terça-feira, 31 de julho de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: As Dez Maiores Performances Individuais de Todos os Tempos - Número Seis

Continuamos, nesta semana, com a contagem das Dez Maiores Performances Individuais de Todos os Tempos. Nos próximos três dias, os números 6, 5 e 4 da nossa lista. Sem perder mais tempo, vamos em frente:

10. Michael Schumacher - Espanha/1996
9. Damon Hill - Hungria/1997
8. John Watson - Long Beach/1983
7. Jackie Stewart - Alemanha/1968
SEXTA COLOCADA - Nigel Mansell no Grande Prêmio da Hungria de 1989

Quando preparei a lista das Dez Maiores Manobras de Ultrapassagem de Todos os Tempos, escrevi que o desempenho de Nigel Mansell no G.P. da Inglaterra de 1987 havia sido um de seus melhores. Naquele dia, o inglês, correndo em casa, tirou uma diferença de trinta segundos para seu companheiro de equipe, Nelson Piquet.

Então, nas últimas voltas, realizou uma vigorosa ultrapassagem, que levou ao delírio as arquibancadas de Silverstone. Uma vitória arrebatadora. Se fosse qualquer outro piloto, teria sido sua grande obra-prima. Mas é de Mansell que estamos falando.

E Nigel era um daqueles pilotos que, quando estão no seu dia, são simplesmente imbatíveis. A performance do inglês, em Silverstone, 1987, foi realmente uma de suas melhores. Mas não foi a maior. Porque no G.P. da Hungria de 1989, Mansell fez muito mais.

A temporada daquele ano estava sendo difícil para Nigel e sua nova equipe, a Ferrari. Depois de vários anos na Williams, o inglês havia se transferido para o mitológico time italiano para a disputa do campeonato de 1989. Logo na primeira corrida do ano, em Jacarepaguá, venceu.

Mas o triunfo provaria ser uma exceção. Nos cinco Grandes Prêmios que se seguiram, Mansell abandonou todos. Finalmente, a partir da corrida da França, as coisas pareciam melhorar um pouco. Em Paul Ricard, Nigel foi segundo.

Logo depois, correndo em casa, repetiu a mesma colocação. Na seqüência, em Hockenheim, na Alemanha, conseguiu mais um podium consecutivo, ao ser terceiro. Então, as equipes e os pilotos da Fórmula 1 chegavam ao lento e travado circuito de Hungaroring, na Hungria.

Nos treinos de classificação, problemas para Mansell. Obrigado a usar pneus de corrida no treinos de definição do grid de largada, Nigel não passou de 12º. Na pole, estava a Williams do veterano Riccardo Patrese.

Ayrton Senna era o segundo, com a grande surpresa Alex Caffi logo atrás, em terceiro. O outro piloto da Williams, Thierry Boutsen, era o quarto. Na seqüência, apareciam Alain Prost, em quinto, e o companheiro de Mansell na Ferrari, Gerhard Berger, o sexto.

Na largada, Patrese saiu bem e manteve a primeira posição. Senna vinha na cola e Caffi - cujo carro era consideravelmente mais lento - era o terceiro, segurando todo mundo atrás. Quandos os pilotos chegaram na segunda curva, Nigel já ganhara quatro posições e era o oitavo.

Alguns pilotos, como Caffi e Berger, experimentavam problemas de pneus desde cedo. Faziam pit-stops mais cedo ou continuavam na pista, perdendo posições. Mansell, ao contrário, parecia estar à vontade. Foi ganhando terreno e, de repente, já havia alcançado o grupo da frente.

O tradicional trenzinho de Hungaroring estava formado. Patrese, o líder, era mais lento que as McLaren de Senna e Prost, mas nenhum dos dois conseguia passar o italiano. Quando Nigel encostou no grupo, os quatro passaram a circular juntos.

Com a dificuldade normal de ultrapassagem no travado circuito de Hungaroring, ninguém esperava que a ordem mudasse entre o quarteto da liderança. Mas Mansell tinha outras idéias. Primeiro, colou em Prost.

Na subida para o setor mais sinuoso da pista, pegou o vácuo do francês e ultrapassou até com relativa facilidade, por fora. De qualquer forma, foi uma manobra corajoso, sobre um piloto que tinha um carro superior. E foi feita num ponto não muito convencional para ultrapassagens.

Logo depois, o líder Patrese tinha um radiador furado e era obrigado a desistir. Prost tinha problemas de pneus e precisava fazer um último pit stop, de modo que a briga pela vitória ficou reduzida a apenas dois pilotos.

Senna estava na frente, mas Nigel estava preparado para aproveitar uma chance. E ela veio quando o brasileiro perdeu tempo ao ultrapassar um retardatário, Stefan Johansson, que havia acabado de errar uma marcha numa saída de curva.

De maneira rápida e instintiva, Mansell manobrou para cima de Senna, que não teve como se defender. Uma vez na liderança, o piloto da Ferrari simplesmente foi embora. Os problemas de pneus pareciam afetar todos, menos o inglês.

Ao final da corrida, Nigel tinha uma vantagem de quase trinta segundos sobre Senna. Impressionante, para quem largou de 12º numa das pistas travada como Hungaroring. Mansell, naquele dia, estava inspirado. E, quando isso acontece, o inglês é praticamante insuperável.

Pela recuperação sensacional numa pista de difíceis ultrapassagens, pelas manobras ousadas e empolgantes para cima de Prost e Senna e por seu domínio absoluto da corrida, controlando o desgaste dos pneus e abrindo uma grande vantagem no final, Nigel Mansell leva o sexto lugar na lista das Dez Maiores Performances Individuais de Todos os Tempos.

A seguir, um vídeo resumindo os acontecimentos da corrida. A narração - meio monótona, por sinal - é em inglês:



Amanhã, a seção Os 10+ do Blog F1 Grand Prix volta com o número cinco da nossa lista. E hoje, ao longo do dia, o Blog retorna comentando as principais notícias do mundo da velocidade. Até mais!

6 comentários:

Anônimo disse...

Essa eu vi ao vivo! lembro que estava assistindo a corrida nesse dia.

O Mansell era bizarro. Tinha umas corridas que ele simplismente tava com o cão. Saia la de trás e ganhava, tirava diferenças e etc.

Belo texto, blog. O primeiro da lista é o Senna em Doninton né?

Abs,
Maurício - RJ

Blog F1 Grand Prix disse...

Maurício,

Obrigado pelos elogios! Com certeza, essa corrida do Senna está muito bem na lista. Mas não posso garantir que está no primeiro lugar...

Grande abraço!

Anônimo disse...

Grande relato, blog. Realmente, quando o Leão tava inspirado, não tinha para ninguém. No livro sobre o Senna do E. Rodrigues ("Ayrton: o Herói Revelado") existe uma descrição do Emerson Fittipaldi sobre o Leão nos circuitos ovais, a 350 km/h. Diz o Emmmo que ele estava atrás do Mansell e na entrada das curvas o carro do inglês saía de traseira, literalmente derrapando, e ele corrigia no braço. Emerson disse que só viu o Mansell fazer isso num F-Indy naquela velocidade e tantas vezes. Acho que o relato dele tem algum peso, não? Abs.

Blog F1 Grand Prix disse...

Anônimo,

Obrigado pelos elogios! Mansell, de fato, surpreendeu a todos quando ganhou o título da antiga Fórmula Indy em seu primeiro ano. Seria algo como o Montoya vencer a Nascar de cara. O depoimento do Emerson é exemplar: consegue mostrar que tipo de piloto especial o Mansell era de verdade.

Grande abraço!

Anônimo disse...

E dpois dizem q o Mansell era um Brambilla melhorado...

Felipe Maciel disse...

Uma corrida fantástica do Mansell, realmente. Muito bem lembrado! Ótimo resumo!