terça-feira, 7 de agosto de 2007

Quinta-Feira 13

Não é uma sexta. Mas chegou perto. Segundo foi anunciado hoje, será no dia 13 de setembro - uma quinta - que os destinos da McLaren e do campeonato desse ano da Fórmula 1 vão ser decididos na audiência da Corte das Apelações da FIA.

Na oportunidade, a entidade vai escolher, de uma vez por todas, se pune ou não o time inglês por seu envolvimento no caso de espionagem que abalou a mais importante categoria do automobilismo. Tanto a McLaren quanto a Ferrari - a principal acusadora - terão voz na reunião, que será aberta para a imprensa.

Caso não receba nenhum tipo de sanção, o time de Ron Dennis poderá finalmente deixar o inferno astral em que está mergulhado nesse momento. Embora lidere tanto o campeonato de pilotos quanto o de construtores, a McLaren vive uma terrível crise interna. O clima na equipe, mais do que nunca, é insuportável.

Os dois pilotos não se falam mais e isso é publicamente notório. Se não bastasse a rixa, Fernando Alonso e Lewis Hamilton estão no centro de vários boatos de troca de equipe no ano que vem. Cada vez mais, fica difícil acreditar que a McLaren vai conseguir manter sua dupla em 2008.

O espanhol, a princípio, parece estar mais próximo de sair do que seu rival inglês. Depois de dar seu polêmico ultimato - ou sai Hamilton, ou saio eu - Fernando Alonso não mantém mais escondida sua insatisfação com o tratamento recebido na McLaren. E, hoje, o bi-campeão teve seu nome envolvido em mais outros dois rumores.

Primeiro, o jornal sensacionalista inglês The Times noticiou que a McLaren já teria liberado Alonso de seu contrato. Segundo o periódico, Ron Dennis estaria "de saco cheio" do seu piloto. Em uma conversa particular, o chefão teria supostamente dito ao bi-campeão que, se ele quisesse sair, não encontraria resistência.

Ao mesmo tempo, o espanhol As escreveu, hoje, que Alonso "não quer ficar mais um minuto na equipe inglesa". Além disso, a McLaren teria, nas palavras da publicação, "perdido a confiança em seu piloto". De acordo com a matéria, o bi-campeão teria duas opções realistas para a próxima temporada: a Renault e a BMW.

Apesar de todos os boatos, o Blog ainda acredita que Fernando Alonso continua na McLaren no ano que vem. Caso realmente deixe a escuderia inglesa, o espanhol estaria tomando um decisão impulsiva e desnecessária. A força e a estrutura da equipe de Ron Dennis, afinal de contas, não podem ser descartadas.

Fernando Alonso, competitivo como é, não vai querer correr por uma equipe sem chances de vencer o campeonato. Hoje, apenas McLaren e Ferrari parecem estar nessa situação. No time italiano, porém, as portas estão fechadas. Qualquer outra decisão que o espanhol pudesse tomar não seria mais do que uma aposta bastante arriscada.

O mesmo se aplica para Lewis Hamilton. O inglês, que passa por um conturbado processo de aumento salarial, foi ligado à Renault em um boato que apareceu hoje. O novato sabe, porém, que mais vale ganhar menos na McLaren do que mudar-se para a equipe francesa sem a garantia de disputar o título.



Em meados de 2006, antes mesmo de encerrarem-se as inscrições para o campeonato do ano seguinte, a FIA anunciou as equipes que estavam garantidas na temporada 2008. Além das 11 escuderias que já competiam, havia apenas uma única vaga para outros candidatos. Por critérios ainda não esclarecidos, quem ganhou a concorrência foi a inglesa ProDrive.

Uma decisão, no mínimo, discutível. Afinal, entre as outras organizações pleiteando o direito de ser a 12ª equipe da Fórmula 1 estavam nomes bastante conhecidos. Jordan e Minardi, por exemplo, já haviam corrida na categoria por muitos anos. E outras escuderias, como a Carlin, têm um extenso história de sucesso em fórmulas de base.

Entretanto, a FIA escolheu a ProDrive, uma equipe inglesa desconhecida de todos na época. Logo depois, ficou-se sabendo que David Richards (à direita) - ex-diretor da antiga B.A.R. - seria o chefão do novo time. De cara, a nova escuderia comunicou que sua entrada seria feita de maneira lenta e que, de início, não haveriam muitas notícias dela. Tudo bem.

Só que, até agora, nada. Já estamos em agosto de 2007, já transcorrida a primeira metade da atual temporada, e não se sabe absolutamente nenhuma informação sobre a ProDrive. David Richards não dá mais as caras e até os pilotos cotados para pilotarem pelo time no ano que vem estão perdendo as esperanças.

É isso que se percebe lendo as entrevistas que Pedro de la Rosa (à esquerda) e Alexander Wurz deram hoje. Os dois veteranos, ambos sem contratos para 2008, são candidatos declarados às vagas da ProDrive. Mas tanto o espanhol quanto o austríaco disseram, nessa terça, que não têm nenhuma garantia de que o time inglês vai mesmo correr no ano que vem.

Será que vai ficar por isso mesmo? Ninguém na FIA vai levantar a voz? Seria um vexame sensacional da poderosa entidade caso a ProDrive não estreasse na Fórmula 1. Foram onze candidatos à 12ª vaga da categoria. Não é possível que os cartolas tenham feito uma escolha tão ruim.

Enquanto isso, boatos dizem que a Super Aguri levou calote de seus principais patrocinadores e está em sérias dificuldades financeiras. Assim, a temporada 2008 da Fórmula 1, que era para ter 24 pilotos presentes, pode ficar só com 20. Essa possibilidade ainda é bem remota, é verdade.

Mas, se vier a se concretizar, será apenas mais um episódio no processo de total perda de credibilidade da Fórmula 1. Se não bastasse o escândalo de espionagem...


A Toro Rosso declarou, nessa terça, que anuncia seu segundo piloto para temporada 2008 amanhã. Para quem ainda não sabe, a filial da Red Bull já confirmou o jovem alemão Sebastien Vettel como um de seus titulares do ano que vem. A disputa pelo outro cockpit, porém, se transformou numa verdadeira novela mexicana.

Depois de várias idas e vindas, porém, parece que Sebastien Bourdais (à direita) vai firmar acordo com a Toro. Nada mais merecido. Após um enorme esforço de reconstrução de sua carreira competindo nos Estados Unidos, o francês de 28 anos terá, finalmente, sua esperada chance na Fórmula 1.

Vencedor da Fórmula 3000 em 2002, líder do campeonato atual e tri-campeão da ChampCar, Bourdais se tornou grande demais para ser ignorado pela principal categoria do automobilismo. Durante um tempo, parecia que a Fórmula 1 simplesmente não queria o francês. Mas ele nunca deixou que aquela frestinha na porta de entrada da categoria se fechasse.

Um ótimo negócio para as duas partes, diga-se passagem. A Toro Rosso ganha um piloto reconhecidamente veloz e batalhador. Bourdais, por sua vez, consegue sua tão merecido chance de correr com os melhores. E. como já está com uma idade relativamente avançada para os padrões da Fórmula 1, o francês não tem nada a perder mesmo.

Bom, mesmo, é que a contratação de Bourdais mostra que o talento pode ser, algumas vezes, mais importante que o dinheiro na hora de conseguir uma vaga na principal categoria do automoblismo.


Em decorrência de fortes tempestades que têm afetado a região, o autódromo de Xangai pode não estar pronto para a realização do Grande Prêmio da China, marcado para o início de outubro. Claro que se trata apenas de uma possibilidade preliminar. Os chineses, que estão torrando bilhões pelas Olimpíadas de Pequim, devem ser capazes de recuperar o prejuízo.

Mas isso era só o que faltava. A temporada atual da Fórmula 1, tão afetada pelo escâncalo de espionagem, pode ser decidida por um capricho de São Pedro. Uma prova a menos muda a história do campeonato. Ou alguém duvida que, nessa altura, toda corrida é crucial na batalha pelo título?

O Blog volta amanhã com a seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix. Nessa quarta, conheceremos o número 2 da lista das Dez Maiores Performances Individuais de Todos os Tempos. E, ao longo do resto do dia, comentários sobre as notícias mais recentes. Nos vemos por aí!

10 comentários:

Anônimo disse...

blog, não cheguei a ler o texto inteiro porquê ele e muito grande mas concordo com vc em vários pontos. para mim, a mclaren não troca seus pilotos. a prodrive estréia e a super aguri fica. Bourdais entra na toro! E a china não deixa de ter o seu gp.

abraço

Anônimo disse...

belo post. só tenho uma coisa a comentar: mais do que merecida a entrada do bourdas na toro no ano que vem.

Adalberto disse...

Caro "colega carioca"

Obrigado pela visita e elogios, apareça sempre!

Quem sabe um dia meu blog seja tão rico de informações quanto o seu...

Anônimo disse...

Amigo, a Prodrive não é de todo desconhecida!

Tem quase 25 anos de história nas mais diversas categorias, entre as quais WRC, 24H du Mans e Le Mans Serie, BTTC, etc.

Prodrive até chegou a ser campeã do mundo de WRC com a Subaru.

Quanto a Richards, para só falar em F1, foi team manager da Benetton e da BAR...

Nada mal para uma equipa desconhecida...

Anônimo disse...

erratum : BTTC -> BTCC

Blog F1 Grand Prix disse...

Xavier,

Muito obrigado pelo depoimento. De fato, subestimei a importância e a história da ProDrive. Mas o que eu quis dizer é que o time não tem história nenhuma em categorias de fórmula.

Competir em rally e turismo é uma coisa. Na Fórmula 1 é outra. Penso que a escolha de um time de ponta da GP2, por exemplo, seria mais acertada.

Valeu pelo comentário e pelo puxão de orelhas bem dado.

Grande abraço!

Blog F1 Grand Prix disse...

Adalberto,

Eu é que agradeço a sua visita! Vou colocar o seu Blog nos sites relacionados.

Grande abraço!

Marcio Kohara disse...

Oi, Blog.

Também fiquei um pouco decpcionado com o seu relato sobre a Prodrive. E a questão não é simplesmente dizer que eles são campeões de várias modalidades -que são mesmo.

O problema é que nem a FIA sabe quais serão as regras para o ano que vem. Parece que o Richards (que é uma espécie de Bernie do WRC) quer que a FIA esclareça de vez qual será a regra para equipes B para o ano que vem.

A Prodrive teria um acordo com a Mclaren (e o especulado acordo que o Ron Dennis teria para assumir a Prodrive F1 poderia ser entendido como um sinal de que o David Richards não gostaria de gerir a parte de F1 pessoalmente).

E, ao que parece, um dos pilotos da Prodrive seria ou Gary Paffet, ou Pedro de la Rosa, justamente por terem o conhecimento do carro da Mclaren.

Só que, sem saber qual será a regra de equipes B, eles não podem anunciar nada. Nem eles, nem a Toro Rosso, nem a Super Aguri... É isso.

Abração,
Kohara

Blog F1 Grand Prix disse...

Kohara,

Entendo e aceito completamente a sua crítica. Mas continuo cético em relação à ProDrive.

Até agora, o time não anunciou nenhum nome de peso - exceto o de David Richards. Não sabemos direito quem vão ser seus dirigentes e muito menos seus pilotos.

O sucesso da equipe em outras categorias deve ser, sim, considerado. Porém, na minha opinião, a ProDrive não começa no pelotão da frente na Fórmula 1.

Grande abraço!

Felipe Maciel disse...

Eu esperava que a data fosse marcada para estemês mas tudo bem. Será o dia mais importante desde a descoberta do tal pó. Agora é tudo ou nada. Ou a McLaren é punida, ou absolvida, definitivamente. Depois disso não acredito mais em nenhuma reviravolta no caso.

Sobre a Prodrive, torço para que aequipe fique pelo menos no mei do grid. Quero ver o Paffett guiando. de la Rosa é uma vergonha...