quinta-feira, 5 de julho de 2007

Os 10+ do Blog F1 Grand Prix: As Dez Maiores Manobras de Ultrapassagem de Todos os Tempos - Número Cinco

Já estamos chegando lá. Hoje, o quinto colocado na lista das Dez Maiores Manobras de Ultrapassagem de Todos os Tempos. E para quem achou que eu não tinha feito uma pesquisa muito detalhada, vamos, agora, conhecer uma preciosidade não muito vista pelos mais jovens amantes da Fórmula 1:

10. Alonso sobre Schumacher - Hungria/2006
9. Villeneuve sobre Schumacher - Portugal/1996
8. Mansell sobre Piquet - Inglaterra/1987
7. Schumacher sobre Raikkonen - Brasil/2006
6. Montoya sobre Schumacher - Brasil/2001
QUINTA COLOCADA - Gilles Villeneuve sobre Alan Jones, G.P. da Holanda de 1979

No dia 26 de agosto de 1979, Gilles Villeneuve entrava definitivamente para a história. Nesse dia, o canadense, que já havia arrebatado corações na sensacional disputa contra Rene Arnoux no Grande Prêmio da França, mais cedo naquele ano, conquistou de vez deu lugar no hall de ídolos não só da Ferrari, mas de todos os fãs de automobilismo.

A demonstração de persistência e garra dada naquela corrida, em Zandvoot, nunca seria esquecida por qualquer amante da velocidade. Ao chegar na Holanda, Gilles tinha 32 pontos no campeonato, e estava empatado na vice-liderança com o francês Jacques Laffite, da Ligier.

A grande disputa, porém, era contra o seu companheiro de equipe Jody Scheckter, no topo da tabela, com 36. Sabendo ser o segundo piloto da Ferrari, Villeneuve, se quisesse o título, precisaria ser muito superior ao sul-africano.

E, para isso, teria também de bater o australiano Alan Jones, da Williams, o grande dominador da segunda metade daquela temporada. Não era uma tarefa fácil. No grid de Zandvoort, Rene Arnoux, com a Renault Turbo, era o primeiro. Jones vinha em segundo e as Ferrari ocupavam a terceira fila, com Scheckter em quinto e Villeneuve em sexto.

Na largada, uma série de acontecimentos diferentes já indicavam que a corrida seria animada. O pole Arnoux largou mal e, antes da primeira curva, colidiu com a Williams de Clay Regazzoni. Os dois abandonaram imediatamente.

Ao mesmo tempo, Scheckter dava uma saída absolutamente desastrosa, caindo de quinto para último, prejudicado por problemas no carro. A outra Ferrari, entretanto, aproveitou a confusão e pulou para segundo. No final da primeira volta, Villeneuve tinha apenas na sua frente a Williams de Alan Jones.

Por dez voltas, o canadense estudou a linha do australiano. Quando os dois abriram juntos a volta 11, Gilles encostou de novo. Ninguém, porém, poderia achar que Villeneuve estava perto o suficiente para tentar uma ultrapassagem.

Percebendo a aproximamação do piloto da Ferrari, Jones se desloca para o meio da pista, tomando a linha de dentro. Ninguém seria maluco para tentar uma manobra por fora, ainda mais na temível curva Tarzan, não é verdade? Mas Villeneuve era um piloto diferenciado.

E o canadense foi por fora. Retardando a freiada até quase chegar ao ponto de tangência da Tarzan, Gilles estava disposto a arriscar tudo pela ultrapassagem. Aquela Ferrari era excelente de reta, mas bem pior para fazer curva.

Seria praticamente impossível segurar o carro. Jones, por um momento, deve ter achado que Villeneuve ia acabar voando para fora da pista. Freiou um pouco antes do que poderia e deixou espaço para o canadense. Já era o suficiente.

Gilles abriu a trajetória o máximo que conseguiu. Escorregando a Ferrari de forma controlada e espetacular, saiu da Tarzan lado a lado com o australiano, mas com maior velocidade. Antes de chegarem à próxima cruva, o canadense havia ganho a liderança.

Sozinha, a ultrapassagem já merece um lugar na antologia da Fórmula 1. Mas não seria exatamente por causa dela que aquele G.P. da Holanda entraria para a história. O show de Villeneuve ainda não havia terminado.

Gilles liderou por trinta e seis voltas, antes de rodar sozinho no quadragésimo-sétimo giro. Alan Jones recuperou a ponta, mas o canadense iria atrás dele. Quatro voltas depois, porém, Villeneuve rodava mais uma vez e, de novo, na Tarzan.

Não havia sido culpa dele. O pneu traseiro esquerdo em frangualos tinha sido o causador da rodada. Gilles não parece perceber o estrago de seu carro. Fica uns trinta segundos parado na Tarzan. Então, surpreendentemente, dá a marcha ré e tenta continuar na corrida.

A torcida, em volta do circuito, vai ao delírio. A Ferrari de Villeneuve não tem a menor chance de permanecer no Grande Prêmio. Mas o canadense não se importa com isso. Dá uma volta inteira pela pista antes de retornar ao box.

Antes de completá-la, a suspensão do carro fica completamente destruída mas não se solta, ficando presa, de forma pitoresca, por um pequeno pedaço. Villeneuve chega ao box gesticulando para uma troca rápida de pneus. Os mecânicos, incrédulos, fazem sinal de que a corrida, para ele, acabou.

Gilles demora a perceber o que está acontecendo. Então, ao se tocar, sai finalmente do carro, depois de permanecer mais um tempo tentando convencer sua equipe a devolvê-lo à corrida. Para os mecânicos da Ferrari, a demonstração de persistência de Villeneuve havia sido arrebatadora.

Quando finalmente aceita abandonar o carro, o canadense é aplaudido por vários membros do time. Todos reconhecem o esforço e a garra de Gilles. Nenhum outro piloto do mundo teria tido tanta força de vontade quanto Villeneuve.

No final, Alan Jones venceu, com Jody Scheckter em segundo, após bela recuperação. Mas quem se importa com isso? Naquele dia, o herói foi outro. Pela ousadia, por sua raça e imensa dificuldade da manobra, pelo controle absolutamente magnífico do carro e pela exibição histórica naquela corrida, Gilles Villeneuve leva o quinto lugar na lista das Dez Maiores Manobras de Ultrapassagem de Todos os Tempos.

Como sempre, segue o vídeo da manobra:

E, neste aqui, temos lances da largada, outro ângulo da ultrapassagem e o show de Villeneuve após sua rodada:


Por essa semana, é só. Na próxima, porém, chegaremos aos números 4, 3 e 2 da nossa lista. E amanhã, temos a Agenda do Fim de Semana, com o que vai ser destaque no mundo da velocidade e os chutes do Blog. Ainda voltamos, hoje, comentando as mais novas notícias do automobilismo. Até mais!

7 comentários:

Anônimo disse...

Essa foi realmente espetacular. Uma pena o Gilles ter acabado sua vida de forma tão trágica. A gente sente a falta dele até hoje...

Anônimo disse...

depois de toda a descrição achei que seria um pouco mais espetacular. mesmo assim, o que o gilles fez nenhum piloto do mundo conseguiria repetir.

Anônimo disse...

iraaado! naum conhecia essa história. esse gilles era maluco hein rsrsrs

Felipão disse...

o Gilles tava com a macaca nesse dia...

Anônimo disse...

O Gilles era muito doido!!

E como assim isso não foi espetacular???

Vai arrastar um carro-asa sem traseira uns 2 km sem o carro tombar então amigão!

Felipe Maciel disse...

No braço como sempre!

Confraria 96 disse...


Esta série está impossível.
Se essa é a 5ª, onde será que vai parar???

Caio, o de Santos!