Lewis Hamilton vence confuso e emocionante Grande Prêmio da Austrália

Atualizado às 13:05h, com a notícia da desclassificação de Rubens Barrichello

Essa temporada 2008 promete. Na madrugada deste domingo, o Grande Prêmio da Austrália abriu com estilo o campeonato da Fórmula 1, com uma corrida animada e cheia de alternativas. Passando longe dos problemas, Lewis Hamilton fez uma prova sem erros e venceu com autoridade, seguido de perto pelos azarões Nick Heidfeld e Nico Rosberg. A Ferrari teve um dia para esquecer, enquanto Rubens Barrichello terminou num excelente sexto, mas foi desclassificado por irregularidades nos boxes.

O G.P. da Austrália já foi confuso desde o início. Na largada, nada menos do que cinco carros ficaram pelo caminho, em três incidentes diferentes. Quando a poeira baixou, Lewis Hamilton manteve a vantagem da pole, com Robert Kubica e Heikki Kovalainen logo atrás. Por sua vez, Felipe Massa cometeu um erro já na saída da primeira curva, rodando ao acelerar cedo demais e caindo para as últimas posições. Começava aí o calvário da Ferrari no circuito de Melbourne.

Jenson Button e Mark Webber se tocaram e precisaram abandonar, assim como Anthony Davidson, Giancarlo Fisichella e Sebastian Vettel. O safety car permaneceu na pista por algumas voltas, dando a oportunidade para Massa encher o taque até a boca. No momento da relargada, Hamilton não bobeou e manteve a ponta, pressionado por Kubica. Mais atrás, Rubens Barrichello já aparecia num promissor sétimo, com Kimi Raikkonen colado em sua traseira.

Durante as quinze voltas seguintes, o panorama não mudou muito. Então, os acontecimentos começaram a se suceder. Primeiro, vieram os abandonos de Adrian Sutil e Jarno Trulli, ambos por falhas mecânicas. Logo depois, Massa tentou uma manobra de ultrapassagem otimista demais sobre David Coulthard, e o escocês acabou levando a pior. Coulthard teve a suspensão de sua Red Bull completamente destruída, causando o segundo período de intervenção do safety car.

Os líderes já haviam feito suas paradas, mas Kubica e Fernando Alonso resolveram retornar aos boxes para mais um pit stop, arriscando uma estratégia que se revelaria bastante ineficaz. Ao mesmo tempo, Nelsinho Piquet estacionou seu carro na área de escape de Melbourne, vitimado por um provável problema de câmbio. Instantes depois seria a vez de Massa desistir, em virtude de uma quebra de motor.

Com o brasileiro fora, Raikkonen passou a ser o único piloto da Ferrari na pista. O finlandês ocupava a terceira posição, imediatamente atrás de Hamilton e Kovalainen. Sem perder tempo, Raikkonen partiu para cima de seu compatriota, mas o resultado não foi nada bom. Com pneus desgastados, o campeão freou tarde demais na tentativa de ultrapassagem sobre Kovalainen, e acabou fora da pista. Mais uma vez, Raikkonen voltava à rabeira do pelotão.

Quase imperceptível para a maioria dos espectadores, Takuma Sato abandonou na volta 42, diminuindo o número de pilotos para onze. Na ponta, Hamilton continuava liderando com tranqüilidade, protegido pelo companheiro Kovalainen. O inglês fez sua segunda e última parada na volta 43, quando a corrida já parecia encaminhada. Ledo engano. Correndo num discreto nono lugar, Timo Glock forçou depois no setor mais rápido do circuito de Melbourne, com conseqüências desastrosas.

Ao pisar fora da pista, a Toyota do alemão passou por um pequeno desnível na grama e levantou vôo, espalhando detritos para todos os lados. Glock não chegou a bater no muro, mas seu carro ficou muito danificado. Pela terceira vez, o safety car foi acionado, justamente quando vários pilotos preparavam-se para fazer suas derradeiras paradas. Um deles era Rubinho, que se mantinha firme no grupo dos líderes. O pit stop da Honda, porém, não deu nada certo.

Por um erro do chamado "homem do pirulito", Rubinho recebeu a permissão para sair cedo demais, e acabou levando o mecânico do reabastecimento junto. Mas o pior ainda aconteceria logo depois: Rubinho deixou os boxes em luz vermelha, recebendo imediatamente um Stop & Go que sepultou suas chances de podium. Mesmo com os problemas, Rubinho retornou em oitavo, ainda dentro da zona de pontuação.

Isso porque Kubica, que vinha em sexto, foi atingido por Kazuki Nakajima durante o período de safety car, sendo obrigado a desistir da prova. O japonês precisou trocar o bico e perdeu muito tempo, mas conseguiu retornar à pista. A persistência da Williams valeu a pena, já que a lista de abandonos ainda não havia sido totalmente preenchida. A apenas cinco voltas da bandeirada, um nome ilustre também foi obrigado a retirar-se da prova.

Ocupando apenas o sétimo lugar, Raikkonen diminuiu seu ritmo de repente, e começou a ser alcançado rapidamente por Rubinho. O finlandês, que havia rodado mais cedo em disputa com Glock, ainda tentou permanecer na pista, mas não houve possibilidade. Assim como no sábado, Raikkonen estacionou seu carro na entrada do pit lane, sem conseguir chegar ao boxes da Ferrari. Foi o ato final de um desastroso fim de semana para o time de Maranello.

Lá na frente, Hamilton só teve o trabalho de levar sua McLaren até o fim, vencendo com boa vantagem para Nick Heidfeld e Nico Rosberg. Esses dois completaram o podium com performances consistentes e sem erros, provando o potencial de BMW e Williams. Na seqüência, Alonso salvou um quarto lugar que ficou ótimo para as circunstâncias. O espanhol, de fato, não tinha um carro bom o suficiente para chegar tão à frente.

Heikki Kovalainen precisou se contentar com um quinto, tendo sido prejudicado pela última intervenção do safety car, que arruinou a sua estratégia. Rubinho fez um excelente sexto lugar e Nakajima - apesar de todos os problemas - ainda fechou em sétimo. A última posição da zona de pontuação ficou com Sebastien Bourdais, que teve uma atuação brilhante. Infelizmente, o francês sofreu uma quebra de motor a duas voltas do fim, quando ocupava um sensacional quarto lugar.

O saldo final de Melbourne: apenas sete pilotos receberam a bandeirada, o menor número desde o G.P. dos Estados Unidos de 2005. Dos quinze que abandonaram, oito se envolveram em acidentes. A proibição do controle de tração deixou os carros bem mais instáveis, e isso se traduziu em vários disputas e num verdadeiro show de pilotagem por parte de nomes como Hamilton, Alonso e Bourdais. Agora, é esperar pelo que vem por aí...

Edit: Previsivelmente, Rubens Barrichello terminou desclassificado do Grande Prêmio da Austrália por ter saído dos boxes com luz vermelha. Uma pena, mas a punição era mesmo esperada. De qualquer maneira, fica o consolo de que o carro da Honda, por incrível que pareça, tem potencial. Pelo visto, a equipe japonesa não vai repetir o vexame do ano passado.

Logo abaixo, a classificação oficial do Grande Prêmio da Austrália:

1. Lewis Hamilton/Inglaterra/McLaren, 58 voltas em 1h34:50.616s

2. Nick Heidfeld/Alemanha/BMW, a 5.478s

3. Nico Rosberg/Alemanha/Williams, a 8.163s

4. Fernando Alonso/Espanha/Renault, a 17.181s

5. Heikki Kovalainen/Finlândia/McLaren, a 18.014s

Rubens Barrichello/Brasil/Honda, a 52.453s*

6. Kazuki Nakajima/Japão/Williams, a 1 volta

7. Sebastien Bourdais/França/Toro Rosso, a 2 voltas (não completou)

8. Kimi Raikkonen/Finlândia/Ferrari, a 3 voltas (não completou)

Não classificados:

Robert Kubica/Polônia/BMW, Acidente na volta 50

Timo Glock/Alemanha/Toyota, Acidente na volta 44

Takuma Sato/Japão/Super Aguri, Problema Mecânico na volta 33

Nelsinho Piquet/Brasil/Renault, Problema Mecânico na volta 31

Felipe Massa/Brasil/Ferrari, Problema Mecânico na volta 30

David Coulthard/Escócia/Red Bull, Acidente na volta 26

Jarno Trulli/Itália/Toyota, Problema Mecânico na volta 20

Adrian Sutil/Alemanha/Force India, Problema Mecânico na volta 9

Mark Webber/Austrália/Red Bull, Acidente na volta 1

Jenson Button/Inglaterra/Honda, Acidente na volta 1

Anthony Davidson/Inglaterra/Super Aguri, Acidente na volta 1

Sebastian Vettel/Alemanha/Toro Rosso, Acidente na volta 1

Giancarlo Fisichella/Itália/Force India, Acidente na volta 1

* = desclassificado por ter saído dos boxes com luz vermelha

Volta mais rápida: Heikki Kovalainen, 1:27.418s na volta 27

Mundial de Pilotos: 1. HAMILTON, 10 pts; 2. Heidfeld, 8 pts; 6. Rosberg, 6 pts; 4. Alonso, 5 pts; 5. Kovalainen, 4 pts; 6. Nakajima, 3 pts; 7. Bourdais, 2 pts; 8. Raikkonen, 1 pt; Massa, Kubica, Piquet, Coulthard, Webber, Trulli, Glock, Vettel, Button, Barrichello, Sato, Davidson, Fisichella e Sutil, 0 pts

Mundial de Construtores: 1. MCLAREN, 14 pts; 2. Williams, 9 pts; 3. BMW; 4. Renault, 5 pts; 5. Toro Rosso, 2 pt; 6. Ferrari, 1 pt; 7. Red Bull, Toyota, Honda, Super Aguri e Force India, 0 pts

A próxima parada da Fórmula 1 é na Malásia, já no próximo domingo, dia 23 de março. Amanhã, o Blog volta com a seção Análise do Grande Prêmio, incluindo as notas dos pilotos, a cotação das equipes e o Balanço dos Palpites. Até mais!

Crédito das fotos: http://www.gpupdate.net/