisão. Tava torcendo para o alemão mas o Hakkinen arrancou aplausos até de mim.

E esse Galvão é mesmo um pato.

Abraço!

Anônimo disse...

schumacher é a maior vitima das ultrapassagens, 4 no total.A Mclaren levaria o título se tivesse feito o mesmo que a ferrari,concentrando todas as forças em um só piloto. Realmente ficou fácil adivinhar quem ganhou o primeiro lugar....
Valeu...
Abraços
Marc

Felipe Maciel disse...

aha...
Acertei a segunda e com certeza vou acertar a primeira também.
Abs

Lucas Israel disse...

A Primeira realmente e facilima chega até a ser MUITO Previsível
mas vale a pena dar uma olhada nessa aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=V2g1yrGputA

Uma magnífica ultrapassagem de Mansell sobre Berger em 1990 no México.
Na antiga peraltada (hoje se você ver no google earth você verá um estadio de baseball (sim um estádio de baseball!!!)dentro da curva mas que é impossibilitado de ser usado porque há uma chicane lá, além de não existir mais uma área de escape pois agora tem uma avenida ali)aquela curva era uma tamburello extremamente ondulada portanto uma curva muito perigosa mas vale realmente à pena dar uma olhada

Blog F1 Grand Prix disse...

Lucas,

Obrigado pelas dicas! Eu considerei colocar esta ultrapassagem do Mansell. Mas pensei que uma outra manobra do inglês, aquela sobre Piquet em Silverstone, 1987, teve mais significado e coroou uma atuação muito mais fantástica.

De qualquer forma, valeu pelo vídeo, que é realmente sensacional!

Abraço!