quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: As Dez Maiores Performances Individuais de Todos os Tempos - Número Quatro

Estamos quase lá! Na semana que vem, o ranking das Dez Maiores Performances Individuais de Todos os Tempos chegará o seu final. Antes disso, ainda temos que contar o número quatro da lista. Sem perder mais tempo, vamos lá:

10. Michael Schumacher - Espanha/1996
9. Damon Hill - Hungria/1997
8. John Watson - Long Beach/1982
7. Jackie Stewart - Alemanha/1968
6. Nigel Mansell - Hungria/1989
5. Stirling Moss - Mônaco/1961
QUARTA COLOCADA - Gilles Villeneuve no Grande Prêmio da Espanha de 1981

Antes de 1981, Gilles Villeneuve já estava nos corações dos fãs do automobilismo por suas atuações arrebatadoras e memoráveis. Ninguém esquecia, por exemplo, de seu duelo com Rene Arnoux nos voltas finais do G.P. da França de 1979, quando os dois trocaram de posição várias vezes, tocando-se em mais de um oportunidade.

Villeneuve venceu aquela disputa. Que valia, porém, apenas um segundo lugar. Mais tarde naquele ano, no G.P. da Holanda, Gilles teria outra performance sensacional. Após ultrapassar, por fora e de maneira magnífica, a Williams de Alan Jones, o canadense disparou em primeiro.

Mas um furo de pneu, já no último terço da corrida, jogou tudo fora. A demonstração de bravura que Villeneuve deu logo depois, entretanto, ficaria marcada em todos aqueles que gostam do esporte. Com um carro completamente capenga, Gilles levou sua Ferrari aos boxes. Mesmo com a suspensão toda destruída, queria convencer seus mecânicos a devolvê-lo à pista.

Isso, é claro, até ele se dar conta do estado do carro. Uma vez ciente do estrago, o canadense saiu do carro e abandonou. Apesar de não ter continuado, mostrou, ali, seu principal espírito: não desistir nunca.

Mesmo já tendo tido essas atuações lendárias, ainda faltava uma grande performance que resultasse em vitória. Mas ela veio num dia de calor insurportável, na apertada e travada pista de Jarama, na Espanha.

Em 1981, a Ferrari tinha um carro simplesmente horroroso. A única compensação era o potente motor turbo, que fazia uma grande diferença. Afinal de contas, apenas o time italiano e a Renault contavam com essa tecnologia naquela época.

A equipe vermelha, concentrando seus esforços na construção do motor turbo, deixou o desenvolvimento do chassis em segundo plano. Como resultado, o modelo 126CK de Villeneuve e de seu companheiro, Didier Pironi, era excelente em retas, mas terrível em curva.

Só mesmo um piloto como Gilles para conseguir compensar esse desequíbrio. No G.P. de Mônaco, quando ninguém esperava que a Ferrari fosse bem, o canadense venceu. Com um direito a outra linda ultrapassagem sobre Alan Jones. Mais uma vez por fora, e dessa vez na fechada curva Saint-Devóte do Principado.

Depois da corrida monegasca, a Fórmula 1 chegava ao circuito espanhol de Jarama. Trava-se de uma pequena pista, estilo Hungaroring da época, com uma pequena reta e uma sucessão interminável de curvas. No grid, como era de se esperar, as Ferrari não foram bem.

Villeneuve ainda conseguiu um bom sétimo, enquanto seu companheiro Didier Pironi não passou de 13º. Na pole, estava o francês Jacques Laffite (à esquerda), profundo conhecedor de Jarama, uma vez que usava a pista espanhola para testar os pneus de sua Ligier.

Os pilotos da Williams, provavelmente o carro mais equilibrado do grid, vinham a seguir. Alan Jones era segundo e Carlos Reutemann, o terceiro. Entre os líderes e Gilles ainda estavam John Watson, Alain Prost e Bruno Giacomelli, respectivamente, quarto, quinto e sexto.

Na largada, o pole Laffite teve problemas de embreagem e ficou para trás. Antes da primeira curva, Villeneuve já havia pulado para terceiro, atrás, apenas, da dupla da Williams. Na segunda volta, aproveitou um descuido de Reutemann e ultrapassou o argentino por fora, no fim da reta principal.

O líder, Jones (à direita), disparava e parecia estar a caminho de uma fácil vitória, desde o início. O australiano, porém, era um piloto extremamente instável. Na 14ª volta, sem motivo algum, errou e saiu da pista, perdendo uma liderança tranqüila.

Irritado, o piloto da Williams conseguiu ser empurrado de volta à pista. Mas perdeu muito tempo. Agora, era Villeneuve quem liderava, com Reutemann em segundo colocado nele. O canadense, porém, se mantinha na frente apesar de toda a dificuldade na condução de sua Ferrari.

Enquanto isso, depois da péssima largada, Laffite vinha se recuperando. O francês ultrapassou Reutemann e começou a pressionar Gilles. Na parte sinuosa do circuito, o piloto da Ligier chegava perto e ensaiava uma ultrapassagem. Na reta, porém, Villeneuve usava todo o poder de seu motor Ferrari e voltava a abrir uma pequena vantagem.

Com a intensidade da luta, outros pilotos foram alcançando o grupo. John Watson, da McLaren, e Elio de Angelis, da Lotus, juntaram-se à turma com 18 voltas para o fim. Pouco depois, o inglês ultrapassou Reutemann, passando para terceiro.

Na frente, entretanto, parecia ser impossível superar Villeneuve. Em várias oportunidades, Laffite chegava a colocar o seu carro lado a lado com o do canadense, mas não conseguia completar a manobra.

As últimas voltas da corrida foram absolutamente sensacionais. Gilles, com um carro bem mais lento, segurava todo mundo atrás. Os cinco primeiros andavam completamente colados. Villeneuve, Laffite, Watson, Reutemann e de Angelis eram separados por menos de dois segundos.

Mas não havia como roubar essa vitória de Gilles. No giro derradeiro, ele voltou a resistir aos ataques finais de Laffite, vencendo com uma vantagem de apenas 22 centésimos para o francês. Watson, Reutemann e de Angelis terminam imediatamente atrás. A diferença do primeiro ao quinto não é maior do que 1,24 segundo.

O maior triunfo de Villeneuve serviu para coroar uma carreira tristemente interrompida no seu auge. Nunca saberemos o que o canadense seria capaz de fazer se não tivesse sofrido seu acidente fatal logo no ano seguinte, no fim de semana do G.P. da Bélgica. Mesmo com uma vida tragicamente prematura, Gilles deixou sua marca em todos os fãs do automobilismo.

Pela imensa habilidade para compensar a falta de equilíbrio de seu carro e pelo fato de ter segurado um grupo de quatro pilotos bem mais rápidos numa pista pouco favorável a sua Ferrari, Gilles Villeneuve leva o quarto lugar na lista das Dez Maiores Performances Individuais de Todos os Tempos.

A seguir, um vídeo-resumo da corrida. A narração meio monótona, em inglês, é compensada pelas raras imagens de uma prova espetacular:



A seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta na semana que vem, com os números 3, 2 e 1 da lista das Dez Maiores Performances Individuais de Todos os Tempos. E hoje, ao longo do dia, o Blog retorna comentando as principais notícias desta quinta. Nos vemos já!

7 comentários:

Anônimo disse...

ótima escolha, blog. O Ville era mesmo um piloto especial. Pena que, como o Senna, tenha sido tirado de nós antes da hora...

Anônimo disse...

impressionante como a fórmula-1 era amadora nessa época. Essa pista parecia um kartódromo. Era estreita, sem espaço para ultrapassagens. Reperem como o Villeneuve tem que colocar rodas na grama na largada e depois para passar o Reutemann. Para mim, a definição de "Hungaroring da época" está perfeita. Parabéns pelo escrito, blog.

Blog F1 Grand Prix disse...

Pedro e André,

Obrigado pelos elogios! Sintam-se livres para comentar e dar sugestões sempre que quiserem.

Grande Abraço!

Anônimo disse...

É por isso e outros feitos de Gilles q ele era um dos pilotos que eu queria ter visto correr, assim como Ronnie Peterson e Nigel Mansell.
Ei Blog, aconteceu um milagre divino do senhor Jesus aki em ksa. Como vc disse, a Sky colocou Speed Channel em canal aberto até dia 20! Pena q a UFRJ já volta segunda feira, senaum...
Vlw!

Felipe Maciel disse...

Blog,
talvez vc já saiba, sou ferrarista. E mesmo assim, agora já não acredito mais que a McLaren seja punida com essa história.
Não vou me prolongar muito porque já gastei um tempão postando sobre essa história, mas a carta do Ron Dennis colocou muita coisa em pratos limpos.
Esclareceu até mesmo que a Ferrari havia participado do Conselho, ao contrário do que todos pensavam. Se eles participaram e deu pizza, o mesmo deve acontecer na Corte das Apelações.
As evidências não incriminam o time inglês; a Ferrari não tem argumentos concretos, apenas discurso moralista que tenta maximizar o absurdo da situação e nada mais.

Mas se eu estiver errado, espero que a punição não venha em dinheiro. Já li e concordo com a idéia de que seria como estipular um valor para ter acesso aos documentos de uma outra escuderia. Se punir, tem que tirar pontos. Mas novamente afirmo: duvido muito que sairá punição.

abs

Schuey2007 disse...

Será que a performance do Michael Schumacher em Interlagos em 2006, vai entrar na contagem?

Vou ficando a espera para ver..o suspense fica no ar..eheh

Felipe Maciel disse...

xiiiii... parece que comentei nos post errado.
Desculpa pela lambança aí.