Desde que seu (agora já afastado) funcionário Mike Coughlan foi acusado de participação no esquema que incluiria também o ex-mecânico chefe da Ferrari, Nigel Stepney, é a primeira vez que Dennis vai à imprensa se defender. Segundo relatos, Ron tinha a voz embargada. Passou muito perto das lágrimas.
Mas, fazendo jus à fama, se controlou. E suas palavras surpreenderam até os mais céticos. "Eu vivo e respiro esta equipe, não há como algo incorreto acontecer no nosso time, graças a Deus". Ron Dennis invocando uma entidade divina? É, amigos, a situação é grave mesmo.
E o manda-chuva da McLaren continua: "Foram dois ou três dias difíceis. Minha integridade pessoal é muito importante para mim mesmo e a integridade de minha empresa, mais ainda". De fato, Dennis sempre se preocupou com a imagem de sua equipe. Desde o começo.
Quando entrou na Fórmula 1, na décade de 80, Ron instituiu uma série de regras, cujo principal objetivo era reforçar a tão celebrada organização da McLaren. Chegavam ao ponto de pintar sua área do pit de vermelho e branco, cor da Marlboro, a patrocinadora da época.
Depois de todo esse esforço, que já vem de décadas, Dennis deve ter gelado quando viu a possibilidade de tudo ruir. Para ele, quase tão importante quanto os resultados da McLaren é como ela vai ser vista pelos fãs e patrocinadores.
Mesmo em tempos de vacas magras, como entre 1994 e 1996, ou mais tarde, em 2004, a equipe de Ron nunca perdeu o status de grande. Diferente do que ocorreu, por exemplo, com a Williams. Jamais, em toda a sua trajetória, Dennis se viu diante de uma dificuldade tão grave quanto a atual.
Porque não se trata de defeito no carro. Nem de pilotos. Trata-se de um problema de imagem. E isso, para Dennis - repito - é extremamente grave. Por isso sua defesa foi tão veemente. Ron não vai arriscar a reputação de sua equipe assim, tão facilmente.
Por tudo isso, somado ao apoio dado por Bernie Ecclestone, a McLaren não deve sofrer, como equipe, punições pelo escândalo de espionagem. Certamente, porém, Ron Dennis não vai deixar essa passar barato. Mike Coughlan e Nigel Stepney que se preparem. Cutucaram a onça com vara curta.
Como muito bem disse o jornalista Flávio Gomes, esses dois estão é fudidos.
5 comentários:
Muito bom o Blog! Muito interessante, ainda não tinha olhado por esse lado de problema de imagem. Se fosse o Briatore, por exemplo, certamente não estaria nem prestando atenção.
ainda essa história? rsrsrs já tá enchendo né?
Seria uma injustiça se punissem a McLaren...
Vamo simbora, continuar com esse campeonato...
Com todo o respeito a quem não dá importância, nunca vi nada escândalo maior na Fórmula-1 desde que acompanho, pelos idos de 1967. As 500 páginas roubadas da Ferrari pelo seu ex-funcionário, inglês, e supostamente entregues ao engenheiro-chefe da McLaren em sua residência podem até determinar a alteração do resultado final desse campeonato. Há muito interesse em jogo e a própria credibilidade do circo, mas o fato de envolver sabotagem contra a Ferrari - sem dúvida a principal equipe da F1 - pode obrigar os cartolas da FISA a tomarem uma decisão drástica. Isto porque está em jogo a própria credibilidade da F1. Eis a razão pela qual o sisudo e fleugmático Ron Dennis quase foi às lágrimas. Ele, na verdade, sabe que o bicho pode - e vai - pegar pesado. Anotem!
Como diria um colega meu, agora tocou na ferida...
Postar um comentário