quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: As Dez Corridas Mais Caóticas da História - Número 5

Continuamos, hoje, a primeira lista do ano da seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix. Dessa vez, o assunto são corridas animadas, confusas e emocionantes, que certamente ficaram marcadas na memória dos fãs da velocidade. Sem perder mais tempo, vamos em frente:

10. Europa/1999
9. Mônaco/1982
8. Mônaco/1984
7. Inglaterra/1975
6. Europa/1993
QUINTA COLOCADA - Grande Prêmio da Austrália de 1991

No início de sua trajetória, a Fórmula 1 era uma categoria acostumada a corridas longas. Em alguns casos, as provas chegavam a durar de três a quatro horas, representando um enorme teste de resistência para os pilotos. Com o tempo, os G.Ps. foram ficando mais curtos, até que uma regra instituída em 1973 limitou o tempo total dos eventos a duas horas.

As corridas ficaram mais curtas, satisfazendo a televisão e o público em geral. Numa certa ocasião, porém, as condições climáticas eram tão desfavoráveis que os organizadores foram obrigados a tomar uma medida radical. Não era a primeira vez que uma prova era interrompida antes do tempo, mas isso nunca havia acontecido tão cedo. E, assim, o G.P. da Austrália de 1991 entrou para a história com um recorde insólito.

Vinte e quatro minutos e meio. Catorze voltas, para ser mais exato. Foi essa a duração da corrida mais curta da história. Mesmo assim, houve tempo de sobra para que a prova de Adelaide se transformasse num autêntico caos. Correndo em condições impossíveis, os pilotos mal conseguiam ficar em linha reta. O resultado: uma sucessão de acidentes bizarros e perigosos, que transformaram aquele G.P. num dos mais confusos de sempre...

Em 1989, o circuito de Adelaide (à direita) já havia sido sede de uma prova recheada de batidas, e que terminou com apenas oito carros recebendo a bandeirada. Dois anos depois, porém, seria muito pior. Quando a Fórmula 1 chegou à Austrália para a última etapa de 1991, o campeonato já estava decidido a favor de Ayrton Senna. Mas isso não era motivo para que os outros pilotos diminuíssem seu ritmo.

O treino classificatório foi um prenúncio do que seria a corrida. Já de cara, Gabriele Tarquini e Aguri Suzuki bateram forte, em acidentes causados principalmente pelo asfalto sujo de Adelaide. No fim, Senna fez a pole, com seu escudeiro Gerhard Berger em segundo. Logo atrás, vinham as duplas da Williams - Nigel Mansell e Riccardo Patrese - e a da Benetton, Nelson Piquet e Michael Schumacher.

Na hora da largada, uma tempestade extramamente violenta atingiu Adelaide em cheio. Sem alternativa, os fiscais adiaram a prova durante alguns minutos, antes de cederem à pressão das emissoras de TV e do público nas arquibancadas. Não havia como prosseguir com a corrida, mas o Mundial de Construtores ainda estava em jogo entre McLaren e Williams, e isso acabou sendo usado como desculpa.

Cautelosos, os 26 pilotos largam sem arriscar. Senna mantém a ponta, enquanto Mansell ultrapassa Berger na disputa pela segunda colocação. A visibilidade é praticamente nula, e o risco de aquaplanagem, iminente. Mansell ameaça uma manobra sobre Senna, mas desiste quando seu carro começa a balançar de maneira quase incontrolável. Era só pegar o vácuo da McLaren para que o carro ficasse absurdamente instável...

Contrariando todas as expectativas, nenhum acidente acontece de início. Então, a partir da quarta volta, os pilotos começam a sair da pista. O primeiro a bater é o japonês Satoru Nakajima, naquela que seria a última prova de sua carreira. Uma volta mais tarde, um acidente múltiplo quase fecha a principal reta de Adelaide, numa cena inacreditável para os padrões da Fórmula 1 moderna.

Disputando o quarto lugar, Schumacher toca-se com Piquet e roda. O alemão fica atravessado na pista e Jean Alesi, sem ver nada, bate também. Pensa que acabou? Ainda não. A Ferrari de Alesi fica estacionada justamente na linha dos outros pilotos. Dois deles - Thierry Boutsen e Nicola Larini - não conseguem desviar. Resultado: ambos batem e abandonam, e o carro de Larini parado exatamente à frente da Ferrari destruída de Alesi.

Para os pilotos que continuam na prova, a situação é caótica. Se não bastasse a chuva, eles agora precisam desviar dos detritos espalhados no ponto de maior velocidade da pista! Quase desapercebido, Piquet dá um belo giro de 360º, conseguindo voltar sem perder posição. Logo depois, Pierluigi Martini roda completamente sozinho em plena reta. O italiano acerta o muro e abandona, deixando mais um carro perigosamente parado no meio da pista.

Ao mesmo tempo, a chuva começa a ficar ainda mais intensa. Numa mesma volta, Berger roda duas vezes. Milagrosamente, o austríaco não bate em ninguém e continua na prova, ainda em terceiro. Mansell, porém, não tem a mesma sorte: andando colado em Senna, o inglês erra e bate forte no trecho inicial do circuito, machucando o tornozelo. Para a direção da corrida, é a gota d'água.

Enquanto uma ambulância entra na pista para socorrer Mansell, Maurício Gugelmin roda no meio dos boxes, atropelando dois fiscais. Por sorte, nenhum deles fica seriamente machucado. Finalmente, a bandeira vermelha é acionada. Alívio para Senna, que havia passado várias voltas gesticulando para os organizadores. O brasileiro vence, com Mansell e Berger sendo classificados em segundo e terceiro. Na seqüência, Piquet, Patrese e Gianni Morbidelli completam os seis primeiros.

O fim súbito do G.P. da Austrália vem como um choque para Piquet, que estava se aposentando naquela corrida. Ele chega aos boxes e fica dentro do carro, esperando pelo reinício da prova. Quando o encerramento da corrida é confirmado, Piquet simplesmente se recusa a deixar o cockpit, numa cena testemunhada apenas por alguns mecânicos da Benetton.

"Vamos, me deixe sair para só mais uma volta!", insiste Piquet a Giorgio Ascanellli, o responsável pela sua Benetton. A pista estava fechada, porém, e Ascanelli nada pode fazer. Só então o engenheiro percebe a importância daquele momento: com o fim prematura da prova, também havia acabado de modo súbito a carreira de Piquet...

Por ter sido a corrida de Fórmula 1 disputada provavelmente nas piores condições já verificadas, pela sucessão de acidentes perigosos e bizarros que chegaram a fechar a pista no seu ponto mais rápido, e por ter o recorde de "corrida mais curta da história", o G.P. da Austrália de 1991 leva o quinto lugar na lista das Dez Corridas Mais Caóticas da História.

O G.P. da Austrália de 1991 foi tão curto que pode ser visto no YouTube em apenas quatro partes, de aproximadamente dez minutos cada. Portanto, se você estiver com tempo e paciência, aí vão os vídeos:


Primeira Parte


Segunda Parte


Terceira Parte


Quarta Parte

A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta na terça que vem, com o número quatro da lista das Dez Corridas Mais Caóticas da História. E hoje, ao longo do dia, comentários sobre as principais notícias do mundo da velocidade. Até mais!

Crédito das fotos:
Número Cinco - http://www.dkimages.com/

11 comentários:

Anônimo disse...

Eh... dessa corrida não lembro mto (tinha só cinco anos) mas deve ter sido um horror mesmo. Da história do Piquet não conhecia, coitado dele, não merecia terminar a carreira assim! O youtuba tá fora do ar agora aqui em ksa, quando voltar dou uma olhada nessa corrida e posto aqui as minhas impressões...

Anônimo disse...

Gustavo,

Aquele GP marcou a aposentadoria de Nelson Piquet e foi recheado de acidentes. Mas, mesmo após a corrida, ainda especulava-se uma ida de Piquet para a Ferrari.

1991 marcou também nosso oitavo e último título na F1. E lá se vão 17 anos.

Net Esportes disse...

Senna + Chuva = Vitória

Blog Velocidade F1 disse...

Que pena a carreira de um gênio da F1 tenha terminado dessa maneira

Blog Velocidade F1 disse...

Depois que eu vi o primeiro video,nos videos relacionados tem também a quinta parte que é o pódio,entrevista,etc

Anônimo disse...

Como a McLaren do Senna se mostrava instável, hein! Escorregava... ele ajeitava.
Balançava... ele consertava.
Era um piloto muito acima da média mesmo. E só pediu para encerrarem a prova após as saídas de Mansell e Berger.

Bravo Nelson Piquet!!! Ainda assim pontuou na despedida... (1,5)

Se a corrida não fosse interrompida ali, naquela volta, e sim na volta seguinte o Piquet estaria no podium em 2° lugar. Deveria ser por isso da irritação dele.

Confirma isso, Gustavo?

Abraços!

Fabio disse...

Carah,

Acho que vou reservar minha sexta-feira a noite pra ler os 10+, tá complicado! E não me permito ler o nº5 se não li o nº 6, então...

Mas as notícias da hora eu to pegando, ainda bem.

Grande Abraço!

Gui Vieira disse...

Que irresponsabilidade!!!!! Uma corrida nessas condições nunca deveria ter acontecido. Em pensar que hoje em dia passam 15 voltas atrás do safety car (GP do Japão do ano passado) por causa de uma chuvinha bem mais fraca. Isso sim foi um temporal! Os pilotos foram muito machos, destaque para o Mansell que estava prestes a passar o Senna quando bateu...

Anônimo disse...

Tb naum sabia dessa historia do Piquet, deve ter sido frustrante terminar a carreira na F1 desse jeito...triste

Anônimo disse...

Impressionantes as imagens da corrida. Consegui ver agora, que absurdo deixarem os caras correrem naquelas condições!! Não sei como não teve acidente mais grave...

Abs

Blog F1 Grand Prix disse...

Obrigado por todas as mensagens!

Guilherme: Realmente, se a corrida tivesse continuado por mais algumas voltas, Piquet seria classificado como segundo lugar. Sobre a McLaren do Senna: é impressionante como o carro balançava no meio da reta. O mesmo acontecia com a Williams do Mansell, mas o inglês não conseguiu segurar até o fim!

Grande abraço a todos!

Gustavo Coelho