Morreu hoje, no interior da França, uma das figurais mais polêmicas e controvertidas da história do esporte a motor. Presidente da Federação Internacional de Automobilismo entre 1986 e 1991, Jean-Marie Balestre faleceu de causas ainda não divulgadas, aos 86 anos de idade. Além de comandar a FIA, o dirigente francês também foi durante muito tempo o homem-forte da antiga FISA, a entidade que controlava a Fórmula 1 até o início da década de 90.
Trata-se de uma gigantesca perda para o esporte. Balestre sabia liderar as instituições que comandava", disse um porta-voz da Federação Francesa de Automobilismo, órgão que Balestre presidiu durante mais de duas décadas. Para os torcedores brasileiros, o dirigente vai ser sempre lembrado pelo papel que desempenhou na conquista do tricampeonato de Alain Prost, em 1989. No G.P. do Japão daquele ano, Ayrton Senna venceu mas foi desclassificado por motivos discutíveis, após uma suposta interferência de Balestre.
O nível de tensão entre Balestre e os fãs de Senna chegou ao auge no G.P. Brasil de 1990, quando o francês fez uma aparição marcante em Interlagos. Algumas das declarações que Balestre concedeu naquele fim de semana são inacreditáveis: "Gostaria de lembrar aos brasileiros que nós controlamos a Fórmula 1. Estão ameaçando atirar tomates em mim, mas já enfrentei problemas piores. E, de qualquer maneira, não acredito que os brasileiros agora tenham dinheiro para comprar tomates"*.
Fora do Brasil, Balestre também se envolveu em várias polêmicas. No início da década de 80, envolveu-se numa disputa política com Bernie Ecclestone, que chegou perto de paralisar a Fórmula 1. Por fim, Balestre sempre foi acusado de privilegiar os pilotos franceses (como se pode verificar na foto ao lado, em que ele cumprimenta com enorme animação o saudoso Didier Pironi). Em compensação, foi com Balestre que as medidas de segurança começaram a surtir efeito, e que a Fórmula 1 abandonou de vez qualquer resquício de amadorismo.
Apesar de tudo, não há como ignorar que Balestre teve, sim, uma imensa importância na história do esporte.
* = Adaptado de um trecho do livro "Fórmula 1 - Pela Glória e Pela Pátria", de Eduardo Correa
Finalmente, a Ferrari confirmou hoje que o abandono de Felipe Massa no G.P. da Malásia foi realmente culpa do brasileiro. "Ele passou muito forte sobre a zebra da curva seis, perdendo pressão aerodinâmica. Por causa disso, Massa não teve mais controle da traseira do carro, e terminou rodando", revelou o porta-voz Luca Colajanni à revista Motorsport Aktuell. Assunto encerrado, agora é bola para a frente. Massa só não pode repetir o erro de novo.
Porque, se isso acontecer, a pressão da mídia italiana pode se tornar insuportável. Nesta sexta, o ex-chefe de equipe da Ferrari, Cesare Fiorio, ajudou a colocar lenha na fogueira em entrevista à Autosprint. "Nesse momento, eu não gostaria de estar na pele de Massa. Ele cometeu três erros em apenas duas corridas. E no mercado temos dois pilotos que seriam sucesso garantido para a Ferrari", falou Fiorio, em referência a Fernando Alonso e Robert Kubica.
E não é só Massa quem corre risco de sofrer um processo de fritura já neste início de temporada. Após duas atuações bem apagadas na Austrália e na Malásia, Adrian Sutil já está sendo comparado ao holandês Christijan Albers, demitido da Spyker no ano passado após um péssimo campeonato. Chefe de equipe da Force India, Colin Kolles deu a entender que o alemão precisa mostrar serviço se não quiser perder o emprego: "Sutil precisa recuperar o nível que nós sabemos que ele tem", disse Kolles à Motorsport Aktuell.
Pelo visto, Giancarlo Fisichella está destruindo a reputação do antes badalado Sutil. Mas o alemão ainda tem plenas condições de reverter o panorama.
No dia da morte de Jean-Marie Balestre, o vídeo do dia não poderia ser outro. As imagens abaixo são do acidente entre Alain Prost e Ayrton Senna no G.P. do Japão de 1989, que até hoje gera bastante discussão. Será que o brasileiro merecia mesmo ser desclassificado por cortar a chicane e contar com a ajuda dos comissários? Tire as suas próprias conclusões:
Edit: Obrigado pelos amigos que enviaram mensagens me corrigindo sobre o ano do acidente entre Senna e Prost. Foi um lapso meu mesmo. Isso é que dá atualizar o Blog morrendo de sono...
Até a próxima!
Crédito das fotos:
Balestre I - http://www.gptotal.com.br/
Balestre II - http://blog-do-ico.blogspot.com/
Demais - http://www.gpupdate.net/
6 comentários:
Gustavo, não seria 1989?
Gustavo,
Balestre foi muito polêmico. Ele torcia por Alain Prost da mesma forma que Ron Dennis torce por Hamilton. E isso era público e, por muitas vezes, nos pódios.
O problema é que Balestre era presidente da FISA (um braço da FIA que, com a reestruturação de 1993, seria extinta), e não sócio de equipe. Portanto, sua torcida por Prost era bastante antiética.
Ele também foi o responsável pelo fim da era turbo na F1.
Apesar disso, Balestre trouxe vários benefícios à F1.
Um abraço.
Essa o próprio Senna disse..." ganhei , mas não levei".
A corrida foi no Japão em 1989!
Já estava na altura da Ferrari dizer que a culap foi de Massa.
Grande Abraço!
Kimi_Cris
Amigos, obrigado pela correção! Foi em 1989 mesmo. Isso que dá atualizar o Blog morrendo de sono...
Grande abraço!
Gustavo Coelho
Ainda bem que esse francês filho da puta morreu e tomara que tenha sido bem doloroso e que tenha ido pro inferno !!!
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