Só deu Ferrari na primeira sessão de testes de pré-temporada em 2010.
Depois de ficar na liderança na segunda e na terça, Felipe Massa deu lugar a Fernando Alonso nesta quarta-feira e o espanhol manteve o padrão, terminando o dia no topo da tabela de tempos.
O espanhol marcou 1:14.470 na melhor de suas 127 voltas, cerca de dois décimos mais rápido do que a marca de Massa no dia anterior.
Claro, a classificação dos testes realmente não serve de nenhuma referência.
Mas a Ferrari não tem nada a reclamar da sua primeira semana de experiência com o novo modelo F10.
Assim como Massa havia feito na terça, Alonso virou seu tempo mais rápido ainda na parte da manhã, uma prova de que o carro ainda está longe de seu potencial.
Estimativas de jornalistas presentes a Valência apontam que a Ferrari marcou seus melhores tempos com 25% do tanque de combustível cheio. Ou seja: o time italiano ainda pode andar bem mais rápido.
O melhor de tudo, porém, foi a quilometragem acumulada. Juntos, Massa e Alonso completaram cerca de 350 voltas, distância equivalente a cerca de cinco GPs.
O novo carro da Ferrari em nenhum momento apresentou problemas mecânicos, algo que certamente deixou a equipe bem animada.
Em seu retorno à F-1, Massa provou que está totalmente recuperado de seu acidente na Hungria, enquanto Alonso mostrou que continua um piloto muito carismático ao levar cerca de 30 mil pessoas ao autódromo de Valência apenas para uma sessão de testes.
Logo atrás da Ferrari ficou a Sauber, que ocupou a segunda posição nos três dias de ensaios.
O espanhol Pedro de la Rosa voltou a assumir o cockpit e completou 81 voltas, terminando o dia a seis décimos de Alonso.
Apesar de não ter enfrentado problemas mecânicos, De la Rosa tomou um susto na parte da manhã quando se tocou com o alemão Nico Hulkenberg, da Williams, e precisou voltar ao box para reparos.
Nenhum dos dois, porém, teve maiores danos no carro e o treino prosseguiu normalmente para ambos. Foi apenas um momento de desatenção que, felizmente, não teve maiores consequências para De la Rosa ou Hulkenberg.
Depois de descansar na terça-feira, Michael Schumacher voltou aos trabalhos e concluiu em terceiro, com 82 giros. Sua melhor volta foi cerca de um segundo pior que a de Alonso, mas quatro décimos mais rápida do que a do companheiro Nico Rosberg.
Na sequência, Jaime Alguersuari (97 voltas), Jenson Button (82 voltas), Vitaly Petrov (75 voltas) e Nico Hulkenberg (126 voltas) completaram a classificação, do quarto ao sétimo colocado, nesta ordem.
Todos mais preocupados em acumular quilometragem e ganhar experiência do que em marcar tempos competitivos.
Estreando por suas novas equipes, Button e Petrov foram mais lentos do que os companheiros Hamilton e Kubica, enquanto Alguersuari bateu Buemi e Hulkenberg praticamenta igualou o tempo de Barrichello.
A sensação geral, entretanto, é que todas as equipes ainda estão muito longe do limite.
A Williams de Rubinho, por exemplo, estaria correndo com um motor Cosworth programado para não alcançar sua rotação máxima de giros.
Qualquer previsão mais profunda só será possível a partir da semana que vem, quando Force India, Virgin e Red Bull se juntam à festa em Jerez de la Frontera.
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Nesta quarta-feira, a Virgin Racing se tornou a primeira das quatro equipes novatas a lançar seu carro para a temporada de 2010.
Batizado de VR-01, o modelo que será pilotado por Timo Glock e Lucas di Grassi neste ano tem uma aparência bem convencional, sem nenhuma novidade aerodinâmica que chame muita atenção.
O lançamento do carro deveria ter sido feito pela internet, mas um problema qualquer da "tecnologia moderna" - como bem definiu a própria equipe - obrigou a Virgin a soltar apenas algumas fotos de divulgação, com os pilotos postados à frente do carro.
A pintura rubro-negra é bem distinta e vai tornar o carro de fácil identificação na pista.
Na opinião deste modesto blogueiro, aliás, apenas o carro da Renault parece ser mais belo do que o da Virgin, dentro todos os lançados até agora.
O VR-01 foi desenvolvido sem a ajuda de túneis de vento, apenas com a tecnologia de Dinâmica de Fluidos Computacionais (CFD, na sigla em inglês), que simula a direção dos fluxos de ar.
Construir o carro apenas com CFD é mais barato, mas acarreta numa óbvia perda de credibilidade das informações coletadas. O túnel de vento é bem mais confiável, embora também muito mais caro.
Seja como for, a Virgin já fez sua escolha e apostou que o CFD é suficiente para projetar um carro competitivo para 2010.
A dupla de pilotos - Glock e Di Grassi - é provavelmente a mais forte que a equipe poderia ter formado.
Agora, como sempre, é esperar para ver.
O novo carro da Virgin, para quem ainda não viu, está logo abaixo:
Na semana que vem, entre os dias 10 e 13, a Virgin se junta às demais equipes na sessão de testes de Jerez, onde andará ao lado das adversárias pela primeira vez.
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Parece incrível, mas a determinada Stefan Grand Prix acredita mesmo que vai receber permissão para disputar a próxima temporada da Fórmula 1.
A equipe sérvia - comandada por um milionário local de origem obscura - comprou o espólio da Toyota e conta com o carro de 2010 e os motores que seriam usados pela escuderia japonesa.
E só.
Não tem pilotos e muito menos uma sede ou uma fábrica.
Apesar disso, a Stefan já anunciou que vai viajar até o Bahrein para correr o primeiro GP do ano, mesmo sem ter licença da FIA para participar da corrida.
Agora, a equipe sérvia vai além.
Nesta quarta-feira, a Stefan revelou que planeja lançar seu novo carro no dia 25 de fevereiro, no circuito de Portimão, em Portugal.
No mesmo autódromo, a equipe vai conduzir uma sessão de quatro dias de testes, se preparando para uma temporada que nem sabe se irá disputar.
Segundo o empresário Zoran Stefanovich, responsável pela empreitada, a equipe já tem dois pilotos contratados.
Um deles, inclusive, já teria dois anos de experiência na Fórmula 1, o que limitaria a lista a três nomes: Sebastien Bourdais, Nelsinho Piquet ou Kazuki Nakajima.
Desses, o japonês parece o favorito por suas ligações com a Toyota, que repassou seus equipamentos à Stefan e também promete dar "suporte técnico" à equipe sérvia.
Se tivesse vaga garantida na Fórmula 1, a Stefan seria elogiada por seu esforço para fazer parte do grid.
O problema é que não existe nenhuma garantida de que a equipe terá mesmo uma chance de correr em 2010.
A Stefan age como se tivesse certeza de que vai ganhar uma vaga. Mas o qual será o motivo de tanta confiança?
Ao que parece, há duas equipes novatas em dificuldades para alinhar no grid em 2010: USF1 e Campos.
A escuderia americana, ao menos, nunca deixou de ser uma dúvida.
Por outro lado, a Campos era vista como a mais confiável das equipes novatas, mas foi se enrolando com o passar do tempo e agora vive uma dramática corrida para captar mais patrocinadores.
Parece que a esperança da Stefan é justamente assumir a vaga da Campos, que enfrenta problemas para pagar a empresa que construiu seu carro, a Dallara.
Para não tomar um calote da Campos, a Dallara estaria cogitando vender a propriedade intelectual de seu projeto de F-1 para a Stefan. E assim, consequentemente, a equipe sérvia conseguiria assumir o lugar da Campos.
Sim, a história toda é muito nebulosa - e promete ficar ainda mais complicada nas próximas semanas.
A Campos promete alinhar no GP do Bahrein, mas não tem recursos para correr o ano inteiro. Uma solução avaliada pela FIA é conceder uma licença para a Campos se ausentar dos três primeiros GPs do ano, o que daria tempo para a equipe espanhola fechar seu orçamento.
Enquanto isso, o plano da Stefan é assumir o lugar da Campos desde o GP do Bahrein. Um dos pilotos seria Nakajima, e outro pode ser Jacques Villeneuve - que, nesse caso, entraria no lugar de Bruno Senna e deixaria o brasileiro de fora do grid...
Para que seu plano vá à frente, a Stefan possui o apoio do todo-poderoso Bernie Ecclestone e já tem dois nomes bem polêmicos em sua folha de pagamento.
Um é o engenheiro Mike Coughlin, pivô do caso de espionagem entre Ferrari e McLaren em 2007. O outro é o diretor esportivo Dave Ryan, demitido da McLaren após mandar Lewis Hamilton mentir aos fiscais da FIA no GP da Austrália do ano passado.
Nesse ritmo, só falta contratar Flavio Briatore como novo chefe de equipe...
A Stefan, portanto, não anda com gente ingênua.
E sua ambição incontrolável para entrar na F-1 talvez seja mais nociva para a Campos do que os próprios problemas financeiros da equipe espanhola.