terça-feira, 7 de agosto de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: As Dez Maiores Performances Individuais de Todos os Tempos - Número Três

Chegamos, então, à semana decisiva na contagem das Dez Maiores Performances Individuais de Todos os Tempos. Durante os próximos três dias, completaremos a nossa lista com uma trinca de atuações simplesmente memoráveis. Sem perder mais tempo, vamos dar seqüência ao ranking:

10. Michael Schumacher - Espanha/1996
9. Damon Hill - Hungria/1997
8. John Watson - Long Beach/1982
7. Jackie Stewart - Alemanha/1968
6. Nigel Mansell - Hungria/1989
5. Stirling Moss - Mônaco/1961
4. Gilles Villeneuve - Espanha/1981
TERCEIRA COLOCADA - Jim Clark no Grande Prêmio da Itália de 1967

Muito antes da Fórmula 1 chegar à temporada de 1967, Jim Clark já era considerado o piloto mais rápido do grid. O "escocês voador", como era chamado, havia ganho apenas dois títulos - em 1963 e 1965 - mas sua capacidade era reconhecida por todos, de fãs a jornalistas especializados.

Clark tinha um estilo próprio de corrida. Tratava-se de largar na pole, disparar na ponta durante o início da prova com um sucessão de voltas diabolicamente rápidas para, só então, começar a administrar a vantagem sobre a humilhada oposição. Era uma tática simples, que só não funcionava caso o carro tivesse algum problema.

A enorme maioria das vitórias que Jim teve ao longo de sua carreira foi assim. Em algumas pistas, como Spa-Francorchamps, a luta entre os outros pilotos era apenas pelo segundo lugar, porque a liderança já tinha dono. Clark era o mestre do circuito belga, o mais veloz daquela época da Fórmula 1.

Apesar da carreira vitoriosa, o escocês sofria com o azar. Em 1964, perdeu o título a uma volta do fim da última corrida. Ele teve um problema de motor quando, para variar, liderava com tranqüilidade.

Aliás, quebras assim eram uma constante na vida de Jim. Ao longo de seus anos na Fórmula 1, ele venceu 25 Grandes Prêmios, mas teve apenas um único segundo lugar. Ou seja, para Clark, o resultado de uma corrida era basicamente primeiro ou nada. Se o carro resistia, era muito difícil tirar a vitória do escocês.

Em 1966, foi instituída a regra dos motores de três litros, que revolucionou a hierarquia da época. A Lotus, equipe pela qual Jim correu durante toda a sua carreira, perdeu espaço para a Brabham e a Coooper.

Não demorou muito porém, para que Clark e seu amigo pessoal, Colin Chapman (à direita, com o escocês) - o engenheiro absolutamente genial que era o grande chefe da Lotus - recuperassem o terreno perdido. No ano seguinte, a equipe assinou contrato com a Ford, que passou a fornecer os históricos motores Cosworth DFV. Até hoje, nenhum outro propulsor ganhou mais corridas na Fórmula 1.

Mesmo com a força no novo motor, Jim não liderava a temporada de 1967. Como de costume, o escocês sofria com falhas mecânicas no seu carro. Em oito corridas, antes do Grande Prêmio da Itália, Clark havia tido nada menos que cinco quebras.

Para ele, mais do que nunca, era vencer ou vencer. Foi com esse espírito que Jim e a Lotus chegaram ao histórico circuito de Monza, nona etapa do calendário 1967 da Fórmula 1. Na classificação, mostrando toda a sua força, Clark foi pole com relativa facilidade.

No dia da corrida, o escocês planejava colocar em prática seu típico plano de corrida. Mas, naquele dia, Jim seria obrigado a mudar completamente a sua tática. E, ao fazer isso, teve uma das atuação mais impressionantes de todos os tempos.

Na largada, quem tomou a ponta foi Dan Gurney, com o Eagle-Weslake construído por ele mesmo. O norte-americano era, segundo o próprio Clark, o adversário que o escocês mais temia. Mas, naquele dia, Jim não teria que se preocupar muito com Gurney.

Logo na quinta volta, o norte-americano teve problemas de motor e precisou abandonar. Com isso, Jim voltou à liderança, e estava livre para imprimir seu ritmo de corrida. E foi isso que ele fez. Em poucas voltas, o escocês já abria uma diferença considerável.

Agora, era torcer para que a sua Lotus não tivesse algum problema. Mais uma vez, porém, as esperanças foram em vão. Na 13ª volta, Clark era obrigado a enconstar nos boxes com um pneu furado. Como era de se esperar, a troca demorou muito tempo.

Quando voltou, Jim estava uma volta inteira atrás dos líderes. Graham Hill, seu companheiro na Lotus, era o primeiro colocado. Mas havia todo um pelotão não tão distante. As Brabham de Jack Brabham e Dennis Hulme, a Honda de John Surtees, a Ferrari de Chris Amon e a Cooper de Jochen Rindt (à esquerda) eram apenas alguns dos adversários.

Apesar da concorrência, Hill abriu uma vantagem confortável na liderança. Ao mesmo tempo, Brabham tinha problemas com um acelerador preso e Hulme abandonava por superaquecimento. Enquanto tudo isso acontecia, Clark estava em franca recuperação.

O escocês não demorou a recuperar a volta perdida que tinha para os líderes. Agora, sua desvantagem era de algo em torno de um minuto e meio. Seria a recuperação impossível? Não para Jim.

A nove voltas do fim da corrida, Hill quebrou de repente, deixando a liderança para Brabham. Surtees vinha pouco atrás em segundo, enquanto Jim já aparecia em terceiro. Definitivamente, não havia nada que os dois da frente poderiam fazer para segurar o escocês.

Em apenas duas voltas, Clark ultrapassou Surtees e Brabham. Estava de volta ao primeiro lugar, após uma exibição fantástica, e faltando apenas alguns poucos giros para o fim do Grande Prêmio. Nada poderia dar errado. Nada?

Na última volta, a perplexidade tomou conta da platéia de Monza. Depois de todo um esforço de recuperação, Jim reduzira de repente. Brabham e Surtees ultrapassaram o escocês e, agora, disputavam entre si a vitória.

Num final espetacular, os líderes chegaram lado a lado à bandeirada final. Surtees superou Brabham por apenas dois décimos, conseguindo sua primeira vitória ao lado da Honda. Mesmo com a disputa empolgante, o que todos queriam saber era o que havia acontecido com Clark.

Mais tarde, veio a explicação. Após o furo de pneu do escocês, Colin Chapman resolveu arriscar, colocando um mínimo de combustível no carro de Jim. Em sua brilhante recuperação, o escocês quase esvaziou o tanque. O sistema, então, falhou, deixando de puxar os últimos litros. Superado pelos dois líderes, Clark precisou se contentar com o terceiro lugar.

Dizem que essa foi uma das pouquíssimas vezes em que o escocês desentendeu com seu chefe. Afinal, depois de sua fenomenal atuação, nenhum outro resultado era merecido além da vitória. Infelizmente, por um desses caprichos do automobilismo, ela não veio.

Um ano depois, Jim encontraria a morte numa corrida de Fórmula 2, no rápido e perigoso circuito alemão de Hockenheim. Sua memória, porém, nunca será esquecida por todos os fãs da Fórmula 1. Eles vão lembrar, para sempre, de todas as atuações magníficas do escocês. Em especial, daquela no Grande Prêmio da Itália de 1967.

Pelo ritmo absolutamente frenético após ter sofrido seu furo de pneu, pela superioridade esmagadora sobre a concorrência e por ter feito, simplesmente, a maior corrida de recuperação da história da Fórmula 1, Jim Clark leva o terceiro lugar na lista das Dez Maiores Performances Individuais de Todos os Tempos.

A seguir, temos um vídeo com a narração ao vivo das últimas voltas da corrida:



A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta amanhã, com o número 2 da lista das Dez Maiores Performances Individuais de Todos os Tempos. Ao longo do dia, o Blog volta comentando as principais notícias dessa terça. Até mais!

5 comentários:

Anônimo disse...

nós, da velha guarda, ficamos emocionaods com lembranças desse tipo. Belo texto e excelente lembrança.

Abs,
Aurélio

Anônimo disse...

cara, até já conhecia essa história. Mas não sei como você achou esse vídeo, parabéns!

Speeder76 disse...

Excelente história. Já conhecia o video, mas não canso em vê-lo. Que venham mais! Abraços.

Schuey2007 disse...

Mais uma boa postagem...aora fica o suspense: quem será o vencedor e o primeiro dos ultimos (2º colocado)?

Pela imagem parece-me que és/eras torcedor do Gilles Villeneuve, po isso podes consultar o "Mundo aos Rolamentos" - coloquei lá um tributo ao Gilles anexado à minha postagem acerca do circuito de Zolder!

Grande Abraço

Felipe Maciel disse...

Bela escolha! O Clark não podia faltar.

O circuito de Monza já proporcionou muitos finais impressioantes. Até hoje o recorde da menor diferença entre o 1º e o 2º colocado aconteceu lá. Entre o 1º e o 4º também. Muito legal assistir a esse vídeos.