segunda-feira, 6 de agosto de 2007

O ultimato Alonso

Com uma arrecadação superior da 70 milhões de dólares, o filme de ação O Ultimato Bourne já está batendo recordes. Conseguiu nada menos que o maior faturamento da história entre os filmes que estrearam no mês de agosto. Nada mal, hein?

Na Fórmula 1, um outro ultimato está dando o que falar. Depois de todos os desentendimentos ocorridos no fim de semana do G.P. da Hungria, Fernando Alonso perdeu a paciência. A punição que o espanhol recebeu após ter supostamente atrapalhado Lewis Hamilton na classificação foi a gota d'água. Ao jornal Marca, de seu país, o bi-campeão desabafou:
- A McLaren tem de decidir. Ou Hamilton sai, ou eu deixo a equipe.

Recado mais claro, impossível. A insatisfação de Alonso com o tratamento recebido por Hamilton na McLaren não consegue ser mais escondida. Agora, é fato que Fernando não suporta mais a preferência que parte do time inglês tem por Lewis.

Antes de tudo, vamos esclarecer alguns pontos. Primeiro, o contrato de um piloto com uma equipe de Fórmula 1 - especialmente, se ela for de ponta - não é a coisa mais fácil de se quebrar. Alonso, é preciso sublinhar, tem compromisso com a McLaren até o fim de 2009.

O mais provável, ainda, é que o espanhol continue na equipe inglesa no ano que vem. Mas a ameaça de Alonso não é um puro blefe. Ele realmente está irritado com sua posição na McLaren.

Se Ron Dennis não segurar o espanhol, para onde Fernando iria? São duas as equipes apontadas como principais candidatas: BMW e Renault. Ambas, aliás, já negaram relações com Alonso. Mas nenhuma delas seria capaz de abrir mão do bi-campeão, caso ele realmente queira uma mudança.

Na equipe alemã, o espanhol teria as regalias de primeiro piloto com as quais tanto sonha. Só que a BMW perdeu parte de seu staff técnico, o que pode gerar dificuldadas no ano que vem. O time tem grande potencial para vitórias, é verdade. O título, porém, é uma possibilidade remota mesmo no médio prazo. E Fernando sabe disso.

Se fosse para Renault, por outro lado, Alonso estaria reunificado com a equipe pela qual ganhou dois títulos de pilotos. A equipe francesa tem nomes de peso nos bastidores, como Flavio Briatore e o diretor Pat Symonds.

O problema, no caso, seria a sensação de déjà vu. Afinal, o companheiro de Alonso seria Nelsinho Piquet, um piloto jovem e de enorme potencial, com uma passagem de sucesso pelas categorias de base, estreando por equipe grande após ter sido extremamente preparado para o trabalho... lembra alguém?

Como já disse antes, não acho que Alonso não sai da McLaren. Ao menos, por enquanto, ele não precisa disso. Além disso, a pressão feita pelo espanhol parece ter dado resultado. A impressão clara que se tem é que o bi-campeão saiu fortalecido das tensões da Hungria. Ao contrário de Lewis Hamilton, que teria queimado um pouco o seu filme com os dirigentes de sua equipe.

O inglês, aliás, está no meio de uma tensa negociação em busca de um aumento de salário. Por conta do quase impasse a que as conversas chegaram, um jornal italiano chegou a inventar - sim, o termo certo é inventar - uma transferência do inglês para a Ferrari.

Nada mais absurdo, por favor. Podemos dizer que essa possibilidade é tão realista quanto uma volta de Michael Schumacher à Fórmula 1 pela Spyker. Mas, em meio ao clima instável e imprevisível da McLaren, é de se esperar que rumores como esse pipoquem de vez em quando. A indústria de boatos da Fórmula 1 nunca está parada.

Com várias notícias aleatórias sobre sua equipe rolando na imprensa, Ron Dennis vai ter de mostrar, mais do que nunca, sua capacidade de comando. No passado, ele já gerenciou duplas de pilotos que brigavam, juntos, pelo campeonato. Senna e Prost representem o maior exemplo, é claro.

Mas, dessa vez, existe toda uma teia de eventos por trás da briga entre Hamilton e Alonso. Incluindo, é claro, o caso de espionagem que abalou a McLaren. Por enquanto, não dá para adivinhar se Dennis vai conseguir administrar a situação.

Certo mesmo é que a briga pelo campeonato vai ficando cada vez mais interessante.


Se na McLaren a rivalidade entre os pilotos já ultrapassa os limites da cordial, na Ferrari a disputa entre Kimi Raikkonen e Felipe Massa é, por enquanto, limpa. Os dois estão praticamente empatados na tabela da temporada, com apenas um ponto de vantagem do finlandês sobre o brasileiro.

O que não impede a imprensa italiana de especular sobre a possibilidade da equipe vermelha escolher Kimi (à esquerda) como o primeiro piloto do time. Afinal, desde o início do ano, o discurso da Ferrari era deixar o campeonato correr para, aí sim, eleger um dos titulares como principal candidato ao título.

Só que nenhum dos dois conseguiu se destacar em pontos. Felipe Massa foi superior a Kimi Raikkonen durante toda a primeira metade do campeonato, mas nunca colocou uma distância significativa para o finlandês. E, assim, a Ferrari continuou dando tratamento igual à dupla.

Após o péssimo fim de semana que Massa (à direita) teve no G.P. da Hungria, parte da mídia italiana pressiona para que a equipe passe a privilegiar Raikkonen. Trata-se, é claro, de uma reação espontânea e instintiva. Jean Todt, como era de esperar, não se intimidou com a opinião dos jornalistas.

Segundo o francês, não há como estabelecer uma estratégia para o campeonato com os dois pilotos tão próximos um do outro. E ele está coberto de razão. Ao menos até o fim dessa temporada, a Ferrari deve continuar sem um primeiro piloto.

No início do ano, para quem não sabe, apostei em Kimi Raikkonen para o título. Ainda acho que o finlandês - assim como Felipe Massa - têm chances de levar o campeonato. Mas reconheço que está difícil. E, mesmo com a Ferrari reconhecendo qualquer um dos dois como piloto principal, ainda será muito complicado tirar a diferença para Hamilton e Alonso.


Depois de divulgar, na semana passa, seu calendário da temporada 2006-07, a A1 GP realiza testes coletivos em Silverstone, nos dias 14 e 15 de agosto. Os pilotos, obrigatoriamente, precisam ser estreantes na categoria. E, pelo menos na escolha de seus representantes, a equipe brasileira já começou bem.

Os eleitos foram o paulista Sérgio Jimenez (à esquerda), que até o início do ano estava na GP2, e o mineiro Clemente Faria Jr., atual líder disparado da Fórmula 3 Sul-Americana. Ambos, assim a maioria dos pilotos do Brasil, sofrem com a falta de apoio e podem usar a participação na A1 GP como trampulim de suas carreiras internacionais.

Jimenez, por exemplo, é seis vezes campeão brasileiro de kart. Isso mesmo, seis vezes. E, mesmo assim, não conhece garantir apoio suficiente para uma aventura prolongada fora do país. Nessa temporada, correu três fins de semana na GP2 pela mediana Racing Engeneering, conseguindo resultados expressivos. Infelizmente, perdeu a vaga para outro piloto mais endinheirado.

Por sua vez, Clemente Faria Jr. (à direita) lidera o certame da Fórmula 3 Sul-Americana com uma vantagem confortável. O mineiro - que faz 20 anos daqui a exatamente dez dias - é uma das principais promessas do automobilismo brasileiro. Na A1 GP, pode levar seu nome bastante a ser falado no resto do mundo, embora ainda não seja nem muito conhecido no Brasil.

O campeonato da A1 Gp começa apenas no dia 30 de setembro, no histórico circuito de Zandvoort, na Holanda.


Mika Hakkinen está no Brasil, em São Paulo, como garoto-propaganda do uísque Johnny Walker, numa campanha contra o uso abusivo de bebidas. A informação, honestamente, não é lá muito importante. Mas o Blog não podia deixar passar. Ao finlandês, meus parabéns pela bela iniciativa.

Nessa terça, o Blog volta com a seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix. Até o fim da semana, completamos a lista das Dez Maiores Performances Individuais de Todos os Tempos. Nos próximos dias, os números 3, 2 e 1 do ranking. Até amanhã!

7 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom texto, conseguiu expressar exatamente o que eu penso. Mesmo com todas essas confusões, eu DUVIDO que o Fernando Alonso saia da Mclaren assim sem mais nem menos. O Lewis está desde muito tempo preprarado pelo Ron Dennis, não acho que iria sair da Ferrari agora. Esse boato dele ir para a Ferrari é muito ridículo. Alias, parabéns pelo blog, já coloquei nos favoritos.

Anônimo disse...

depois dizem que é errado não colocar primeiro piloto. Se a McLaren ou a Ferrari já tivessem definido o líder de cada uma delas, talves esse cara já estivesse disparado no campeonato.

Blog F1 Grand Prix disse...

Cláudio,

Muito obrigado pelos elogios! Estou aberto a sugestões também. Participe nos comentários sempre que quiser!

Grande abraço!

Felipe Maciel disse...

Ficam pressionando pra escolher um primeiro piloto pra quê? Reclamavam tanto disso na época do Schumacher, agora querem ver um cedendo posição ao outro na pista. Vai entender...

Sobre o Hamilton, é ridícula a idéia de deixar a McLaren; o Alonso até demonstra interesse em fazê-lo mas é mais para pressionar mesmo, não teria essa ousadia toda.

Enfim, coisas de imprensa.

Anônimo disse...

Postei isso ontem no Blog do Fabio "A unica chance de Alonso sair da Mclaren será de comun acordo com Ron Dennis, que "da uma quebrada na multa rescisoria" e se livra de pagar um imenso salario para o Alonso; caso isso não ocorra, podem ter certeza, Alonso fica pelo menos mais um ano. Hamilton não sai da Mclaren de jeito nenhum, tem um contrato muito longo pela frente e Ron Dennis não deixaria barato para ele. Com relação a Ferrari, eu acho que pro ano que vem não tem novidadess não, mais é melhor os dois pilotos botarem as "barbas de molho", com certeze, se não vier um titulo no período aloguem dança. Este ano as duas chances da Ferrari estão na punição pelo caso de espionagem e na disputa entre Hamilton e Alonso chegar a uma situação insuportavel e que eles comecem a jogar contra o Time.

Unknown disse...

Contrato não é fácil de se quebrar? Chame Jenson Button para dar umas dicas.

A principal marca desse campeonato vem sendo a disputa aberta e equilibrada enre os companheiros de equipe. É tão bom que parece sonho. Quer dizer, para nós, eles não estão acostumados.

Anônimo disse...

Sei lá, mas pra mim parece q o Alonso sai sim da Mclaren. Parece uma das relações mais insuportaveis da qual a F-1 já teve conhecimento, e cada vez mais a relação se deteriora. Não me surpreenderia com uma saída.
OBS: Não a escolha de primeiro piloto!