sábado, 30 de junho de 2007

A bruxa está solta na GP2...

Que corrida estranha a primeira da rodada dupla de Magny-Cours! Estranha não, bizarra. Teve de tudo um pouco: comédia, confusão e um acidente tremendamente pavoroso. No fim, prevaleceu o "veterano" Giorgio Pantano.

O italiano soube se aproveitadar dos azares - e bobagens - alheias para alcançar a liderença logo na segunda volta. Antes disso, porém, muita coisa já havia acontecido. A começar pela largada.

Companheiros de equipe na iSport International, Timo Glock e Andreas Zuber não conseguiriam executar o que fizeram nem se tivessem combinado sabotar a equipe. Em apenas algumas dezenas de metros, antes mesmo de fazerem a tomada da primeira curva os dois estavam fora. Por causa de um incidente bizarro, beirando ao ridículo.

Momentos antes da luz verde, já se podia perceber as intenções da dupla de pilotos. Propositadamente alinhados de maneira torta, ambos pensaram o mesmo: pegar a linha do meio o mais rápido possível para bloquear quem vem atrás. Na hora em que partiram, foi o segundo no grid, Zuber, quem deu a melhor arrancada.

Não deu nem tempo de reagir. Dois segundos depois, um carro já estava sobre o outro. Timo Glock, como era de se prever, fechou o companheiro. Só que Zuber, nesse ponto, já aparecia quase ao seu lado. Como conseqüência, os dois se tocaram e o carro do austríaco voou sobre o do alemão.

Antes que os espectadores pudessem levantar os queixos, uma dupla de brasileiros assumiu a ponta. Lucas di Grassi, da ART, liderava, seguido por Bruno Senna, da Arden. Os carros contornaram o hairpin Adelaide. Alguns momentos depois, veio o acidente mais aterrorisador da curta história da GP2.

Animado após ter feito uma excelente largada, o venezuelano Ernesto Viso foi para cima do alemão Michael Ammermüller e de um outro carro que, pela imagem, parecia ser o do francês Nicolas Lapierre. Antes de chegarem à rápida chicane que inaugura o segundo trecho do circuito de Magny-Cours, os três estavam colados.

Então, subitamente, Viso toca a traseira do carro de Ammermüller e simplesmente decola. Seu carro atinge um extintor de incêndio que estoura. Uma dupla de fiscais que trabalhavam naquele ponto também passa perto da morte. De maneira pavorosa, o carro rola sobre o muro da pista, antes de, finalmente, cair do lado oposto ao traçado.

Imediatamente, o safety car é acionado. A televisão, por recomendação estúpida e covarde, não mostra a reprise do acidente do venezuelano nem seu resgate. Concentra-se nas expressões de desalento da equipe iSport International, enquanto sua dupla de pilotos paspalhões volta aos boxes.

A corrida é interrompida por bandeira vermelha na terceira volta. Antes disso, na segunda, a maioria do pelotão restante aproveita para fazer a parada única regulamentada. Na confusão, Giorgio Pantano supera a dupla de brasileiros que liderava e pega a ponta entre os que foram para os boxes. Lucas di Grassi cai para segundo, Bruno Senna para terceiro e Xandinho Negrão, o último dos brazucas, sobe para sexto neste grupo.

Na transmissão, outra imagem chamava atenção: o atrapalhado Nicolas Lapierre, reprovado no teste da baliza, erra o traçado e simplesmente isola um mecânico seu. A bruxa continuava solta.

Depois de cinquenta minutos de paralisação, a pista é liberada. Levado ao hospital, constata-se que Ernesto Viso fraturara um braço. Na corrida, seus adversários não se intimidam com o acidente do venezuelano e continuam a travar uma batalha ferrenha.

Duas voltas depois da relargada, o então líder Kohei Hirate é obrigado a fazer a prestar um drive-through por ter mexido no carro durante a bandeira vermelha. Uma besta. Quando se vê na ponta, o indiano Karun Chandhok se entusiasma e sai da pista imediatamente.

Tentando imitar a dupla da iSport, os dois pilotos da SuperNova se tocam e quem leva a pior é Mike Conway. O inglês roda e cai para último. Seu parceiro de equipe, Luca Filippi, acaba não prejudicado mas é o grande culpado pelo acidente.

Até o fim da corrida, ainda sobrariam bandeiras amarelas. Christian Bakkerud foi abalroado por Kohei Hirate e abandonou. Algumas voltas mais tarde, Roldán Rodríguez errou na curva Estoril e saiu da pista. O mexicano ainda conseguiria voltar para terminar em décimo-sexto e penúltimo, a frente, apenas, de Kazuki Nakajima.

Por fim, na volta 31, Xandinho Negrão e o companheiro de Bruno Senna, Adrian Zaugg, se tocam e o brasileiro da Minardi Piquet leva a pior, sendo obrigado a abandonar. Não vi esse acidente e não posso julgar Negrão, mas é impressionante o número de vezes em que ele sai do corrida por batidas e rodadas. Zaugg, por sua vez, ainda seria sexto.

Na frente, Giorgio Pantano e Lucas di Grassi mantiveram suas posições até o fim. Bruno Senna errou e perdeu posições para Pastor Maldonado e Luca Filippi. Antes da bandeirada, porém, o brasileiro se recuperou e garantiu seu lugar no podium.

Filippi foi quarto enquanto Maldonado se atrasou e fechou apenas em décimo. Completando a zona de pontuação, depois do italiano, vieram o russo Vitaly Petrov, o austríaco Adrian Zaugg, o espanhol Javier Villa e o piloto da casa e atropelador de mecânicos Nicolas Lapierre.

Amanhã, o francês largará na ponta. O grid, entre os oito primeiros, é invertido. Garantia de uma corrida movimentada, visto que, por exemplo, o líder do campeonato, Timo Glock, estará largando do último lugar. O único a ficar de fora vai ser Ernesto Viso, que, agora, deve ficar um bom tempo de molho.

Por uma dessas ironias do destino, pode ser que o brasileiro Sérgio Jimenez volte à GP2 a partir da próxima etapa. Piloto da Racing Engineering até a etapa de Mônaco, ele é o substituto natural de Viso. A não ser que apareça alguém com dinheiro de patrocínio - o que, infelizmente, faz muita falta na carreira de Sérgio.

Como são duas corridas na GP2, apostei em dois pilotos diferentes. Meu primeiro palpite foi furado. Andreas Zuber, embora rápido, ainda não tem cabeça. O outro, porém, passou perto do triunfo: Lucas di Grassi foi segundo. Amanhã, o brasileiro sai de sétimo e o austríaco da rabeira do grid.

Às 11 horas de amanhã, um olho no post de análise sobre o Grande Prêmio da França e o outro na corrida da Gp2.

A seguir, a classificação final da categoria-escola da Fórmula 1:

1. Giorgio Pantano/Itália/Campos, 1h52:32.513
2. Lucas Di Grassi/Brasil/ART, + 8.777
3. Bruno Senna/Brasil/Arden, + 22.476
4. Luca Filippi/Itália/Super Nova, + 24.585
5. Vitaly Petrov/Rússia/Campos, + 40.162
6. Adrian Zaugg/Áustria/Arden, + 40.699
7. Javier Villa/Espanha/Racing Engineering, + 41.206
8. Nicolas Lapierre/França/DAMS, + 48.246
9. Mike Conway/Inglaterra/Super Nova, + 52.431
10. Pastor Maldonado/Venezuela/Trident, + 55.890
11. Sakon Yamamoto/Japão/BCN, + 59.032
12. Borja Garcia/Espanha/Durango, + 1:01.960
13. Andy Soucek/Espanha/DPR, + 1:04.692
14. Ho-Ping Tung/China/BCN, + 1:08.394
15. Jason Tahinci/Turquia/FMS, + 1:27.103
16. Roldan Rodriguez/México/Minardi Piquet, + 1 volta
17. Kasuki Nakajima/Japão/DAMS, + 1 volta

O vídeo da batida na largada e do terrível vôo de Viso segue logo abaixo:


O blogueiro, agora, vai fazer um pequeno lanche. Depois, o comentário sobre a MotoGP.

5 comentários:

Anônimo disse...

Que pancada... achei que ele tinha morrido também.

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

como diria aquela manchete de jornal:
... e não morreu!!

Felipão disse...

Que corrida...

se eu fosse o diretor de prova, dava uma bronca geral no povo...

Felipe Maciel disse...

hahahaha Mais um usando o mesmo termo da bruxa solta.
Realmente, esse pilotos da gP2 são dotados de uma selvageria absurda. Poucos têm condições de ir para a F1.