quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: Os Dez Maiores Pilotos Brasileiros da História - Número Oito

Continuamos, hoje, a última lista do ano da seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix. Voltando ao formato padrão - com apenas um "número" sendo apresentado por post - é hora de falar de um tema bastante polêmico: Os Dez Maiores Pilotos Brasileiros da História. Sem perder mais tempo, vamos prosseguir:

10. Gil de Ferran
9. Christian Heins
OITAVO COLOCADO - Ingo Hoffmann

O oitavo lugar é o mínimo que Ingo Hoffmann merece. Piloto extremamente competitivo e de caráter exemplar, este paulista de 54 anos continua em atividade até hoje, sendo o único dos chamados "dinossauros" a permanecer entre os líderes da Stock Car Brasil. Dono de um currículo simplesmente monstruoso, Ingo tem lugar cativo em qualquer lista dos maiores do esporte a motor nacional.

Sua trajetória tem início em meados da década de 70, quando ele começou a participar nas maravilhosas e extintas festas que os entusiasmados fãs do automobilismo promoviam no Autódromo de Interlagos. De início, Ingo não contava com a aprovação dos pais e, por isso, precisou esperar até o seu aniversário de 19 anos para fazer sua estréia nas competições.

Logo na primeira corrida, uma incrível demonstração de sua capacidade. Após não ter muita sorte no sorteio das posições do grid - afinal, realizar um treino classificatório no gigantesco circuito de Interlagos era inviável - Ingo alinhou numa distante 44ª posição. Mesmo sem a menor experiência, escalou o pelotão até terminar num inacreditável sétimo.

Não demorou muito e, é claro, seus desempenhos começaram a chamar atenção. Em 1973, o pai de Ingo resolveu apoiar a carreira do filho e conseguiu um patrocínio do Grupo Creditum. Ao mesmo tempo, Ingo venceu os campeonatos paulista e brasileiro na antiga Divisão 3, formada por carros de 1600cc.

O bicampeonato em ambos os certames veio em 1974, comprovando todo o talento de Ingo. O passo seguinte não poderia ser outro: a Europa. Ajudado por Wilsinho Fittipaldi, Ingo comprou um March 753-Toyota e disputou toda a temporada de 1975 da Fórmula 3 Inglesa. No fim, mais um ótimo resultado: sexto lugar na classificação geral, incluindo uma vitória arrasadora no difícil circuito de Oulton Park.

Sem pensar duas vezes, Wilsinho assinou contrato com Ingo para a temporada seguinte. O plano era simples: no segundo ano de participação da equipe Copersucar Fittipaldi na Fórmula 1, Wilsinho seria o piloto principal, enquanto Ingo usaria a oportunidade para ganhar experiência e, possivelmente, assumir a liderança do time mais tarde. Subitamente, a situação toda mudou.

Insatisfeito com a proposta de renovação de contrato da McLaren, Emerson Fittipaldi deixou a equipe inglesa e rumou para a Copersucar. Entendendo seu compromisso com Ingo, Wilisnho abriu mão de correr pela equipe. De qualquer maneira, a posição da Copersucar não era mais a mesma. Com Emerson comandando o time, a pressão por resultados seria infinitamente maior.

O campeonato de 1976 começou no Brasil, justamente em Interlagos. Correndo com o antigo chassis FD03, Ingo não passou de 20º no grid, entre 22 pilotos. Na corrida, porém, veio a surpresa: usando o conhecimento da pista, Ingo terminou em 11º, duas posições à frente de Emerson! Infelizmente, porém, o resultado não mudaria muito seu status dentro da Copersucar.

Recebendo uma assistência de segundo piloto e sem o conhecimento dos circuitos da Fórmula 1, Ingo falhou a classificação nos únicos três outros G.Ps. que disputou em 1976: Long Beach, Espanha e França. No ano seguinte, suas oportunidades ficaram resumidas apenas às duas primeiras corridas. Um abandono na Argentina e um ótimo sétimo lugar no Brasil foram o ponto final da curta carreira de Ingo na Fórmula 1.

Sem espaço na Copersucar, Ingo competiu na Fórmula 2 pelo resto de 1977 e em todo o ano seguinte. Como sempre, seus resultados foram admiráveis, especialmente em 1978, quando Ingo foi quinto no Europeu e campeão do Sul-Americano. Sua equipe, na época, era a Project Four, pertencente a um certo Ron Dennis. Apesar de tudo, Ingo não teve outra chance na Fórmula 1, e conscientemente voltou ao Brasil em 1979.

Exatamente neste ano, a Chevrolet inaugurava no país uma nova categoria: a Stock Car. Sem muita opção, Ingo estabeleceu-se no certame. Certamente, ele nem imaginava o sucesso que alcançaria na Stock. Logo no seu segundo ano, em 1980, veio o primeiro título. Depois, um pequeno intervalo até 1985, data de seu segundo troféu. A partir daí, Ingo comandou a categoria de maneira dominante.

Em 1988, o terceiro. Em 1989, o quarto. Em 1990, 1991, 1992, 1993 e 1994, o quinto, sexto, sétimo e oitavo títulos. Uma pequena parada em 1995, para mais um tri entre 1996 e 1998. Com o aumento da competitividade da Stock, Ingo viu sua hegemonia abalada, mas ainda venceria de novo em 2002 para fechar sua inacreditável conta: doze troféus de campeão. O 13º troféu, se bobear, ainda pode vir nas próximas temporadas...

Se não bastasse o domínio na Stock, Ingo ainda venceu a Mil Milhas Brasileiras em 2003, além de disputar com destaque o Rally dos Sertões e outras competições off-road nos últimos anos. Na corrida final da Stock em 2006, Ingo chegou à incrível marca de 100 vitórias no automobilismo nacional, contando todos os seus triunfos desde a Divisão 3, na década de 70. Um recorde certamente inalcançável.

Fora das pistas, Ingo também dá o seu exemplo. Com o Instituto Ingo Hoffmann, socorre crianças com câncer, fornecendo abrigo e acompanhamento escolar. De fato, um gesto magnífico e emocionante, digno de uma dos maiores nomes da história do esporte a motor nacional. Mesmo sem ter tido muito sucesso na Fórmula 1, a trajetória de Ingo Hoffmann é um exemplo para qualquer jovem que deseja seguir a carreira de piloto profissional.

Pela coleção de títulos absolutamente sensacional - afinal, seu recorde de doze campeonatos na Stock Car é praticamente imbatível - pelo exemplo de caráter e, principalmente, por confundir a sua história com a do próprio esporte a motor no Brasil, Ingo Hoffmann leva o oitavo lugar na lista dos Dez Maiores Pilotos Brasileiros da História.

Como de costume, o vídeo abaixo é uma homenagem ao personagem deste post. Nas imagens a seguir, Ingo demonstra sua habilidade única enquanto ensina técnicas de pilotagem numa BMW M6, em Interlagos. A qualidade do vídeo não é muito boa, mas vale a pena aproveitar a carona e as dicas de Ingo:



A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta na próxima terça, apresentando o número sete da lista dos Dez Maiores Pilotos Brasileiros da História. E hoje, ao longo do dia, comentários sobre as principais notícias do mundo da velocidade. Até mais!

Crédito das fotos:
Número 8 - http://www.pt.inmagine.com/
Fotos 2 a 5 - www.f1rejects.com
Fotos 6 - www.elarranquedigital.com.ar/
Fotos 7 e 8 - www.ingohoffmann.org.br

8 comentários:

Anônimo disse...

Mais um texto precioso Gustavo, parabéns voce está se superando. Só troque o vídeo porque esse já saiu do ar !

Blog F1 Grand Prix disse...

Caio,

Acabei de perceber isso. Vou procurar um "substituto" agora, obrigado pela mensagem!

Grande abraço!

Gustavo Coelho

Fabio disse...

Olha o nosso Alemão aí. Agora sim, encerrado, provavelmente, o rol de pilotos deta lista que eu já vi correr. Pelo menos foi o que eu imaginei quando a lista começou.

Eu sabia que o Ingo tinha muitos títulos na Stock, mas nunca soube que eram 12! Tudo isso somado a memorável dupla de pilotos da única equipe brasileira na F1 não me faz questionar a sua opção por colocá-lo na lista de jeito nenhum.

Não pude comentar no texto do Heins, você deu show naquela narrativa! Essa lista, voltando ao formato histórico, está dando gosto.

Não sou de dar pitacos aqui, mas acho que o próximo é o Rubens.

Abraço!

Net Esportes disse...

Grande Ingo... merece mesmo !!!

Anônimo disse...

Boa escolha, entre Chico Serra, Alex Ribeiro, Raul Boesel e Ingo ele eh msm o unico q naum fico falando mal, nem teve oportunidades direito...
Uma pena ele cer citado no F1 Rejects...

Anônimo disse...

O Alemão, o Dinossauro, o Vovô da Stock!!!

Merecida lembrança para um piloto que se não fez sucesso na F1, conseguiu reconhecido prestígio em terras nacionais.

Aí, Ingão... largando em 8º no seletíssimo grid do Blog F1 Grand Prix.

Pô, Gustavo, pena não ter conseguido imagens da centésima vitória do Ingo.

Abraços!!

robalo disse...

É isso aí... Está em muito boas mãos a 8ª posição na lista dos maiores... Por toda trajetória profissional, por todos os títulos, e também pela postura do piloto fora das pistas, empenhando seu sentimento e habilidade na empreitada de diminuir o sofrimento de crianças com problema tão sério. Mesmo já sendo possuidor de uma bela coleção de títulos, o veterano dinossauro Ingo ainda continua sendo muito competitivo, disputando com jovens pilotos, mostrando toda sua garra, mostrando que ainda tem condições de ganhar mais títulos, e deixando belas lições tanto dentro quanto fora das pistas, o que faz dele, de fato, um dos maiores campeões... Parabéns ao Dino Ingo Hoffman...!!!

Blog F1 Grand Prix disse...

Obrigado por todas as mensagens!

Fábio: Valeu mesmo pelos elogios! O Rubinho vem por aí sim, será que já é na próxima semana? E sobre o Ingo: são 12, mas ainda acho que ele pode aumentar a coleção hehehe...

Leandro: O Ingo é, digamos, uma das estrelas do F1 Rejects. No perfil dele, os caras fazem muitos elogios!

Guilherme: Procurei em vários sites imagens da 100ª vitória do Ingo. Infelizmente, o melhor vídeo que eu conseguiu foi esse que terminei postando. Ingo merecia mais, né?

Robalo: Ingo merece sim muitos parabéns! Eu diria que ele é, disparado, o piloto mais vitorioso nas categorias nacionais. Como eu disse lá no início do texto, oitavo lugar era o mínimo!

Grande abraço a todos!

Gustavo Coelho