Prova disso é que a sua edição de número 8 apenas chegou às minhas mãos hoje, valendo para os meses de Junho e Julho. De qualquer forma, pode-se dizer que o atraso valeu a pena. Porque a reportagem de capa, com Lewis Hamilton, é imperdível.
Nela, um dos melhores jornalista especializados em Fórmula 1 do mundo, Peter Windsor, faz uma análise detalhada do estilo de pilotagem do inglês em curvas de diferentes tipos, comparando a técnica de Lewis com a de seus adversários. A conclusão é surpreendente. Hamilton é ainda mais senhor do seu carro do que todos os outros pilotos.
Na curva 5 de Sepang, um esquerda veloz que é a primeira perna de um "s", Lewis, segundo Windsor, é o piloto menos emocionante na sua trajetória. Ao contrário dos outros, que começam a contornar a segunda curva do "s" antes, Hamilton tira uma linha reta maior no intervalo entre elas.
Assim, começa a contornar a curva 6 depois, mas a termina antes. Lewis não se preocupa em ser o mais rápido durante a trajetória. O importante é a velocidade anterior e, principalmente, a posterior, quando ele vai entrar na reta.
O estilo de Hamilton é mais facilmente entendido na curva 15, a última do circuito malaio. Lá, Lewis é preciso e seguro na sua trajetória. Usa a mesma técnica, segundo fala Windsor, de "esticar a reta". Sua velocidade mínima é menor do que a de todos os outros pilotos, só que o inglês consegue sempre manter uma aceleração constante.
Dessa forma, recupera o tempo que perdeu na reta, onde entra com uma maior velocidade. Seu estilo é limpo, sem correções nem o menor toque de instabilidade. Para o jornalista, essa pilotagem de Lewis será uma vantagem ainda mais visível em 2008, quando será banido o controle de tração. Hamilton não é o tipo de piloto que depende dele.
Por fim, Windsor analisa a sensação da Fórmula 1 nas curvas 9 e 10 do Bahrein. A primeira, muito rápida, e a segunda, um cotovelo antes da reta oposta. A maioria dos pilotos, fala o jornalista, forçam a velocidade na pequena reta que divide as duas curvas. Assim, entram mais rápido na 10, mas perdem tempo na reaceleração.
Lewis é diferente. Ao contrário dos outros, ele entra mais por fora na curva 10, sacrificando sua rapidez na 9. Além disso, ainda freia antes do que os adversários. Assim, porém, Hamilton consegue ter uma trajetória estável, sem erros, e que o colocará com uma velocidade de reta bastante superior a dos outros.
Essa solução, diz Windsor, apenas Jarno Trulli e Kimi Raikkonen seguiram nesta curva. Mas foi Hamilton quem a achou primeiro. A eficiência do inglês me lembrou muito um gráfico de velocidade de Schumacher, que pode ser conferido no vídeo abaixo:
Assim como o alemão, Hamilton não se preocupa em alcançar a velocidade mais rápida na curva. O importante é o tempo que ele vai ganhar antes e depois. A única diferença é que Schumacher abusava das correções, enquanto o inglês, hoje, ainda consegue ter uma trajetória limpa.
Cada vez mais, fica claro que Lewis não é apenas mais um fenômeno da Fórmula 1. Pode-se argumentar, como Nelsinho Piquet fez recentemente, que ele tem um dos melhores carros da categoria e, assim, fica mais fácil. É verdade. Mas o que o Hamilton já mostrou, até agora, revela um potencial capaz até de bater os "insuperáveis" recordes de Michael Schumacher.
Lewis não é o novo Senna, pela legião de fãs que já conquistou ao redor do mundo. Nem o novo Schumi, pela absoluta eficiência na condução do carro. Muito menos o novo Mansell, por ser o atual ídolo inglês.
É, pura e simplesmente, o primeiro Hamilton.
9 comentários:
caraca sensacional, arrepiei com esse seu final rsrsrs
Será que ele é tão bom assim? Gostaria de ver o Nelsinho correndo contra ele.
Eu tb gosto da F1Racing. É a melhor revista sobre automobilismo lançada no país (se bem que o Baungartner é o melhor hungaro que passou pela Fórmula 1 também... Ou seja, a base de comparação é bem baixa).
Melhorou um pouquinho desde que escrevi isso:
http://www.bestlap.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=21&Itemid=2
Conclusão: É uma ótima revista nas matérias gringas (apesar dos erros de tradução, que ainda existem), e uma revista nota 3 nas matérias "made in Brazil"...
[]´s
Oi, acabei de conhecer teu blog. Gostei. Quanto ao Lewis Hamilton, só mesmo o tradicional despeito nativo por todo piloto não brasileiro pra deixar de admitir que estamos diante de um fenômeno. Esse inglês logo será o princípal ídolo esportivo do mundo - a não ser que derrape em uma fatalidade. Essa matéria da revista apenas ratifica que Hamilton é arrojado, habilidoso e diferenciado nessa difícil arte de pilotar. Sinto um prazer imenso ao vê-lo nas pistas porque adoro ver corridas de F-1 e nunca dei bola pra nacionalidade de ninguém. Desfruto e vibro com Hamilton. Tomara que a galera igualmente se dê conta rápido. Abração e parabéns pelo blog.
Valeu anônimo, obrigado pelos elogios!
Essa revista é a melhor, disparada...
Tem uma reportagem com o Nico Rosberg pra lá de estranha...
O finalndês-tedesco começou a rir e tiveram que encerrar a entrevista...
Meus parabéns pelo blog, é muito bom estar ao lado da imparcialidade.Sensacional as 10 maiore ultrapassagens de todos os tempos.
Windsor esqueceu de citar que essa técnica é muito usada por alguns pilotos que sobem de categoria.Alonso fazia o mesmo quando chegou a minardi.E esse hamilton é qualquer coisa surpreendente. O mesmo Windsor já citou que os pilotos que andarem bem na chuva andarão bem sem o controle de tração.E se tratando disso não posso me esquecer do Gp Hungria 2006, ultrapassagem n 10...
Valeu, abraços.
Marc
Muito obrigado pelos elogios, Marc! Concordo com você, Alonso e Hamilton já largam em vantagem em 2008. Eles certamente terão menos dificuldades em se adaptar ao carro sem controle de tração. Quanto ao Blog, estou aberto a críticas e sugestões se quiser mandar algumas. Grande abraço!
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