A Federação Internacional de Automobilismo propôs, hoje, um novo pacote de mudanças para a Fórmula 1 a partir de 2011. Entre as sugestões, estão algumas que devem ser muito louvadas, como o reaproveitamento de energia durante as frenagens. Essa tecnologia pode reduzir o combustível gasto no total e, se levada para as ruas, deixaria Al Gore dando pulos de alegria.
Por outro lado, continuam as velhas idéias de Max Mosley e sua turma, dispostos cada vez mais a acabar com a Fórmula 1 como a conhecemos. Se levado a frente, o plano da FIA tende a transformar a categoria cada vez mais, aí sim, num circo. Automobilismo? Adeus.
Com a padronização total de equipamentos técnicos, diminui o grau de competitividade. Fica menor o esforço para a vitória, exatamente o fator essencial na Fórmula 1 e que a diferencia de todas as outras categorias do mundo. Antes considerada a top, ela se rebaixaria ao nível de algumas de suas rivais, que prezam mais o espetáculo do que o esporte.
Max Mosley pensa exatamente dessa maneira. Deve concordar, inclusive, com asneiras como as que Flávio Britore andou dizendo ultimamente, incluindo a sugestão de colocar duas baterias num fim de semana da Fórmula 1. Uma idéia absolutamente estúpida, de um homem que não tem formação no automobilismo e pousou na categoria por puro acaso.
Não dá para entender como algumas soluções simples, apontadas por diversos especialistas, não são seguidas. A volta dos pneus slicks, por exemplo. Embora, neste caso, até dê para compreender porque isso acontece - foi Max quem os aboliu em 1997, e permitir sua volta seria algo como admitir o erro.
Será que alguém com o ego do presidente da FIA seria capaz de fazer isso? Escondido atrás de uma linguagem excessivamente técnica e pouco didática, o plano da entidade impede que sejam percebidas suas diversas falhas. Para quê aumentar o arrasto aerodinâmico? Não é justamente isso que impede as ultrapassagens?
Ainda bem que as idéias são todas provisórias e, como de costume, devem ser, em maioria, descartadas pelas equipes. Agora, resta torcer para que os chefes das escuderias tenham bom-senso. Excluindo Flavio Briatore, é claro - desse, não podemos esperar nada.
Querem transformar a categoria num espetáculo? Então joguem pregos em quem estiver liderando com mais de dez segundos de vantagem. Assim é mais fácil.
Honda e Ferrari ganharam as manchetes, hoje, por causa de notícias envolvendo seu comando técnico. De um lado, o desabafo de um ex-diretor cansado da incompetência de seus antigos companheiros. Do outro, uma equipe à espera do seu salvador da pátria, o mesmo homem que ajudou a reconduzí-la ao caminho das vitórias.
Na escuderia japonesa, o antigo diretor Geoff Willis botou a boca no trambone para falar o que todo mundo já sabia: o comando da Honda é cheio de falhas. Fora da equipe desde meados de 2006, o inglês anteviu o fracasso que viria a ser a temporada 2007 dos japoneses, e, agora, resolveu desabafar sobre tudo o que enxergou de errado.
Para Willis, a decisão de afastar as decisões do Japão e a divisão de poderes entre vários homens-fortes atrapalhou a equipe. Por causa disso, grande parte do desenvolvimento alcançado pelo carro de 2006 foi perdido, culminando no enorme desastre que é o modelo deste ano da escuderia. Nada mais do que a verdade.
Falta, na Honda, uma figura forte e conciliadora no centro das decisões. Diretores como Nick Fry, por mais simpáticos que sejam, não condizem com o ambiente hiper-competitivo da Fórmula 1. É preciso que os japoneses tenham alguém com experiência e ambição, como Ron Dennis, na McLaren, Pat Symonds, na Renault, e Mario Theissen, na BMW.
Na Ferrari, também falta esse personagem principal. Mas ele pode estar voltando. Após tirar um ano sabático, rumores dizem que Ross Brown pode substituir Jean Todt na escuderia do cavalinho rampante, a partir do ano que vem. O francês, sozinho, não têm conseguido segurar as pontas na equipe, que caiu muito de produção após começar com o carro dominador.
Se confirmada, é uma daquelas típicas notícias que colocam calafrios nos adversários. Ross Brown já provou a sua competência, que vem desde os tempos de Benetton. Resta saber se, na ausência de Michael Schumacher, ele consegue repetir suas magias com Felipe Massa e Kimi Raikkonen.
Para alguém que quase ganhou um título com Eddie Irvive, trata-se de um desafio perfeitamente superável.
Essa não deve interessar tanto o público médio de Fórmula 1. Mas para quem acompanha a categoria a fundo, como este Blog, trata-se de algo excepcional: a volta de Murray Walker a uma cabine de transmissão de Grande Prêmio. Quem? Você não conhece o inglês?
Digamos, apenas, que alguns narradores esportivos brasileiros deveriam aprender bastante com ele. Porque Murray erra sim (aliás, demais até da conta), mas sempre mantém um espírito carismático e bem-humorado. Fala bobagens o tempo todo, só que é ídolo na Inglaterra, onde cobre corridas desde a década de 50.
Qual é o segredo dele? Não ter vergonha do erro, nem ego suficiente para deixar de admití-lo. E, por fim, não exagera na torcida por seus pilotos, embora, é claro, sempre tenha tido uma grande preferência por ingleses como Nigel Mansell e Damon Hill - esse último, seu grande amigo pessoal. Apesar disso, Murray nunca chegou ao ponto de secar os rivais de seus compatriotas, uma prática mais do que comum aqui no Brasil.
Para quem quiser conhecer um pouco mais do narrador inglês, não custa nada uma visitinha a sua página da Wikipedia. Lá, encontra-se uma lista das maiores pérolas de Murray. Coisas como "o segundo está tão perto do terceiro quanto o terceiro está perto do segundo", "as chances do piloto, que antes eram nulas, agora são zero" e "chove em Mônaco mas no túnel está seco!".
Nada, entretanto, que supere a melhor de todas: "Ukyo Katayama é, sem sombra de dúvida, o melhor piloto de todos os tempos". Coitado do Murray. Esqueceu de acrescentar o "japonês" depois de "piloto".
Mas a gente perdoa ele.
Depois de Pizzonia, é a vez de Sérgio Jimenez perder a sua vaga na GP2. E, assim, a trupe brasileira se vê, de repente, reduzida de cinco a três pilotos a partir da próxima rodada, neste fim de semana, em Magny-Cours. Uma pena e uma injustiça.
Diferentemente do amazonense, que brigou com a equipe e já desperdiçou todas as chances que a carreira poderia lhe dar, Jimenez batalhou para prosseguir no automobilismo. Kartista brilhante e campeão no primeira ano da Fórmula Renault Brasileira - quando esta ainda valia alguma coisa - o paulista terá de retroceder mais uma vez por falta de apoio financeiro.
Estranho pensar que, ao mesmo tempo em que isso acontece, são gastos um bilhão de reais nos Jogos Pan-Americanos. De onde veio tanto dinheiro? Será poderia restar algum para o automobilismo e os pilotos que tentam a sorte lá fora? Só um pouquinho, vai...
Pois bem, substituído pelo venezuelano Ernesto Viso, restam agora poucas opções para Jimenez. StockCar é, obviamente, a mais plausível delas. Mas juntar-se a ela seria admitir o fim da carreira. Que tal uma, digamos, Fórmula 3 Sul-Americana. Ela ainda existe?
Sim, está lá ainda. Aliás, terá neste final de semana a primeira das três corridas que a categoria fará na Argentina. Estranho, porque não há pilotos desse país competindo. Só há brasileiros.
Em tempo: você seria capaz de dizer, sem qualquer consulta, o nome de três, quatro... ou pelo menos um, dois pilotos da Fórmula 3 Sul-Americana? Pois é, eu também não. E assim, infelizmente, vai morrendo o automobilismo no Brasil.
Diferentemente do amazonense, que brigou com a equipe e já desperdiçou todas as chances que a carreira poderia lhe dar, Jimenez batalhou para prosseguir no automobilismo. Kartista brilhante e campeão no primeira ano da Fórmula Renault Brasileira - quando esta ainda valia alguma coisa - o paulista terá de retroceder mais uma vez por falta de apoio financeiro.
Estranho pensar que, ao mesmo tempo em que isso acontece, são gastos um bilhão de reais nos Jogos Pan-Americanos. De onde veio tanto dinheiro? Será poderia restar algum para o automobilismo e os pilotos que tentam a sorte lá fora? Só um pouquinho, vai...
Pois bem, substituído pelo venezuelano Ernesto Viso, restam agora poucas opções para Jimenez. StockCar é, obviamente, a mais plausível delas. Mas juntar-se a ela seria admitir o fim da carreira. Que tal uma, digamos, Fórmula 3 Sul-Americana. Ela ainda existe?
Sim, está lá ainda. Aliás, terá neste final de semana a primeira das três corridas que a categoria fará na Argentina. Estranho, porque não há pilotos desse país competindo. Só há brasileiros.
Em tempo: você seria capaz de dizer, sem qualquer consulta, o nome de três, quatro... ou pelo menos um, dois pilotos da Fórmula 3 Sul-Americana? Pois é, eu também não. E assim, infelizmente, vai morrendo o automobilismo no Brasil.
Amanhã, não esqueçam: é dia da Agenda do Fim de Semana. Anotem bem os meus palpites. Porque provavelmente vou errar todos.
4 comentários:
Também concordo com você. É mais importante que a Fórmula 1 continue competitiva do que ela se tornar um grande circo. A Fórmula 1 não pode se transformar numa Nascar da vida. Já pensou o desastre que seria isso?
Esse Murray é muito engraçado mesmo kkkkkk
Então, concordo contigo.
A idéia de competição que esses caras tem é bastante relativa.
Só o fato de ter uma fábrica apenas de pneus já me desagrada, quanto mais tudo igual.
Se bem que eles partem do princípio que conseguiriam evitar que nego burlasse a regra.
Eu faria o seguinte:
pneu slick e abolia os freios de carbono da categoria. A partir desse momento, nego ia ter que se virar com os freios a disco iguais das outras categorias.
Nego não ia frear lá no meio da curva, como já acontece hoje em dia...
Murray Walker, figuraça!
E tomara que Brawn venha pra Ferrari mesmo, tá fazendo uma falta gritante.
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