terça-feira, 4 de novembro de 2008

Bruno Senna cada vez mais próximo da Honda

A Honda confirmou no início desta semana que vai realizar um teste com Bruno Senna no fim do mês, em Barcelona.

Todos já esperavam pelo anúncio, mas ele veio num momento em que o nome de Bruno ganha cada vez mais força na equipe japonesa.

As informações mais recentes garantem que Bruno já está praticamente escolhido como o sucessor de Rubens Barrichello, que já teria sido descartado pela Honda.

Agora, a ameaça para Bruno é outro brasileiro: Lucas di Grassi.

Em Barcelona, Di Grassi vai acompanhar Bruno no "vestibular" que os dois vão prestar para a Honda.

A situação é simples: se o desempenho dos dois for parecido, Bruno fica com a vaga.

Não só pelo enorme potencial e pelos resultados promissores nas categorias de base. Mas também, é claro, pela grande força que o seu sobrenome tem, especialmente em países como Brasil e Japão.

Se quiser ficar com o segundo cockpit da Honda, Lucas di Grassi precisa realmente impressionar a escuderia japonesa.

No momento, o favorito na disputa é Bruno.

Mas, de qualquer maneira, é quase certo que o substituto de Rubinho será mesmo outro brasileiro.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Análise do Grande Prêmio - Brasil/Interlagos (02/11/2008)

Antes de tudo, fica aqui o meu grande agradecimento a todos os comentários nos posts anteriores.

Por causa da viagem de retorno ao Rio de Janeiro - que atrapalhou o ritmo das notícias no Pit Stop e também atrasou a postagem da Análise do GP Brasil - não tive tempo de responder a cada uma das mensagens.

Obrigado mesmo pelos elogios e também pelas críticas. São o combustível para que este Blog continue sendo atualizado diariamente, sempre com cuidado e atenção. Valeu mesmo!

Agora, vamos lá:

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Análise dos pilotos:

Felipe Massa. Em Interlagos, atuação absolutamente perfeita. Nota 10
Fernando Alonso. Se o carro fosse este desde o início, teria disputado o título. Nota 9
Kimi Raikkonen. Corrida muito discreta, uma síntese do que foi o seu ano. Nota 8
Sebastian Vettel. Fechou com brilhantismo uma temporada para ele espetacular. Nota 9
Lewis Hamilton. Controlou os nervos e conquistou um título merecido. Nota 8
Timo Glock. Não tinha mesmo como segurar Hamilton. Nota 8
Heikki Kovalainen. Se Hamilton dependesse dele... Nota 5
Jarno Trulli. Excelente classificação, corrida burocrática. Nota 6
Mark Webber. Praticamente não foi notado na pista. Nota 6
Nick Heidfeld. Foi o primeiro a colocar pneus de chuva. Não deu certo. Nota 4
Robert Kubica. Passou metade da prova brigando com Sutil pelo 16º lugar. Nota 2
Nico Rosberg. Performance mediana. Preocupou-se apenas em completar. Nota 5
Jenson Button. Arriscou uma tática de três paradas. Não fez a menor diferença. Nota 5
Sebastien Bourdais. Teve a prova estragada ao ser jogado para fora por Trulli. Nota 4
Rubens Barrichello. Será que este foi o adeus? Nota 5
Adrian Sutil. Segurou Kubica por mais de 30 voltas. Nota 5
Kazuki Nakajima. Fez das suas ao tirar Coulthard da pista na largada. Nota 3
Giancarlo Fisichella. Chegou a andar entre os líderes, mas teve problemas nos boxes. Nota 6
David Coulthard. Abandonou a F-1 em boa hora. Nota 4
Nelsinho Piquet. O piloto mais irregular do campeonato. Nota 2

Análise das equipes:

Ferrari. O título de construtores ficou como consolação. ****
McLaren. Enfim, encerrou o período de nove temporadas sem título. ****
BMW. Fora dos pontos pela primeira vez no ano. *
Renault. Se mantiver a evolução, Alonso logo vai brigar por título.****
Toyota. A tática ousada quase mudou o destino do campeonato. ***
Toro Rosso. Um ano acima de qualquer expectativa. ****
Red Bull. Terminou o campeonato atrás da "filial". *
Williams. Depois da pré-temporada promissora, teve um ano de desilusões. *
Honda. Será que tem jeito em 2009? *
Force India. Até que Fisichella teve uma performance decente. **

Análise da corrida:

As últimas duas voltas já valeram por toda a corrida. Jamais uma decisão de campeonato havia tido um desfecho tão eletrizante. O GP Brasil de 2008 já entrou no hall das maiores corridas da história da F-1.
Nível da corrida: Excelente

Análise do campeonato:

A temporada de 2008 assistiu a uma disputa imprevisível entre Hamilton e Massa, que também incluiu Raikkonen e Kubica. O inglês conquistou um título muito merecido, uma recompensa após a grande decepção do ano passado. Já Massa perdeu o campeonato, mas saiu bastante fortalecido. Fica a promessa de mais um campeonato emocionante no ano que vem.
Nível do campeonato: Excelente

Balanço dos Palpites:

Vitória: Felipe Massa. Na mosca!
Pole: Lewis Hamilton. O pole foi Massa
Decepção do GP: Williams. Corrida muito fraca da equipe inglesa, que fechou a temporada de maneira melancólica
Primeiro abandono: Giancarlo Fisichella. Não quebrou, mas terminou em último
Zona de pontuação:
1. Felipe Massa. Na mosca!
2. Lewis Hamilton. Terminou em quinto
3. Kimi Raikkonen. Na mosca!
4. Robert Kubica. Terminou no fim do pelotão
5. Fernando Alonso. Marcou pontos em segundo
6. Sebastian Vettel. Marcou pontos em quarto
7. Nick Heidfeld. Terminou fora dos pontos
8. Nelsinho Piquet. Bateu no início


Até que enfim, um fim de semana no qual o Blog conseguiu se dar bem nos palpites. Acertei a vitória de Massa no GP Brasil e o título para Hamilton. No chute, também "previ" o terceiro lugar de Raikkonen. É claro que foi impossível fugir de alguns erros. Mas, no geral, o Blog fechou bem a temporada de palpites.
Nível dos palpites: Bom.

Por hoje, é só. Até mais!

domingo, 2 de novembro de 2008

Diários de Interlagos - Dia 3

Texto originalmente postado no site Pit Stop. O post "Análises do GP" será excepcionalmente publicado apenas nesta segunda, com a nota dos pilotos e a avaliação de equipes, corrida e campeonato

Faltam ainda 20 voltas para o fim da corrida, mas os torcedores em Interlagos já estão desanimados.

Massa lidera, mas Hamilton se mantém tranqüilo em quinto. Resultado que dá o título ao inglês.

Aí, em poucos minutos, nuvens negras chegam ao circuito paulista.

De maneira totalmente espontânea, os torcedores pegam suas capas de chuva e as colocam antes que qualquer pingo d'água caia na pista.

Alguns pegam a capa e começam a girar, como se fosse camisa de time de futebol. Outros gritam: "Ajuda aí, São Pedro!".

E São Pedro ajudou. Em parte.

Transformou o fim do GP Brasil na decisão de campeonato mais emocionante da história. Mas os brasileiros saíram desiludidos com a perda do título para Massa na última curva, da última volta, da última corrida.

Quando o brasileiro cruza a linha de chegada, a comemoração é imediata. Cedo demais.

Hamilton passa o alemão Timo Glock nos instantes finais e sobe para quinto, a posição que precisava para vencer Massa.

Nas arquibancadas, torcedores se abraçam e gritam "é campeão!".

Aos poucos, porém, vão caindo em si.

"Por quê? Como assim?", é a pergunta da maioria. Era mesmo difícil de explicar.

Quando Massa passa, ainda é recebido com entusiasmo pela multidão que entoa um "Ole, ole, ole, ola, Massa, Massa!".

Alguns vaiam Hamilton. Outros aplaudem.

E a Timo Glock, uma bela saraivada de xingamentos e palavrões.

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Os portões se abriram às 6h30 da manhã e, antes das 9h, uns 80% da arquibancada já estavam ocupados. Para agüentar tantas horas de espera, os torcedores se abastecem do combustível preferido de quase todos: a cerveja.

Num ambiente em que há uma mulher para cada 50 homens, é inevitável que algumas cenas se repitam o tempo inteiro.

Quando passam acompanhados na parte debaixo das arquibancadas, os marmanjos sofrem.

- Deixa ele aí e vem pra cá, meu amor!
- Tem lugar aqui do meu ladinho, vai!

Neste ano, com Massa na disputa do título, veio gente do país inteiro. Vi gente do Pará, de Goiás, do Mato Grosso do Sul, além de vários mineiros, gaúchos e cariocas.

Os paulistas ainda eram maioria, mas nem tanto.

Num certo ponto, alguns resolveram tirar onda com um grupo de gaúchos, colocando a orientação sexual dos sulistas em dúvida.

A resposta veio à altura:

- Pu** que pariu... foi São Paulo que elegeu o Clodovil!

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O melhor diálogo que ouvi durante as seis horas de espera nas arquibancadas foi este aí debaixo.

Dois amigos, com cervejinhas na mão. Passa uma ruiva que não chega a ser exatamente uma top model. Mas um deles não se contém.

- Gostosa!

O outro pára, olha, pensa, e responde:

- Hum... acha mesmo?
- Er, por que não?
- Ô meu, essa daí... sei não...
- Ah, é bonita sim!
- Nem tanto.
- Ah é? Gritam "gostosa" para todas as mulheres que passam na arquibancada.
- E daí?
- Só essa que não merece? Sacanagem, meu!
- Foi por isso que você gritou?
- Foi.
(Silêncio. O outro pensa um pouco e, num tom sincero e ligeiramente embrigadado, manda a pérola...)
- Você é mesmo um grande ser humano.

E se oferece a comprar a próxima cervejinha para o amigo.

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Chega a ser ridículo que num evento tão caro e sofisticado como uma corrida de F-1 ainda persistam os escatológicos banheiros químicos de Interlagos.

Nos setores "populares", não dá para fugir deles.

Mas é preciso admitir que a situação já foi bem pior.

Num certo ano, alguma mente brilhante distribuiu banheiros químicos femininos e masculinos em igual proporção ao longo do setor A. Não deu outra: em poucas horas, todos já haviam virado unisex.

Em outra temporada, o número de banheiros químicos foi bem menor do que o normal. As filas eram enormes e os "pit stops", bem mais acelerados.

Quem demorava mais de vinte segundos recebia duas pancadas na porta como primeiro aviso. Se não saísse nos instantes seguintes, vinha a ameaça:

- Sai logo ou vou balançar essa p****, hein!

Não dava nem três segundos e o sujeito já saía dali.

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Dunga, Maradona e agora Timo Glock. O alemão da Toyota é o mais novo inimigo de estado da torcida brasileira. Coitado de Glock. Com pneus de pista seca num circuito bastante molhado, o alemão perdeu a quinta posição para Hamilton na última volta e, assim, o inglês roubou o título de Massa.

Um exemplo que ilustra bem a situação.

A cena se dá num ônibus completamente lotado, tomado de torcedores que acabam de sair de Interlagos. Dois sujeitos conversam quase que gritando. Um mais exaltado, o outro com uma cara meio perplexa. Eu estou entre eles.

- Não acredito, meu, não acredito!
- Pois é.
- Na última volta, tudo culpa desse, desse...
- "Tino" Glock.
- É! Esse "Tino" Glock é um, é um...
- Via**.
- É, é um via*** mesmo. Deixou o Hamilton passar, é claro que deixou, praticamente parou o carro.
- Aham...
- Se fosse jogo de futebol ele ia sair escoltado pela polícia. Pena que o pessoal aqui é muito sossegado.
- É mesmo...
- O pior é que o cara do meu lado me agarrou na hora da chegada e começou a pular.
- E você abraçou ele?
- Abracei, ué! Achei que tinha ganhado o campeonato! Se não fosse o via** do "Tino" Glock...

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A pergunta que não quer calar: já pensou se fosse Rubinho no lugar de Glock? Melhor nem imaginar...

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Comentários não necessariamente corretos sobre a corrida deste domingo:

- O carro de Hamilton foi o único que permaneceu com a luz piscando na parte de trás. Parecia até um aviso do tipo "preste atenção que eu estou aqui, não bata em mim por favor!".

- Coulthard deu quatro voltas de instalação antes de alinhar o carro no grid. A maioria dos outros pilotos deu apenas um giro e foi direto para a sua posição de largada. O escocês bateu na primeira volta, mas ainda curtiu um pouco de pilotar na F-1 em seu último dia na categoria.

- A pancada de chuva antes da largada foi tão súbita que algumas equipes precisaram voltar correndo aos boxes para pegar pneus de pista molhada. A Force India foi a que mais sofreu, já que fica localizada lá no fim do pit lane.

- Essa quase ninguém percebeu, mas o prefeito Gilberto Kassab foi anunciado pelo locutor oficial como "presidente de São Paulo" no pódio da corrida.

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Somente quando a prova terminou, os céus desabaram de vez sobre Interlagos.

Um castigo que os torcedores não mereciam.

Aqueles que jogaram a capa de chuva fora ficaram totalmente encharcados.

Para piorar, a fila dos ônibus coletivos, especialmente designados pela prefeitura para atender aos torcedores que saíam do autódromo, não demorou a ficar bem grande.

Mas nada disso foi pior para os torcedores do que a decepção de ver Massa perder o título na última volta.

Talvez nem todos percebam isso agora, ainda no calor da decisão, mas o consolo é que presenciaram uma corrida histórica.

Jamais um campeonato da Fórmula 1 havia sido decidido tão próximo do fim.

Massa perdeu, mas saiu de cabeça ergüida. Em 2009, se tiver um pouco mais de sorte, tem plenas chances de quebrar o jejum de títulos brasileiros na categoria.

O GP Brasil de 2009 está marcado para o dia 1º de novembro. Será a penúltima prova da temporada, duas semanas antes do estreante GP de Abu Dhabi.

Assim como nas temporadas mais recentes, a etapa de Interlagos pode ser a corrida que irá decidir o título.

A partir do próximo mês, já começo a economizar de novo.

sábado, 1 de novembro de 2008

Diários de Interlagos - Dia 2

Texto originalmente postado no site Pit Stop

O sábado foi um dia estranho em São Paulo.

Começou bem frio, assim como estava na sexta.

De manhã, o céu amanheceu coberto de nuvens. Parecia que a chuva poderia ameaçar, mas não foi isso que ocorreu.

Em cerca de uns 30 minutos, o vento gelado deu lugar a um Sol de rachar.

E, nas arquibancadas descobertas, quem não levou protetor solar virou tomate.

No fim da tarde, já quase não havia mais nuvens no céu paulistano, mas os institutos de metereologia insistem que vai chover neste domingo.

Vá entender...

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O ambulante vem nos abordar num sinal de trânsito já próximo do autódromo de Interlagos:

- Vai um bonezinho aí, meu?
- Quanto é que tá?
- 25!
- 25?
- É, tá na promoção!

Olho para a frente, vejo que o sinal já está para abrir e espero alguns segundos. É essa a tática. Quando a luz verde estiver prestes a aparecer, o vendedor vai inevitavelmente diminuir o preço.

Mas eu não contava com a astúcia do motorista do táxi.

- 25? No semáforo ali atrás estava 10...

O vendedor olha sem graça, sem saber o que dizer. Abre a boca para falar alguma coisa e desiste. Pensa em argumentar, mas dá o braço a torcer:

- Então leva por 10 mesmo...

E assim, em três segundos, o boné que "tava em promoção" saiu por menos da metade do preço.

O motorista do táxi levou cinco reais de gorjeta quando chegamos ao autódromo. Ainda fiquei com dez reais de lucro.

E algum amigo meu vai ganhar um bonezinho da Ferrari achando que é de verdade.

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Os preços dos stands de Interlagos inflacionaram.

A garrafinha de água até que não está tão cara assim: R$3 é o preço dessa vez. Já teve ano que passou de R$4,50...

Mas é preciso chegar a Interlagos psicologicamente preparado para gastar bastante.

Uma simples pizza, daquelas que você compra em qualquer cantina de colégio, custa R$7. O hamburger chega a R$10.

Para piorar, as filas também vão ficando cada vez mais lentas e longas. A tática é chegar o mais cedo possível e comprar todos os tíquetes logo depois de marcar o lugar na arquibancada. Mais tarde, vai valer a pena. Principalmente para aqueles que gostam de uma cervejinha, de longe o item mais disputado entre os torcedores em Interlagos.

Neste ano, por algum estranho motivo, o número de stands encolheu. Toyota e Renault, que sempre marcavam presença atrás das arquibancadas do setor A, não apareceram.

Apenas Ferrari, McLaren e BMW estão por alí. Coincidência ou não, são as três primeiras equipes no campeonato.

O stand da BMW é simples, prático, e também o menos caro. As camisas são mais "convencionais", digamos assim.

Na Ferrari e na McLaren, porém, dá para sair vestido igual aos mecânicos da equipe.

No stand do time de Maranello, os preços são impressionantes. Veja só: uma jaqueta oficial, daquelas que os engenheiros da Ferrari usam durante o fim de semana das corridas, custa a bagatela de R$ 700.

O guarda-chuva da Ferrari não sai por menos de R$200.

Ainda assim, a loja da escuderia vermelha está sempre lotada.

Vale aquele ditado: se está na chuva, é para se molhar...

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A cena se passa na fila do caixa do stand de comidas e bebidas. São dez horas da manhã. Faltam quatro, portanto, para o início do treino classificatório. À minha frente, o sujeito vai fazer seu pedido.

- Moça, me vê sete cervejas.
- Só um momento, senhor.
- Não, espera aí, será que vai dar?
- Vai dar para o quê, senhor?
- Até a hora do treino. Será que sete cervejas "vai dá"?
- Depende. Quantas pessoas fazem parte do seu grupo?
- Uma...

E comprou sete tíquetes de cerveja para ele mesmo.

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A hora do treino vai chegando e o pessoal vai se animando.

Toda garota que passa na parte debaixo da arquibancada precisa agüentar um "fiu-fiu" coletivo dos marmanjos mais acima.

Se está acompanhada, o marido ou namorado sofre.

Gritos de "sócio" e "chifrudo" são os mais gentis. "Deixa ele aí e vem sentar aqui do meu lado, pô!", é o pedido que você mais ouve o tempo inteiro.

Tem gente de tudo o que é lugar.

Perto de mim, um grupo de Goiânia. Ali mais embaixo, vários mineiros com camisa do Cruzeiro. Tentaram colocar uma bandeira da "raposa" no alambrado, mas precisaram tirar depois que um grupo de gremistas gritou que ia dar confusão.

Do interior do São Paulo, vêm aos montes. O sotaque caipira não deixa mentir.

Aqueles mais animados resolvem organizar uma "ola" e quem não participa vira inimigo de estado.

Como assim, não participar da "ola"?

"Ô vi***, presta atenção que é a ola, car****!", é o mínimo que você ouve se estiver distraído na hora.

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Algumas impressões não necessariamente corretas sobre os treinos deste sábado:

- Massa tem uma pilotagem toda particular na curva do Laranjinha. Eledemora mais a começar a virar o volante. Faz a curva mais por fora, semtocar a zebra na segunda perna da curva, e mantém uma velocidadesuperior à dos adversários. Pelo visto, deu certo.

- Rubinho foi o único piloto que, em algum momento, travou os pneusao entrar nos boxes. O pit lane de Interlagos está no meio de umtrecho de pé embaixo. Quem conseguir frear no último instante sempassar o limite de velocidade leva uma pequena, mas considerávelvantagem. Foi isso que Rubinho tentou fazer, indo ao limite antes dereduzir a velocidade.

- Os pilotos da Honda eram os únicos que passavam marcha no ponto ondeeu estava. Quando isso acontece, o motor faz um leve barulho de"estouro". O que isso significa? Que o motor da Honda é provavelmente opior de todo o grid. Os demais pilotos, quando passavam à minha frente,já haviam chegado à sétima e última marcha. O carro da Honda demoramais. Ou seja: até atingir a velocidade máxima, Button e Rubinho vãoficando para trás.

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Foi uma pole sublime de Massa.

Se vai levar o título, não dá para saber. Mas o piloto está conquistando a torcida brasileira.

Neste sábado, o público nas arquibancadas de Interlagos acenava freneticamente a cada passagem de Felipe.

No ano passado, a festa também foi grande, mas não tão intensa.

Em Hamilton, pela primeira vez, deve ter batido um friozinho na barriga.

O título ainda não está nada garantido.

Palpites para amanhã?

Pois bem: Hamilton parecia tranqüilo para levar o título. Não está mais.

Ainda assim, continua com uma ampla vantagem sobre Massa.

Resta saber se vai conseguir controlar os instintos. Se evitar problemas na primeira volta e mantiver o carro na pista, dificilmente vai dexiar escapar o campeonato pelo segundo ano seguido.

Mas há a possibilidade de chuva, o risco de um safety car no momento errado e, é claro, a presença de 140.000 torcedores secando cada uma de suas manobras.

O inglês certamente não vai dormir muito sossegado nesta noite.

Diários de Interlagos - Dia 1

O post de sexta-feira entra com certo atraso por causa de uma queda no servidor de publicação do Blogger, que saiu do ar ontem à noite e só voltou hoje pela manhã. Este mesmo texto também está publicado no site Pit Stop

Faz frio em São Paulo.

Esta já é a minha nona aventura no Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 e, com toda a sinceridade, não me lembro de nenhum outro ano em que as temperaturas tenham sido tão baixas.

O cenário é desfavorável para a Ferrari, que encontra notórias dificuldades para aquecer os pneus em condição de volta rápida.

Mas hoje, nos primeiros treinos livres para o GP Brasil, Massa deu uma demonstração de força e terminou como o dia segundo mais rápido.

Foi mais lento apenas do que Alonso, que deve ter corrido com a Renault no mínimo da gasolina.

Hamilton finalizou em quarto e deu a impressão de que não mostrou tudo do carro.

Segundo a previsão do tempo, nada indica que o panorama deve mudar até domingo. É bem provável, inclusive, que a chuva apareça na classificação deste sábado e também no dia do GP.

Em pista molhada, a vantagem é toda de Hamilton. Mas corridas com chuva são sempre imprevisíveis.

Talvez esteja aí a chance que Massa estava esperando...

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Mesmo fora do circuito, não dá para fugir da atmosfera do GP.

Os ambulantes já estão ali, a cada sinal de trânsito, com seus bonezinhos da Ferrari sendo vendidos a preços que variam mais do que a bolsa de valores.

Começa perto dos 25 reais e vai baixando à medida que o sinal fica perto de abrir. A tática é esperar um pouco e só pagar quando o carro da frente já está acelerando. Se você é pão-duro, é daquelas economias bobas que dão uma sensação de felicidade genuína.

A tal lei da "Cidade-Limpa" eliminou os diversos outdoors que se espalhavam na época da corrida, com piadinhas de duplo sentido de várias casas noturnas. Sempre havia o velho trocadilho do tipo "Venha pilotar aqui também", mas agora isso terminou.

Apesar disso, o GP Brasil está em todo lugar.

Nos hotéis, pelo menos nove em cada dez hóspedes vieram só para a corrida.

Nos restaurantes, é só olhar para o lado para ver uma camisa, um bonezinho ou uma sacola da Ferrari na mesa vizinha.

Nas ruas, não é difícil encontrar os motoristas "estrangeiros" fechando o corredor dos motoboys e atrapalhando ainda mais o caótico trânsito da capital paulista.

São Paulo vive este Grande Prêmio, disparado o evento turístico mais importante do ano na cidade.

Neste sábado, o fim de semana começa para valer. Não só para os pilotos, mas também para mim, que estarei acompanhando as atividades diretamente do autódromo de Interlagos.

É hora de dormir, já que amanhã o despertar será muito cedo. Mas o sono não chega.

Mesmo veterano, ainda sinto aquele friozinho na barriga antes do primeiro dia em Interlagos.

Em algum outro ponto de São Paulo - provavelmente no hotel Transamérica, segundo o motorista do táxi - Hamilton e Massa também devem estar bem ansiosos para o dia de amanhã.

Depois dos treinos desta sexta, não dá para prever quem vai se dar melhor no treino classificatório.

A única certeza é que a disputa entre os dois será muito emocioante.

Às 14h da tarde acontece o treino que define o grid. Não dá para perder.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Palpitão do Grande Prêmio do Brasil

E chegamos, finalmente, à grande decisão do campeonato.

Hamilton é o favorito, como era no ano passado.

A distância que Massa precisa descontar - sete pontos - realmente é bastante significativa.

Na última temporada, Raikkonen tirou essa desvantagem.

Será que o raio cai duas vezes no mesmo lugar?

Depois do domínio demonstrado na China, a McLaren chega muito forte a Interlagos.

Pode não ser o suficiente para superar as Ferrari, mas Hamilton certamente vai correr com folga em relação aos pilotos de BMW, Renault e companhia.

É claro que este Blog torce por Massa.

Mas a aposta principal vai para o inglês.

Se chover, muda alguma coisa?

Claro que sim. Hamilton leva vantagem, mas o imponderável entra em cena.

Com pista molhada, a possibilidade de acidentes e safety car aumenta bastante.

E, para Massa, qualquer fator externo que possa ''bagunçar'' a prova é uma vantagem.

Ainda assim, tudo parece a favor de Hamilton.

Sem arriscar, o Blog crava que o inglês leva o título.

E Massa, como consolação, fica com a vitória em Interlagos.

Vamos ao último Palpitão da temporada:

Vitória: Felipe Massa
Pole: Lewis Hamilton
Decepção do GP: Williams. No ano passado, Rosberg foi o quarto em Interlagos. Resultado quase impossível de se repetir dessa vez...
Primeiro abandono: Giancarlo Fisichella. Nada contra o italiano, apenas uma leve intuição...
Zona de pontuação:
1. Felipe Massa
2. Lewis Hamilton
3. Kimi Raikkonen
4. Robert Kubica
5. Fernando Alonso
6. Sebastian Vettel
7. Nick Heidfeld
8. Nelsinho Piquet


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Nesta sexta, o escriba do Blog parte para mais um GP Brasil no tradicional setor A de Interlagos. Talvez a atualização do Blog fique prejudicada nos próximos dias. Se isso acontecer, pode deixar que deixo um aviso por aqui.

Primeiros treinos às 11h e 14h de Brasília, com SporTV. Até mais!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Chuva em Interlagos. Vantagem para Massa ou Hamilton?

Normalmente, uma corrida com chuva seria ruim para Felipe Massa.

O brasileiro já mostrou que não é um especialista em pista molhada.

Depois do trágico desempenho no GP da Inglaterra, Massa até que andou muito bem no temporal de Monza, mas o rival Lewis Hamilton levou nítida vantagem.

Para a corrida do próximo domingo, que vai decidir o título da temporada, a previsão aponta 80% de possibilidade de chuva.

Ruim para Massa?

Nem tanto.

Nessa altura do campeonato, qualquer coisa que possa ''bagunçar'' a corrida será lucro para o brasileiro.

Massa não tem nada a perder.

Já Hamilton poderia se complicar numa prova com acidentes, safety car, pista molhada, entre outros fatores.

Mesmo tendo perdido quase todos os duelos em pista molhada contra Hamilton, Massa bem que poderia torcer por uma chuvinha em Interlagos.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Interlagos está impecável

Está quase tudo pronto.

Nesta terça, o diretor de prova Charlie Whiting fez uma primeira vistoria e constatou: Interlagos está impecável.

Faltam apenas alguns pequenos detalhes a serem corrigidos.

Em alguns pontos da pista, por exemplo, serão feitas ranhuras para melhorar o escoamento da água em caso de chuva.

No geral, porém, não há nada a mudar.

Nos últimos anos, o GP Brasil vinha sendo uma preocupação para os comissários da FIA.

Teve ano que caiu placa de publicadade no meio da pista durante a classificação.

Em outro, um temporal obrigou o adiamento da largada por causa das poças que se formaram em alguns trechos do circuito.

Mas neste ano não há quase nada a reclamar.

A organização do GP Brasil está realmente de parabéns.

Interlagos está até com cara de autódromo asiático ultra moderno.

Sem dúvidas, não há outro palco melhor para a decisão do campeonato.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Ferrari fora da Fórmula 1? Conta outra, vai...

A notícia do dia deve ter sido assustadora para os mais desavisados.

Depois de um encontro em Maranello, o conselho de administração da Ferrari apresentou o balanço financeiro do ano e ameaçou: a equipe pode abandonar a Fórmula 1 no futuro.

Culpa, é claro, do polêmico projeto de padronização total dos motores lançado pela FIA.

A ameaça da Ferrari é a prova cabal de que os bastidores da Fórmula 1 estão realmente agitados.

No passado, a escuderia já usou do mesmo artifício, sempre em situações de máximo estresse.

Em todos os episódios em que ameaçou uma saída, o time de Maranello foi atendido prontamente em suas soliticações.

Dessa vez, não deverá ser diferente.

Não dá para imaginar Fórmula 1 sem Ferrari e os dirigentes da equipe italiana sabem muito bem disso.

Nem mesmo um sujeito como Max Mosley é irresponsável suficiente para imaginar uma F-1 sem a presença da Ferrari.

O plano de padronização de motores, anote aí, está prestes a fracassar.

domingo, 26 de outubro de 2008

Na última corrida do campeonato, pressão estará toda sobre Hamilton

A situação de Massa no campeonato é difícil.

O piloto brasileiro precisa vencer em Interlagos e torcer para que Hamilton não seja quinto colocado.

Missão das mais complicadas, e Massa sabe disso.

Por isso mesmo, o vice-líder da temporada vem sendo cauteloso em suas declarações pré-GP Brasil.

Massa não descarta vitória, diz que vai fazer de tudo para vencer em Interlagos, mas não passa nem perto de prometer título.

É exatamente esta a postura que ele precisa manter.

Sem criar expectativas exageradas, sem apelar para o ufanismo desnecessários que todos nós conhecemos muito bem.

Até agora, Massa vem jogando a responsabilidade para cima de Hamilton.

Uma postura inteligente, de alguém que conhece a instabilidade emocional do adversário.

Hamilton insiste em afirmar que Massa vai entrar pressionado porque corre na frente da torcida.

Mas o brasileiro, pelas declarações equilibradas e bem pensadas, já conseguiu afastar de si maiores responsabilidades.

A pressão está, sim, toda em cima de Hamilton.

Será que o inglês vai ceder? Resta saber se Hamilton aprendeu a lição do ano passado...